Bizarrices no laboratório

Tive outro dia que fazer alguns exames, pedidos pelo meu médico. Aqueles exames mais comuns, nada muito grave, como o exame de sangue e dessa vez, infelizmente, tive que fazer também o exame de urina. Infelizmente pois é toda uma trabalheira para coletar a urina logo de manhã, como já comentei algum tempo atrás nesse post aqui. Pelo menos, não precisei fazer exame de fezes, o mais desagradável de todos, já tem um bom tempo que não preciso coletar as minhas necessidades para um médico examinar.

Aliás, parei para pensar agora numa coisa: você consegue imaginar profissão pior do que trabalhar em um laboratório médico? Tendo que passar o dia abrindo potes plásticos contendo mijo ou bosta, e ter que ficar olhando no microscópio? Me faz avaliar o meu emprego, e ver que não é tão ruim assim...


Caraca, acho que nunca vi uma estátua tão sem noção! O médico ali segurando uma lata enquanto o molequinho tá cagando! Continuemos...

Enfim, eu já havia comentado no post mencionado toda a trabalheira que dá se preparar para esses exames enjoados (faz parte da técnica "vale a pena ver de novo", para trazer de volta alguns posts da época que o blog tinha 3 visitas mensais). Mas o que me levou a falar novamente sobre esse tema foi testemunhar o tipo de pessoas que a gente precisa aturar quando vamos fazer um exame desses. Sinceramente, acho que eu estou ficando cada vez mais anti-social, sem a menor vontade de conviver com gente bizarra, continuando assim eu vou acabar me mandando pro nada e me esconder em uma caverna...

Por exemplo, um tipo muito comum nesses laboratórios são aquelas pessoas que não tem nenhuma vergonha de sair por aí mostrando as suas necessidades. Como eu comentei na outra postagem, nessas horas o mais indicado é pegar um saco plástico que não seja transparente para transportar o pote com o material, é mais discreto. Qualquer um serve, de preferência um de farmácia ou de mercado. E se você está com dificuldades de arrumar um saco plástico desses, devido a toda essa nova onda de consciência ambiental que está tirando de circulação as sacolas plásticas (uma babaquice, pois de nada adianta reduzir a produção de sacolas plásticas se a sociedade polui o meio ambiente de 2864 outras maneiras), serve até uma daquelas sacolas de papelão, tipo de lojas de roupa. Afinal de contas, não é muito agradável sair por aí, carregando um pote com urina ou fezes, é o mínimo de consideração que podemos ter pelos demais transeuntes, poupando-os de ver aquilo que você normalmente faz no vaso de seu banheiro.


Mas, nesse dia eu tive o desprazer de presenciar um sujeito que aparentemente não via problema nisso. Era um velho (laboratório tá cheio de gente velha), que estava na minha frente na fila, segurando um pote com sua amostra de urina. Sim, totalmente exposto! Estava lá, aquele potinho plástico cheio até a boca com aquela mijada amarela, repousando no balcão, enquanto o velho assinava a papelada. Fala sério! Ainda bem pelo menos que não era um exame de fezes...

Outro tipo comum é o idiota que não segue as regras do preparo. Sabe como é, certos exames exigem que você, por exemplo, fique de jejum por 8 ou 12 horas. Uma vez já vi um metido a gostosão, que quando indagado pela funcionária se ele tinha feito jejum, ele disse que tinha ficado sem comer sim... Mas que tinha bebido cerveja. E ficou todo puto, pois a mulher não deixou ele fazer o exame, dizendo que ele tinha que estar sóbrio... Deve ser muita vontade de levar uma picada...

Aliás, você sabia que para o exame de sangue não basta apenas estar de jejum? Quando fui preencher a ficha, a enfermeira perguntou primeiro se eu tinha ficado de jejum por 12 horas, e depois da minha resposta afirmativa, mandou essa:


"Você está com total abstinência de sexo nas últimas 48 horas?"

Sério, naquela hora, pensei: quem dera que fossem apenas 48 horas de abstinência...


Passado o momento Forever Alone, outro tipo de pessoa que vemos é a senhora de idade que fala pelos cotovelos. Nunca falha, você pode ter certeza de que você vai encontrar um desses espécimes em salas de espera de laboratórios e médicos. Sabe, até posso entender que pode ser uma pessoa solitária querendo conversar, é aceitável... Mas certamente poderia ser outro assunto diferente de coisas como que cirurgias ela fez, do que morreu suas amigas e parentes ou sobre os médicos com quem ela se consultou na última semana. Pior quando então tem duas dessas numa mesma sala... Sério, nessas horas, quando estamos aguardando médico ou para fazer um exame, a pior coisa é ficar escutando essas coisas negativas de doenças e outros assuntos médicos. Que falasse de novela, cacete, é menos deprimente... Sorte que aonde quer que eu vá, levo um MP3 para me isolar do mundo.

Ah, outro tipo que me diverte são os apressadinhos e estressados com fila... É muito comum que quando a gente vá em um laboratório ou clínica para fazer um exame, existem diferentes salas, para diferentes exames. Com isso, pode ser que alguém que chegou depois de você seja atendido antes, por estar fazendo um exame diferente que o seu. Algo perfeitamente compreensível para o ser humano comum, mas não para aqueles babacas apressados, que querem sempre levar vantagem.

Uma vez eu fui o pivô de uma situação dessas, quando eu cheguei na sala de espera e após poucos minutos fui chamado para fazer o exame, e tinha um desses cocô-boys (que devia ser aprendiz de advogado de Ipanema) que se levantou, dizendo que era absurdo eu estar furando na frente dele. Veio ainda reclamar comigo, deixei ele ali bostejando... Esse tipo de gentinha eu gosto é de ficar longe.

E pra fechar, um dos tipos mais bizarros e engraçados são os esfomeados! Como ao fazer o exame de sangue a pessoa fica de jejum, é muito comum que os laboratórios tenham um lugar onde se dá alguma coisa para comer. Normalmente com um café ou chocolate quente, e até uns biscoitos e bolos, para que as pessoas possam forrar o estômago depois de ficar meio dia sem comer nada... Mas é só pra dar aquela enganada na fome, e mesmo assim tem umas pessoas totalmente sem noção, que acham que podem fazer ali o seu café da manhã! Já vi de tudo, desde gente que pedia uma montanha de biscoitos até aqueles que reclamavam que o café da manhã era muito mixuruca!


Ainda bem que não é sempre que eu faço exames... Difícil aturar essa "fauna" peculiar que habita os laboratórios...

Comentários

Anônimo disse…
Olá Texugo Maluco, como vai?
Gostaria de expressar minha opinião sobre o post. Eu sou uma estudante de Biomedicina, uma profissão que comumente trabalha com exames laboratoriais (não que seja a única atuação do Biomédico, mas a mais comum delas), e nesses exames laboratoriais é muito comum a execução de exames de fezes e de urina... De fato, muitas dessas coisas que você comentou acontecem em um laboratório (na ótica do paciente) e de fato parece ser uma profissão literalmente "de merda", mas não é... Eu sei que isso é algo muito individual, cada pessoa tem sua opinião sobre coisas que considera como interessantes; mas de verdade, procurar estruturas no microscópio é bem mais interessante do que parece... O "problema" do exame de fezes, na minha opinião, é o cheiro, mas se o paciente tiver sido orientado direitinho e tiver seguido as orientações fica mais tranquilo para o profissional... Por exemplo: nem todo mundo sabe que não é preciso encher o potinho com fezes, apenas um pouco do material já é suficiente. Se a pessoa enche o potinho e não refrigera a amostra, bactérias se multiplicam consideravelmente na amostra e quando o profissional abre o potinho.... Nem queira saber!! kkkkk