Phantasy Star III - Generations of Doom

Chegou a hora de relembrar de mais um jogo de videogame que eu gosto, lembrando com nostalgia de uma época de títulos muito mais legais do que temos hoje, com jogos divertidos, bem bolados e que marcaram. Sei que eu ultimamente tenho falado muito do Atari, mas não irei tão longe dessa vez ao recordar de um RPG lançado para o Mega Drive, lançado no início dos anos 90. Me refiro a Phantasy Star III, terceiro capítulo da famosa saga da Sega ("saga da Sega" soou engraçado). Embora eu não tive a oportunidade de jogá-lo no console físico, descobri esse simpático (e polêmico) jogo na época dos emuladores alguns anos mais tarde, e que logo me cativou por conta de sua originalidade.

Mas, espera um pouco... Eu já escrevi sobre esse jogo há muito tempo atrás.

Sim, eu sei. Mesmo sabendo que a idade vai se acumulando, não estou tão esquecido assim (embora eu tenha cometido o deslize de fazer um post "duplicado" há pouco tempo, sem ter me dado conta que eu já tinha falado sobre o assunto, literalmente um tema "de merda"). Dessa vez eu tenho noção do que estou fazendo. Decidi trazer de volta uma postagem sobre Phantasy Star III pois a primeira foi bem simples, antes das minhas postagens mais detalhadas de jogos como eu costumo fazer. Além disso, ela é de 2009, bem antiga e provavelmente muita gente aqui nem percebeu que eu já tinha falado sobre esse RPG. Por essa razão decidi dissertar a respeito dele de novo, embora sei que muita gente o considere um jogo ruim.

Phantasy Star era a "franquia" de RPGs da Sega, e embora não tenha tido tanta fama como a Final Fantasy que circulava nos consoles da Nintendo na época, conquistou vários fãs ao longo de seus vários capítulos. A série de RPGs da Sega começou em 1987 no Master System, já se vão mais de 30 anos. Um jogo que marcou muito, especialmente aqui no Brasil, por ter sido um dos primeiros (se não o primeiro) a ser traduzido para o português pela Tec Toy. Aliás, uma tradução que foi até relativamente bem feita, algo que infelizmente não foi comum em outros jogos (como o próprio Phantasy Star III, que recebeu uma tradução sofrível). Com uma história envolvente e as inesquecíveis e sensacionais telas dos labirintos em 1ª pessoa (algo que impressiona até nos dias de hoje), o primeiro Phantasy Star nos apresentou a Alis e seus amigos, enfrentando o mal representado pelo Dark Force, que a cada 1000 anos tentava destruir o sistema de Algol. 

Aliás, comento que foi uma ideia original ao colocar uma protagonista mulher. E sem criar todo um "auê" de empoderamento feminino como temos hoje. Saudades dos bons tempos em que um jogo era bom por ser bom, e não simplesmente por ter um personagem representando uma minoria...  

Enfim, em 1989 a trama recebeu o upgrade para o Mega Drive, com Phantasy Star II. Dessa forma tivemos um jogo ainda maior, com mais mapas e efeitos visuais e sonoros com a qualidade que o console de 16 bits permitia. Uma equipe maior, liderada por Rolf (que era um descendente de Alis do jogo anterior), enfrentava novamente a entidade Dark Force que estava de volta, com o objetivo de destruir o clima dos planetas do sistema com o auxílio de um super-computador. Um RPG considerado muito bom, porém com um nível de dificuldade bem elevado também, eu mesmo digo que jamais consegui chegar ao fim dele, mesmo jogando com um emulador.

Breve parênteses para citar algo bizarro: quando jogos japoneses chegavam aqui no ocidente, era comum que muitos ganhassem capas totalmente nada a ver, toscas ao extremo. E Phantasy Star II é um exemplo disso, compare o visual dos personagens, em seu estilo anime que é fiel ao que vemos no jogo e si, com a capa psicodélica da versão americana, onde Rolf parece um Schwarzenegger depois de uma diarréia e Nei mais parece um cervo chifrudo que roubou o vestido da vovó. Seja sincero, você levaria um jogo desses a sério, com uma ilustração de capa dessas?

E no ano seguinte tivemos Phantasy Star III (que chamarei de PS3, para simplificar), que será o foco de meu post. Neste capítulo a trama mudou bastante, levando a história para os habitantes de uma nave espacial chamada Alisa III, que fugiu do sistema Algol antes do planeta ser destruído no jogo anterior. Com um estilo visual bem diferente, apesar de ser considerado um bom RPG ele foi visto por muitos como o pior capítulo da série Phantasy Star por supostamente não estar muito relacionado com os anteriores, chega ao ponto da difamação total por parte de alguns. Mas que possui uma legião de fãs leais, e que na minha opinião possui uma das histórias mais interessantes e envolventes não apenas da série, mas de todos os RPGs que eu joguei até hoje.

Apenas para não deixar a revisão da trama de Phantasy Star incompleta, tivemos o Phantasy Star IV lançando em 1993, considerado por muitos como o melhor da série clássica. De fato é um jogo muito legal, com personagens carismáticos e uma qualidade gráfica incrível, com direito a cutscenes no melhor estilo anime que ajudam a aproveitar a história. Sem dúvida, um exemplo de RPG bem construído, aproveitando o aprendizado acumulado por outros jogos lançados previamente. Admito que eu gosto muito desse jogo, tem uma história bem legal e combates empolgantes, e foi o outro da série que eu consegui ir até o fim, juntamente com PS3. 

Cabe ainda falar que tiveram outros jogos do Phantasy Star. Além de dois títulos bem desconhecidos que foram lançados para o portátil Game Gear, alguns anos mais tarde após a conclusão da série clássica chegaram as versões Phantasy Star Online, Universe, Portable e outras mais. Alguns foram para consoles mais novos, outros via navegador de internet, e embora sejam jogos que parecem muito bons, na minha opinião elas representam uma nova etapa da série, muitos que seguem mais no estilo dos MMORPGs, diferente dos quatro primeiros capítulos, onde temos uma história bem definida e personagens genéricos que podem ser customizados pelo jogador. Ou seja, aí sim temos jogos que não tem muito a ver com Phantasy Star. Assim, nem vou citá-los por aqui.

Bom, voltemos ao PS3. E por que foi justamente esse o jogo da série que me chamou mais a atenção? Hora do meu testemunho pessoal sobre o título.

Como eu disse acima, eu não cheguei a jogar muito os dois primeiros capítulos da série. Eu sabia da existência do Phantasy Star do Master System, mas nunca o tive na forma física. Na verdade, nenhum deles. Por algum motivo eu associava RPGs a algo que não se aplicava a videogames, e talvez por isso eu nunca me interessei por esse tipo de jogo na época. Quando vieram os emuladores, comecei a conhecer certos jogos que eu nunca tinha jogado, entre eles o velho RPG da Sega. Mas eu não consegui ir muito longe... talvez pelo pouco tempo disponível, juntamente com uma falta de paciência que eu tinha naquele momento de minha vida para jogos muito longos. Tentei jogar com o apoio de guias, mapas e dicas, mas eu sinceramente achava um pouco sem graça jogar dessa forma: consultar um walkthrough naquele momento em que você está travado até vai, mas usar como um guia durante toda a aventura tira a diversão. Depois de algumas semanas... eu desanimei. 

Mesma coisa com o segundo jogo. Parecia mais amigável, com gráficos mais modernos e as cenas de combate eram muito legais, apesar daquele fundo azul sem graça. Mas também não resisti muito, pois o jogo é muito difícil. Os mapas imensos, especialmente dos labirintos, em que você dava dois passinhos e logo depois apareciam inimigos fodásticos, comecei a ficar frustrado. E se tem uma coisa que me afasta de um jogo é o sentimento de frustração, aquela sensação de que é um parto avançar. Para mim, jogar um videogame deve ser algo divertido, um passatempo para ocupar algumas horas com algo que te satisfaça, e aquele Phantasy Star II não estava fazendo isso. E foi mais um da série que ficou encostado.

Eu sei que alguns fãs mais puristas da série devem estar ofendidos com esse meu sacrilégio. Mas foi o que eu passei. Talvez um dia eu decida voltar a esses dois jogos em algum momento, dar mais uma chance. Mas por enquanto eu não me animei muito com essa ideia, dá um pouco de preguiça.

O interessante é que depois eu não fui para o Phantasy Star III. Muito por conta da influência negativa das críticas, que falavam que o jogo era muito ruim, uma decepção, a "ovelha negra" da série. Fui direto para o Phantasy Star IV, que joguei de forma mais correta, só recorrendo a algum tipo de guia na internet quando não conseguia avançar. Na verdade era algo esperado, pois tratava-se de um jogo de dificuldade mediana. A jogabilidade mais simples e envolvente, os personagens simpáticos, a trama interessante e a excelente qualidade gráfica ajudaram a dedicar um bom tempo a este jogo. Admito que valeu a pena, e joguei ele inteiro acho que duas ou três vezes.  

Depois de algum tempo, eu acabei dando uma chance ao Phantasy Star III, que até então eu nem tinha olhado muito por informações negativas na internet. Por um lado, o estilo mais medieval me chamou a atenção, com um visual diferente em relação aos outros títulos da série. Claro que, como muitos, torci o nariz para as cenas de luta bizarras, com aquelas animações toscas dos monstros. Mas eu fiquei ainda um pouco dividido, pois o jogo trazia alguns aspectos interessantes. Interrompi minha sequência por conta de razões particulares (muitos compromissos profissionais naquele momento não deixavam muito tempo para videogame, ainda mais jogos longos) e acabei voltando para joguinhos mais rápidos. Mas eu ainda fiquei com uma certa curiosidade de voltar a esse RPG tão controverso...

Eu já deixei claro que não sou muito de seguir modinhas. Aquilo que eu gosto é porque eu gosto de verdade, e não pelo fato da maioria curtir. Acredito que um pouco desse sentimento "rebelde" me fez manter o interesse em dar mais uma chance para o PS3. Até pelo fato de que, diferente da maioria dos fãs de Phantasy Star, eu não tinha jogado tanto os jogos anteriores, que não me agradaram muito no momento em que os conheci, pelos motivos já descritos acima. Nessa hora, fica aquele pensamento: muita gente adora o PS1 e PS2 (lembrando, a sigla aqui se refere à Phantasy Star, e não ao console PlayStation) e fala mal do PS3; se eu não curti muito o PS1 e PS2, provavelmente eu poderia gostar do PS3, já que ele era tido como diferente. E essa percepção não era apenas por conta da opinião alheia, já que eu tinha começado os três jogos e tinha percebido as diferenças. Ainda mais considerando que eu havia realmente desistido de jogar os dois primeiros jogos da série, e o Phantasy Star III eu estava até começando, mas precisei dar uma pausa por conta de motivos de força maior. 

Quando as coisas se acalmaram na minha vida, recomecei o PS3... e não demorou para que eu começasse a gostar. Não era um jogo perfeito, tinha seus problemas. Mas que eram pequenos se comparados com a história envolvente e os personagens muito carismáticos. Além disso, para mim era um RPG "jogável" sem a necessidade de guias externos, sem trazer labirintos absurdamente enrolados como dos jogos anteriores ou enigmas extremamente difíceis como é comum de se ver em certos jogos de aventura. Se me recordo bem, conclui a minha primeira jogada sem ter que consultar guias de ajuda. Além disso, ele trazia algo que eu considero o ponto mais original: o fato de que não há um personagem principal único, mas sim uma família que você acompanha ao longo de três gerações. Isso trazia um fator de replay sensacional, em que você fica com vontade de saber como seria a história se o príncipe casasse com outra.

Digo sem medo que PS3 é um dos meus RPGs de videogame preferidos. Admito que acho o PS4 um bom jogo de aventura, muito agradável de jogar, também curti muito os dois primeiros jogos da série Shining Force, com seus combates táticos que acho um barato, e também achei o Uncharted Waters 2 interessante com sua temática nas grandes navegações. Todos esses são RPGs do Mega Drive que eu acho legais, e ainda coloco o Final Fantasy VIII como um título que eu achei até simpático (aliás, outro bem polêmico e criticado por muitos). Mas nenhum deles é, na minha opinião, tão cativante como o Phantasy Star III.

Depois dessa longa introdução sobre minha experiência, é hora de falar sobre o jogo em si. 

E sim, eu sei que a postagem vai ficar longa... Quem me conhece sabe que eu tenho esse "péssimo" hábito de escrever artigos grandes, mas eu prefiro deixar tudo condensado em um único post, até por nunca ter uma ideia da melhor forma de dividir. Se ficar cansativo, salve a página nos favoritos e continue outra hora. Mesmo que temporariamente, não vou ficar chateado se apagar depois.

A história do jogo começava antes de você apertar o botão de Start, com a narrativa de uma sangrenta guerra entre duas facções batizadas em nome de seus líderes, chamados Orakio e Laya. Neste conflito ocorrido 1000 anos antes dos eventos do jogo, os dois grupos duelaram cada um à sua maneira. Os layanos foram os que começaram a guerra (segundo a versão japonesa, como li em algum lugar que não me lembro) e eram pessoas que tinham conhecimento de magias e outras técnicas, além de contar com o apoio de monstros controlados por eles. Do outro lado, os orakianos aparentemente não conheciam magias, dependendo mais de suas exemplares habilidades físicas de combate, mas foram capazes de desenvolver andróides (ou ciborgues, como traduzido na versão ocidental) que ajudavam no combate. 

Claro que durante o jogo a gente começa a descobrir mais detalhes por trás dessa guerra, e mesmo sendo um jogo que todo mundo já conhece não vou dar esse spoiler, pelo menos por enquanto. Mas posso falar já dos nomes de destaque deste primeiro conflito. Começando com os layanos, temos Laya com seu arco e flecha, que contava com o apoio de seu general Lune, o maluco de bumerangue abaixo...

... e do lado dos orakianos, o líder é Orakio com sua patenteada espada negra, e seus dois fiéis andróides: Siren é o parrudão armado e Miun a mocinha de pouca roupa e garras como do Wolverine.

Enfim, vou resumir um pouco o prelúdio do jogo. Acontecia que o conflito terminou de alguma forma, com os "mundos" sendo isolados (você vai entender mais adiante) depois que todos eles desapareceram após enfrentar um grande mal. Mas não sem antes deixar "leis" para seus seguidores, conhecidas como a Lei de Orakio e a Lei de Laya. Na prática era a mesma coisa, pedindo que eles não matassem nenhuma criatura viva. Para isso é que os orakianos tinham os andróides e robôs, enquanto que os layanos contavam com os monstros, para que brigassem entre si. 

Sempre achei meio estranho que os monstros não fossem considerados como "criaturas vivas". Mas vamos em frente.

Passado um milênio, você personifica o príncipe Rhys, herdeiro do trono da cidade de Landen e descendente direto de Orakio. Um belo dia, ele estava passeando perto da praia, cuidando de sua vida, até encontrar uma jovem de cabelos azuis deitada na areia e com amnésia, só se lembrando de seu nome, Maia.

Conversa vai, conversa vem... e os dois acabam se apaixonando e vão se casar. Esse é o momento em que o jogo começa, e depois de circular um pouco pela a cidade e finalmente encontrar sua noiva diante do altar, um dragão aparecia do nada, levando Maia embora. É o início da aventura de Rhys, em busca de sua amada, que supostamente teria sido sequestrada por uma criatura layana... mesmo fazendo mil anos que ninguém tinha visto um descendente de Laya por aquelas bandas.

Talvez você ache a história meio manjada demais... Afinal, esse enredo de salvar a princesa sequestrada é mais velho que o Donkey Kong. Mas, depois de jogar mais um pouco, descobrimos que o típico "resgate a princesa" é apenas a pontinha de um iceberg bem maior, que esconde uma trama que na minha opinião é uma das mais interessantes nos RPGs de videogame. E que sim, está relacionada com os demais jogos da série, por mais que tenha gente que não acredite.

Vamos falar um pouco do jogo. PS3 é mais um daqueles típicos RPGs que todo mundo conhece, repetindo uma fórmula que, apesar de bastante comum, funciona nesse tipo de título. Ou seja, você comanda um grupo de aventureiros (que serão "contratados" ao longo do jogo) e tudo envolve viajar pelas mais diversas localidades, visitando cidades para conversar com transeuntes e suas frases que contam algo importante, investigando intermináveis labirintos com becos sem saída e tesouros escondidos, e logicamente enfrentando combates aleatórios contra as mais diversas criaturas inimigas, ganhando pontos de experiência para subir as habilidades de cada personagem e dinheiro (no caso, mesetas, a moeda "oficial" de Phantasy Star) para comprar armas e itens. Tudo isso se desenrolando em uma história, ditando onde você deve ir e quem deve enfrentar, cumprindo os objetivos que farão que você avance no jogo. 

Como disse, um RPG típico. Mas muita gente acha que PS3 falha em vários aspectos, e embora eu até entenda e concorde com alguns pontos, acho que outros não tem muito a ver.

A começar com o visual, uma das grandes críticas dos fãs mais fervorosos de Phantasy Star, pois o PS3 destoa consideravelmente dos demais jogos da série. Em parte pela temática com foco muito maior em um ambiente que lembra o medieval, diferente dos outros capítulos onde há um equilíbrio mais balanceado entre o medieval e o tecnológico, quase que a "marca registrada" da série de RPGs da Sega. 

Algo que eu particularmente discordo: sim, no início nos imaginamos em uma época do Rei Arthur, mas desde os primeiros minutos começamos a ver que existem referências futuristas em PS3. Por exemplo, logo no começo vemos que Rhys encontra um item chamado Monitor, que nada mais é que um GPS para mostrar onde ele está. Além disso, o jogo traz os andróides que acompanham o protagonista na jornada. Por fim, quando vamos mais na frente da trama, vemos mais e mais referências a um mundo futurista, mesclando estes dois estilos de forma semelhante aos demais títulos, ao contrário do que diz os críticos. Assim, essa é uma crítica que eu acho errada, não tem nada a ver essa de dizer que PS3 é 100% medieval.

Aliás... digo que essa é uma percepção das próprias pessoas da cidade de Rhys. Como mencionei acima, depois da guerra entre Orakio e Laya os mundos foram separados, e assim faz sentido que certos conceitos mais tecnológicos e futuristas tenham se perdido depois de mil anos nesta região onde o protagonista vive. Na minha opinião, encaixa muito bem com a história.

Outra crítica que falam muito é associado ao estilo gráfico, na forma como as cidades e os personagens são representados, que também foge do padrão da série. É fato, o estilo é bem diferente mesmo, se a gente compara com o PS2, por exemplo...

Mas, sabe de uma coisa? Eu gosto do estilo de PS3. É uma mudança de ares que pessoalmente considero como muito bem-vinda, ao trazer bonequinhos mais realistas, juntamente com cidades com construções grandes. Para mim isso parece mais verdadeiro e proporcional, diferente dos típicos RPGs onde os personagens são versões pixeladas de bonequinhos caricatos, que se movem de forma bem artificial em uma cidade em que as construções são pequenininhas (tipo, na imagem acima os protagonistas tem quase a mesma altura das casas). Fica mais com a impressão de ser um jogo, não que seja algo ruim, mas penso que o estilo de PS3 é mais original. Dá a impressão de ser um filme, onde vemos os personagens andando em um mundo realista.

Vamos dar uma pausa na análise das críticas (fiquem tranquilos, já volto nisso), para falar um pouco do estilo do RPG. Como é comum nesse tipo de jogo, cada personagem tem diferentes atributos, além de poder equipar diferentes itens, e que no final vão caracterizar sua eficiência na aventura, geralmente nos combates. Tudo isso é organizado no típico menu do jogo, onde podemos ver as estatísticas de cada um. A começar com HP e TP, que são os pontos de energia e de técnica (que explico depois), e os manjados pontos de experiência que são usados para subir de nível e melhorar as demais estatísticas, que representam no que cada personagem é bom. Embora eu confesso que não é muito claro como algumas delas afetam o jogo: Damage e Defense até que são intuitivas, caracterizando a força e a capacidade de defesa nos combates, e entendo que Speed seja determinante para fazer com que o personagem ataque antes dos inimigos. Estatísticas essas que ficam evidentes quando equipamos um determinado item.

Mas os outros atributos não são muito claros, pelo menos no que percebi ao jogar. Baseado no que li no manual, Intel afeta a quantidade de TP ganho a cada nível e também afeta a força das técnicas, e Stamina tem o mesmo efeito mas associado a HP. Por sua vez, o atributo Skill é responsável pela eficácia das técnicas, quanto maior, maiores eram as chances de funcionar. Por fim, Luck afetava a probabilidade de que as estatísticas Intel e Stamina poderia aumentar a cada subida de nível. Mas tais explicações eu confesso que só vim a descobrir ao fazer essa postagem, depois de olhar alguns fóruns na internet.

Um dos pontos que eu acho interessante é que cada personagem possui sua própria "mochila" de itens, diferentemente de outros RPGs onde temos um inventário compartilhado entre todos. Pode parecer bobagem, mas acho mais coerente que os itens sejam distribuídos entre a equipe, e que permite até alguns truques em certos momentos cruciais do jogo. Como esperado, alguns itens são equipamentos que devem ser colocados nas suas respectivas posições: cabeça, corpo, mão direita, mão esquerda, pés e... fivela?!

Pois é, em PS3 existe uma posição para você colocar uma jóia na fivela, que representa itens que serão importantes durante o jogo. Primeira (e acho que única) vez que eu vejo um RPG onde você pode escolher o que colocar na fivela de seu cinto.

Já que estamos falando das características dos personagens, acho que é hora de citar as técnicas. Imagino que esse nome é usado em vez de magia pois os andróides também as possuem, e realmente não faz muito sentido que uma criatura mecânica seja capaz de lançar Hadoukens ou coisa parecida. Sabemos bem que as magias, quer dizer, técnicas, são bem comuns em RPGs, mas geralmente elas são conquistadas ao longo do jogo, geralmente ao subir de nível. Por sua vez, PS3 veio com uma proposta diferente (pra variar, criticada por alguns) e bem peculiar. 

Neste jogo são dezesseis técnicas distribuídas em quatro grupos de acordo com seu tipo. Todas as quatro técnicas de um determinado grupo consomem a mesma quantidade de TP, o que é um dos pontos originais (em outros jogos, geralmente as magias mais fuderosas custavam mais). Por sua vez, a força e efetividade de cada uma era controlada por uma distribuição de técnicas, que podia ser feita em uma das lojas tipicamente encontrada nas cidades. Dessa forma, é possível aumentar a força de uma técnica em detrimento da outra.

Eu sei, é confuso... vamos ver algumas figuras para entender melhor. A distribuição é vista na imagem acima, onde temos um quadrado composto por quatro lados (dããã, qual quadrado não tem quatro lados?), cada um representando uma técnica por uma figura colorida. Nessa loja você pode mover uma marquinha para mudar a distribuição dos símbolos coloridos: quanto mais símbolos, mais forte será aquela técnica. Por exemplo, na imagem acima temos a configuração inicial, onde todas as quatro técnicas estão equivalentes, e na outra abaixo vemos que uma delas está no máximo, deixando duas um pouco mais fracas e uma última com uma figurinha só.

Assim, cada um podia organizar as técnicas de acordo com seu estilo de jogo, ou até mesmo dependendo do momento. Claro que é algo meio confuso em um primeiro momento, mas cria uma situação interessante onde é necessário depreciar determinadas técnicas para melhorar outras. Observando também que o tamanho do quadrado é função dos atributos do personagem, ficando maior a medida que ele sobe de nível.

Mas se você achou isso uma tosqueira e difícil de entender, sem problemas: a verdade é que a maior parte das técnicas é inútil no jogo.

Apenas as técnicas Heal é que são interessantes, usadas para curar os personagens feridos e as únicas que podem ser usadas fora do combate. As técnicas Melee são de ataque, as do grupo Order são usadas para aumentar a capacidade de ataque e defesa dos aliados, além de outras meio toscas (tipo, um personagem se sacrificar para curar todos os companheiros), e as técnicas que fazem parte do grupo Time impedem que os inimigos ataquem ou podem ser usadas para aumentar a velocidade e as chances de fuga da equipe. Muitas delas têm o mesmo nome de magias da série Phantasy Star, embora algumas possuam comportamentos específicos por aqui.

Um assunto puxa o outro, e falando das técnicas podemos falar um pouco das lojas que existem nas cidades. Outra sacada bem manjada de típicos RPGs, toda e qualquer cidade possui estabelecimentos dos mais diversos para você equipar seu time. Além da loja de distribuição de técnicas mencionada acima, podemos encontrar as lojas de armas e armaduras (sim, são lugares distintos), além da lojinha de "ferramentas", que na verdade é como se fosse um mercado que vende itens de cura e similares. Tem também a estalagem, onde a equipe recupera toda sua energia depois de uma boa noite de sono, além de um hospital que conta com um padre para "reviver" personagens que foram abatidos em combate e uma enfermeira para aplicar antídoto para curar veneno... e provavelmente para dar uma agulhada de vacina contra o vírus chinês.

Vamos ver se acelero um pouco mais. Como acontece em RPGs, você terá que andar por vários cantos além das cidades. E essa é outra crítica dos detratores de PS3, que acham que os personagens se movem muito lentamente. Sim, isso é um fato, se os bonequinhos do jogo fossem disputar uma corrida com outros títulos, certamente eles chegariam em último. Mas, da mesma forma que os gráficos, eu acho que essa velocidade mais lenta acaba sendo mais realista, na minha opinião o movimento das animações fica bem compassado com a velocidade. Diferente de outros jogos onde os personagens são mais velozes, mas muitas vezes fica a impressão que suas pernas não se mexem de forma condizente com o quanto eles são rápidos. Tipo, a perna dá um passo e o sujeito anda cinco quilômetros.

Mas sim, temos que admitir que a velocidade lenta em PS3 se torna um pouco chata, especialmente quando temos que percorrer grandes distâncias nos mapas. Interessante observar que algumas versões do jogo, lançadas recentemente em consoles mais modernos, trazem uma opção para tornar o movimento dos personagens mais rápido. Pelo menos essa os críticos já podem parar de espernear...

E neste momento eu aproveito para falar um pouco do mundo onde a história acontece, que também é algo criticado pelos "anti-fãs" do terceiro capítulo da série. Os demais jogos ocorrem no sistema de Algol, composto por três planetas que aparecem na figura abaixo, cada um com suas características: Palma é o planeta "comum", que se assemelha em muito com a Terra, Motavia é cheio de desertos e areia, lembrando Tatooine do Star Wars, e Dezoris (ou Dezolis) é o planeta de gelo. 

Rápidas curiosidades sobre este sistema estelar fictício: em muitos jogos (especialmente no primeiro) era comum uma redução de todos os nomes para algo com até quatro letras, por conta de limitações de caracteres, eu creio. Assim, os planetas passaram a ser chamados Palm, Mota e Dezo. Vale ressaltar que apenas Palma possui uma população originalmente "humana", enquanto que Motavia é habitada por bichinhos azuis que parecem Ewoks, e Dezoris possui uns humanóides magrelos e de pele verde. 

Por fim, outro detalhe relativo aos planetas, que inclusive conecta PS3 com os demais jogos da série, é que o planeta Palma (que na versão japonesa se chamava Parma) foi destruído no segundo jogo da série. E o lugar onde a história de PS3 acontece é na verdade uma de muitas naves que foram construídas pelos habitantes do planeta, que conseguiram escapar de seu trágico destino a tempo. Também descobrimos em um determinado momento da trama que a nave do jogo se chama Alisa III, em uma evidente homenagem à heroína do primeiro jogo da série.

Isso mesmo: Phantasy Star III é ambientado em uma nave, bem peculiar diga-se de passagem. Pois ela é composta por sete domos, como se cada um fosse um mundo em particular, conectados por túneis high-tech com entradas escondidas em cavernas. Túneis esses que são aqueles que foram selados por Orakio e Laya, mil anos antes do jogo em si.

Não vou tomar muito tempo, mas também não vou deixar de apresentar brevemente os mundos que compõem Alisa III. Começando daquele que está na parte de cima à esquerda, que se chama Landen e é a terra de Rhys e de várias outras cidades orakianas, onde começamos a aventura. Logo à direita está Aquatica onde estão as principais cidades layanas; no meio à esquerda é o domo chamado Elysium, que dizem ser a terra dos pilotos; no meio da rodela fica o mundo de Aridia, tomado por um deserto imenso e habitado por máquinas; logo à direita fica o domo de Draconia, com muita água e algumas cidades isoladas; embaixo à esquerda fica a região conhecida como Frigidia, coberta de neve e que é a terra-natal de Laya; por fim, à sua direita temos o misterioso mundo de Terminus, que dizem ser o lar de tudo que há de ruim e que fica isolado permanentemente de todos os demais domos.

O que eu acho original é que a nave tenta reproduzir mundos de verdade, com seus domos com cúpulas transparentes no topo. Embora eu fique pensando em como que funcionaria o dia e a noite nestes lugares, já que Alisa III é uma nave vagando pelo espaço, e acho que ela não fica girando em torno de uma estrela. Não faz sentido, acho que vou acabar fazendo outros posts sobre este jogo, para discutir um pouco sobre seus (muitos) mistérios... Mas por ora apenas cito algo mais absurdo ainda: mesmo sendo uma nave, Alisa III possui duas luas. Dahlia é a lua roxa que fica perto de Elysium e Azura é a lua azul, mais próxima de Draconia. Embora sejam chamadas de luas, são na verdade satélites artificiais que ficam orbitando ao redor da nave.

Pois é, não faltam lugares dos mais distintos para visitar em PS3. Em cada um dos domos você encontrará diversas cidades, e também muitas cavernas. Algumas são cavernas de verdade, enquanto que outras são túneis que conectam os mundos, que só podem ser acessados se você tiver uma determinada jóia (por isso o espaço na fivela do cinto, lá no inventário). E em todos esses lugares é esperado que encontremos tesouros escondidos em baús, e também os já esperados combates aleatórios.

É... chegou a hora de falar dos combates de PS3. Que é o o principal alvo dos críticos.

Vamos aos poucos. Os combates seguem uma visão em 1ª pessoa e turnos, na qual os inimigos aparecem e você deve decidir o que cada personagem vai fazer, através de um menu que era bem confuso. O processo envolvia selecionar uma ação para cada um (atacar com a arma, usar uma técnica ou um item), escolhendo o alvo se necessário, e depois executar um turno ou deixar no modo automático para repetir as ações selecionadas sem parar, até a peleja acabar ou se você apertasse o botão B para cancelar. E tinha também a opção de bancar o franguinho e fugir do combate, algo que só funcionava se seus personagens fossem relativamente mais rápidos que os inimigos.

Até aí nada demais, apesar do menu gráfico e confuso. Mas o que gera as maiores críticas é o visual dos inimigos e as animações de combate. Os demais jogos da série Phantasy Start traziam criaturas que se moviam de forma bem legal, representando seus ataques e magias. E vale ressaltar que PS2 e PS4 mostravam os personagens de costas, incluindo também animações de seus ataques, o que era um barato.

Por sua vez, em PS3 não vemos os heróis, como no primeiro jogo da série. E as animações são muito, mas muito toscas, muitas vezes com apenas dois quadros de animação. Soma-se a isso o visual absurdamente escroto de alguns inimigos, e temos combates que são considerados como um dos maiores pontos fracos do jogo. 

Por exemplo, temos um gigante chifrudo e peladão, cujo ataque envolve mexer um dedo, como se fosse o Chaves dizendo "isso, isso, isso".

Temos também um dragão gordinho, com asas tão pequenas que não devem servir pra nada, e que só move a língua. Perceba a animação simplória, o bicho nem se mexe, e apenas a linguinha dele que muda, com dois únicos sprites de movimento.

Não apenas as animações são toscas, mas o visual também beira o ridículo em alguns casos. Como o cíclope abaixo, que na verdade é um sujeito equilibrando uma pedra com um olho sobre sua cabeça, e que ataca flexionando os peitorais e dando uma piscadinha.

Ou então o robô abaixo, que parece na verdade uma placa de trânsito com um par de bolas pendurado no meio das pernas. Isso mesmo, ele tem duas placas com setinhas, deve ficar nas bifurcações nas estradas e que bate palmas para você.

Mas eu acho que não tem inimigo mais tosco, absurdo, engraçado e bizarro do que a criatura abaixo. Sim, é uma cabeça gigante de pedra, vesga e com um sorriso maroto. E que tem um ataque extremamente "incrível": ele mexe as orelhas. Sim, isso mesmo. Uma cabeçorra que mexe as orelhinhas!

Puta merda... Aí eu vou ter que concordar com os críticos. Aposto que muita gente desistiu de PS3 após ver essa atrocidade acima. Não sei onde que os criadores do jogo estavam com a cabeça (com trocadilho, por favor) ao bolar esse tipo de monstro. Ainda mais considerando as animações fracas. Sei lá, talvez foi a pressa de colocar o jogo no mercado o quanto antes, ou faltou memória no cartucho, só isso para explicar tal tristeza.

Ou o designer de monstros era muito fã deste episódio do Pica-Pau.

"Você viu um corpo procurando uma cabeça? Eu sou uma cabeça."

Bom, podemos ao menos tentar achar algo de razoável nos combates de PS3, para salvar um pouco. E algo que eu acho original e interessante é que os inimigos podem se distribuir em quatro posições distintas. Temos uma fileira frontal que se divide em dois lados (grupos A e B, conforme o manual), destinados aos inimigos pequenos e comportando até três por grupo (ou seja, era possível um máximo de seis inimigos nessa fileira), e uma fileira posterior para os inimigos maiores, também com dois lados com um inimigo cada (que eram os grupos C e D).

Assim, na figura abaixo, a fogueira está no grupo A, os dois pintinhos robóticos verdes ficam no grupo B, o espectro borrado se encontra no grupo C e a mulherzinha segurando a espada fica no grupo D. 

Isso afetava a forma do combate, dependendo do tipo de ataque executado pelos personagens você só poderia alvejar determinados grupos. Por exemplo, armas de curta distância como espadas e facas poderiam ser usadas contra os inimigos dos grupos C e D somente se não houvessem inimigos dos grupos A e B bloqueando o caminho. Armas de longo alcance não tinham essa restrição, dava pra mandar uma flechada no inimigo que estivesse na fileira de trás. E algumas armas conseguiam atingir múltiplos inimigos, como todos de uma fileira (grupos A e B ou os grupos C e D) ou de um lado (grupos A e C ou grupos B e D). O mesmo valia para as técnicas, algumas ficavam restritas a determinados grupos ou mesmo tinham a capacidade de atingir todos os inimigos.

Pelo menos isso eu acho que era original no combate em PS3, confesso que não me lembro de ter percebido isso em outros RPGs (mas posso estar enganado)... Mas não reduz a escrotidão da maioria dos inimigos. Até digo que alguns podiam ter visuais aceitáveis, mas realmente as animações fracas e alguns monstros e robôs ridículos deixavam a desejar mesmo. Além disso, a música que mudava drasticamente em determinados momentos do combate contribuía muito para manchar essa parte do jogo.

Embora eu diga que o aspecto musical de PS3 é um destaque positivo, excluindo o combate. As músicas são muito bonitas, combinam muito bem com os ambientes dependendo da cidade, caverna ou ao explorar o mundo. Inclusive, há um detalhe interessante nesta última, em que é como se mais instrumentos fossem incluídos de acordo com a quantidade de membros da equipe. Sem falar a música da abertura, que é sensacional.

Bom, acho que já falei muito do estilo de jogo em si, acho que podemos ir para um dos pontos de maior destaque, que são os personagens e o elemento das gerações. PS3 é bem peculiar neste aspecto, trazendo um elenco bem extenso e carismático. Embora o jogo seja bem enxuto no que diz respeito a diálogos e cutscenes (que só são usadas na última geração), os personagens se encaixam muito bem na história e funcionam bem como equipe. Além disso, ao ter as diferentes gerações temos um fator de diversidade muito positivo (diversidade de verdade, nada de politicamente correto aqui), que motiva o jogador voltar mais uma vez e tentar um caminho diferente.

Pois é, a postagem está ficando longa... mas o melhor ficou para o final, vamos em frente, começando com a 1ª geração.

Como disse acima, começamos o jogo com o príncipe Rhys, herdeiro do trono de Landen e orakiano "raiz", que inicia a trama buscando Maia. Ele começa sozinho, mas logo encontra dois andróides que estavam esperando para ajudá-lo: Mieu é a mocinha simpática de cabelos vermelhos, doce e angelical mas que sabe ser feroz com o uso de garras, e Wren é o robozão de expressão fria que usa armas pesadas e é capaz de se transformar. E sim, eles são dos mesmos "modelos" de Miun e Siren respectivamente, que combateram com Orakio. Além dos dois andróides, Rhys recebe a ajuda de Lyle, que descobrimos depois ser um príncipe layano do reino de Shusoran (e que você deve enfrentar como sub-chefe), e de Lena, que é princesa do reino orakiano de Satera e que aparece no início do jogo, liberando Rhys da prisão. Lyle é bom com técnicas e Lena faz o estilo de mocinha fraca mas esforçada, ajudando o grupo como pode.

Ao longo dessa geração muita coisa acontece, sendo que algo interessante é como Lyle, mesmo sendo um layano, acaba ajudando Rhys em sua aventura. Tudo isso depois que eles conseguem consertar uma central que controla o clima, que estava causando uma mega nevasca em Aquatica, onde está Shusoran. E o final da geração é alcançado depois que Rhys e seu grupo derrotam o rei do reino layano de Cille, que é o pai de Maia. Ou seja, aquela moça de cabelos azuis que foi encontrada sem memória em uma praia era na verdade princesa de um reino layano, uma grande reviravolta. 

Após resolver tudo, Rhys e o jogador se deparavam com uma importante decisão: com qual das princesas se casar? Maia ou Lena?

Sério, pode parecer uma simples questão de múltipla escolha de um vestibular. Mas trata-se de uma decisão que deixava muita gente encucada. Eu admito que todas as vezes que me deparo com este momento eu fico refletindo muito sobre a escolha, pensando em suas consequências, com qual das princesas Rhys deveria se casar. E esse é o grande objetivo de um RPG bem-sucedido na minha opinião: afinal de contas, a sigla significa role playing game, onde assumimos um papel do personagem. Pode parecer bobagem, mas era o que eu achava de mais legal em PS3.

Cabe ressaltar que o primeiro casamento do jogo era provavelmente um dos mais emblemáticos, pois colocava o protagonista diante de uma situação delicada. Por um lado, Rhys havia percorrido toda aquela aventura em busca de Maia, e se realmente a amasse de verdade, o fato de descobrir que ela era uma layana não iria impedí-lo. Além disso, era uma forma de ser aquele que acabaria com a rivalidade de mil anos entre as duas facções. Por outro lado, talvez ele ficasse um pouco desapontado com essa descoberta e não aceitasse Maia mais, ou mesmo poderia chegar à conclusão de que o mundo não estava ainda pronto para um orakiano e uma layana se casando, e assim a escolha "sensata" seria casar-se com a princesa do reino vizinho. Até poderia ser algo mais focado em Lena, aquela que havia ajudado Rhys a fugir no início, e que na prática era a princesa que estava prometida para ele, quem sabe ele não começasse a gostar dela? 

Sem dúvida, uma decisão difícil... e que determinava o rumo do jogo a partir de então, para a 2ª geração.

Se Rhys escolhesse Maia, ele abdicaria do trono de Landen e passaria a ser o novo governante do reino de Cille. Juntos, teriam um filho chamado Ayn e que viria a ser o novo protagonista controlado pelo jogador. Nessa trama, o mundo passa a ser atacado por robôs e cyborgues que tentam destruir os layanos e suas cidades. Ayn recebe a missão de buscar por um lugar conhecido como Sattelite (que descobrimos depois se tratar da lua Azura), enquanto enfrenta diversas criaturas mecânicas. Já adiantando o final, os ataques estavam sendo comandados por ninguém menos do que Siren, o mesmo andróide que acompanhava Orakio e havia sido exilado na lua por Laya, e que agora queria sua vingança.

Nesta geração, Ayn começava sua aventura com Mieu e Wren, que permanecem com a família real depois de acompanhar Rhys em sua história. Ele também encontrará mais duas personagens ao longo do caminho, a começar com Thea, que é filha de Lyle e foi sequestrada por Siren, sendo aprisionada no calabouço de um castelo. E outra é Sari, filha da Lena da 1ª geração, que se junta ao grupo depois de sair na porrada com Ayn, para guardar uma jóia que aparentemente ajudaria a encontrar Satellite. E cabe ressaltar que Ayn ainda conta com a ajuda do velho Lyle, embora sem se tornar membro da equipe. Thea é layana e assim conta com muitas técnicas, além de um bumerangue, enquanto Sari é totalmente orakiana e combate com facas. 

No final, Siren é derrotado mas acaba fugindo de alguma forma, e Ayn consegue conquistar a lua Azura, para onde o povo das cidades layanas se muda. Tudo fica de boa, e não demora para que ele tenha que escolher sua futura rainha, que será escolhida entre Thea e Sari. Ou seja, toda aquela ansiedade de com quem se casar vem de novo, imaginando o que vai acontecer... e que tipo de filho vai nascer, para atuar como o protagonista da geração seguinte.

Mas antes de seguir com o que acontece, acho melhor puxar a outra linha do tempo possível, caso Rhys tenha escolhido Lena lá atrás na 1ª geração.

Nesse caso, Rhys volta para seu reino natal e tem um filho com Lena, que se chama Nial. Após atingir a maioridade, ele é enviado por seu pai para investigar a destruição do reino de Satera, terra de sua mãe, juntamente com Mieu e Wren. Não demora para que ele descubra que cidades orakianas estavam sendo atacadas por monstros, comandados por Lune, ex-general de Laya da guerra de um milênio atrás. Ao longo da história se descobre que ele estava em sono criogênico na lua Dahlia, e ficado extremamente puto quando orakianos haviam supostamente sequestrado sua irmã Alair.

Enquanto que Ayn recebe a ajuda de princesas, Nial encontrará dois aliados bem ortodoxos em sua jornada contra a horda de monstros de Lune. O primeiro é o sujeito chamado Ryan, um layano de óculos escuros (isso mesmo) que quer destruir Lune por algum motivo obscuro qualquer, e comanda um grupo rebelde. E outra que se junta ao grupo é Laya... não a original que combateu Orakio, mas sim a sua irmã mais nova e que tem o mesmo nome, por mais absurdo que isso possa parecer. Ela também é despertada de seu sono criogênico, e acompanha Nial para descobrir o que aconteceu com sua irmã. Vale comentar que Alair, irmã de Lune, embora não faça parte da equipe, acaba participando um pouco da aventura. Todos os dois novos companheiros são 100% layanos, Ryan é até bem semelhante à Lyle no que diz respeito a suas habilidades, e Laya conta com o arco lendário que foi de sua irmã.

Depois de uma longa batalha, Nial consegue chegar à Dahlia para sair na pancadaria com Lune, que finalmente se dá conta que estava errado ao ser convencido por sua irmã Alair. E assim finalmente a rixa entre orakianos e layanos parece chegar ao fim, e a paz é declarada entre as duas facções. Final da 2ª geração e Nial também terá que fazer uma escolha semelhante ao seu pai. Interessante que os dois possíveis pares românticos dele são moças bem mais "velhas", que estavam dormindo em um sono criogênico de 1000 anos: ou ele se casa com Laya, irmã da lenda milenar dos layanos, ou com Alair (com quem ele interage por cinco minutos, parece caso de amor à meia-vista), e assim acaba ganhando também Lune como cunhado. 

Vale um breve parênteses ao ver como as duas gerações são parecidas em alguns pontos, mas tratam de histórias bem diferentes. Tanto Ayn como Nial precisam ir para uma das luas, e enfrentam "chefões" que correspondem a dois personagens da guerra de mil anos atrás. Acontece que essas são as únicas semelhanças, pois cada trama tem as suas particularidades, que envolvem diferentes características dos protagonistas, diferentes personagens que colaboram com a equipe e lugares distintos que são visitados. 

Bem... o mesmo não pode ser dito a respeito das gerações seguintes... Considerando os múltiplos caminhos, você joga a 3ª geração com um de quatro possíveis personagens, onde cada uma começa de uma forma específica, continuando da anterior. Mas em um dado momento todas as histórias convergem para a mesmíssima trama, que culmina no final do jogo. Até mesmo as equipes acabam sendo muito parecidas, formadas sempre pelo protagonista, os andróides Mieu e Wren, a filha de Lune, que se chama Kara e que pode aparecer em duas versões distintas, e uma outra personagem que usa arco e flecha, que será função do personagem principal. E em todas elas temos também uma pequena participação de Miun, a andróide que combateu com Orakio, mas está toda estropiada... mas que na verdade já pode ser vista perambulando pelo deserto desde a geração de Rhys. 

Bom, vamos ver quais são as possíveis equipes e o respectivo início de cada uma de suas aventuras. Se Ayn casar com Thea, eles se tornam governantes de Azura. Alguns anos mais tarde, a lua é atacada pela nave e destruída, mas seu filho Sean consegue fugir na última hora com Mieu e Wren. Depois dessa situação trágica, eles buscam descobrir o porquê do ataque, e no meio do caminho acabam finalmente encontrando a Laya. Avançando mais um pouco, chegam à lua Dahlia e encontram Lune, que nesta geração está meio enfraquecido, e assim sua filha Kara, na versão guerreira, se junta ao time.

Caso Ayn tenha se casado com Sari, eles voltam para Landen e o novo príncipe será Crys. Nesta história, Siren aparentemente está de volta e de alguma forma ele altera os controles da nave, que se dirige para uma estrela. Será o fim de todos, se Crys e seus amigos não fizerem nada. Da mesma forma, ele acaba encontrando Laya no sono criogênico e vai para a lua roxa, onde a mesma Kara da geração de Sean se une ao grupo. 

Indo para o outro lado da árvore genealógica, se a 2ª geração foi protagonizada por Nial, ele pode se casar com Alair, a irmã de Lune, e assim assumir o trono da lua Dahlia. Após alguns anos, nasce Aron, o novo herdeiro. A sua aventura começa quando eles percebem uma nave semelhante se aproximar, só para ser destruída por Alisa III, e assim Aron é enviado para investigar. O interessante é que aqui você já começa com quatro personagens, contando com a ajuda de Kara, filha de Lune (e também prima de Aron), mas na sua versão de princesa. Assim, só resta localizar Laya, que desanimada por não ter sido escolhida, voltou para sua soneca criogênica.

Agora, se Nial escolher Laya, eles se mudam para Landen, onde têm um casal de gêmeos, chamados Adan e Gwyn. Ela começa a ter pesadelos estranhos e ao mesmo tempo ocorrem terremotos inesperados na região, e assim eles partem para descobrir o que está acontecendo. Da mesma forma que na geração de Aron, são quatro membros iniciais do time, liderado por Adan que é acompanhado por sua irmã Gwyn. Não demora para que visitem Lune e ali recebam o apoio de sua filha Kara, também na versão de princesa.

Assim PS3 apresenta terceiras gerações que possuem as suas sutis diferenças, algumas delas mais longas do que outras. Mas em um dado momento tudo converge para a mesma narrativa, em que o grupo conhece a verdadeira história por trás de Alisa III, a destruição de Palma e que na verdade Orakio e Laya descobriram que estavam sendo usados pelo vilão Dark Force, até se juntarem para destruí-lo. Nesse momento os heróis são informados por uns velhinhos que precisam reunir as cinco armas lendárias, usadas pela equipe que venceu o vilão há 1000 anos. Independente de qual seja o protagonista, neste momento do jogo certamente você terá Kara com o bumerangue de Lune e Laya ou Gwyn com o arco e flecha usado pela Laya mais velha. A próxima arma é a espada de Orakio, que na verdade está selando Dark Force em um palácio submarino, e que consegue finalmente fugir quando a espada é removida.

Ou seja, o protagonista podia ter ficado na dele, se não fizesse nada o vilão não ia fugir... Que mancada!

A arma seguinte é a garra de Miun. E aqui eu reservo um pequeno parágrafo para contar um pouco da história da andróide. Como disse lá em cima, desde a geração de Rhys você pode vê-la perambulando pelo deserto de Aridia, sempre repetindo a mesma frase em que pergunta onde está Orakio. Ou seja, ela na verdade está toda arrebentada, provavelmente depois da batalha contra Dark Force. Quer dizer que ela ficou mais de mil anos perdida no deserto, com a ideia fixa de ver seu mestre por uma última vez. Neste momento do jogo, após recuperar a espada negra de Orakio, ela confunde o protagonista com seu velho mestre, e finalmente desliga para sempre...

Sabe, eu sempre fico um pouco emocionado com essa cena, mostrando a consideração de Miun por Orakio. Mesmo sendo uma máquina, sua devoção ao seu antigo mestre é tão grande a ponto de mantê-la sobrevivendo por mais de um milênio. A verdade é que Phantasy Star III não tem side quests, mas essa pequena história de Miun vale por todas que poderiam colocar.

Enfim, depois que Mieu equipa a garra de Miun, a última arma é o canhão de Siren. Independente da geração, mesmo que você o tenha enfrentado com Ayn, ele estará em uma ilha deserta, "pensando" sobre os seus erros, e também acaba se desligando para sempre depois que a equipe o encontra, arrependido de seus pecados. 

Vamos terminar logo a história. As armas lendárias acabam sendo transformadas em "armas Nei" depois de levadas para um castelo voador (o mesmo nome Nei da personagem de PS2, e depois falam que PS3 não tem nada a ver com a série), e assim a equipe finalmente segue para o conflito final. Primeiro precisam enfrentar Rulakir, que é na verdade o irmão de Orakio e que estava sendo controlado pelo Dark Force.

E depois de derrotá-lo, finalmente chegamos ao combate final com o Dark Force, que está escondido dentro de um baú.

Vale apenas comentar que o chefão do jogo é bem tosco mesmo. Parece um velho cabeçudo e corcunda, e que tem uma segunda cabeça no saco. Isso mesmo, o monstrengo tem uma carranca em suas partes íntimas, com olhos vermelhos e uma boca cheia de dentes.

Após derrotá-lo, o protagonista dá um ataque de viadagem e explode de raiva, ativando uma técnica secreta chamada Megido (que não pode ser usada durante o jogo) que acaba destruindo a cidadela do mal por inteiro. Nessa hora, Mieu ativa espontaneamente sua técnica Grantz (que também só é usada neste momento) e salva todos os heróis, levando-os para um lugar seguro. 

Se o jogo acaba convergindo para uma mesma aventura, pelo menos os finais são diferentes, com algumas animações meio simples mas que contam o destino final dos heróis que acompanhamos até então. Os finais de Adan e Crys são semelhantes, em que a destruição do Dark Force permite que os pilotos da nave corrijam o rumo e impeçam uma catástrofe (mergulhar em um buraco negro no caso da geração de Adan ou se chocar contra a estrela na história de Crys), e logo depois eles encontram um planeta, o terceiro a partir daquela estrela, e que parecia ser um bom lugar para pousar. Provavelmente deve ser a Terra em um futuro distante, embora não fique explícito...

Diferente do final de Aron, onde a nave acaba sendo tragada pelo buraco negro. Bom, como sabemos de desenhos animados como Super Amigos, buracos negros parecem ser portais para o passado, e assim Alisa III acaba surgindo próximo da Terra nos tempos atuais. Por sua vez, no final de Sean a única coisa que acontece é que uma outra nave igual, chamada Neo Palm, se aproxima após ter visto o fuzuê, e as duas seguem sua jornada pelo espaço.

Fora os finais que eu considero meio bobinhos demais, o jogo tem uma história que é bem interessante na minha opinião. Embora eu considere que as terceiras gerações poderiam ser um pouco mais distintas, entendo que seria bem complexo amarrar toda a história devidamente se cada um tivesse um rumo distinto. Mas acho que poderiam ter criado outros personagens diferentes para dar um pouco mais de variedade no elenco (quem sabe, tema para outra postagem sobre o jogo?). 

Algo que eu digo e repito é que um dos pontos fortes de PS3 são so personagens. Não apenas possuem histórias bem construídas, mas visualmente são muito bem desenhados. Vale citar que temos que agradecer a Toyo Ozaki, que foi a designer dos personagens do jogo e que fez um grande trabalho. Tanto que ela publicou um livro com os rascunhos e desenhos feitos para o jogo, e existem também algumas ilustrações coloridas que ela tinha em um site (que hoje não existe mais). Desenhos muito bem-feitos, alguns que ilustram esta minha postagem, mostrando que a cidadã tem talento. Existem scans em alguns links na internet, mas admito que eu sem dúvida ficaria muito feliz em ter um livro como esse, que ilustra os personagens de meu RPG favorito, mas tal publicação é mais rara do que não sei o quê. Embora eu reconheça que não ia entender bulhufas, já que está tudo em japonês...

Bom, tem várias outras coisas que eu gostaria de falar a respeito deste jogo, como algumas curiosidades e teorias que tenho sobre os personagens e a história e outros devaneios meus. Pois PS3 possui algo como que muitos mistérios e questões ocultas, que atiçam a imaginação dos fãs da série e do jogo em particular. Provavelmente por conta de sua história que é um pouco distante da trama de Phantasy Star e que tem as suas lacunas, e assim faz com que tenha gente bolando teorias e hipóteses das mais diversas para explicar o que não foi explicado no jogo. Exemplo disso é a quantidade de teorias que já existem pela internet, assim como fan-fictions dos mais diversos que buscam narrar episódios que não aparecem em detalhes no jogo. 

Mas acho que vou deixar para outra hora. Para falar do jogo eu acho que foi mais do que suficiente. Já fiz postagens grandes a respeito de jogos de videogame, mas geralmente de séries com dois ou mais títulos, e esta aqui foi dedicada a um título apenas. Repito, um de meus RPGs favoritos, com uma história muito original e personagens carismáticos, sem dúvida recomendo a todos que dêem uma chance ao terceiro capítulo da série clássica de Phantasy Star. 

E vale fazer a devida referência e consideração a alguns sites que serviram como fonte para este meu post, páginas que eu acompanho há algum tempo para saber mais de Phantasy Star. Não poderia começar com outra que não fosse a Gazeta de Algol, destaque não apenas por ser nacional mas também por trazer muito material da série, de longe uma das fontes mais ricas; vale citar também o Phantasy Star Cave, que possui também um grande volume de informações sobre os jogos da série, além de ter uma versão em mirror do site clássico The Phantasy Star Pages, que saiu do ar e foi durante muitos anos a principal referência dos jogos na internet; e o fantástico The Complete Guide to Phantasy Start III, focado no jogo e que apresenta muitos segredos e até dicas para "hackear" a aventura. Mesmo que PS3 não seja o seu preferido, mas se curte a série, recomendo fortemente visitar essas páginas, que são muito boas.

Fico por aqui, e vamos ver quando eu volto para falar mais deste simpático porém polêmico jogo. 

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