KonoSuba Fantastic Days

E lá vamos nós para mais uma daquelas longas postagens nas quais eu falo sobre um jogo que gosto. Dessa vez eu vou sair um pouco do "lugar comum" de lembrar os clássicos nostálgicos do passado e focar em algo que eu estou jogando no momento. Coincidência ou não, mais um daqueles joguinhos de celular do estilo gacha, em que nos convencem a colecionar personagens ao longo do jogo. Outra coincidência ou não, mais um jogo no estilo de desenho japonês, como eu já mostrei em vários momentos. Por mais que eu espere ser zoado, chegou a hora de falar do KonoSuba Fantastic Days.

Acho interessante contar um pouco como eu cheguei a esse jogo engraçado, baseado em uma série de quadrinhos (ah, desculpa... mangás) e que também ganhou um desenho animado (desculpa de novo... anime). E eu tenho que "agradecer" a um outro jogo de celular que já teve várias postagens por aqui: me refiro ao pouco conhecido Moe! Ninja Girls, com a história de um garoto ninja que acaba entrando em uma escola cheia de meninas ninjas, onde passa por aqueles momentos bizarros e cômicos que só vemos nos desenhos japoneses. Caso você não acompanhe o meu site (ou, se acompanha não dá a mínima pra esse jogo), faz algum tempo que eu citei que esse Moe! Ninja Girls deixou de ter atualizações

O jogo ainda existe, e digo que eu jogo de vez em quando, principalmente por ser um joguinho que ainda roda em meu celular e não ocupa gigas de espaço como os títulos mais modernos. Ainda é simpático para ler algumas histórias engraçadas e curiosas, e mesmo aquelas extras que não tive tempo de ver... Mas o fato é que não tem mais novos conteúdos, e apenas tem repetecos de eventos e missões do passado. Pra quem se interessar, ainda pode ser divertido. 

E prometo que essa foi a última vez que as ninjas desse outro jogo vão aparecer, pelo menos nesse post.

Pois bem, durante o tempo em que o jogo estava ativo eu acompanhava algumas comunidades na internet sobre ele, mais para pegar algumas dicas e saber quais respostas que ajudavam a ganhar pontos para essa ou aquela heroína. Claro que hoje não tem tanta gente nessas comunidades, muitos até insistem no discurso que MNG "morreu"; algo que discordo, pois hoje em dia um jogo de celular só "morre" a partir do momento em que a empresa desliga seus servidores e ele se torna "injogável", que não é o caso. Enfim, nessas comunidades algumas pessoas começaram a citar outros jogos que estavam jogando, em substituição ao Moe! Ninja Girls. E aí via toda hora que compartilhavam as telas de alguns personagens de outro jogo estilo japonês. A insistência foi tanta, e acabei descobrindo que se tratava do tal KonoSuba Fantastic Days. Pensei um pouco, até por decidir baixá-lo em meu emulador Android (já que ele é um desses jogos gigantescos de hoje), e agora jogo todos os dias.

Claro que vale falar um pouco sobre o que é KonoSuba. Como disse acima, esse jogo é baseado em uma série que começou originalmente em 2012 como uma historinha na internet, só de texto. No ano seguinte, virou uma light novel, que é quase como se fossem livrinhos com algumas figuras, que chegou à conclusão da trama em 2020. Paralelo a isso, em 2014 começou a adaptação em mangá da história, que por enquanto está em seu 17º volume. E em 2016 surgiu a primeira temporada da animação, com a terceira anunciada recentemente com lançamento em 2024. Isso sem contar histórias paralelas (os clássicos spin-offs) tanto em forma impressa como animada. E ainda contando com diversos jogos para PC, Playstation e celulares, como o que focaremos neste post.

Ou seja, diferente do quase-defunto Moe! Ninja Girls e daqueles jogos de meninas-navio como Kantai Collection e Azur Lane, podemos dizer que KonoSuba é um título muito mais popular. Mas... que diabos é KonoSuba, pombas?

Respire fundo: na verdade o nome completo da série é "Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo!", o que em português seria algo como "As Bênçãos de Deus Nesse Mundo Maravilhoso!". Fica evidente porque resumiram esse nome maior do que fila de INSS. Apesar do título induzir a alguma tentativa de ensinar religião para os fãs de animação japonesa, KonoSuba segue um estilo muito mais de comédia extremamente hilária e sem noção. Que foi um dos pontos que me atraiu no jogo e até mesmo no mangá e animação, que eu também estou descobrindo aos poucos.

A história começa de forma bem curiosa. O protagonista é Kazuma Satou, um adolescente recluso, que não vai à escola e só fica em casa jogando videogame. Me faz perguntar como que um moleque desses consegue sobreviver, onde estão os pais mandando ele ir pro colégio? De qualquer forma, em uma de suas raras saídas ao mundo exterior para comprar um novo jogo, ele percebe um caminhão em velocidade que ia atropelar uma menina. Num inesperado e imprevisível ímpeto de heroísmo, ele corre para salvá-la, mas acaba é sendo atingido por ele e morre.

Ou era isso que ele imaginava. Pois o caminhão na verdade era um trator andando a meio quilômetro por hora, que não oferecia nenhum risco para a garota... e pra completar ele não morreu atropelado, mas de susto. A ponto de se mijar nas calças.

Dá pra imaginar algo mais bizarro do que isso? 

Depois dessa morte absurda, Kazuma acorda e se depara com uma jovem de cabelos azuis, chamada Aqua. Ela é uma deusa que cuida daqueles que morrem muito cedo no Japão, e lhe dá a escolha de reencarnar em um mundo de fantasia, bem parecido com os RPGs que ele costumava jogar. E com direito a escolher alguma coisa para levar para esse mundo, como algum poder mágico ou um item poderoso. Só que Kazuma, depois de ficar puto pelo fato de ser zoado por Aqua por conta de ter morrido de susto, e imaginando que ela, por ser uma deusa, seria muito poderosa, decide escolhê-la para ir neste mundo, muito contra a vontade dela. E os dois acabam indo parar na cidadezinha de Axel (que não tem nada a ver com o loiro do Streets of Rage) para começar a aventura, em que deveriam derrotar o tal do Rei Demônio.

Porém, a verdade é que a dupla é bem disfuncional... Depois de se cadastrarem na guilda dos aventureiros, eles descobrem suas estatísticas iniciais, mostrando que KonoSuba constantemente faz piadas com os jogos de RPG que conhecemos. Tipo, Kazuma é um pereba na maioria de seus atributos, apenas sendo bom na inteligência (que não serve em nada para um aventureiro) e sorte; por sua vez, Aqua é uma deusa e isso lhe confere muitos pontos e a possibilidade de começar em um alto nível de experiência como uma alta sacerdotisa, só que ela tem a inteligência abaixo da média de um ser humano e o azar equivalente a um gato preto quebrando um espelho debaixo de uma escada... o que certamente iria resultar em alguns problemas para a dupla.

Sem me alongar muito, Kazuma e Aqua fazem de tudo para sobreviver, arrumando empregos temporários e fazendo missões simples, como matar sapos gigantes. Como aquelas típicas missões toscas do começo dos jogos. Acontece que os dois são muito ruins, especialmente Aqua que é burra que nem uma porta, e acaba sendo várias vezes engolida por um sapão, saindo de lá coberta de baba.

Não demora muito e a equipe começa a crescer. Afinal de contar, um jogo de RPG com apenas dois personagens não teria graça, não é mesmo? E KonoSuba acaba escolhendo um rumo semelhante ao adotado por Moe! Ninja Girls e diversos outros jogos, em que o protagonista desajeitado e trapalhão acaba de alguma forma criando um harem de garotas. Além de Aqua, são duas outras personagens principais que se juntam ao grupo de Kazuma... e tão patéticas como ele.

A começar por Megumin, uma maga de um clã poderoso conhecido como Demônios Carmesins. A baixinha é até bem inteligente e tem muitos pontos de experiência, só que por algum motivo ela só possui uma única magia. Isso mesmo, ela é obcecada por fazer uma mega explosão super fuderosa que destrói tudo, a ponto de ter tomado a decisão de que não iria aprender nenhum outro feitiço. E sua limitação não parava por aí: a magia é tão forte que ela se esgota totalmente após lançá-la... ou seja, uma explosão que só pode ser usada uma única vez por dia. 

Por fim, quem se junta ao grupo é Darkness. Ela é uma cavaleira, embora se refiram a ela como uma cruzada, sinceramente eu não sei qual a diferença. Assim, imaginamos que ela representaria o membro forte do grupo, certo? Em parte sim, pois ela possui uma capacidade de defesa sobre-humana, sendo capaz de suportar danos muito fortes mesmo sem sua armadura. Porém, ela péssima com sua espada, não conseguindo acertar nada. Sério! Ou seja, uma tanker que não ajuda nada no combate, só leva porrada. Algo que tem a ver com sua personalidade masoquista, sempre desejando ser judiada, molestada e violentada pelos inimigos e mesmo por Kazuma.

Ou seja, temos uma equipe formada por um nerd sem nenhuma habilidade de destaque, uma deusa inútil e que faz tudo errado, uma maga que só consegue usar uma magia uma única vez e uma cruzada pervertida que não acerta nenhum golpe. Tem como ser mais absurdo do que isso?

Pior que essa é a graça de KonoSuba, pois vemos um grupo tão bagunçado e sem noção, mas que justamente cativa por isso. É uma novidade legal, diferente do que normalmente vemos em outros jogos e animações, em que sempre tem os heróis "fodões", sem nenhum tipo de defeito. O que não falta em Kazuma, Aqua, Megumin e Darkness são defeitos, mas mesmo assim eles conseguem dar um jeito de cumprir as missões de alguma forma.  

Daria pra contar algumas das hilárias situações que eles passaram, nos quadrinhos e no desenho. Mas o foco aqui é no jogo, então vamos finalmente falar um pouco a respeito dele.

KonoSuba Fantastic Days é um jogo mobile, lançado inicialmente só no Japão em fevereiro de 2020, tanto para Android como para iOS. Em agosto de 2021 foi lançada a versão global, com o texto em inglês mas mantendo as vozes em japonês. Interessante mencionar que os direitos da versão global mudaram de mãos, saindo de uma empresa chamada Nexon para outra de nome Sesisoft, ambas coreanas. A mudança foi há pouco tempo, agora em junho de 2023, e eu nem posso comentar se foi pra bem ou pra mal, pois comecei a jogar após essa transição.

O jogo é bem direto em sua premissa, sendo um típico RPG de combate, em que o objetivo é montar uma equipe de personagens, devidamente equipados com armas e magias, e que deve abrir caminho em missões curtas, enfrentando diversos inimigos. Semelhante até ao Moe! Ninja Girls RPG (este sim, defunto, que não existe mais), e tantos outros jogos que existem hoje. E a semelhança está no fato de que o estilo de RPG japonês é misturado com as historinhas animadas (estilo visual novel) com a pegada gacha, onde o jogador é incentivado a conquistar vários personagens para completar sua coleção. Como esperado, tudo isso ambientado no universo de KonoSuba.

Mas o que esse jogo tem de diferente?

Além do humor ácido e hilário que vemos nas histórias, muito bem reproduzido nas telinhas dos dispositivos móveis (ou monitores para quem usa emulador), KonoSuba Fantastic Days agrada por ser um joguinho relativamente simples de ser jogado, sem muita complicação na hora de equipar os personagens ou mesmo no gerenciamento da equipe. E mesmo sendo um jogo gacha, em que é comum que se faça todo o possível para que o jogador gaste dinheiro de verdade para comprar itens, para mim ele é relativamente amigável com o jogador 0800, que segue em modo F2P (free to play, para quem não está acostumado com a sigla). Por fim, KonoSuba Fantastic Days possui diversas modalidades de jogo, com pequenas missões que tiram a mesmice que vemos na maioria dos jogos desse estilo.

Não pretendo tomar muitas linhas para explicar cada detalhe do jogo, certamente tá cheio de sites com explicações detalhadas. Mas basicamente você precisa formar uma equipe com até cinco personagens, sendo que na prática apenas os três primeiros combatem, enquanto os outros ficam na reserva, para substituir um companheiro que tenha sido abatido. Como se espera desse tipo de RPG, cada personagem tem as suas características: uns são mais fortes, outros mais rápidos, tem os resistentes e aqueles com magias mais poderosas. E cada um pode carregar quatro equipamentos, sendo uma arma (de acordo com o personagem), uma jóia (que geralmente confere poderes e resistência especiais) e outros dois personagens. O que é uma das particularidades, pois "equipar" outros personagens significa na verdade pegar algumas habilidades emprestadas. 

Vale comentar que quase tudo no jogo possui algum tipo de elemento associado, como fogo, água, terra, vento, relâmpago e etc.

Não, não tem nada a ver com o Capitão Planeta! Embora fico pensando como um poder de relâmpago seria algo muito mais legal do que aquela baboseira de coração do índio brasileiro...

Enfim, essa é a forma que KnoSuba Fantastic Days usa para diferenciar um pouco a jogabilidade. Cada personagem possui seu poder principal e um secundário, assim como as armas e jóias funcionam assim também. Isso é importante pois certos inimigos são mais frágeis quando atacados por um determinado elemento. O que vale também para os personagens. A relação lembra o que eu vi no Moe! Ninja Girls RPG, como você pode ver abaixo. 

Ou seja, comecemos com o fogo. Ele é mais forte contra o vento, que por sua vez é mais forte que a terra, que supera o relâmpago, que é melhor que a água que por fim é superior ao fogo. E temos também os poderes de luz e trevas, que interagem entre si. E existe ainda um símbolo que parece um losango branco, que indica algo que não possui nenhum elemento associado.

Além disso, tem como escolher uma "vantagem", que melhora alguma característica de todos da equipe, como ataques físicos ou mágicos ou mesmo o dano causado por um determinado elemento, que podem ser função de algum aventureiro forte em sua equipe. Por fim, é possível pode contar com um aliado, que funciona como um poder especial que pode ser usado uma quantidade limitada de vezes, como um power-up que deixa seus aventureiros mais fortes, que recupera pontos de energia, poções que permitem ataques baseados em um elemento ou algum aliado de fato, como a mocinha da guilda que recupera um pouco de energia ou um fortão bombado que aumenta sua força e resistência por alguns segundos.

Algo legal é que KonoSuba permite que você salve uma porrada de equipes diferentes. Isso permite que você já deixe formações que são mais adequadas para determinadas missões. Além disso, os preguiçosos contam com um sistema de sugestão de equipe, onde basta indicar algumas informações (como elementos que devem ser priorizados, se é mais importante a resistência ou magia), e o próprio jogo monta uma equipe pra você. Pessoalmente, acho isso bem legal, pois proporciona uma maior facilidade para aquele momento de jogo casual, onde não queremos ficar meia hora olhando as estatísticas de dezenas de personagens para montar uma equipe que seja suficientemente forte.

O sistema de combate é bem simples e amigável. De uma forma geral, tanto os aventureiros como os inimigos possuem um carregador de ação, que são os círculos em cima de cada um deles. Quando ele fica preenchido, você pode realizar um ataque. Ou então você pode até esperar para que o carregador encha mais, o que permite que você realize duas ações quase que sucessivamente. Cada personagem possui quatro botões, sendo um ataque simples, dois ataques especiais (que levam um tempo para serem carregados) e um super-mega-hiper-ultra ataque, que só fica disponível depois que uma barra de energia enche, o que acontece depois de um tempo e também ao atacar e ser atacado. 

Observando que o combate tem um tempo limite, se ele acabar ou se todos os personagens forem derrubados, a missão é perdida. E possui também um recurso automático, em que o computador controla os personagens pra você (de uma forma até bem estratégica, diga-se de passagem).

Um ponto que eu acho bem curioso é que alguns personagens possuem características bem peculiares nos combates. Na verdade, isso acontece com as três heroínas principais e funcionam mais como "defeitos" baseados na história real. Aqua, por exemplo, é péssima para atacar os sapos gigantes, como acontece no início da série; Darkness tem uma defesa excelente e tende a receber os ataques de inimigos, mas ela raramente acerta uma; e Megumin tem a explosão como super poder, mas ela perde toda sua energia e é derrubada após usá-la. Pequenos toques especiais que fazem toda a diferença.

O sistema de combate vale para praticamente todas as missões, das mais diversas. Além das quests principais, divididas em vários capítulos e com diferentes níveis de dificuldade, existem missões gratuitas que servem para ganhar recursos, algumas delas que permitem infinitas tentativas e outras, com itens mais raros, que só podem ser feitas algumas vezes ao dia. Tem também uma arena, onde você pode enfrentar um chefão poderoso que muda a cada semana, indo desde personagens do jogo até um bizarro tubarão com pernas humanas.

Puta que pariu! Que coisa ridícula!

O sistema dessa arena é bem curioso, pois o chefão na prática tem energia infinita. O objetivo na verdade é causar o maior dano possível nele, o que vai definir sua posição no ranking com os demais jogadores. É bem simples, quanto mais pontos, melhores será a sua colocação e melhores serão os prêmios após o período terminar.

Como se não bastasse tudo isso, existem os eventos periódicos, que às vezes trazem missões específicas e também possuem algum tipo de chefe. Estes não têm vida infinita, mas só podem ser enfrentados se você tiver acumulado tickets em missões. Os eventos não são competitivos, cada um joga de forma independente para conquistar recursos e personagens limitados, e em algumas situações tem até o combate colaborativo, onde quatro jogadores se unem para atacar um mesmo chefão.

Vale comentar que também tem eventos-surpresa, que aparecem de forma aleatória e na verdade só servem quase como brincadeira, embora ofereçam alguns itens. Um deles é bem bobinho, onde você simplesmente precisa escolher uma fala para a magia explosiva de Megumin, e Kazuma dá uma nota qualquer, junto com um prêmio. E a outra é bem hilária, em que você deve enfrentar a invasão dos repolhos voadores, em uma referência a um episódio bizarro da série.

Curioso comentar que Aqua tem também um ponto fraco nesse evento: como acontece na história, onde ela é muito azarada e termina pegando alfaces em vez de repolhos, no jogo ela incentiva um maior aparecimento delas (que valem menos pontos) e ainda dificulta a aparição do repolho dourado, que vale uma fortuna.

E também tem os calabouços, ou dungeons, que é uma das outras sacadas sensacionais na minha opinião. Funciona como os combates normais, mas aqui você monta uma equipe maior e deve percorrer diversos níveis da masmorra, até vencer um chefão no final. Porém, com uma maior dificuldade pois seus aventureiros não recuperam energia depois das batalhas. Envolve muita estratégia na hora de escolher quem vai participar de qual combate e até mesmo em saber quando é hora de recuar.

Se por um lado um dos focos do KonoSuba Fantastic Days é nesse RPG de combate, o outro foco é nas visual novels. Entre uma batalha e outra, você pode assistir a um episódio da aventura na área de histórias. Além da história original do jogo, que inclui alguns personagens inéditos, tem a reprodução do anime de KonoSuba, assim como histórias específicas de cada um dos personagens. E ainda tem como rever as histórias dos eventos.

Um dos grandes pontos positivos do jogo é justamente nas histórias. Pois todas elas são muito bem feitas, usando personagens animados pela popular tecnologia Live2D. Quem não conhece, é basicamente personagens bidimensionais mas construídos com inúmeras partes sobrepostas, o que permite a criação de animações muito fluidas, como se fosse realmente um desenho animado. Todos os personagens principais e a maioria dos secundários possuem animações deste tipo.

Pra completar, todas as histórias tem vozes também! Tudo bem que elas são em japonês, mas mesmo assim isso colabora para criar uma ambientação bem legal, ficamos com a real sensação de estarmos assistindo um desenho animado de verdade. Muito mais imersivo do que visual novels onde só temos uma musiquinha de fundo e personagens estáticos, que no máximo só mudam de roupa ou expressão. Em KonoSuba, eles até piscam os olhos enquanto esperam você avançar a próxima tela.

Você certamente deve imaginar que tudo isso faz com que KonoSuba Fantastic Days seja um jogo muito pesado. Não vou mentir, ele ocupa alguns muitos gigas de seu dispositivo. Mas pelo menos os desenvolvedores fizeram algo bem bolado no que diz respeito à otimização de arquivos: em relação aos áudios, eles só são baixados para o capítulo da história que você vai assistir, e depois disso eles são apagados. Não é muito a ponto de gastar muita internet ou tomar muitos minutos, mas imaginando a quantidade de histórias, isso economiza muito espaço em disco, especialmente imaginando que você vai ver cada capítulo uma única vez.

Para quem curte a série, é um prato cheio. Pois não apenas temos a chance de rever as histórias já conhecidas de Kazuma e seus amigos, como também algumas novas que foram criadas para o jogo. Todas elas trazendo o humor doido de KonoSuba, como quando Darkness se junta à equipe só para ficar coberta de baba de sapo gigante.

Existem diversas outras coisas no jogo. Como o ferreiro, que serve para construir e melhorar equipamentos, além de uma parte onde você pode fortalecer sua equipe, usando poções mágicas ou enviando para missões. KonoSuba também conta com um sistema de amigos, que permite que você envie itens para outros jogadores, e uma diversidade de lojas onde você poderá usar as diferentes moedas do jogo para comprar itens dos mais diversos. Mas como a postagem está ficando grande, acho que já está na hora de falar um pouco mais dos personagens e da proposta do gacha

Durante o jogo, você pode ganhar cartões de aventureiro para "contratar" personagens. Em algumas situações você os ganha em missões ou prêmios de log-in, mas geralmente será necessário usar pedras de quartzo, que é uma das mais cobiçadas moedas premium do jogo (apesar de ser relativamente fácil de ser conseguida). Os cartões são de três tipos, que estão associados ao nível de raridade dos personagens: os cartões de papel simples oferecem um personagem de 2 estrelas, os dourados vem com um de 3 estrelas e os raros cromados trazem os melhores personagens, de 4 estrelas. Tem ainda os personagens com uma única estrela, que na verdade são os iniciantes que você consegue muito facilmente ao liberar capítulos da história. 

Claro que o objetivo de qualquer jogo gacha é incentivar que os jogadores consigam todos os personagens. É a razão inclusive de criarem eventos que trazem aventureiros exclusivos. A grande maioria dos jogos hoje em dia tem esse perfil, mas KonoSuba aplica o gacha de uma forma que considero bem interessante. Em vez de acumular centenas de personagens, muitos deles iguais, e de permitir um certo risco que você delete ou consuma um deles, aqui você nunca perde um novo personagem, que sempre ficará disponível em sua equipe. Caso você ganhe outro personagem igual, ele é automaticamente convertido em itens que podem ser usados para melhorar o original. 

Cada personagem possui diversas estatísticas que caracterizam suas habilidades físicas e mágicas, além dos poderes especiais. O legal é que existem diferentes versões de cada personagem, tipicamente especializadas em um determinado tipo de elemento, o que proporciona uma maior diversidade na hora de montar sua equipe, sem criar aquela situação deste ou daquele aventureiro que fica encostado por não ter as habilidades de maior interesse.

Outro ponto legal é que cada personagem possui uma imagem grande, geralmente baseada em uma cena da animação. Isso é muito positivo pois aumenta a imersão, faz com que você simpatize mais com os personagens de KonoSuba. Além disso, a maioria das versões possui também roupas diferentes, algumas que podem ser vistas nos combates e outras que têm a versão Live2D para que você possa interagir na tela principal.

Bom, vamos então falar um pouco dos personagens, que são muitos. Claro que naturalmente os quatro protagonistas têm um maior destaque no jogo, afinal de contas não tem como não dar uma maior atenção ao desajeitado Kazuma e suas amigas igualmente doidinhas...

Mas temos uma relativa quantidade de outros aventureiros que você poderá convocar para sua equipe. Chris é uma ladra sapeca mas de bom coração, e que ensinou algumas habilidades para Kazuma (como o "Roubar" que ele usa pra surrupiar sua calcinha). Wiz é uma lich, que na verdade é como um morto-vivo que não morre (como assim?), mas que é boazinha e cuida da loja da cidade, embora a esteja levando à falência. Rin é uma outra aventureira, com habilidades mágicas mas que tem um pavio curto, e é mais um daqueles exemplos de como os japoneses curtem essas bizarrices furry. E Dust faz parte da mesma equipe que Rin, não passa de um falastrão que volta e meia é preso e que adora curtir algumas diversões pervertidas.

Seguindo, vamos conhecer várias conhecidas de Megumin que fazem parte de sua vila, e que da mesma forma se proclamam como Demônios Carmesin (tradução tosca de Crimson Demon). Komekko é a irmãzinha de Megumin, sempre fazendo arte e que tem um apetite insaciável, toda hora com fome. Depois temos a gracinha da Yunyun, amiga e auto-proclamada rival de Megumin, conhece várias magias mas é uma menina bem sem noção e sem amigos. Depois temos Arue (apenas um detalhe, todas as meninas dessa vila usam esse tapa-olho de vez em quando), também uma maga da mesma turma das duas e que gosta de escrever contos só para enganar os desavisados. E a mocinha de cabelo verde é Mel, uma espírito de relâmpagos que começa como inimiga, mas a vontade de fazer novos amigos fala mais alto e ela se junta à equipe.

Próximos, temos Iris que é uma princesa de um reino vizinho, que rapidamente se interessa por Kazuki como um irmão mais velho, e que deseja muito sair da proteção do castelo para viver aventuras, depois de escutar as histórias inventadas do protagonista. Mitsurugi é outro jovem japonês que morreu e reencarnou nesse mundo, mas que escolheu uma super espada que o ajudou a se tornar um aventureiro arrogante e que conquistou muitas batalhas... até Kazuki roubar sua espada e vendê-la numa loja de penhores. Por fim, Cecily é uma sacerdotisa do Culto Axis, uma religião de fanáticos malucos que venera Aqua a todo custo, sempre fazendo tudo para conquistar novos seguidores, mesmo que tenha que usar de táticas controversas para isso.

Alguns personagens na história foram criados especialmente para o jogo, e é o caso das meninas abaixo. As três primeiras fazem parte de uma banda de música chamada Axel Hearts, que na história principal de Fantastic Days têm sua carroça destruída sem querer por Kazuma e suas amigas, e assim elas se juntam à equipe. Erika é toda animadinha e se acha a mais linda de todas, vestida de rosa como uma Barbie. Lia é a líder do grupo e outra que veio do Japão e morreu, sendo reencarnada por Aqua e buscando ser aventureira nas horas vagas. A pequena Cielo é bem tímida e tem medo de ser tocada pelos homens, e sabe usar magias de cura. Por fim, lá no canto está Melissa, outra personagem criada para o jogo, uma caçadora que sabe ser sensual nas horas que precisa, mas que se torna infantil quando vê bichinhos bonitinhos como cachorros e gatos.

Mais duas personagens exclusivas do jogo, e que trazem aquele "fetiche" psicótico que os japoneses têm por criaturas que misturam seres humanos com animais, o que eu particularmente acho muito escroto. Amy é uma fazendeira bondosa e angelical, com sua voz melosa e rosto sempre sorridente, e que tem como prioridade cuidar de sua irmãzinha Mia, que é muito levada e bagunceira, além de ter tanta fome que come qualquer coisa que aparece na frente. Por fim, dois personagens que aparecem nas histórias, a começar com a pequena Lolisa, que é uma jovem succubus (uma espécie de demônio que se alimenta dos desejos pervertidos dos homens), mas que também sonha ser aventureira para agradar ao seu ídolo, Vanir, que é o mascarado do lado. Inicialmente um inimigo, ele é purificado por Aqua mas renasce, para cuidar da loja de Wiz e ganhar muita grana, responsável pelos momentos mais cômicos e sem noção da história com suas previsões comprometedoras sobre Kazuma e suas amigas.

Vários personagens, né? E olha que eu mencionei apenas a versão global do jogo, que tem 23 personagens jogáveis até o momento, mas a tendência é que teremos outros mais. Por exemplo, a baixinha Lolisa foi adicionada recentemente, fazem poucas semanas. Diferentemente da versão japonesa, que traz dezenas de personagens de eventos colaborativos com outros animes e jogos, e até alguns outros que fazem parte do universo de KonoSuba. 

E até tem espaço para algumas piadinhas. Em um evento recente, Kazuma foi transformado em um sapão, e isso inclusive afetou o jogo. Faz parte de uma das pegadinhas de 1º de abril, e o herói apareceu como um sapo grande em todas as telas.

Foi hilário, pena que durou só um dia...

Enfim, se trata de um jogo bem divertido na minha opinião. Personagens bem engraçados e uma jogabilidade simples e mesmo assim desafiadora fazem de KonoSuba Fantastic Days um jogo que vale a pena, especialmente aqueles que curtem animações japonesas e RPGs. Poderia ser um pouco mais econômico em termos de espaço, mas acho que os aplicativos de celular hoje em dia têm essa tendência de ficarem cada vez maiores, só para nos forçar a comprar aparelhos mais novos. 

E claro que KonoSuba deve dar as caras aqui no site mais algumas vezes. A história é muito engraçada, e provavelmente vai render algumas postagens contando os absurdos das aventuras de Kazuma e suas amigas. Quem sabe até uma sátira da animação? Pode apostar que vamos vê-los por aqui de novo.

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