Meninas-Navio pra Todo Lado!

Ultimamente as páginas do blog receberam visitas relativamente frequentes de algo sobre o qual eu jamais imaginaria que fosse escrever. Tudo por conta de um jogo/desenho japonês que eu descobri por acaso quando procurava imagens para as igualmente incomuns postagens sobre navios de guerra que eu decidi fazer por aqui. Me refiro aos posts que eu venho fazendo do Kantai Collection sobre o qual falei aqui, que este texugo precia admitir que começou a achar bem legalzinho e interessante, tanto no que diz respeito aos episódios como ao jogo online. 


Não sei até que ponto a idéia de Kantai Collection, de antropomorfizar navios de guerra como garotas, é original. Afinal de contas, desde que o mundo é mundo que os japoneses e demais orientais têm essa mania doida de personificar objetos, na imensa maioria das vezes como moças com curvas completamente impossíveis para os padrões da genética. Mas mesmo que não seja uma idéia tão original, diria que Kantai Collection deve ter sido um dos pioneiros em difundir e propagar essa sacada de garotas representando navios da Segunda Guerra Mundial.

E quanto tem algo original... logo aparecem as cópias...


Não me entenda mal. Na minha opinião existe uma diferença entre ser uma mera cópia descarada ou ter sido fortemente influenciado pela idéia original, e que muitas vezes pode ser bem sutil. Logicamente que os fãs e defensores da iniciativa pioneira vão acusar os imitões de plágio e ladrões de idéias, enquanto que aqueles que apoiam o seguidor vão dizer que este conseguiu ser melhor e evoluiu em relação ao original. Independente da situação.

Tipo, como acontece na música. Na minha opinião, uma coisa é um cantor ou cantora ficar famoso tocando um estilo de música aclamado e/ou seguindo um que seja parecido com um determinado astro mais famoso, admitindo sim a influência do outro músico em sua vida mas trazendo uma evolução e/ou atualização no ritmo, melodia ou letras. Outra coisa é um "músico" simplesmente pegar uma música e, por exemplo, traduzí-la, ou manter a exata mesma melodia e só mudar a letra, geralmente para algo sem nexo mas que "fica bem" com a música copiada.


Não entendeu o porquê da Zélia Duncan? Procura na internet a música "Cathedral Song" de Tanita Tikaram e compara com a música "Catedral" da cantora da MPB. E depois tenta me explicar por que todo mundo conhece Zélia Duncan mas ninguém nunca ouviu falar de Tanita Tikaram.

E ainda vai aparecer nego acusando a Tanita de plagiadora...

Enfim, vamos voltar aos trilhos. A verdade é que uma vez apareceu Kantai Collection, começou a aparecer um monte de outras meninas-navio em diferentes jogos. Claro que a quantidade de "clones" do joguinho japonês não se compara a quantos jogos de luta estilo Street Fighter surgiram depois de Ryu e Ken aparecerem com seus Hadoukens e Tap-Tap-Tarugens. Mas a quantidade de "primos" do Kancolle, sendo um jogo com uma premissa bem peculiar e seleta (afinal, não é tanta gente que se liga em navios da Segunda Guerra), é sim de surpreender.


Isso me motivou a fazer essa postagem, para falar a respeito de alguns desses jogos, em especial um outro que hoje rivaliza e muito com Kantai Collection.

Teve um que eu já falei brevemente na postagem original do Kancolle, que é o Warship Girls. Criado na China para iOS e Android, muito provavelmente por que os chineses não tinham acesso ao Kantai Collection ou por conta de seu ódio contra os japoneses, esse foi um jogo que se encaixaria na posição de cópia descarada mesmo. Pois Warship Girls imita praticamente todos os conceitos do jogo original.


Tudo mesmo... O mesmo estilo de jogo, em que você apenas monta a sua frota e ela disputa de forma automática os combates, com os mesmos recursos (combustível, munição, aço e a famigerada bauxita), trazendo o sistema de upgrade e modernização e até mesmo o nome dos inimigos, que aqui também eram os Abissais.

Por mais que fosse uma cópia sem-vergonha, pelo menos Warship Girls tem um ponto original: traz meninas-navio de diferentes nações.


Uma das maiores "críticas" ao Kantai Collection é que ele é extremamente focado em navios japoneses. Tudo bem que recentemente eles incluíram um número até razoável de navios do Eixo, como da Alemanha e da Itália, e alguns das marinhas americana e britânica. Mas o foco é realmente em embarcações nipônicas, indo desde os grandes encouraçados até míseros navios de defesa costeira que ninguém nunca ouviu falar.

Tá, o jogo é japonês... nada de absurdo que o foco seja na marinha japonesa. Mas, mesmo assim, tem gente que se enche disso.


E Warship Girls trouxe meninas de diversas nações. Não apenas das mais badaladas, mas temos até representantes de marinhas sem quase nenhuma expressão, como a chilena, a turca, a sueca e a chinesa. Esta última logicamente representada por mero patriotismo dos desenvolvedores do jogo.

Além disso, podemos ver como que os chineses parecem ser mais pervertidos que os japoneses... pois as imagens das meninas machucadas rasgam mais as suas roupas...

Tem outro ponto interessante, em relação ao sistema de combate. Embora seguisse a mesma premissa de Kantai Collection, pelo menos aqui as meninas-navio aparecem, em vez de serem mostradas por fotos pequenininhas. Não só as personagens, mas também os inimigos, aparecem em uma versão chibi... pra quem não sabe, chibi é o termo usado pelos japoneses para esses desenhos mais cômicos, que parecem um monte de Pokemons.


Outra coisa curiosa é que existem alguns poucos navios que fazem parte da frota Abissal. Tipo, o mega encouraçado Yamato não faz parte dos personagens jogáveis, e é uma das chefonas abissais.

Honestamente... acho esse jogo meio ruinzinho... pois ele não é nem um pouco original. E as meninas-navio, apesar de representarem diferentes países, não são tão carismáticas e simpáticas como as de Kantai Collection. Curioso observar que recentemente foi lançada uma versão em inglês desse jogo, mostrando ao menos que o Warship Girls decidiu dar um pouco mais de atenção aos fãs ocidentais.

Seguindo, outro jogo que foi lançado para celulares é Battleship: War Girl. Este é um jogo que podemos dizer que é original e um clone ao mesmo tempo.


Original pois pelo menos traz um estilo de jogo diferente de Kantai Collection. Clone pois esse estilo é aquele já manjado em inúmeros jogos de celular, em que você deve construir uma cidade/base/castelo/qualquer outra coisa, com diferentes prédios que produzem recursos e que devem receber upgrades. E entre as diversas atividades estilo Sim City, tem o combate. Nada mais do que um típico jogo de clique-clique.


Pior é que esse jogo aparentemente já faliu... tentei até baixá-lo para ver como é, mas fica aqui murrinhando no download dos dados. Aparentemente, tinha navios de várias nações também.

O próximo da lista é um jogo do qual não tenho muito para falar... pois ele ainda não foi lançado. Apesar de toda uma enorme divulgação e de ter tido uma campanha bem sucedida no Kickstarter (um dos mais conhecidos sites de financiamento coletivo), Victory Belles ainda não viu a luz do dia, e honestamente a imensa demora em seu lançamento, ou mesmo de uma demo, deixa muita gente na dúvida se realmente será lançado.


Este parece ser ao menos original, se apresentando como uma alternativa ocidental ao Kantai Collection. O estilo de combate é diferente, pelo menos é o que podemos vislumbrar em um dos poucos vídeos de gameplay que existem, parecendo ser focado em um combate 1-contra-1.

Pessoalmente, acho as meninas-navio desse jogo meio estranhas... acho que exageram muito na "localização" delas, com roupas e estilos que chegam a ser engraçados. O ponto interessante é que as vozes são no idioma do país de cada navio. Assim, você verá as meninas-navio russas falando em russo, as italianas em italiano e assim por diante. Não que isso venha a dispensar uma legenda... mas ao menos é uma idéia original.


Mas a verdade é que ainda não temos a menor idéia de como esse jogo será mesmo... e se vai ser lançado.

Por fim, chegamos ao último jogo dessa lista... e que eu diria que é um dos únicos aqui que rivaliza bem com o Kantai Collection. Azur Lane é outro jogo de origem chinesa e lançado para aparelhos iOS e Android em 2017, e que está ganhando espaço cada vez mais rápido, pelo menos nesse nicho de jogo de meninas-navio.


Diferente dos demais jogos que não possuem uma história muito detalhada, aqui temos algo um pouco mais elaborado, que talvez seja melhor entrar em detalhes em outra oportunidade. Em todo caso, podemos já perceber que em Azur Lane o conflito ocorre entre meninas-navio de duas facções que fazem referência aos Aliados e ao Eixo da 2ª Guerra, sendo que com uma sutil diferença de que os nomes dos países de verdade não são usados. O lado que leva o nome do jogo é composto pela Eagle Union e a Royal Navy, que representam os Estados Unidos e o Reino Unido, e que enfrentam o Crimson Axis, do qual fazem parte o Sakura Empire e o Ironblood, nomes adotados para o Japão e Alemanha. Existem também outras nações de menor expressão, mas o jogo foca nessas quatro marinhas.

Apesar dos nomes fictícios, as meninas-navio representam embarcações de verdade, seguindo a mesma linha de todos os jogos acima. Mas é curioso perceber alguns detalhes, em especial para as garotas germânicas e orientais, sendo que as primeiras trazem equipamentos meio "monstruosos", parecendo alienígenas, enquanto que muitas das japonesas seguem aquele estilo (que eu pessoalmente acho escroto para cacete) de terem partes de animais, como orelhas de coelho e caudas de raposa.


Algo que se deve destacar é que as garotas em Azur Lane são bem mais... digamos... curvilíneas do que em Kantai Collection. E olha que aqui não existe aquela sacada da imagem da menina-navio danificada de roupas rasgadas.

O grande diferencial é o estilo de jogo, que foge completamente dos anteriores. Embora exista sim um toque de gerenciamento de recursos e promoção de personagens, estas características são bem resumidas a ponto de simplificar a jogabilidade. Em Kantai Collection e Warship Girls, são quatro recursos que você precisa gerenciar: combustível para que as meninas-navio possam viajar, munição para combates, aço para reparos e construção e bauxita para os aviões. Tudo isso é simplificado em Azur Lane, onde só há óleo que serve pra tudo, e o dinheiro para comprar as coisas. Mesmo a construção de novas garotas é bem direta ao ponto, usando uns cubos de energia e dinheiro, sem a necessidade de adivinhar as "receitas" com  quantidade de cada recurso que pode dar origem a uma determinada menina-navio.


Se por um lado essa parte gerencial foi simplificada, o combate se tornou algo muito mais legal. Nada de batalhas automáticas, em Azur Lane você monta uma frota de seis meninas-navio, sendo que obrigatoriamente três na linha de frente (com cruzadores e destróieres) e três na retaguarda (com couraçados e porta-aviões). Na batalha, você move a linha frontal com um joystick virtual, e nem precisa se preocupar em atirar, pois essa parte é automática, só os torpedos é que são disparados manualmente. Por sua vez, as meninas que ficam atrás são dotadas de ataques mais fortes como a salva de canhões ou um ataque aéreo, que precisam ser carregados e acionados com botões à direita. Tudo usando gráficos chibi engraçadinhos das personagens.


O curioso é que cada fase possui um mapinha, e você deve mover as frotas em vários quadrados, tentando localizar as frotas inimigas. Existem diferentes tipos, como as esquadras principais, as forças-tarefa de porta-aviões, os grupos de reconhecimento e os comboios de carga. Os inimigos incluem não só outras meninas-navio, mas também navios normais em um estilo de desenho animado. E logicamente que cada fase tem um chefão, que é o navio-capitânea do grupo.


Esse é o ponto legal do jogo, o que o torna mais divertido. Você se sente "fazendo alguma coisa" no combate, driblando torpedos e atacando os inimigos mais perigosos, e não apenas assistindo algo aleatório. Embora exista a opção de batalha automática, na qual o computador controla as meninas-navio e os ataques da linha de retaguarda.


Outra questão positiva é que Azur Lane possui uma versão oficial em inglês. Diferente dos demais jogos acima, onde você precisa decifrar os hieroglifos japoneses ou chineses ou mesmo usar algum programinha do Chrome para conseguir entender, Azur Lane recebeu recentemente uma versão para o mercado ocidental, expandindo ainda mais o seu público-alvo. Tudo bem que uma hora ou outra eles derraparam na tradução, mas ao menos é mais fácil de entender.

Esse é um joguinho que eu admito que gostei também. E que vai merecer uma postagem dedicada muito em breve, nos moldes da que eu fiz do Kantai Collection. Embora a premissa de meninas-navio seja a mesma, aqui o jogo tem um estilo bem diferente e simpático, e que confesso que recentemente tem me atraído mais que a série Kancolle.

Apesar de todos esses jogos, muitos puristas ainda valorizam mais o Kantai Collection original. E eu concordo que em termos de personagens as meninas-navio de Kancolle são muito mais carismáticas. Talvez pelo fato do jogo enfatizar muito os "transtornos" de vidas passadas que elas possuem, associados à história do navio original, ou então por conta da existência de um desenho animado, que deu vida às personagens estáticas que vemos no jogo.


Mas é indiscutível que as garotas japonesas de Kantai Collection parecem ter adversárias a altura no Azur Lane, que também promete uma animação para em breve, e que também inclui personagens bem curiosas e com histórias marcantes, em especial no que diz respeito às americanas e japonesas, foco das missões. É um jogo bem legal, sobre o qual falarei em breve.


E, por que não, uma postagem comparando os dois jogos? Deve ser divertido.

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