Uma análise sobre o racismo

Bom... eu sei que esse é um tema delicado, ainda mais neste momento em que a sociedade está sensibilizada com o caso que tivemos nos Estados Unidos, com a morte do negro George Floyd, após ser covardemente sufocado por um policial branco. Já fazem algumas semanas, mas continuam as manifestações por lá e em outros países também, com milhares de pessoas tomando as ruas com os cartazes de "Black Lives Matter", demonstrando sua insatisfação com o preconceito racial. Claro que não podemos deixar de comentar que todos os protestos começam pacíficos, mas trazem também um tom mais violento, se considerarmos que também há os cartazes de "Fuck the Police" e sempre temos casos de vandalismo geralmente no fim dos atos, com vidraças quebradas e lojas saqueadas.


Um tema delicado, que está em todos os jornais e notícias, e tomando o espaço nas redes sociais. Artistas e outras celebridades demonstrando o seu repúdio, cobrando a mesma postura de seus semelhantes. Pessoas colocando a foto de perfil com um fundo preto em homenagem ao George, durante a "Black Out Tuesday". Várias discussões a respeito de racismo, de oposição à supremacia branca, de afirmação do movimento negro, que promovem a igualdade racial. Chegamos ao ponto de que estátuas de nomes que tiveram qualquer envolvimento com práticas racistas sendo depredadas, decapitadas e jogadas em rios.

Mas... temos também que reconhecer que tais movimentos estão andando de mãos dadas com iniciativas políticas, com um discurso "anti-fascista" no Estados Unidos de Trump e aqui no Brasil do Bolsonaro. Ou seja, uma união entre combate ao racismo com pensamento ideológico, que na minha opinião é questionável...


Enfim... eu já escrevi aqui várias vezes sobre esse tema de racismo. E sei que eu tenho uma opinião muito particular sobre o tema, diferente do que a maioria da sociedade segue. Por mais que eu tenha dissertado sobre o assunto várias vezes, eu volto aqui para analisar um pouco toda essa questão, em especial na forma como as coisas estão sendo interpretadas e apresentadas. E tentarei aqui ser bem "frio e calculista", buscando olhar para esse assunto de uma forma direta e sem me levar pela emoção, como muitos estão fazendo neste momento.

Inclusive essa é a razão pela a qual eu demorei muito para colocar essa postagem no ar, pois demandou muita cautela ao escrever da forma mais fria possível.

Antes de mais nada, digo o que eu sempre menciono nas postagens sobre o tema: eu não sou racista. Sei que é muito fácil a pessoa dizer que é isso ou aquilo, e que ninguém em sã consciência iria dizer "sou racista". Mas não são palavras da boca pra fora, eu não tenho uma visão racista. Sou contra o preconceito racial em todas as suas formas. Grifado, pois na minha visão, alguém que se diz como não sendo racista deve ser contrário a qualquer tipo de preconceito racial, seja ele contra o negro, o branco, o amarelo, o azul, o verde, seja qual for a cor de sua pele. Não somente quando este é direcionado a somente uma raça.

Esse, aliás, é um dos primeiros pontos que eu levanto sobre essa análise de racismo. Pois, na verdade, eu não acredito muito nesse conceito de "raça" que é usado nessas discussões. Na minha visão, somos todos de uma única raça, a humana. Isso eu considero um fato, e na minha humilde opinião é um primeiro passo que todos nós podemos dar para colaborar com o fim do racismo. A partir do momento em que não exista uma distinção dos seres humanos entre si por meio de supostas raças baseadas na cor da pele, muitos desses problemas que os antirracistas condenam vão acabar desaparecendo naturalmente.


Claro que também precisamos ser práticos... e embora tal visão de única raça seja a ideal, eu reconheço que é uma utopia. Pois historicamente sempre existiu uma tendência de que as pessoas se diferenciem por conta do conceito de raça, e esta sendo associada à cor da pele. Para fins da discussão aqui, seguirei com o conceito que é comumente usado para raça, mesmo não concordando com ele.

Definido o que é raça, é momento de definir duas palavras que são muito usadas quando temos essa questão racial: discriminação e preconceito.

Se vamos em um dicionário qualquer, vemos que o significado principal de "discriminação" é o "ato ou efeito de discriminar", e que nada mais é do que um sinônimo de diferenciar, distinguir e separar. É o significado dessa palavra, embora já seja perceptível que em alguns dicionários é citada uma definição extra, associada a uma questão de segregação ou não aceitação de pessoas por conta de cor da pele, orientação sexual, religião, afiliação política e assim por diante. Tem até algumas raras referências que colocam esta como a definição principal de discriminação.

O que eu pessoalmente acho um pouco desnecessário, uma definição redundante. Pois "discriminar" já significa diferenciar, algo que se aplica não apenas a pessoas, mas também a objetos, lugares, opiniões ou qualquer outra coisa, usando para isso um ou mais critérios. Isso induz uma definição negativa para a palavra, o que certamente é motivado pela questão do racismo, e que muitas vezes não é verdade...


"Ah, então você acha que discriminação não é ruim? Seu fascista, racista duma figa!"

Bom... eu disse que faria aqui uma análise fria. E digo: discriminação não é necessariamente uma coisa ruim. Todos nós fazemos algum tipo de discriminação em diversos momentos de nossas vidas.

Ora, não faltam exemplos de discriminação: se no seu guarda-roupa as camisas sociais ficam penduradas de um lado e as camisetas esportivas do outro, você está discriminando suas roupas pelo estilo; se você separa os seus CDs de música (para aqueles que ainda têm CD) de MPB dos que são de rock internacional, é uma discriminação por gênero musical; se você cria um grupo de Whatsapp somente para seus familiares e outro para os amigos do futebol, trata-se de uma discriminação de acordo com o seu círculo de amizades.

E posso continuar com vários exemplos. Mas pra mim fica claro que discriminação não é algo necessariamente ruim. Lembrando que estou me referindo à "discriminação" na forma isolada da palavra. Logicamente que essa discriminação pode ser boa ou ruim, dependendo do critério que é usado na diferenciação e de como ela é usada.


"Seu filho da puta racista! Já tô vendo que você vai querer ficar usando de gramática pra justificar sua postura preconceituosa, seu bolsomonion anti-democrático e facista!"

Apenas um comentário: sei que escrevi "fascista" errado. É porque muitos que estão aí defendendo a democracia vestidos de preto (como os Camisas Negras do Mussolini, que era... fascista) não sabem sequer soletrar a palavra "fascista". Não apenas desconhecem o significado da palavra, mas também a forma de escrevê-la.

Não, meus caros. Não estou justificando nada. Estou apenas agindo de uma forma mais fria, não me deixando levar pelo calor do momento. Em nenhum momento eu estou defendendo discriminação racial, afinal eu sequer cheguei nesse ponto ainda. O que acontece é que eu acredito que devemos entender bem o significado das palavras antes de querer julgar os atos dos outros e os próprios.

Assim como o significado e a grafia de fascismo...


Podemos seguir? Vamos em frente.

A próxima palavra é "preconceito", que embora muitos digam que tem o mesmo significado do que discriminação, na verdade quer dizer outra coisa. Essa é mais simples, pois podemos entender que "preconceito" é igual a "pré" + "conceito". Ou seja, corresponde a um conceito ou opinião formada previamente a respeito de algo, antes de que se tenha um pleno conhecimento a respeito. Da mesma forma que a palavra anterior, alguns dicionários promovem uma definição extra visivelmente motivada pela questão racial, ao dizer que preconceito é uma opinião desfavorável concebida antecipadamente sobre alguém por conta de sua raça, credo, sexo e etc.

O que eu discordo. Afinal, o preconceito não é necessariamente sempre algo desfavorável. Por mais que eu tenha certeza de que vão me xingar, existe sim o preconceito positivo.


"Vai se fuder, seu texugo de merda! Preconceito é sempre ruim! Seu racista! Você tem que morrer!"

Eu disse que iam me xingar... é o tipo de reação de quem pensa que preconceito se limita somente ao preconceito racial (e, diga-se de passagem, somente quando é contra o negro). Diria até que esse tipo de reação é por conta de um preconceito sobre o significado da palavra preconceito...

Repito, em nenhum momento eu disse que o preconceito racial é positivo... embora, se considerarmos o significado real da palavra, há casos de preconceito racial positivo sim, em que é criado um conceito positivo prévio sobre uma pessoa somente por conta de sua raça. Vou falar sobre isso adiante, podem me xingar à vontade, mas peço um pouco de paciência. Por ora, vamos nos limitar ao conceito geral de preconceito.

E pra continuar, faço outra declaração polêmica, que eu aliás já fiz aqui: todo mundo é preconceituoso em algum momento da vida.


"Cala a boca, seu filho de uma égua! Eu não sou preconceituoso! Preconceituoso é você, o Bozo e o Trump!!!"

Sim... eu sei... Bolsonaro, Trump e todos que votaram neles são racistas, nazistas, homofóbicos, machistas, genocidas, anti-democratas e outros adjetivos piores... Se alguém perguntar por quê, vão dizer que porque sim. Afinal, não tem tática mais antiga dos "defensores da democracia antifascistas" do que associar tudo de negativo aos seus inimigos políticos... É mais fácil assim.

Vamos deixar a questão política de lado um pouquinho, meus queridos camaradas com camiseta do Che Guevara. E vejam como eu vou provar que todo mundo é preconceituoso uma hora ou outra.

Imagine que você vai em uma padaria e vê essa bela torta abaixo.


     Torta de bosta de cavalo     

Apetitosa, né? Aposto que muita gente (com exceção dos "crossfiteiros" que só se alimentam de wheu e clara de ovo) ficou com água na boca e adoraria dar uma mordida. Sim, é uma torta bonita, chamativa e que parece ter saído do livro de receitas da Ofélia ou da Palmirinha.

Agora, selecione a barrinha branca que está abaixo da imagem, e você verá o nome da torta. Pois é... não parece tão boa como parecia, né? Parabéns, você provou que é preconceituoso.

Afinal de contas, você formou uma opinião prévia sobre o sabor da torta sem ter as informações completas a respeito. O visual bonito da sobremesa fez com que você pensasse que ela seria gostosa e assim formasse um conceito prévio a respeito da mesma. E, de quebra, ainda mostrei que existe sim o preconceito positivo, pois você formou uma opinião favorável sobre a torta por conta de sua aparência, e descobriu depois que o gosto é bem desagradável.

Bom... a não ser que você goste de comer merda.


Por isso que eu afirmo que todo mundo é preconceituoso. Pois nós naturalmente formamos várias opiniões prévias sobre várias coisas e pessoas ao nosso redor, sendo influenciados por experiências próprias, sendo induzidos pelo pensamento da sociedade ou por outro motivo qualquer. Não há nada de errado nisso, muitas vezes isso serve como um mecanismo de auto-defesa, como forma de se precaver de alguma coisa que possa ser nociva para o indivíduo. Algumas vezes você vai acertar, e outras você vai errar. Isso é normal e todo mundo faz.

Claro que o preconceito pode ser usado de forma ruim, em nenhum momento estou dizendo que o preconceito seja sempre positivo. Mas, da mesma forma, não podemos assumir que o preconceito por si só é algo errado.

Vamos então colocar a questão de raça nesse angu. E tornar a postagem ainda mais polêmica.

Pra isso, basta colocar a palavrinha "racial" depois dos termos. Começo falando de discriminação racial. De novo, de uma forma fria e baseada no significado das palavras, podemos entender que discriminação racial significa diferenciar, distinguir ou separar usando o conceito de raça. Significa tomar um grupo de pessoas e separar negros de brancos. Levando isso em conta, eu diria que discriminação racial não é necessariamente algo negativo, se assumirmos como verdadeiro o conceito de diferentes raças.


"Seu canalha! Racista! Vou denunciar você e mandar a justiça te prender por defender discriminação racial, seu bandido genocida!"

Antes que vocês venham a me xingar, leiam com calma. Estou fazendo aqui uma análise fria do significado das palavras. Discriminação racial significa diferenciar pela raça. Ponto. Digo até que eu acho que sim, discriminar racialmente é errado, mas digo isso por não concordar com o conceito de raça que a sociedade defende. Repito, somos todos da mesma raça humana, e diferenciar por conta de um suposto conceito de raça definido pela cor da pele é algo que não é correto.

Talvez vocês pensem que eu estou sendo incoerente. Mas não é isso. Tento explicar de forma mais direta:
  • Pessoalmente, não concordo com o conceito de raça, somos todos da mesma raça humana. Acho errado que discriminação racial exista, pois não concordo com o conceito de que existem indivíduos da raça branca e outros da raça negra. Sob essa ótica, discriminação racial pra mim não chega nem a ser errada, ela nem deveria existir, não faz sentido por se basear em um conceito errado e que não existe;
  • Por outro lado, é de convenção social que exista sim o conceito de raça, determinado pela cor da pele. Para a maioria das pessoas, existem sim raças distintas, indivíduos da raça negra e indivíduos da raça branca. Afirmar isso é na prática fazer uma discriminação racial. E se considerarmos essa visão como verdadeira, aí ela pode ser positiva ou negativa.
Sabe o que isso quer dizer? Aqueles que se apresentam como defensores da raça negra, que seguram orgulhos os cartazes com os dizeres "Black Lives Matter", todos eles... estão praticando discriminação racial.


Vão dizer que eu estou falando merda. Mas isso é um fato inquestionável. Se você defende a existência de raças diferentes por conta da cor da pele, você está promovendo uma forma de diferenciar as pessoas por conta dessa suposta definição de raça. Isso é a definição de discriminação racial. Não tem o que discutir. Fato. Não concorda, enfia os dez dedos no rabo e rasga.

Mas, fiquem tranquilos. Não estou dizendo que essas pessoas sejam racistas (pelo menos por enquanto). Pois, repito: a discriminação pode ser positiva ou negativa. Na verdade, discriminação é apenas o ato de diferenciar, o que acontece depois, a forma que essa diferenciação é usada, é que vai determinar se os fins dela são válidos ou inaceitáveis.

Por exemplo, vamos voltar há alguns anos atrás nos Estados Unidos. Numa época em que você tinha certas leis que estabeleciam restrições aos negros. Certos estabelecimentos tinham uma entrada para as pessoas "normais" e outra, geralmente mais suja e escondida, reservada para "colored people". Haviam também escolas que não aceitavam negros, apenas brancos eram aceitos nas salas de aula. E diversos outros exemplos, que estão sendo citados exaustivamente na mídia nos últimos dias.


Isso era discriminação racial negativa. Que nada mais é do que parte da definição de racismo, que significa direcionar discriminação e preconceito a quem possua uma determinada raça. Isso sim é errado e inaceitável. Práticas assim, onde diferenciamos negros de brancos e os primeiros são rebaixados, impedidos de ir e vir e/ou depreciados, é algo condenável.

Mas repito: discriminação racial não é necessariamente algo ruim, depende de seu propósito. Por exemplo, se olharmos o levantamento feito pelo censo de tempos em tempos, existem diversas estatísticas a respeito da população. Por exemplo, dizendo que no Brasil temos tantos por cento de homens e tanto de mulheres. Isso nada mais é que discriminação de gênero: significa tomar todo um universo e dividir em grupos de acordo com algum critério qualquer, no caso o gênero do indivíduo... E se olharmos o censo, outras estatísticas discriminam a população brasileira a partir de diversos critérios, como faixa etária, renda familiar, região em que vivem e... cor da pele.

Quando o governo apresenta os números do censo e diz que existem X% de brancos e Y% de negros... isso é discriminação racial. É separar a população em grupos baseados no conceito de raça. E que não tem nada de ruim nisso.


Entenderam agora o que eu estou querendo dizer com discriminação positiva? Ou até mesmo neutra, como é o caso do censo? Pois nesse caso, separar brancos e negros é usado apenas para informar, para registrar algo observado na população brasileira.

E o mesmo vale para o preconceito racial. Dei ali em cima um exemplo de preconceito positivo, quando a torta de merda parecia ser uma deliciosa torta de chocolate. Da mesma forma, existe sim a possibilidade de que alguém forme um preconceito sobre uma raça que não tenha nada de ruim ou degradante. Como a maioria dos preconceitos, surgindo com base em experiências prévias ou convenções há muito estabelecidas.

Por exemplo, se você vai numa escola e vê um garoto ou garota de origem japonesa, é bem provável que você já vai assumir que ele(a) é muito inteligente.


Por acaso isso é ofensivo? Pensar isso é algo degradante aos japoneses? É algo degradante para esse menino ou menina? É um conceito prévio positivo, imaginando que aquela criança é inteligente. E que tem os seus motivos: pois é de comum conhecimento que orientais em geral são bem organizados e disciplinados que os outros povos, e também costumam ser estudiosos. Assim, não é surpresa que a grande maioria das pessoas possa formar esse preconceito de que aquela criança asiática seja muito inteligente.

Claro... como em qualquer preconceito, é possível estar certo ou errado. Mas, em estar errado, há algum problema? 

Bom, e eu chego agora no ponto "principal", que é falar da discriminação e preconceito raciais negativos, que são usados como forma de subjugar e prejudicar uma determinada raça, que na prática é o significado de racismo. E para isso volto a analisar o caso do George Floyd, morto de forma covarde e criminosa por um policial branco.

E sei que agora começo a pisar em um campo minado... pois a sociedade é hipersensível e qualquer um que falar uma mísera coisinha que não esteja 100% alinhada com o discurso padrão será hostilizado até a alma.


Pergunto: o que caracteriza um crime racista? Na minha concepção, olhando todas as definições que descrevi acima, eu entendo que seria quando um determinado crime é praticado e tem como sua principal motivação o racismo. Ou seja, é um crime racista quando um branco mata um negro porque ele é negro. A cor da pele do indivíduo é a causa, o efeito motriz que faz com que o criminoso pratique um crime. Em certos lugares do mundo, como no Brasil, seria na verdade um crime duplo, pois o racismo também é assim considerado.

Primeiro comentário que sei que vai deixar a maioria com ódio de mim... mas vamos lá.

Considerando essa definição, como podemos afirmar que o policial ter matado o George Floyd é um crime de racismo?


"Como que você diz uma coisa dessas? Seu racista! Vou chamar a Justiça pra te prender, seu nazista filho da puta!!!"

Calma... não estou menosprezando o ocorrido, e muito menos estou querendo livrar a barra do policial (que na minha opinião, merecia cadeira elétrica). Apenas estou tentando olhar para esse caso, de forma a analisá-lo de forma serena e cautelosa.

Perguntei isso pois até onde eu vi não temos como provar que o policial matou o sujeito com motivações racistas. Repito, em nenhum momento estou dizendo que isso torna o crime menos covarde, e muito menos estou buscando uma saída pela tangente para inocentar o puto. Mas não vi nada que comprove que o policial matou George por ele ser negro.


"Ah, mas se fosse branco ele não teria o estrangulado, seu imbecil sem noção!"

Como podemos afirmar isso? Na boa, qualquer argumento desses com um "se" é muito vago. Alguém por acaso olhou a ficha do policial e fez um exame psicológico detalhado pra poder falar isso? Podemos dizer com certeza que se fosse um sujeito de outra etnia o policial iria agir diferente? Não, não podemos... a não ser que apareçam aí outros vídeos de transeuntes que filmaram o mesmo guarda dando uma gravata num caucasiano ou latino jogado no chão.

Não estou eliminando a possibilidade de que tenha sido um crime motivado por racismo. Afinal, sabemos que existem sim pessoas que são racistas e que agem de forma diferente se o outro é branco ou negro. Apenas acho que não é certo afirmar de forma categórica e inquestionável que o crime foi cometido por racismo e ponto final. É necessário investigar, há todo um levantamento de provas e evidências que será feito e um julgamento a ser processado, que pode provar isso ou não, e mesmo evidenciar outras motivações por trás da atitude do policial. Por exemplo, pode-se chegar à conclusão de que se tratou de um crime de violência policial, sem motivação racial.

O fato é que o crime está sendo considerado racista por uma única razão: por ter sido um branco que matou um negro.


"Mas claro que é um crime de racismo, seu texugo idiota! Só você que não enxerga, seu racista!"

Não necessariamente. E vou explicar isso destacando duas atitudes por trás desse tipo de pensamento que a imensa maioria das pessoas acreditam cegamente.

Começo destacando que esse tipo de visão limitada, assumindo automaticamente que qualquer situação em que o branco pratique um crime contra um negro é racismo, acaba muitas vezes desviando o foco de outras possíveis causas que motivaram o crime. Digo mais uma vez, não estou dizendo que não existam crimes racistas, que não existam situações onde um branco mate um negro só por ele ser negro. Eu apenas acho que essa não é a motivação todas as vezes: o crime pode ter sido cometido por diversas outras razões que não têm nada a ver com a raça, e foi apenas uma casualidade de que em um determinado momento a vítima tenha sido negra, quando bem poderia ser branca ou de outra etnia. É arrumar uma justificativa superficial para considerar como causa do problema, quando pode ser algo que não esteja tão "na cara" assim.

Vou explicar isso com um exemplo de algo cotidiano. Vamos imaginar que você vai tomar banho e o seu chuveiro começou a dar problema. Tipo, mal está saindo água dele direito.


Pode parecer muita viagem de minha parte, mudar drasticamente de crime de racismo para uma peça do encanamento de casa. Mas você vai perceber onde eu quero chegar...

Diante dessa situação, muito provavelmente a primeira coisa que você vai pensar é que a culpa é do chuveiro em si. Com isso, bora lá na Leroy Merlin ou na Casa & Vídeo pra comprar um chuveiro novo. Em um primeiro momento, a troca resolve. Mas passam alguns dias e o problema começa de novo, e tomar banho é como estar debaixo de uma fina garoa.

Bom, talvez seja porque o babaquinha da loja havia te empurrado um chuveiro paraguaio de merda sem muita pressão. Aí você descobre um sujeito vendendo chuveiros em uma van descaracterizada atrás de um restaurante, onde ele te recomenda um Commando 450, modelo industrial de alta pressão fabricado na antiga Iugoslávia usado pra lavar elefantes.


Se você percebeu a referência do Seinfeld, você é uma pessoa de cultura.

Brincadeiras à parte, você vai lá e troca o chuveiro mais uma vez... e passado um tempo, mesmo problema. Até que você decide chamar um encanador, e após uma verificação mais detalhada ele descobre que se trata de um problema nos canos, que estão entupidos de sujeira. Trocar o chuveiro parecia ser a solução aparente, ele era o "culpado" mais provável... mas na verdade a causa do problema era outra.

Toda essa historinha é pra mostrar que muitas vezes a causa mais aparente, aquela interpretação que é a mais rápida e fácil, pode não ser a verdadeira causa do problema. Focar nessa possibilidade será perda de tempo, um esforço infrutífero, que não vai impedir que esse mesmo problema aconteça de novo. Pode até dar uma falsa impressão no primeiro momento, mas passado um tempo vai acontecer de novo. E de novo. E mais uma vez. Continuará acontecendo, pois optou-se por uma ação corretiva baseada em uma questão que não é verdadeiramente a raiz do problema...

E é a mesma coisa, ao assumir que qualquer crime em que a vítima seja negra caracterize a existência de racismo.

Por exemplo, vou chutar bem longe aqui, com uma hipótese absurda e meio fantasiosa, mas que uso apenas como forma de explicar meu ponto: podemos investigar e chegar a conclusão de que a morte do George Floyd foi motivada por violência policial, e não por racismo. Por exemplo, avaliando a ficha psicológica do oficial e seus exames psicotécnicos, é possível encontrar uma combinação de características pessoais que esconde a mente de um indivíduo homicida. Vai, por exemplo, um FBI comparar a ficha do policial e perceber que ele compartilha certos traços comportamentais do que outros criminosos condenados por agressões violentas e uso excessivo de força. Mais alguns estudos e pode-se perceber que era mesmo uma tendência natural que uma pessoa com essa personalidade poderia explodir em agressões covardes como a que ele praticou contra George. Após alguns estudos, descobre-se que a causa não teria sido racismo, mas sim por uma razão psicológica.


"Seu texugo filho de uma p..."

Antes que me xinguem, não estou em hipótese alguma tentando arrumar uma forma de inocentar o policial. Como disse, estou chutando muito longe. Aliás, bota longe nisso. Apenas disse algo nessa linha para exemplificar que muitas vezes a raiz do problema não está tão aparente assim. Como o cano entupido do chuveiro, é necessário derrubar paredes e olhar naqueles lugares que não estão à vista.

Meu ponto aqui é que ao assumir que sempre crimes desse tipo são motivados por racismo, é muito provável que vão acontecer situações onde deixaremos de perceber a verdadeira causa por trás do crime. E ao ignorar a real causa, não vamos evitar que aconteça de novo o mesmo crime com outras pessoas. Sejam elas negras, brancas, amarelas, azuis ou verdes.

O que evidencia a segunda atitude da sociedade como um todo diante de um crime de um branco contra um negro: o preconceito sobre crimes supostamente racistas.


Sim, afinal de contas preconceito é ter um conceito prévio sobre algo sem ter pleno conhecimento sobre esse algo. Logo, assumir de maneira antecipada que todo e qualquer crime praticado por um indivíduo branco contra um negro seja um crime racista, antes de ter conhecimento assertivo sobre a causa que motivou o crime, é preconceito.

Na minha humilde opinião, existe uma tendência a esse tipo de interpretação como uma forma de perpetuar uma condição de oprimido ao negro. Em qualquer situação em que ele seja prejudicado e/ou o branco seja beneficiado, é usado o argumento de racismo, que nunca falha. Mesmo em situações onde não haja nenhum tipo de atitude racista, mesmo em casos onde o fato do branco prevalecer sobre o negro é apenas uma consequência independente de qualquer ação preconceituosa.

Sei que vou falar mais uma vez disso, mas dou como exemplo disso toda a história da política de cotas nas universidades.


Antes dessa regra estúpida, ingressar na universidade era um processo unicamente meritocrático (uma palavra que a esquerda, defensora dos fracos e oprimidos, odeia). Todos os candidatos, independente da cor da pele, faziam a mesma prova do vestibular. As provas eram corrigidas de forma imparcial, sem nenhuma forma dos avaliadores saberem quem é cada candidato e sua cor de pele. Aí, uma simples e direta classificação dos candidatos em ordem decrescente de notas era feita, e com isso era definido quem entrava na universidade. Se eram X vagas, os X primeiros eram aprovados.

Ou seja, não tem nada de errado nesse processo. Nenhum tipo de discriminação racial na hora de avaliar os candidatos. Todos iguais perante o processo.

Até que começaram a enxergar racismo nisso...


"Ah, seu texugo racista! Mas a política de cotas é correta! Ela garante a igualdade racial!"

O que acontece é que esse papo de igualdade racial só é válido na hora que tem mais branco do que negro. Quando é o contrário, o silêncio é ensurdecedor. Por exemplo, os tais que adoram aplaudir a igualdade racial 50-50 entre brancos e negros não acham errado quando, por exemplo, temos apenas negros disputando a final dos 100 metros rasos.

E não, não é diferente. Se não aceitam um processo meritocrático e classificatório de um vestibular quando temos uma maioria da brancos sobre negros, também deveriam não aceitar um processo meritocrático e classificatório como o usado para definir os oito que vão disputar a final da prova mais nobre do atletismo.

Gente, vamos pensar um pouco! O fato de que geralmente temos mais brancos do que negros nas universidades não tem nada a ver com racismo, o processo que era usado para definir quem entra ou não no ensino superior considerava somente a nota do candidato. Da forma como se diz, é como se na hora da prova os brancos recebiam uma mais fácil e o negro outra mais difícil. Ou então, durante a avaliação das notas, critérios mais rigorosos fossem usados com os alunos negros para prejudicá-los. Se fosse assim, eu até entenderia, mas não é o caso: no processo seletivo como era antes, todos os candidatos eram avaliados com isonomia, sem diferenciação.


"Ah, mas o negro não está tão preparado pro vestibular como o branco, seu puto!"

Isso é uma falácia! É o discurso vitimista que é promovido por gente mal intencionada, que quer que o negro seja sempre colocado na posição de oprimido.

Ao promover esse tipo de argumento, eu entendo como se esses idiotas estivessem dizendo que o negro não está devidamente preparado para o vestibular pelo simples fato de ser negro. Tal ideia é na verdade um grande preconceito racial, promovido por aqueles que batem no peito e dizem que são contra o racismo. Não tem nada a ver afirmar que a capacidade intelectual de uma pessoa é definida pela cor de sua pele. A causa do "problema" de ter mais brancos do que negros na universidade (entre aspas, pois eu não enxergo isso como um problema, considerando minha visão contrária a esse conceito de raça) não tem nada a ver com racismo, a causa é outra.

Como dizem, o buraco é mais embaixo...


O que acontece é que temos uma situação em nosso país em que a maioria dos negros vive em uma condição de pobreza. Repito: maioria. Não são todos. Pois existem negros ricos sim. Mas não podemos ignorar o fato de que a maioria é pobre. Por conta disso, esses negros pobres ficam limitados na hora de ter acesso ao ensino fundamental, e só podem recorrer às escolas públicas. Escolas públicas essas que sabemos muito bem como são, pelo menos a grande maioria: não tem estrutura, não tem aulas, não tem nem merenda. Nessas condições, fica evidente que os alunos de escola pública (negros e brancos, pois também existe branco pobre) não estarão tão bem preparados para o vestibular, se comparados com os alunos de escolas particulares, que são de famílias ricas ou até mesmo pobres que conseguiram uma bolsa ou coisa parecida.


"Tá vendo? Por isso que os negros não conseguem entrar na faculdade! Seu texugo filho da puta, quero que você morra!"

Desculpem-me... Mas, pôrra! Vou repetir: não é por causa de racismo que isso acontece! É uma cisma de generalizar da forma que é mais conveniente! Pessoal, entendam: "ricos" que cursam colégio particular e têm mais chances de ingressar na faculdade podem ser brancos e negros; pobres que só podem estudar em colégio público e têm dificuldades para passar no vestibular podem ser brancos e negros.

Não é uma questão de raça... e honestamente não é tampouco uma questão de renda ou classe social. É uma questão de educação, de qualidade de ensino. Na verdade, diria que tem ainda um outro fator que é importante, que faz referência àquela palavrinha que muita gente detesta: meritocracia.

Digo isso pois o que vai permitir que um adolescente entre na universidade federal ou estadual não é apenas o fato dele ter estudado em uma escola particular. Existe uma responsabilidade do próprio aluno, que precisa se esforçar, dedicar horas de estudo para estar bem preparado, e também ser capaz de colocar isso em prática no dia em que vai fazer a prova para ingressar na faculdade. O aluno pode estar em uma das melhores escolas da sua cidade, mas se ele não fizer a sua parte, não adianta.


Vi isso em minha turma de colégio, que era particular. Diria que cerca de 30% da turma se dedicou aos estudos e conseguiu passar no vestibular para universidades públicas (como eu) ou mesmo para particulares conceituadas e de concurso disputado, como uma PUC por exemplo. O restante da turma só conseguiu ser aprovado em faculdades particulares de menor evidência, daquelas em que qualquer um entra. E destes, para a maioria estas instituições sequer estavam em seus objetivos principais, era tipo a 5ª ou 6ª escolha.

Ou seja, tiveram acesso a ensino de qualidade, mas não se dedicaram aos estudos, e com isso não passaram no vestibular. Possivelmente algumas dessas vagas que estes alunos preguiçosos de escolas particulares perderam foram preenchidas por alunos de escolas públicas que se esforçaram.

Claro que, por conta da diferença entre as escolas públicas e privadas, muito provavelmente o esforço que o aluno da escola pública teve que fazer foi maior que o da escola privada, para compensar a má qualidade das aulas nestas instituições, quando ocorrem. Mas, percebam que a escola onde o aluno estuda não é a única coisa responsável por um bom desempenho no vestibular, o esforço pessoal também exerce uma contribuição em todo o processo.


"Ah, mas pra eles é mais difícil..."

Sim, é mais difícil sim. Eu disse isso. Mas não é desculpa que justifique uma ajuda, ainda mais uma que usa a cor da pele como diferencial. Sinceramente, se fossem cotas baseadas no ensino fundamental, tipo reservar metade para alunos de escolas públicas e metade para alunos de escolas particulares, seria menos mal. Eu até entenderia e veria uma certa justificativa nisso, por mais que eu continuaria não concordando com cotas para o grupo A em detrimento do grupo B. Mas não é isso que temos, as cotas levam em conta esse tal conceito de raça, ignorando o fato de que existem alunos brancos que são pobres e também cursam o ensino público.

Pra esses, o esforço aumentaria muito: além de ter que competir com outros candidatos (brancos e negros) que receberam um ensino fundamental de melhor qualidade em escola particular, também competem com seus colegas de escola pública que são negros, e podem usufruir das cotas.

Repito: é necessário ver as causas reais desse "problema"... não é uma questão de cor de pele, mas sim de qualidade de ensino e também de dedicação própria. Acontece que resolver a qualidade do ensino público fundamental para brancos e negros pobres, incentivando nas escolas que eles estudem... isso leva tempo. Mesmo que o governante consiga a reeleição, melhorar o ensino básico não traz resultados da igualdade nas universidades é um projeto de longo prazo. Veja só como o PT, por exemplo, teve mais de uma década no poder e não conseguiu melhorar a educação; embora, sabemos que nunca foi seu interesse, pois povo com educação (me referindo aqui à educação escolar) é um povo que pensa, mais difícil de ser alienado. De qualquer forma, corrigir a causa-raiz dessa suposta desigualdade racial nas universidades leva tempo, dá trabalho e custa dinheiro.

Aí é mais fácil dar uma canetada, pra posarem de defensores das minorias, pra agradar os vestibulandos negros (que, nessa idade também fazem parte do eleitorado). Quando na prática tal política de cotas é racista, um desrespeito aos brancos, que são relegados a uma "raça" inferior que é prejudicada, e também aos negros, menosprezando a capacidade e o mérito deles ao dar uma "mãozinha" para ajudá-los. Sério, a política de cotas é um exemplo de tremenda injustiça na minha opinião.     


"Deixa de ser cínico, seu idiota! As cotas são justas sim, pois elas acabam com as diferenças, elas buscam acabar com o racismo que oprime os negros!"

Pois é, esse é geralmente o argumento dos defensores de "políticas afirmativas" como as cotas. Aliás, nunca entendi o porquê desse termo... Tá afirmando o quê, pombas? Na verdade, está mais para uma política compensatória.

Enfim, deixando do lado o significado dessa expressão, essa é a justificativa politicamente correta para uma ação como a política de cotas: diante de uma situação atual de maiores dificuldades para os indivíduos negros, por conta de um passado de escravidão e devido a um racismo que ainda está presente na sociedade, eles entendem que é justo "pender a balança para o outro lado", promovendo iniciativas que valorizem mais os grupos menos favorecidos em detrimento dos outros. Falando em bom português, significa dizer que para combater as desigualdades, é necessário e até mesmo obrigatório um tratamento desigual que favoreça os negros em detrimento dos brancos.

Isso mesmo que você leu: para combater a desigualdade e termos igualdade... devemos promover a desigualdade.

Sou só eu que acho tal argumento uma incoerência? Pra não dizer outra coisa...


"Vai se fuder, seu racista! Você quer ignorar séculos de escravidão e racismo? Nós negros sofremos por culpa de vocês, seus brancos cretinos!"

Não estou ignorando o passado, lógico que muito das dificuldades sociais que a maioria dos negros passa hoje em dia é consequência de todo um período de escravidão que tivemos aqui em nosso país, e que é um dos grandes responsáveis pelo pensamento racista que muitas pessoas ainda têm hoje em dia. Ninguém está negando isso. Apenas digo que eu não acho coerente alguém estufar o peito pra dizer que é a favor da igualdade, quando ao mesmo tempo defende um tratamento desigual baseado em uma iniciativa discriminatória, que determina que uns merecem mais que os outros por conta da cor da pele. Exatamente o mesmo "crime" que dizem combater.

Mas vão dizer que é certo fazer isso. Por conta da tal "dívida histórica" que todos os brancos têm com os negros, por conta da escravidão. O feto branco que não tem nem 3 meses na barriga da mãe já carrega sobre suas costas toda a culpa e a responsabilidade do racismo que foi praticado contra um outro feto negro que sequer foi concebido ainda.


Na boa... eu acho esse papo de "dívida histórica" uma palhaçada... Explico por que penso isso, criando aqui um outro exemplo, dessa vez mais próximo do tema do racismo que estamos debatendo.

Imaginemos que em uma empresa existem dois funcionários. Por mais que isso seja muito difícil de acontecer, para fins do exercício vamos considerar que ambos possuem a mesma formação, o mesmo conteúdo e experiências em seus currículos, o mesmo tempo de casa e a mesma função. A única diferença é que um é branco e outro é negro.

Continuando, vamos agora imaginar que o chefe dos dois é um sujeito racista. Para você, amiguinho de esquerda, pode complementar com os demais adjetivos pra massagear o seu ego, dizendo que o cara é um bolsominion que além de racista é machista, homofóbico, nazista, genocida e etc. Enfim, por ser um cara racista, ele fez uma falcatrua de forma que o funcionário branco tinha um salário maior que o negro. Pra termos algo mais concreto, imagine que o branco ganhava R$ 2000,00 e o negro R$ 1500,00.

O tempo passa... o tempo voa... a poupança Bamerindus continua numa boa...


Não resisti... e de quebra ainda entreguei a minha idade...

Continuando, suponhamos que se passaram seis meses com essa situação, o funcionário branco ganhando 500 pratas a mais que o negro. Até que uma rhzete, revisando a folha de pagamento, percebe o problema. Investiga daqui, checa dali, depois de toda uma zorra o caso chega ao presidente da empresa, que decide demitir o chefe por conta de sua conduta discriminatória, pra acabar com as diferenças.

Mas... e o passado? Afinal de contas, eram seis meses em que o funcionário branco levou vantagem sobre o negro. Só nisso, ele tinha ganho R$ 3000,00 a mais no período. Vendo essa situação, o presidente da empresa chama o novo chefe e pede que ele resolva essa "dívida histórica", para compensar o benefício indevido que o funcionário branco teve. Como seria um acordo amigável entre as partes, vamos ignorar uma eventual multa por danos morais ou coisa parecida que os advogados adoram inventar...

Bom, a primeira coisa que o novo chefe conclui é que não dá pra penalizar o funcionário branco por conta dessa diferença. Por mais que ele tenha sido beneficiado pelo antigo chefe, não seria justo responsabilizá-lo por algo que ele não teve participação, que ele sequer sabia que estava acontecendo, e que não era sua culpa. Dessa forma, não faria sentido mandar o sujeito devolver metade de seu "bônus" para que fosse compartilhado com seu colega negro.

Assim, o novo chefe começa a pensar em algumas alternativas para resolver o problema. Listo algumas sugestões:
  • Poderia resolver numa paulada só, pagando uma compensação de R$ 3000,00 de uma vez pro funcionário negro, e fim de papo. Claro, supondo que a empresa tenha caixa pra arcar com esse "bônus" compensatório;
  • Ou pagar esse "bônus" em parcelas, durante três meses o negro ganharia uma bonificação de R$ 1000,00, saldando assim a dívida;
  • Outra opção seria manter o mesmo período com os salários invertidos como forma de compensar a diferença mensal (ignorando o fato de que pela CLT não é possível reduzir salários), assim durante seis meses o negro ficaria com um salário de R$ 2000,00 e o branco com um salário de R$ 1500,00;
  • Ou fazer algo semelhante, porém com uma diferença maior e período maior, por exemplo, por três meses o branco ganharia os R$ 1500,00 e o negro ganharia R$ 2500,00.
Enfim, diversas opções. Não se esquecendo de que, independente de qual fosse escolhida, os salários dos dois funcionários seriam igualados. Tipo, para um valor de R$ 1750,00 para ambos, o que para a empresa no final do dia daria o mesmo custo total. Ou até mesmo algo mais alto, deixando os dois com o salário de R$ 2000,00 mais alto, que apesar do maior custo me parece uma hipótese legalmente mais viável, segundo as leis trabalhistas...


Quando vemos esse exemplo, temos uma situação em que a dívida pode ser quantificada. Há como medir o quanto que o branco teve de benefício sobre o negro, um valor concreto e absoluto é conhecido. E sabendo exatamente o tamanho dessa diferença é possível estabelecer uma política buscando uma reparação da injustiça sofrida por um dos lados, com regras bem definidas, com um critério de parada bem claro que estabelece as condições em que tal política deve ser terminada. Inclusive dando opções sobre a velocidade a ser adotada para corrigir a diferença, estabelecendo até quando ela deve vigorar. 

Em uma situação deste tipo, é válido aplicar uma ação que aplique um favorecimento a um dos lados. Pois na prática não é um favorecimento, mas sim uma compensação. Se aplica a algo mensurável, e se podemos medir, podemos dizer quanto tempo é necessário para que tudo seja compensado. Não duvido que o antigo beneficiado, ao ser informado da injustiça ocorrida, não se oporia a uma ação desse tipo, com início, meio e fim conhecidos. Enfim, uma política compensatória que se sabe até quando deve ser aplicada.

Agora... alguém sabe me dizer até quando vai a política de cotas nas universidades?


Tive até a curiosidade de procurar a lei que estabeleceu a política de cotas. Existe até um artigo que estabelece que dez anos após a publicação da lei (no caso, em 2012) será feita uma revisão do programa. Confesso que era algo que eu não tinha conhecimento, por não ser noticiado pelos meios de comunicação e da mídia em geral, uma informação que eu acho que deveria ser mais divulgada. Mas, mesmo tendo um momento em que tudo isso será revisto, não existe no meu entendimento um critério definido para que essa revisão seja feita.

Poderíamos até pensar em algumas estratégias. Por exemplo, pegar as X maiores notas da prova (em que X seria o número de vagas), e avaliar dentre esses candidatos se é observada uma proporção semelhante de brancos e negros. Logicamente que 50-50 exatamente seria impossível sob o ponto de vista estatístico, mas poderia-se considerar uma margem de erro, tipo o percentual de votos que o Boulos ganhou nas últimas eleições... Se, após uma determinada quantidade de anos, fosse identificada essa proporção equilibrada de brancos e negros entre melhores candidatos, seria o fim da política de cotas...

Mas, mesmo com toda essa proposta, muito provavelmente ela não iria funcionar. Afinal de contas, como garantir que isso iria acontecer, se nada foi feito na edução fundamental, que é o que prepara os alunos para a universidade? É a historinha do chuveiro que eu contei... As cotas dão uma "maquiada", elas não resolvem o problema pela raiz. Elas não estão dando oportunidades iguais para brancos e negros, mas sim forçando que o resultado final seja "igual". 

Enfim... mas vamos dar uma colher de chá... vamos assumir por um momento, para o mérito da discussão, de que sim, a política de cotas seja realmente a solução para a desigualdade nas universidades. Estou esperando a resposta: alguém consegue me dizer quanto tempo vai levar pra política de cotas resolver o problema?


Pois é... e sabe por que ninguém sabe? Porque ninguém está querendo que ela acabe!

Começa pela questão que, para definir até quando essa política compensatória deveria ser mantida, seria necessário quantificar de forma absoluta e mensurável qual é o tamanho da tal "dívida histórica" dos brancos para com os negros. E sabemos muito bem que isso é impossível, não dá para quantificar isso. É algo que envolve muitos aspectos, a maioria deles de caráter subjetivo. É como essas multas por danos morais, que eu pessoalmente não entendo como podem ser quantificadas. Tipo, por que quando uma pessoa sofre, sei lá, injúria, e merece uma indenização por danos morais de valor X, e a outra que sofreu injúria também, recebe 3X...

Tá, e mesmo que a gente fosse considerar alguma coisa parecida do ramo legal para avaliar isso... Como fazer isso? Quem vai advogar pela causa de todos os negros do planeta? Quem vai julgar? Não dá, não tem como medir essa "dívida histórica"...

Mas, esse não é o único problema. Pois, mesmo se tivesse como medir isso... não há interesse.

Eu já comentei lá pra cima, em algum lugar dessa postagem que está ficando enorme: existe sim o interesse em perpetuar eternamente a condição de oprimido dos negros. Não apenas dos negros, mas também de outras minorias, como das mulheres, dos homossexuais, dos pobres e demais grupos considerados como menos favorecidos. Tem um pessoalzinho que não está nem aí pra igualdade, pra acabar com as diferenças, mas sim em mantê-las como algo eterno, pois isso é de seu interesse próprio.

Adivinha quem?


Pois é... eles mesmo. A esquerda imunda.

Podem me criticar, dizendo que eu estou politizando ao falar da esquerda quando o tema é racismo. Mas, apenas alguém muito ingênuo iria acreditar que não há correlação de política com a forma como as questões raciais são discutidas e apresentadas em nossa sociedade. Por exemplo, é sabido que quem defende as cotas raciais em universidades (ou pelo menos a esmagadora maioria) é de esquerda. Não há como separar esses assuntos, ainda mais considerando como que a política é feita em nosso país, principalmente quando se trata do partido da "ética" e seus aliados.

Digo isso pois a ideologia esquerdopata é conhecida por promover o discurso bipolar. Quando digo isso, me refiro ao fato de que a esquerda promove um conceito extremamente limitado de que tudo na vida tem apenas duas posições, duas opiniões antagonistas. Eles não toleram a pluralidade de opiniões, pois isso gera uma situação mais ampla quanto às possibilidades, isso dá a oportunidade que as pessoas possam concordar e discordar em parte sobre este e aquele tema. Algo natural, pois somos todos indivíduos com personalidades próprias, com opiniões pessoais sobre tudo.

Mas para a esquerda, não pode. Tudo tem que ser limitado a um espectro em que só existam dois lados da moeda. Tem que ser o clássico "nós contra eles", conforme o ex-presidiário condenado Lula sempre diz. Logicamente, o "nós" é o lado certo, e o "eles" o lado errado. A esquerda se apresenta como a detentora da verdade, aquela que é perfeita e está sempre do lado correto. Em outras palavras, é uma ideologia do "ou você está comigo ou está do lado errado", uma verdadeira estupidez.

Aí, o que acontece é o seguinte: ao criar essa falsa imagem de que a esquerda está sempre do lado correto, cria-se uma narrativa de que a esquerda, e somente a esquerda, é quem vai defender aqueles que são oprimidos. Como os negros. Vide essa pérola da ex-"presidenta".


Não é à toa que vemos hoje uma aliança declarada entre os esquerdistas e os politicamente corretos. Pois estes promovem aquele monte de agendas em defesa dos oprimidos, sempre procurando pelo em ovo pra ficar criticando alguém que não segue a cartilha da moral e bons costumes. Da mesma forma que os vermelhos, os politicamente corretos têm uma visão bipolarizada de tudo, com a balança entre o certo que eles defendem e o errado, que é todo mundo que pensa diferente. E a esquerda percebeu muito bem como se aliar a esse discurso, se apresentando como defensora dos oprimidos e dos politicamente corretos, é algo que pode ajudá-los a trazer mais seguidores para o lado do martelo e da foice.

Com isso, acabou aquela história ultrapassada de burguesia contra proletariado. Afinal, no mundo atual tem muita gente que se tornou emprendedora, que tem sem próprio negócio, e dessa forma não vai colar aquela fábula do "patrão está explorando você, trabalhador" quando o sujeito trabalha pra ele mesmo. Também acabou aquela história fajuta de rico contra pobre. Pois, quando vemos o bebum barbudo arrotando que "agora o rico vai ter que aceitar o pobre viajando de avião do lado dele" enquanto ele só anda de jatinho particular e toma whisky, fica difícil convencer de que a esquerda é solidária aos pobres e miseráveis.

Agora, o discurso é outro: a esquerda se apresenta como a única que defende os oprimidos. Cria-se a narrativa de que a esquerda é quem protege o negro, quem acolhe a mulher, quem defende o homossexual. Só a esquerda, ninguém mais. Por sua vez, a direita conservadora, liderada pelo Bolsonaro "nazista", é o contrário: ela é racista, ela é machista, ela é homofóbica.


Eu acho isso uma estupidez. Pois tais desvios de conduta, como racismo, machismo e homofobia, não são exclusivos de um lado do espectro político. Afirmar que isso se restringe a um dos lados (do "inimigo", lógico) é uma malandragem, uma atitude mal-intencionada com o objetivo de tentar ilegitimar o adversário político. Afinal de contas, existem racistas, machistas e homofóbicos de esquerda e de direita, por exemplo.

Ou vocês já se esqueceram do Lula dizendo que Pelotas é exportadora de viado? Ou do professor universitário que desejou que uma jornalista fosse estuprada? Se esqueceram do Ciro Gomes, o democrata de escavadeira, chamando um vereador de capitão do mato? Ou do Zé de Abreu, o eterno coadjuvante, sempre no papel de cafajeste mostrando que a arte imita a vida, que deu uma cusparada na cara de uma mulher? Será que vocês se recordam ainda da época do mensalão, em que chamavam o Joaquim Barbosa de macaco, numa época que podia até mesmo praticar uma ofensa racista contra um ministro do STF?

Mas aí deve ser diferente, né? Pois, ao se posicionar na esquerda, isso já confere à pessoa um "manto de proteção" contra qualquer acusação de crime de racismo, machismo ou homofobia. Se é de esquerda, é "bom moço".

É isso que temos hoje na disputa política, essa narrativa de que existe hoje uma esquerda que é a única que defende os mais oprimidos. Com o apoio do politicamente correto, o combate ao racismo e às outras mazelas fica em evidência, destacando as tais ações "afirmativas" das minorias. É só ver o que temos hoje em dia quando temos qualquer notícia que evidencie o negro, ou a mulher, ou o homossexual. Por exemplo, cito a época quando anunciaram que a atriz que faria o papel da Pequena Sereia seria uma menina negra. Antes mesmo de gravarem o primeiro minuto de filme, já tivemos uma enxurrada de comentários positivos aplaudindo a atuação dela, somente pelo fato dela ser negra. Mas aí não é preconceito, é ação afirmativa...


Rápido parênteses... que pôrra de piercing é essa, cacete? Se não bastasse uma argola entre as narinas, ela ainda teve que pendurar um cordão na napa? Que nojo... imagina só ela com um resfriado, dar um espirro e ficar aquela tripa gosmenta de ranho amarelo pendurada?

Só que ao mesmo tempo que os politicamente corretos gozaram de êxtase, apareceram pessoas que começam a questionar essas iniciativas politicamente corretas. Eu mesmo, por exemplo. Repito o que eu disse lá, achei a decisão da Disney uma estupidez, muito mais preocupada em "lacrar" e "causar" do que com qualquer outra coisa. Pois a ênfase dada pela sociedade politicamente correta à atriz era por conta de ser negra, por assim a supremacia branca e a desigualdade seriam combatidas. Podiam até ter arrumado alguma desculpa, tipo se valer um pouco do fato da atriz mirim ser cantora e o filme exigiria muito canto... mas, não. O importante é destacar ao máximo que ela é uma negra para representar uma personagem originalmente branca...

Pois isso iria gerar a revolta de alguns... ou nem mesmo uma revolta, apenas uma crítica sobre uma postura infantil que coloca a cor da pele na frente de tudo...

E isso não é à toa. Pois, tão logo alguém critica, ou mesmo que simplesmente não concordem 100% com tais iniciativas, aparecem então os defensores dos oprimidos, apontando o dedo contra aqueles que não aceitam tal ação afirmativa. Amparados pela visão politicamente correta da sociedade, divulgada pela grande mídia e demais meios de comunicação, surgem os paladinos da justiça da esquerda, que vão defender a honra da futura Ariel e protegê-la e a todos os negros do racismo promovido por homens brancos heterossexuais e conservadores de direita.

Percebem como é sempre assim que eles se referem a qualquer um que critica essas babaquices politicamente corretas? É só ver alguma matéria de jornaleco ideologicamente de esquerda (incluindo nessa a Folha de São Paulo e o Globo), sempre que tem algum movimento que vai contra os ideais socialistas, se referem como "homens brancos heterossexuais conservadores de direita". Como se isso fosse definição da escória da humanidade, os maiores opressores que já pisaram nesse planeta.


Por isso que os putos da esquerda espremeram (e ainda espremem) tudo que conseguem da morte da Marielle. Sei que vão me xingar, e me chamar de genocida e insensível... mas, afinal, já me chamam disso mesmo... Assim, eu digo: para a esquerda, não poderia ter havido vítima com mais pedigree do que a Marielle. Pois ela era representava tudo de contrário em relação ao perfil do "inimigo" a ser combatido: mulher negra homossexual progressista de esquerda.

Repito, não estou desrespeitando a memória dela. Na minha opinião, os cretinos dos partidos esquerdopatas é que o fazem, subindo em seu caixão pra promover discurso político e ideológico. Mas, é evidente como que ela representa uma visão completamente antagonista ao perfil considerado pela esquerda como sendo o inimigo.

E isso colabora em promover a narrativa bipolarizada: do lado "certo" estão os negros, as mulheres, os homossexuais, os progressistas e a esquerda; e do lado "errado" estão os brancos, os homens, os heterossexuais, os conservadores e a direita. Mesmo que isso não faça sentido. Afinal de contas, existem negros, mulheres e homossexuais de direita (embora estes geralmente são marginalizados pelos politicamente corretos... pois estão do lado do "inimigo"). Assim como existem homens, brancos e heterossexuais de esquerda. A afinidade política não tem nada a ver com cor da pele, gênero ou orientação sexual.

Aliás, ao ver isso eu até acho graça de como agem hoje os homens brancos heterossexuais de esquerda. Antes de dar qualquer opinião sobre qualquer assunto polêmico, desses que envolvem as minorias, é de praxe sempre começar com a argumentação politicamente correta de "me desculpo de forma antecipada, pois minha fala é sob a ótica privilegiada de um homem branco e heterossexual". Ou seja, se colocam em uma posição de submissão, para assim demonstrarem que são solidários ao sofrimento dos grupos menos afortunados. Tipo os idiotas desses protestos, que se ajoelham e imploram perdão aos negros...


Sério... eu acho isso uma babaquice. Repito: ba-ba-qui-ce! Tudo isso aí é pra posar de bonzinho! Só pra fica bonitinho no "Feice" e no "Insta", do lado de uma frasezinha politicamente correta de merda...

Mas tudo isso tem um porquê. Pois um branco que se coloca numa posição submissa diante dos negros está querendo se apresentar como um defensor deles, um indivíduo solidário às suas causas, um aliado que vai combater o racismo e contribuir para que a "dívida histórica" seja paga. E é exatamente isso que a esquerda faz, ela se apresenta como uma solução para o problema. E faz isso promovendo a narrativa do "nós contra eles", da visão bipolar simplista que é mais fácil de ser usada para alienar o "povão", com o lado "certo" e o lado "errado".

É que nem filme de faroeste de quinta categoria: o mocinho é sempre o sujeito perfumado de cara lisa, roupa limpinha e chapéu branco, e o bandido é sempre o cara com barba por fazer, roupa suja, fedendo a estrume e vestido de preto.


Ih, aposto que o "Black Lives Matter" vai querer banir os filmes de faroeste espaguete da televisão, por associar preto ao bandido...

E nem vou começar a falar da escrotidão da tradução/dublagem do Star Wars, que depois do politicamente correto trocou o "lado negro" da Força para "lado sombrio"...

Voltando, por isso é que a esquerda defende a dualidade de opiniões, por ser algo mais fácil de enfiar na cabeça do povão pouco instruído e que não se informa. Criam essa visão deturpada de que o racismo é algo restrito à direita, que apenas a esquerda defende o negro. E aí começam com o mantra de "Bolsonaro é racista"... para tentar associá-lo a tudo que há de ruim, ao mesmo tempo em que a esquerda se apresenta como adversária. É mais fácil assim. Ao construir essa visão tendenciosa da realidade, tendo para isso o apoio da sociedade politicamente correta e da grande mídia, chega-se ao ponto em que os esquerdopatas podem se dar ao luxo de falar coisas como:


"Você está com 'nóis' ou você é racista?"

Agora, pense comigo: se essa é a narrativa que a esquerda usa hoje, de que ela é a única que vai proteger o negro, a única que vai lutar contra o racismo, a única que vai acabar com a opressão... o que seria mais interessante para que eles fiquem no poder, que é no final das contas o seu objetivo principal: que o racismo e as desigualdades acabem, ou que os negros sejam sempre vítimas?

É... nem precisa desenhar...

Por isso que a política de cotas nunca teve (e nunca vai ter, se depende deles) nenhuma definição de critério de revisão, por isso ninguém está pouco se fudendo para até quando ela deve ser mantida. Porque, para a esquerda, a política de cotas não tem como seu principal objetivo colaborar com a igualdade, dar uma oportunidade para o negro ou acabar com as desigualdades. O grande interesse de terem criado essa merda foi em ter uma "esmola", uma política assistencialista para atender a um grupo da população menos favorecido, deixando os negros dependentes disso. Fica perfeito, ao perpetuar para sempre a ideia de que eles são e sempre serão oprimidos... mas aí a esquerda boazinha e solidária fez algo para ajudá-los, dando metade das vagas nas universidades para eles.

E, pra completar, basta ficar insistindo com a ladainha de que os seus inimigos políticos, como Bolsonaro, são racistas. Como diria Goebbels, ministro de propaganda nazista, uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Interessante ver como que essa turminha de politicamente corretos de esquerda e antifas, que se dizem tão contrários ao nazismo e fascismo, empregam táticas de embate político e de ideias dos mesmos...

A verdade é que não querem defender o negro, mas sim defender que o negro seja eternamente um oprimido. Porque assim eles podem dizer que são os únicos que vão defendê-lo, e os seus inimigos são racistas. Constroem assim um "nós contra eles" em que o lado deles é o que está teoricamente certo... afinal, quem em sã consciência admite ser racista? Se o racismo acaba, se as diferenças acabam... aí, fudeu pra eles. Não vai ter mais como a esquerda se apresentar como a única defensora dos negros, e vão ter que arrumar outra narrativa supostamente inquestionável para angariar seguidores.

Assim, tudo se resume a causa motriz para qualquer movimento promovido pela esquerda: política. Como fazem com o vírus chinês aqui no Brasil, ao associar tudo de ruim ao Bolsonaro, ao criticar tudo que o governo faça. E a mesma coisa com essa recente enxurrada de protestos antirracistas, motivados pela morte do George Floyd. A causa pode ser nobre e válida, mas a luta contra o racismo está na verdade sendo usada de forma oportunista para motivar o embate político. Não se esqueçam, nesse ano tem eleições nos EUA, e é inegável como que a oposição se aproveita ao máximo para associar Trump ao racismo.


Pois, conseguindo isso, exatamente nesse momento em que os nervos estão à flor da pele por conta da morte do George Floyd, vai ajudar a aumentar sua rejeição, colaborando para que a esquerda "democrática" coloque um pedófilo na Casa Branca...

Esse é o modus operandi da esquerda hoje em dia: se apoderar de pautas politicamente corretas, se colocando sempre do lado inegavelmente certo, enquanto projetam sobre os seus inimigos a alcunha de vilões. No final das contas, usam-se dos grupos menos favorecidos, elaborando narrativas, como por exemplo a luta contra o racismo, para enfraquecer os adversários políticos, para assim ganhar força política e tomar o poder.

Começo a perceber que essa tem tudo pra ser uma das postagens mais polêmicas que eu escrevi. Talvez só não mais do que aquela que eu falo mal dos Beatles, até hoje aparecem beatlemaníacos aqui querendo arrancar meu fígado. Mas certamente será uma das postagens mais prolixas, pois eu puxo e repuxo vários assuntos, já perdi a noção do tempo e do rumo.

Dessa forma, acho melhor já tentar concluir o raciocínio...

E a conclusão que eu chego é que no final esses grupos todos, incluindo a esquerda, a grande imprensa e a sociedade politicamente correto, não estão nem um pouco interessados em acabar com o racismo. Mas querem sim é se aproveitar dessa "luta" para benefício próprio.


Primeiro, por ver essa grande hipocrisia dos que se dizem defensores dos negros. Pois defendem só os negros que interessa defender, apenas vale a pena proteger aqueles que podem ser usados para colaborar com o discurso ideológico. Por exemplo, um George Floyd, morto por um policial, tem "utilidade" para os interesses dessa turma, pois serve como justificativa para mudar regras para a polícia, para desarmá-la e limitar suas ações (como, ao vetar as batidas policiais para encontrar drogas). Enfraquecer as forças de segurança interessa a essa turminha de esquerda, e uma vítima negra da polícia é útil para isso.

Agora... se é o ex-policial negro trabalhando como segurança que é assassinado pelos vândalos saqueados dessas manifestações... pois é, a maioria nem faz ideia do nome dele... David Dorn era seu nome, só para constar. Mas ele não mereceu passeata, não apareceu nenhum intelectual lamentando, nenhum telejornal dedicando horas de sua programação criticando os criminosos que tiraram sua vida. Pois essa é uma vítima que não colabora com a narrativa de interesse... Aí, falando em bom português, foda-se que era negro...

Ou pior ainda, se a vítima de um crime ou até mesmo de uma injúria é um negro ou negra de direita... Não apenas isso é ignorado, mas até aplaudido. Chamam de "negro de alma branca", "traidor da raça" ou "capitão do mato". Repito, é só lembrar como o PT associou o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa a um macaco... e os mesmos defensores dos negros de hoje ficaram calados.


Ou será que não tem problema?

Eu acredito em uma coisa: se você tem determinados valores, é necessário ser fiel a eles. Então, se tais pessoas são realmente tão defensoras dos negros, se elas são tão contrárias ao racismo... seria esperado que elas o seriam independente da orientação política da vítima de racismo. Se você critica o racismo só em alguns momentos, se calando quando este atinge um inimigo político, então você não é contra o racismo.

É como esses babacas que dizem que odeiam a ditadura, mas ficam calados diante da ditadura da Coréia do Norte, de Cuba, da Venezuela. Chamam de democracia... 

Segundo, o discurso contra o racismo é usado como narrativa para promover a bipolaridade de opiniões, para criar o discurso de mocinho contra bandido, que associa a luta contra o racismo e a defesa do negro à esquerda, enquanto projeta sobre a direita inimiga o atributo de racista. Como sabemos, é o "nós contra eles", que é mais fácil de ser usado na luta política, especialmente para convencer o povo alienável.


Pois esse é um discurso que "fica bem na foto". A esquerda, que é racista contra os negros que não estão do lado deles, cria para si mesma a definição de que ela vai acabar com a opressão aos negros, para se apresentar como o lado "do bem". Apenas quem é de esquerda se preocupa com racismo, com homofobia, com machismo, com democracia... é essa a falácia que eles querem promover, para tentar justificar que eles precisam estar no poder, pois eles vão proteger os oprimidos. 

Aí, repito o que eu disse acima: se acaba o racismo... acaba essa narrativa. Deixa de haver a necessidade de uma esquerda "boazinha" que vai acabar com a opressão contra o negro, pois se o racismo acaba não tem mais opressão. Fim do racismo é sinônimo de fim de uma pauta política e eleitoral que é útil para eles. Por isso vale a pena perpetuar a condição de oprimido do negro... por isso que ninguém tá interessado em pensar até quando a política de cotas vai... idealmente, para sempre.

Pois é...

Correndo o risco de ser repetitivo, mas digo novamente que uma das melhores formas de você acabar com o racismo é extinguir por completo esse conceito de "raça". Pois todos nós somos humanos, somos todos de uma mesma raça humana. A partir do momento em que se acaba essa percepção de que existem brancos e negros, que as pessoas sejam discriminadas em grupos somente por conta de algo irrelevante como a cor da pele... acaba o racismo de vez.

E acaba a narrativa da esquerda defensora dos negros oprimidos. Acaba a falácia de que a direita, o Bolsonaro e todo mundo que votou nele é racista, só por serem seus inimigos políticos. Isso nem a esquerda manipuladora e nem os oportunistas (negros e brancos) querem...

Enfim, eu sei que já fui e estou sendo muito xingado. Pois não estou com a maioria politicamente correta, que se ajoelha, erguendo o punho aos berros de "No justice, no peace". Diferentes desses, que ou são oportunistas que querem se aproveitar do ocorrido ou não passam de massa de manobra que faz o que os oportunistas mandam, eu tenho integridade em meus valores. Se eu digo que sou contrário ao racismo, sou contrário a todo o tipo de racismo, independente de quem é o opressor ou o oprimido. Se eu defendo a igualdade, defendo a igualdade de forma real, e não a igualdade forçada, que esconde ações que beneficiam uns sobre os outros. 

O racismo deve ser sim combatido. Mas combatido de forma efetiva, e não dessa forma oportunista que a sociedade em geral vem fazendo.

Bom... e se vocês não me levam a sério... deixo aqui as sábias e precisas palavras do Morgan Freeman, que não poderia explicar melhor como se acaba com o racismo. 


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