Kantai Collection

Essa é talvez uma das postagens de origem mais curiosa que eu vou fazer aqui. Diria que é um grande exemplo de como a vida funciona, de como tudo vai se desenrolando de uma forma surpreendente, tudo por conta de certas decisões do passado. Tento muitas vezes perceber isso na minha atual condição de hoje, vendo como tudo é um reflexo de escolhas tomadas e caminhos trilhados em um determinado momento.

Filosófico, não? Tudo isso pra justificar este post sobre o jogo/anime Kantai Collection, também conhecido como Kancolle.


Você talvez se lembre que, em um determinado momento, eu decidi escrever aqui no blog sobre navios de guerra. Eu sei, é um tema muito nada a ver, não é o que você esperaria de um site como o meu, em que escrevo sobre atualidades, sobre um pouco de política de vez em quando, intercalada com as piadas, sátiras de filmes e dos Super Amigos e outras bobagens. Mas, como eu digo ali em cima, aqui tem de tudo, e isso me levou a escrever sobre navios de guerra. Como eu comentei lá atrás, sempre tive um certo fascínio por esse tipo de arma de combate, principalmente pelo fato de que os navios, em linhas gerais, eram únicos, cada um com sua história, desde quando levavam a garrafada durante o lançamento até serem afundados ou desativados. Sempre achei legal ler sobre as "biografias" dessas embarcações, conhecendo histórias das mais diversas, algumas heróicas, outras trágicas, e até mesmo aquelas que eram engraçadas e curiosas.

Eu já tinha feito duas postagens, a primeira sobre o couraçado japonês Yamato, e depois uma do porta-aviões norte-americano Enterprise. Aí então o próximo escolhido foi o cruzador japonês Mogami, aquele que era muito desastrado e bateu sei lá quantas vezes. Nessa ocasião, fui procurar por algumas fotos no Google, e você sabe como é, aparece de tudo... nada mais desagradável do que procurar por algo e se deparar com fotos bizarras e absurdas, algumas até obscenas, principalmente se por algum motivo você desativa aquele filtro de conteúdo.

Aí nessa busca percebi no meio das fotos em preto e branco do navio alguns desenhos em estilo japonês. Como este aí abaixo, com uma garota oriental com partes de um navio de guerra, que lembravam o próprio Mogami pelo qual eu buscava.


A curiosidade foi então ficando mais forte, me perguntando o que diabos era aquilo. Sei que japonês é uma raça maluca, eles inventam de tudo e talvez aquilo era apenas mais um exemplo dessas tosqueiras da terra do Sol nascente. Não aguentei mais, cliquei no link e fui levado para uma página estilo wikia, sendo assim apresentado ao tal Kantai Collection.

E não é que este simplório texugo viu, viu mais um pouco, gostou e agora virou fã?

Fiz questão de contar essa história pra justamente mostrar como que são as coisas. Se eu nunca tivesse despertado esse interesse por navios de guerra (em especial japoneses, talvez por influência do Patrulha Estelar), se nunca tivesse decidido há alguns anos em começar este blog e se nunca tivesse me dado na telha de fazer postagens sobre navios, provavelmente eu nunca iria conhecer o Kantai Collection. Como que a vida funciona, não é?


Enfim, passada a longa introdução, podemos finalmente focar no tema do post. Kantai Collection é um jogo lançado no Japão em 2013, que funciona no navegador de Internet e é gratuito, embora tenha a restrição escrota de só ser jogável no território japonês. Fora dele, só usando alguma VPN ou coisa parecida. Trata-se de um jogo de guerra bem peculiar, seguindo uma linha de "desenvolvimento": é como naqueles joguinhos de celular ou mesmo RPGs, com vários personagens que você vai desbloqueando e que precisa conquistar pontos de experiência ou acumular itens para melhorá-los. E em Kantai Collection, você faz isso com "navios"...

Coloco entre aspas, pois não são navios de verdade... mas sim garotas-navio antropomórficas.


Não precisa ir correndo atrás de um Aurélio, eu explico. Antropoformismo é quando representamos de forma humana algo que não é humano, um recurso muito usado pelos japoneses em seus quadrinhos e desenhos animados... melhor dizendo, em seus mangás e animes, para usar a nomenclatura correta e não ser xingado aqui pelos fãs da cultura oriental mais exaltados e puristas. 

Como disse, japonês é muito doido. E isso fica evidente quando vemos os diversos casos de antropoformismo que eles fazem, geralmente envolvendo garotas. Afinal, imagino que a grande maioria dos desenhistas japoneses é composta por adolescentes que só pensam em garotas, e muitos deles adeptos do antropoformismo. Misturam gente com animais, com veículos, objetos do dia a dia, países e até mesmo com navegadores de Internet! Qualquer coisa pode ser humanizada, a imaginação não tem limites.


Exemplo disso é a menina acima, a Earth-chan. Se você navega pelo 9gag de vez em quando como eu, sabe que essa aí é uma personagem que algum desocupado (provavelmente de olhos puxados) inventou, influenciado por toda a discussão acirrada entre pessoas normais e alucinados que acham que a Terra é plana. Com isso, criaram essa representação antropomórfica da Terra.

Não sei o que é mais tosco: japoneses tarados que criam representações femininas de qualquer coisa, ou acéfalos que em pleno século XXI não acreditam que a Terra é redonda... Continuemos, pra não me aborrecer.

E essa é a premissa de Kantai Collection. Em vez de fazer mais um jogo de guerra com simples navios, os desenvolvedores decidiram criar garotas misturadas com partes de navio. No nome japonês original, chamam de kanmusus, em inglês seria algo como fleet girls, ou garotas da frota... 


Se bem que, "garotas da frota" parece mais como nome de filme pornô estrelado pelo Alexandre Frota.


E não, não vou colocar foto dele aqui, porque não quero correr o risco de procurar no Google e ser agraciado com uma cena dele segurando a banana. Aqui é um blog de família, pombas!

Cada menina-navio (melhor assim) representa uma embarcação que lutou na Segunda Grande Guerra de verdade. Logicamente o foco é em navios japoneses, mas existem algumas poucas de outras nações também, como da Alemanha, França, Estados Unidos, Itália e Rússia.  


Um rápido parênteses... Coloquei de propósito a menina acima, que representa o cruzador Prinz Eugen da Alemanha. Se você olhar com detalhes, verá que a "suástica" em seu braço foi estilizada para não ser igual ao símbolo de verdade que se via na Segunda Guerra. Esse é o mote hoje em dia, fica todo mundo cheio de dedos em colocar um símbolo por achar que isso vai incentivar o nazismo, enquanto que os de outros regimes (como o martelo e foice do comunismo, que matou pra caramba também) são tolerados. Certa vez, um conhecido meu que faz plastimodelismo comentou de um concurso em que ele foi impedido de participar, pelo simples fato de ter feito um modelo de um avião alemão, e os organizadores acharam errado ele ter pintado a suástica nele.

Puta merda! O cara vai fazer um kit de um avião alemão da Segunda Guerra, e para que seja realista não tem nada errado em colocar os símbolos que eles usavam. Queria que fizesse o quê, substituísse a suástica por um smile?


Voltando ao jogo, como disse, em Kantai Collection você vai se deparar com várias garotas que são misturadas com partes de navios de combate. Antes que você venha a pensar algo doido, o antropoformismo é bem moderado, em que as meninas são normais, mas durante os combates elas "vestem" um equipamento que representa o navio real, como os canhões dos couraçados, lançadores de torpedo dos destróieres e até mesmo o convés dos porta-aviões.


Diria que esse é um dos pontos mais chamativos de Kancolle, em que cada garota acaba sendo uma representação bem fiel ao navio, não apenas fisicamente mas até mesmo um pouco no que diz respeito à personalidade, como se elas estivessem levando a "alma" das embarcações que combateram no Pacífico (o que aliás é uma das explicações que dão no jogo), baseada em seu histórico. Todas elas representam características dos navios de verdade, mostrando que os criadores estudaram bem a história de cada um deles.

Tomemos como exemplo a simpática mocinha abaixo chamada Kongo, que é a personificação do navio de mesmo nome. Uso o nome mais conhecido do navio, embora no jogo e no desenho a escrita seja Kongou, por algum motivo.


Esse cruzador de batalha japonês foi o primeiro de sua classe, e que foi na verdade construído na Inglaterra, antes do início da Segunda Guerra. A partir dele, os japoneses construíram outros três navios iguais. Tudo isso é de certa forma representado na personagem: em Kantai Collection, Kongo se apresenta como nascida na terra da Rainha, o que fica evidente em muitas de suas falas, em que ela usa palavras em inglês, chegando até ao ponto de falar da hora do chá, momento religioso dos britânicos. Pra completar, ela é a irmã mais velha, com três outras garotas que são suas irmãzinhas mais novas.

Pode parecer meio bobo, mas eu pessoalmente achei esse cuidado dos desenvolvedores algo muito legal. Isso aparece até mesmo em algumas das frases ditas pelas meninas-navio, que fazem referência a algum acontecimento real que aconteceu com sua contra-parte histórica. Por exemplo, se o navio que uma delas representa afundou por conta de um torpedo, ela demonstra uma preocupação de ser atingida por um deles, e assim por diante. Reforça aquela idéia de que cada navio tem a sua bibliografia, suas características, que acabam refletindo na personalidade das personagens.

Que são muitas! São mais de duzentas meninas-navio no jogo. É interessante perceber certos detalhes curiosos, em função do tipo de navio que cada uma representa. Por exemplo, as destróieres (veja que já estou usando os artigos femininos), que são navios menores e mais fracos, são meninas mais novas e frágeis, estilo menina com roupinha colegial, mas ainda assim com idade igual ou superior aos 18 anos. Assim espero, sabendo que os japoneses não costumam ter toda essa preocupação com a maioridade...


Se bem que vivemos em uma sociedade "politicamente correta" que considera lindo uma menina menor de idade tocar num adulto nu numa exposição de arte, e que acha que um certo cantor da MPB não cometeu pedofilia ao deflorar uma menina de 13 anos quando ele tinha 40, então provavelmente não deve ter muito problema em um jogo que mostra meninas vestidas de navio sem fazer nada de errado... Mas, deixemos de lado esse papo, e vamos voltar ao Kantai Collection, pois sabemos que quando eu começo a falar dos politicamente corretos a discussão vai longe...

As que representam encouraçados são geralmente mais velhas, adolescentes nos seus vinte e poucos anos, e tipicamente mais encorpadas, ou seja, possuem bazingas daquelas de desafiar a gravidade e totalmente exageradas para os padrões orientais. O mesmo vale para as que representam cruzadores, algumas bem desenvolvidas, beirando o exagero, como a mocinha sorridente abaixo, que parece estar assim toda curvada por conta da carga no sutiã...


Uma sacada curiosa fica por conta das meninas-porta-aviões. Geralmente são também mais velhas, só que em vez de estarem rodeadas por canhões, carregam um arco e flecha. Sendo que as flechas, quando disparadas, se transformam em aviões. Meio sem noção, sem dúvida. Mas ao menos é uma idéia original e bem executada.


Aliás, isso gerou uma série de dúvidas dos fãs, se perguntando sobre o tamanho das meninas. Pode parecer meio estranho eu dizer isso, mas pense comigo: se essas garotas aí de cima lançam flechas que viram aviões, e sabemos que os aviões não são assim tão pequenos, isso poderia dar a impressão de que as garotas-navio são gigantes. Afinal de contas, dentro do avião tem um piloto, e se tem a estatura de uma pessoa, isso faria que as meninas tivessem alguns muitos metros de altura, quase do tamanho dos navios de verdade. Hipótese essa defendida por muitos seguidores.

Acontece que essa idéia aparentemente é meio descartada... Primeiro, porque em alguns momentos elas interagem com pessoas que supostamente são de tamanho normal, como o próprio jogador. Segundo, porque no jogo quem pilota os aviões (e faz uma série de outras coisas, como os reparos) são bonequinhas engraçadinhas, que são chamadas de fadinhas, ou fairies em inglês, e que parecem mesmo pequenos gnomos. Fica a impressão de ser isso mesmo, pequenas criaturinhas que acompanham as meninas, de tamanho normal...


Sobre o jogo, confesso que só consigo me basear no que eu li e nos vídeos, já que não tem como jogar de fora do Japão (pelo menos sem usar nenhuma forma de burlar a região), e mesmo que eu tivesse acesso, dificilmente iria entender todos aqueles hieroglifos japoneses. Como disse, é um daqueles jogos de desenvolvimento, você vai encontrando "cartas" que representam as garotas-navio, e assim acumulando sua frota. Você personifica o almirante (denominado em japonês como teitoku), aparentemente o único homem em todo o oceano Pacífico, e que é responsável por comandar as meninas na guerra contra a Frota Abissal. Segundo diz a história do jogo, essas criaturas surgiram de alguma forma no fundo do oceano, impedindo que as pessoas navegassem nos mares em paz, e que muito provavelmente tinham outros interesses em pauta, como dominar o mundo... ou ao menos o Japão.


Interessante como os japoneses sempre criam esses inimigos misteriosos, que muitas vezes surgem do fundo do mar. Vide o Godzilla, fruto das bombas atômicas lançadas no Japão, que depois saiu lá debaixo pra fazer merda pelos cantos.


A Frota Abissal é bem monstrenga mesmo. Além de algumas que se parecem com as meninas-navio, mas geralmente com rostos pálidos e roupas escuras, existem alguns navios menores que parecem o cruzamento de Deus-me-livre com Cruz-credo. Pra completar, haviam os chefões, como navios mais poderosos e bases construídas em ilhas.


Esse aí parece um supositório dentuço...

Embora não exista nada claro que justifique essa idéia, eu fico com uma suspeita de que a Frota Abissal é em certa forma uma representação dos Estados Unidos. É uma teoria defendida por algumas pessoas, ainda mais se vemos que existe uma chefona que é chamada de "Ilha de Midway", justamente aquela da batalha mais marcante do Pacífico. Realmente é uma hipótese que faz sentido, como se o jogo representasse uma certa "vingança" contra os norte-americanos, que deram uma surra no Japão há mais de meio século atrás.

Porém, essa teoria pode estar furada... ao observar que recentemente criaram algumas meninas-navio que representam embarcações do Tio Sam, para a alegria do Trump.


Apesar da proposta de ser um jogo de guerra, Kantai Collection fica mesmo na linha do gerenciamento e desenvolvimento, quase como um Simcity, com o toque visual das garotas vestidas de navio. Você agrupa as meninas em até quatro esquadras de seis navios cada, as quais você pode direcionar para batalhas ou para expedições. No combate, você escolhe um local e uma missão, e depois a ação é muito automática. O caminho que seus navios seguem é aleatório, algumas vezes influenciado pela presença de uma determinada embarcação, e ao surgir um combate, no máximo você apenas escolhe uma formação e depois os ataques ocorrem sem a interação do usuário. Pelo que parece, existem alguns turnos iniciais, e depois você pode escolher se continua no combate noturno (onde alguns ataques ficam limitados, como aviões) ou se foge. Vencendo, você ganha XP e alguns recursos.


Uma curiosidade é que em Kantai Collection, se uma menina-navio morre, ou melhor, afunda... já era! Algo que parce que só acontece se você bobeia e deixa ela ser muito danificada. Falando em danos, o que se percebe é que quando uma das meninas-navio fica muito machucada, seu desenho muda para demonstrar seu estado de sofrimento... e, como esperado em um jogo japonês repleto de espécimes do sexo femino, esse estado envolve roupas rasgadas e poses meio provocantes.


Antes que venham a pensar bobagem, Kantai Collection não tem putaria. O máximo que se tem são figuras como essa acima, relativamente puritanas se comparamos com um desfile de Carnaval do Rio.

Além dos combates, existem as expedições. Na verdade, é como mandar uma esquadra para caçar recursos, como combustível, munição, aço e bauxita para reparos e upgrades. Tem também um modo player-versus-player, que na verdade é um combate de brincadeira, quase como um treinamento, em que os navios não acumulam danos e serve apenas pra ganhar experiência e pontos de moral. Cabe ressaltar que no jogo existem também as missões (quests), que podem ser associadas aos combates, expedições e PvPs, ou mesmo com algumas ações mais básicas, como modernizar um navio por exemplo. É tipo como esses jogos de celular, fazer algumas atividades, para no final ganhar alguma coisa.


Como esperado, existe meio que uma fábrica no jogo onde você pode fazer os reparos nas meninas que ficaram danificadas, assim como aplicar upgrades e modificações, desde que elas tenham acumulado a quantidade de pontos de experiência necessária, assim como ter recursos à disposição. Existe até a operação de modernizar um navio, que na verdade significa usar outros que você não queira mais, que são desmontados e viram matéria-prima para a reforma, aumentando algumas das estatísticas da felizarda escolhida. Algumas dessas modificações podem alterar de forma drástica o comportamento da menina-navio, muitas vezes mudando até mesmo a sua categoria. Essas alterações em geral refletem mudanças que foram de fato feitas nos navios reais.

Por exemplo, lembra do cruzador Mogami que falei naquele post? Talvez você se lembre que em um determinado momento ele ganhou um convés de vôo e virou um cruzador-porta-aviões. Mesma coisa aqui no Kantai Collection, a modernização faz com que ela ganhe um equipamento que é como um pequeno convés.


Adquirir meninas-navio é sem dúvida o grande objetivo do jogo, parece mesmo como um Pokemon. Algumas delas podem ser encontradas em missões, após combates. Outras você precisa construir na fábrica, seguindo uma "receita" de recursos e contando com uma dose de sorte (parece que o navio que você ganha é aleatório). Algumas poucas são restritas aos eventos sazonais, como acontece em muitos jogos hoje em dia. Nesse caso, você deve completar algumas missões dentro da duração do evento, para assim conquistar algo.


No fundo, Kantai Collection acaba sendo um joguinho de estratégia e desenvolvimento, com pouca (ou quase nenhuma) ação. O grande diferencial é mesmo essa jogada das garotas-navio, personificando um pouco mais as grandes embarcações que combateram na Segunda Guerra. São esses detalhes que chamam mais a atenção. Por exemplo, todas elas possuem áudios em que falam alguma coisa, seja em determinadas ocasiões (quando você as encontra ou faz um reparo) ou simplesmente ao clicar sobre elas em um determinado horário do dia. No jogo, existe também a figura da "navio-secretária", que nada mais é que a líder da primeira esquadra, e é quem aparece na tela principal, orientando o almirante no jogo.

Outra coisa bem curiosa é que o almirante pode se casar com uma menina-navio...


Sim, isso mesmo que você leu.

Embora logicamente esse casamento tenha toda a intenção de agradar os desejos loucos de japoneses virgens que se apaixonam por personagens de ficção, existe uma certa função prática para o casamento. Ao ganhar experiência, cada navio pode chegar no máximo ao nível 99. Porém, se o almirante se casa com ela, será possível incrementar suas estatísticas até o nível 165! Não é fácil conseguir o casamento, envolve completar algumas missões ou até mesmo pagar dinheiro de verdade pra conseguir... mostrando que o matrimônio pode custar caro.

E pra endoidar de vez, é possível casar com mais de uma! Faz sentido sob o ponto de vista de melhorar o status... mas é um verdadeiro dedo médio pra velha e boa monogamia.

Enfim, Kantai Collection teve uma grande repercussão no Japão, e não demorou para conquistar o restante do mundo também. Ok... talvez não seja tanta gente assim, mas é um grupo de fãs fiel. Todo mundo tentando aprender um pouco de japonês pra entender o jogo, ou mesmo usando alguns guias na Internet que explicam o que cada botão faz. Existem até mesmo alguns programas, tipo extensões do Chrome, que ajudam um pouco ao gerar meio que uma tradução dos principais comandos e ações... Algo que ajuda aos não-japoneses entenderem esse jogo que virou febre na terrado Jaspion.

E logicamente que todo esse sucesso trouxe diferentes outras formas de merchandising, principalmente com livros e revistas em quadrinhos (desculpe, mangás), jogos de RPG, estatuetas e brinquedos e tudo que se possa imaginar. Até o Pizza Hut entrou na onda, colocando as meninas-navio nas suas promoções.


Além disso, foram criadas duas outras versões do jogo. Uma para o Playstation Vita, que é muito semelhante ao jogo original, mas que incorpora algumas mudanças, muitas delas aparentemente no maior uso de estratégia nos combates. E outra que saiu para os arcades, em que parece ser um jogo com mais de ação nas batalhas, onde as meninas-navio são tridimensionais e se movimentam. Tem um visual sensacional, mas certamente é algo que nunca veremos fora das terras orientais.


Nem precisa dizer que, no meio de todos os produtos associados, não poderiam faltar os desenhos de putaria, os manjados hentais. É como diz a tal da "regra 34" que virou meme: se alguma coisa existe, existe algo pornográfico dela. Ainda mais quando falamos de japoneses e seus fetiches alucinados. Repito que Kantai Collection não nasceu com essa intenção (embora alguns jogos de sua produtora sejam claramente sexuais), mas um jogo repleto de garotas é prato cheio para fãs tarados que inundam a Internet com desenhos das garotas fazendo de tudo...


E não... não vou colocar aqui, pois não quero correr o risco de ver uma mocinha simpática e meiga como essa aí de cima desenhada de forma pervertida... tipo sendo atingida por um torpedo...


Seguindo nas demais produções, vale a pena dedicar alguns parágrafos ao desenho animado (desculpe de novo, anime) baseado no jogo. Diferente dos demais produtos, onde a maioria parece que é não-oficial, essa animação japonesa teve o dedo do desenvolvedor do jogo, e talvez seja a forma como a maioria dos ocidentais conhece a série, sendo o caso deste texugo que aqui escreve. A primeira temporada foi ao ar no Japão em 2015, sendo lançada em DVD e Blu-Ray, e que podemos assistir em diversos sites aí pela Internet, tanto em versões legendadas como dubladas.


Nessa animação, fizeram uma história baseada na destróier Fubuki (a menina do meio ali em cima), que ingressa na base naval e tenta fazer o seu melhor. Fica muito fácil perceber as tramas típicas que são extremamente manjadas em um desenho: ela começa toda desajeitada, mas logo ganha a inspiração para ser a melhor de todas as meninas-navio, e então passa pelos momentos de decepção, alegria, angústia, medo e bravura, até atingir a redenção no último episódio. Apesar de ter todos esses elementos narrativos não muito originais que vemos desde os Cavaleiros do Zodíaco, a série animada de Kantai Collection é bem divertida, incluindo os momentos engraçadinhos de Fubuki com suas amigas destróieres Mutsuki e Yudachi.

Vale um parênteses: várias meninas-navio possuem algum tipo de... sei lá, algo como um "distúrbio de fala". Melhor, diria que são como gírias ou formas de falar peculiares, que vem lá do próprio jogo. Por exemplo, muitas falam sempre de si mesmas na terceira pessoa, algumas repetem certas palavras sempre. E a loirinha Yudachi é uma delas, que sempre usa a palavra "poi" nas suas falas.

E alguém me explica, o que diabos é "poi"?


Não faço idéia, mas é engraçadinho quando ela fala isso.

Seguindo, lógico que em uma série de apenas 12 episódios de 20 minutos não tem como mostrar todas as meninas-navio do jogo, e assim algumas ganharam um protagonismo maior. Se destacam as porta-aviões Akagi e Kaga, sendo a primeira delas a ídolo de Fubuki, e as quatro irmãs que representam os couraçados da classe Kongo, incluindo a sapeca e energética Kongo, que é admirada exageradamente pela sua irmã Hiei, a inteligente e nerdzinha Kirishima e a meiga e doce Haruna.


Tem também as quatro menininhas da propaganda do Pizza Hut acima, inseparáveis destróieres que estão sempre arrumando confusão, incluindo um episódio inteiramente dedicado a elas, enquanto participam de uma inexplicável competição de quem faz o melhor curry. Outras personagens de destaque são as cruzadores leves Ooi (a de cabelo castanho) e Kitakami (a de cabelo preto), sendo que a primeira delas é apaixonada pela segunda, mostrando que até os japoneses se adaptaram a nova realidade de gêneros e relações.


Não podia faltar também Yamato, que aqui também é a menina-navio mais poderosa, juntamente com as encouraçadas Nagato, que é a tal da secretária que comanda as missões com seriedade, e sua irmã Mutsu, que trabalha como assistente e admira muito a sua irmã.


Antes que você pergunte, a gaivota não é ninguém... Só aparece de bicona mesmo.

No desenho também tem a figura do almirante... Mas ele não aparece, na verdade só vemos uma hora ou outra uma sombra genérica ou temos meio que a sua visão em primeira pessoa. Tática bobinha mas interessante, para que os jogadores sintam que são eles ali participando do desenho, o que não funcionaria se o sujeito mostrasse a sua cara e fosse tão absurdo como aquele capitão do Tintin... que por algum motivo me lembra o Brutus do Popeye.


Aliás, essa questão do almirante completamente oculto é percebida no jogo também, não tem nenhum tipo de referência a ele. Hoje os recursos de customização são tão comuns nos jogos, podiam ter incluído algo parecido. Mas não, a figura do almirante é um verdadeiro mistério, não aparece em nenhum momento. Tanto que alguns quadrinhos fazem piada com isso, representando o sujeito como um almirante que não tem rosto, no lugar apenas uma letra T, de teitoku, que como disse é o nome em japonês.


Absurdo, não?

Voltando para a animação, ela pode não ser uma mega-produção, mas sem dúvida diverte, mesclando momentos mais sérios com um humor inocente que arranca algumas risadas. É interessante observar também certos detalhes, como por exemplo o fato de que as docas para reparos são representadas como aqueles banhos japoneses de águas ferventes. Assim, a menina-navio que ficou danificada depois de uma batalha fica ali horas, curtindo um ofurô para recuperar as suas energias. A menos que alguém use um balde (!?) de reparo instantâneo, provavelmente uma referência ao jogo. E, esfriem suas cuecas, tarados de plantão, pois não aparece nada de revelador nesses momentos. As meninas aparecem sempre envoltas em toalhas, mergulhadas na água fervente ou protegidas por fumacinhas estrategicamente bem colocadas.


O anime de Kantai Collection veio a ganhar uma continuação sob a forma de um filme em 2016, que eu por enquanto ainda não o assisti (isso porque estou aguardando a versão dublada, não consigo aguentar diálogo em japonês). E existem fortes rumores de uma segunda temporada da série que será lançada em breve.

Tenho que admitir... Eu comecei a gostar muito dessa série, não sei explicar o porquê. Repito o que eu disse lá em cima, eu sempre achei interessante ler sobre a história de navios, tendo essa influência ao crescer assistindo Patrulha Estelar na Manchete, o que me levou a despertar uma curiosidade por saber mais sobre a história dessas embarcações de combate. Naturalmente com a influência da nave espacial Yamato, eu tomei gosto em especial pela marinha imperial japonesa, com navios que eu achava mais legais, com histórias mais marcantes e nomes mais engraçados (admita, um navio chamado Kaga certamente arranca risadas). Assim, não é de se surpreender que uma produção focada nesses navios japoneses, com essa idéia original e curiosa de representá-los como meninas-navio, que reproduzem todos os detalhes históricos e sutilezas que eu lia nos livros com grande fidelidade, viria a chamar a minha atenção.


Digo que um mês depois de conhecer Kantai Collection, já estava assistindo aos capítulos da série, caçando quadrinhos traduzidos para o inglês e procurando tudo possível sobre a produção. Não sei se é fogo de palha, ou se é algo que vai perdurar algum tempo, mas digo que por enquanto eu assumo que virei fã de carteirinha.

Sei que vai aparecer gente me chamando de babaca, por estar na verdade é babando pelas graciosas meninas que vestem partes de navios da Segunda Guerra Mundial. Bom... admito que isso contribui sim, não incomoda à vista. Mas não é o motivo principal, a idéia é bem curiosa e original, me chamou a atenção sim pois é uma sacada legal, ao personificar navios que tiveram suas histórias reais e acontecimentos marcantes.

Mas vamos lá, eu admito que algumas delas são muito bonitinhas e atraentes. Uma que eu acho irresistível é a Mutsu, com seu jeitinho sedutor e doce, principalmente se observamos no desenho, onde ela tem uma participação bem efetiva. Representa um couraçado bem azarado também, que explodiu sem mais nem menos enquanto estava no porto. Um dia farei um post da série de navios sobre essa história.


Acho ela uma gracinha sim... Embora existam muitas piadas quanto ao visual dela, com essas antenas saindo da cabeça, e que por algum motivo dizem que ela parece uma lesma...


Não posso deixar de lado a meiga Haruna, uma das irmãs Kongo. No desenho ela tem uma participação discreta, mas nos poucos minutos que aparece cativa qualquer um com sua personalidade amorosa. Ainda mais com o seu modo de falar, sempre referindo a si mesma na terceira pessoa.


Muito bonitinha mesmo... Eu realmente não resisto a uma moça meiga...

Algo curioso a se comentar é que não demorou para lançarem cópias do jogo. Digo clones mesmo. Algumas bem descaradas, pelo que vi alguns sujeitos usaram as mesmas imagens e estilo para criar uma suposta versão em inglês do Kantai Collection, que foi tirada do ar provavelmente por conta do plágio. Outra cópia foi um jogo chinês traduzido como Warship Girls, disponível para Android e iOS. Cópia muito descarada mesmo, repetindo as mesmas idéias, com os mesmo os itens e as opções, até os inimigos são chamados de Abissais também. Foi talvez uma tentativa dos chinas de criarem um jogo desse estilo, já que Kancolle só está à disposição no Japão, e as duas nações historicamente não se bicam muito. Apesar de ser uma cópia cretina, Warship Girls tem como ponto interessante o fato de que há uma maior distribuição de países, com meninas-navio dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e até mesmo de nações pouco expressivas, como Holanda e Turquia.


Tem um outro que estão fazendo, está por enquanto naquela campanha de arrecadar fundos, que se chama Victory Belles. Embora traga a mesma idéia principal, com garotas misturadas com navios, parece que aqui será proposta uma forma de jogo diferente, mais focada no combate naval mesmo. É uma idéia interessante, considerando que o combate em Kantai Collection é mais aleatório que jogar um par de dados. Da mesma forma que o seu primo chinês, o jogo trará navios de diferentes nacionalidades, com o toque curioso de que cada uma fala em seu próprio idioma. Tipo, a menina-navio russa fala russo, com direito a todos aquelas letras impossíveis de se entender.

Mas nenhum deles se compara com Kantai Collection. Parece que os desenvolvedores conseguiram criar personagens de muita simpatia, super carismáticas e um jogo que, segundo aqueles que conseguem jogar, é bem divertido. E o desenho animado, mesmo estando longe de ser uma super-produção, é bem-feitinho e agradável de se ver, mesclando bem as cenas de combate, de piadas e até mesmo umas com emoções bem fortes.


Aliás... Estive pensando aqui...

E acho que eu vou fazer uma coisa aqui no site: vou fazer postagens destinadas a contar os episódios da série animada. Talvez eu não vá tanto na linha da sátira, como faço com os Super-Amigos, mas logicamente vai ter espaço para algumas piadas como de costume. Vamos ver se a idéia vinga, eu acho que vai ser legal para conhecer um pouco mais dessa história.

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