Celebridades em Quadrinhos

Acho engraçado como são as coisas, como que eu resgato aqui da minha memória uns assuntos nada a ver que eu jamais imaginava que ia escrever. E aí venho aqui e escrevo. Tudo por conta da postagem sobre o jogo Azur Lane, na qual eu fiz uma referência ao apresentador Faustão, e isso me lembrou de que havia uma revista em quadrinhos dele. E pronto: temos agora uma postagem sobre as revistinhas que faziam de celebridades nacionais.


Pois é... são os Vingadores lendo a revistinha deles mesmo...

Revistas em quadrinhos sempre fizeram a alegria da garotada, pelo menos em um passado meio distante na qual as diversões eletrônicas se resumiam ao Atari e pimpolhos de seis anos não tinham um iPad pra ficar assistindo Galinha Pintadinha. Fico feliz de ter passado a minha infância em uma época em que era possível se divertir aos montes com uma revista em quadrinhos, contando histórias engraçadas e divertidas que ajudavam à imaginação correr solta.

Claro que os quadrinhos mais comuns da época eram os clássicos como Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha, Pato Donald e todo o universo Disney, Snoopy, Calvin e Haroldo, Recruta Zero e outros mais. Haviam também os quadrinhos de super-heróis, embora fossem mais voltados para um público adolescente, trazendo as aventuras de grandes nomes como Super-Homem, Batman e Homem-Aranha, além de outros menos populares como Mandrake e Fantasma. E também podemos voltar ainda mais no tempo, em uma época em que haviam muitos quadrinhos europeus um pouco mais adultos mas que também agradavam a criançada, como Asterix e Tintin. Claro que a grande maioria desses quadrinhos eram de fora, traduzidos no Brasil, mas haviam diversos outros títulos nacionais por aqui também.

Acontece que as revistas em quadrinhos não serviam apenas para divertir as crianças e incentivar a leitura. Não demorou para que começassem a usar as revistinhas como forma descarada de merchandising, usando "celebridades" da época para estampar as páginas coloridas. E coloco assim mesmo, como "celebridades", pois você vai ver o nível de personalidades que viraram história em quadrinhos aqui no Brasil, algumas que eu jamais imaginaria que poderiam ser imortalizadas dessa formas.

A começar com o motivador desse post, o Faustão. O ex-gordão dos domingos da Globo ganhou seu gibi lá pelos anos 90, em que ele se metia em situações engraçadas juntamente com dois moleques iguaizinhos a ele. Conhecendo a originalidade comum nesse tipo de história, provavelmente eles se chamavam Faustino e Faustina. 


Vou me entregar aqui e admitir que eu cheguei a comprar algumas dessas revistas do Faustão quando era pequeno. Sei lá, acho que na época eu achava graça mesmo, eram tempos antes da NET e Netflix, em que os domingos não tinha muita coisa pra ver na TV aberta, e depois de assistir a Família Dinossauros e os Simpsons, dava pra rir um pouco das video-cassetadas e das Olimpíadas do Faustão. E as historinhas eram bem irreverentes, o que deixava tudo um pouco mais engraçado.


Apenas um comentário curioso: eram outros tempos, e aparentemente não havia nada demais na palavra "pentelho" em uma revista em quadrinhos para crianças. Enquanto isso, hoje em dia nem beijo hétero pode...

Outro que virou personagem de quadrinhos, e eu vou ter que admitir vergonhosamente que eu lia, foi o Sergio Mallandro, lá na década de 80. Começou sendo publicado pela Editora Abril e depois foi pra Globo, repleto de piadas rodeadas de "glu glu" e "bilu bilu tetéia". 


E agora me pergunto, por que era "mallandro" com dois L's?

Esse não tinha muita dificuldade em virar personagem de revistinha, pois o sujeito era todo bobão e cheio de brincanagens em seu programa de televisão, um adulto que parecia criança e com isso fazia a garotada se mijar de rir, algo que foi levado para os seus quadrinhos.


Convenhamos... até hoje ele é um adulto que parece criança. Só que agora as pessoas não se mijam de rir, mas acham deprimente...

Esses foram os únicos gibis baseados em celebridades que eu me lembro de ter lido. Mas haviam muitos outros, para todos os públicos. Enquanto Faustão e Sergio Mallandro eram mais voltados para os meninos, com seus palavrões e piadas sobre meleca, haviam também outros voltados para as meninas. E claro que um deles era a revistinha da Xuxa, feita especialmente para divertir as baixinhas com suas historinhas femininas e cheias de coraçõezinhos, florzinhas e uso exagerado da letra X.


Pois é, pois para os baixinhos que eram um pouco mais crescidos a Xuxa divertia de outra forma... os fortes entenderão.

Apenas um comentário paralelo: tudo bem, eu admito que quando pequeno eu assistia o programa dela, mas apenas aturava para ver os desenhos, que se tornaram cada vez mais escassos, o que me levou a assistir mais ao SBT. Mas tinha uma coisa que eu achava engraçado no programa dela era essa coisa.


Cara, sempre que eu via aquele anão vestido de tartaruga, ficava imaginando como seria dar um bico nele pra escanteio! Tempos em que um tampinha como esse só arrumava trabalho como ajudante de palco de programa infantil.

Continuando... Depois que a Xuxa surgiu, apareceram um porrão de outras loiras apresentando programa infantil, imitando tudo que ela fazia. Começou com a Angélica na extinta Rede Manchete... e que também virou personagem de história em quadrinhos. Com direito à pinta na perna e a um táxi tarado.


Eu sempre pensava que aquela merda de pinta era alguma sujeira na perna dela... E preciso dizer, nessa revista a Angélica parecia um travecão.

E outra loira que apresentava programas para a criançada que foi para o papel era a Eliana. Mas eu confesso que aqui a sacada pelo menos foi mais original. Em vez do traçado querendo ser realista adotado para Xuxa e Angélica (que na verdade parecia assustador mais do que qualquer coisa), Eliana foi representada em uma forma de mangá japonês.


Não que altere a percepção de que era uma revista ridícula. Mas pelo menos tentaram fazer algo diferente.

Seguindo com loiras... mas multiplicando por quarenta a idade, me pergunto por que algo como isso chegou a ver a luz do dia.


Isso mesmo... a revista da Aninha, baseada na Ana Maria Braga, lançada no final da década de 90. Pois a criançada sem dúvida iria se interessar por uma revistinha em quadrinhos cuja personagem principal é uma balzaquiana cheia de botox que apresenta programa de culinária e conversa com um papagaio de pelúcia.

Já que o assunto são atrocidades, voltemos um pouco no tempo para relembrar que até o Fofão teve uma revista em quadrinhos.


Essa postagem está mesmo na linha de "o passado me condena" e vai entregar a minha idade. Não, eu não assistia o Fofão na televisão. Isso porque eu tinha pavor dele quando criança. Com essa cabeleira horrenda, as mãos peludas sem dedos, o nariz de porco com aquela cara bochechuda e olhinhos pequenininhos, pra mim era pior que o Chucky.


Cacete... não sei se sou só eu, pois agora me dei conta que a cara do Fofão parece um saco!

Acontece que essa viagem pelos quadrinhos toscos dos anos 80 e 90 consegue piorar ainda mais. Pois existiu até mesmo um gibi da dupla sertaneja Leandro e Leonardo. Com direito a entrevistas com outras das duplas da época e letras de suas canções. Afinal de contas, não tinha Internet na época, e pras fãs mais desesperadas apenas com revistas dessas pra acompanhar as músicas deles.


Fico me perguntando quem comprava essas coisas... Ainda bem que não teve os quadrinhos do Chitãozinho e Xororó. Ou da Sandy e Júnior. 

Acontece que consegue ficar pior. Pior do que quadrinhos do Faustão, do Fofão ou da Xuxa, alguém achou que seria uma idéia fantástica criar uma revista do apresentador Gugu. Cuja primeira edição vinha com um pôster do Dominó como brinde.


Puta merda! Sério, eu sei que vão me xingar... mas se eu tivesse um filho e ele me pedisse pra comprar a revista em quadrinhos do Gugu, ele ia levar uma surra de cinto ou de Havaianas.

Onde já se viu? Assistir Gugu, pôrra! Que é que tinha de bom nessa merda de programa?


Ah, tá certo... eram outros tempos, em que você ligava a TV na tarde de domingo e tinha ali uma suruba numa banheira com modelos de biquini e ninguém achava nada demais. O que só me faz perceber como passar a adolescência nas décadas de 80 e 90 era só para os fortes, onde tinha que torcer pra ver uns peitos na banheira do Gugu ou no desfile de Carnaval. Hoje, basta meio segundo no Google com o filtro desligado...

Já que estamos falando do domingo, vale lembrar que outro programa que marcou época nas telinhas virou revista em quadrinhos, com os Trapalhões. Tiveram revistas mais antigas que os retravam de uma forma um pouco mais realista, mas certamente a que marcou mais foi a versão que os mostrava como crianças.


A pergunta que não quer calar: será que nessa revistinha tinha o Tião Macalé? Nojento!


Outros tempos mesmo... em que a família toda ria à beça com piadas que hoje seriam consideradas inaceitáveis e racistas.

Seguindo, vamos para o mundo dos esportes, onde geralmente faziam personagens que eram baseados nos atletas e esportistas, colocando um diminutivo em seus nomes, diferente dos demais onde eram realmente os apresentadores e cantores que estavam ali em suas versões de papel. E já começo com um que teve um início bem inusitado, que foi o Senninha.


Afinal de contas, o personagem que era um menino fã do campeão de Formula 1 foi lançado em março de 1994, uma idéia promovida pelo próprio Senna, especialmente para transmitir seus valores. E dois meses depois tivemos o fatídico acidente que o vitimou e deixou toda uma nação órfã de seu grande herói. Há quem diga até que o Senninha foi o grande "pé-frio" por trás da tragédia. Me lembro de uma tomada de câmera do Senna, logo antes da corrida, olhando seu carro e vestindo uma camiseta com o rosto do personagem. Quase foi o fim da revistinha, que deu uma pausa após o acidente mas continuou alguns meses depois, mesmo tendo que lidar com a triste situação.


Interessante observar que, de todos os quadrinhos que eu menciono aqui, Senninha foi de longe o que durou mais, e hoje conta até com desenhos animados na TV a cabo e animações na Internet. 

Vamos enxugar um pouco as lágrimas e seguir com outros esportistas que viraram personagem de quadrinhos. No Brasil, sem dúvida jogadores de futebol viriam a ter as suas próprias histórias, mas aí era um pouco mais difícil, até por conta da rivalidade de clubes. Tipo, provavelmente uma história em quadrinhos do Amaral não faria muito sucesso... O pioneiro foi o Pelézinho, baseado no Pelé, tricampeão mundial pela seleção brasileira.


Dá pra reconhecer o traçado, e de fato esses quadrinhos faziam parte da Turma da Mônica, com quem o Pelézinho interagia em diversas histórias, sempre baseadas em alguma forma no futebol. Corrigindo, esse aí é o personagem mais longevo da postagem, veja que ele era do tempo que uma revistinha em quadrinhos custava 6 cruzeiros.

Um pouco de cultura inútil: recentemente Pelézinho foi modernizado, provavelmente para evitar qualquer problema com os politicamente corretos de plantão, tirando a boca mais clara que poderia ser vista como sinal de racismo.


Escrevam o que eu estou dizendo: os politicamente corretos vão acabar com o mundo.

Passados alguns anos, imagino que o Mauricio de Sousa se deu conta que precisava atualizar um pouco a turminha, pois a criançada talvez não desse muita bola (com trocadilho, por favor) para o Pelé. Surgiu então o gibi do Ronaldinho Gaúcho, seguindo a mesma idéia de trazer histórias baseadas em futebol. Que conseguia ser mais dentuço que a Mônica.


Uma boa escolha. Afinal de contas, que nem o Sergio Mallandro, o Ronaldinho sempre foi e sempre será um adulto que mais parece uma criança. Tem tudo a ver.


Não disse?

Mas o Ronaldinho já é passado... e agora o "astro" que estampa os gramados nos quadrinhos é ninguém menos que o Neymar, também publicado pela mesma editora da Turma da Mônica. E provavelmente aquela na janela do prédio deve ser a Bruna Marquezine.


Só precisa lembrar que o Pelé e o Ronaldinho Gaúcho já ganharam Copa do Mundo...

Pra fechar os esportistas que viraram personagens de histórias em quadrinhos, você tinha idéia de que até mesmo o Oscar "Mão Santa" teve o seu gibi? Pois é, teve a revista do Oscarzinho, que não durou muito.


Sério, acho que depois de se aposentar das quadras, a única coisa que ele tinha feito era aquela propaganda de margarina, cantando "Oh, Happy Day" que nem um maluco que fugiu do hospício.


Quando você pensa que não tem como ficar pior, conseguimos desenterrar a revistinha do Tiririca. Era de se esperar, o abestado chegou a ter sua história em quadrinhos, que imagino que era mais sofrível do que a idéia dele ter se candidatado a deputado federal.


Embora mais absurdo é imaginar que elegeram a peste...

Aliás, falando nisso eu me lembro que em uma das vezes que o Tiririca se candidatou, foi feita uma espécie de revistinha com as suas propostas, que usava e abusava das piadas, algumas delas que hoje seriam suficientes para a ira dos politicamente corretos.


E foram muitos outros mais. Se voltamos ainda mais no tempo, antes de eu ter nascido, chegou a existir quadrinhos de quem você possa imaginar. Incluindo a dupla sertaneja Tonico e Tinoco, o caubói brasileiro Beto Carreiro e até mesmo a revista do Pedro e Bino!


Pela capa, já dá pra imaginar que esses quadrinhos era cheios de putaria e eram impróprios para menores...

Falando em putaria, outra que quase teve uma revista em quadrinhos foi a Tiazinha. Cria do Luciano Huck, na época em que ele era um mané que só tinha audiência por conta dela e da Feiticeira e antes de ficar ainda mais babaca ao virar global, a sado-masoquista quase teve uma revistinha, em que ela era uma heroína enfrentando os bandidos.


Como esperado a idéia não vingou tanto, e acabou virando uma série de televisão que foi catastrófica. No final das contas, a única revista em "quadrinhos" dela foi uma foto-novela feita para a Playboy, com o pouco original título de "As Aventuras Eróticas da Tiazinha", em que ela enfrentava uma gangue de vampiros... O que não passava de desculpa para várias páginas dela pelada. 

E tantos outras personalidades tiveram suas revistas... isso sem contar com as "participações especiais" em outras histórias em quadrinhos, algo que é muito comum com a Turma da Mônica. É sempre a mesma premissa, pegar alguma personalidade nacional ou internacional e reproduzi-la sob a forma de desenho. Geralmente com uma sutil alteração em seu nome, ou para desassociar com a pessoa de verdade ou para não ter que pagar direitos autorais. Tipo, a apresentadora do tempo Maju Coutinho da Rede Globo, que virou Malu.


Deixa eu fazer um parênteses aqui. Essa Maju é um exemplo da "fama lacradora". Ela era apenas mais uma das muitas moças do tempo da rede do Plim-Plim, até que surgiu o causo em que ela foi xingada de forma racista. Pronto. Foi o suficiente para os holofotes caírem em cima dela, e a partir desse episódio a popularidade dela foi para a estratosfera, chegando ao ponto de ser escalada para a bancada do Jornal Nacional. Tudo isso com o claro objetivo de "lacrar", de "dar o recado" para a sociedade racista. Não questiono sua qualidade como profissional, mas é evidente que sua ascensão no meio jornalístico se deu apenas pelo fato dela ser negra e ter sido xingada de forma racista. Sem isso, muito possivelmente ela não iria aparecer tanto assim e cairia no esquecimento, como trocentas de outras moças do tempo antes dela...

Outro que foi personificado pelos quadrinhos do Mauricio de Sousa foi o rei do pop, Michael Jackson, que ganhou a sua versão abrasileirada que se chamava Maico Jeca, que ganhou uma revista especial onde provavelmente fizeram uma referência ao clipe do Thriller. Bem tosco...


Fico pensando agora no seguinte... acho que não era um bom negócio ter colocado o Michael Jackson sozinho com a criançada da Turma da Mônica. Imagina só se aquelas histórias forem verdade? 

Recentemente, até quem deu as caras em uma historinha deles, mesmo que somente por um quadro, foi a cantora Anitta, que virou Amitta. E vemos que o Cascão e seu amigo certamente ficaram com as cuecas meladas depois de imaginá-la rebolando.


Não acredita? Olha a expressão de cachorro no cio estampada na cara dos dois.

Acho que está na hora de encerrar essa postagem. Realmente foram muitas personalidades e celebridades que emprestaram suas feições para revistas em quadrinhos desde muito tempo. E certamente é algo que continuaremos a ver, sejam em pequenas participações especiais ao lado de personagens mais consagrados ou até mesmo estampando a capa de gibis.

Só espero que essa moda não desça a ladeira, ainda mais depois de terem convidado a Anitta pra aparecer. Já imaginou se fazem uma revista em quadrinhos com essa coisa?


Oh, não! E não é que o Pablo Vittar já virou personagem de quadrinhos?! Fudeu!


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