Happy Cubo

Mais um daqueles momentos de nostalgia, em que me recordo de coisas do passado que me marcaram de alguma forma. E que me fazem pensar como que o mundo está mudando, se tornando cada vez mais digital. Não que seja algo ruim, afinal de contas a digitalização trouxe uma série de coisas que jamais poderíamos imaginar há alguns anos, que proporcionam conhecimento, entretenimento e comunicação de uma forma simples. Mas, por outro lado, tem horas que eu penso como que isso tem extinguido certas coisas mais físicas, que ainda tem suas vantagens. Por exemplo, a sensação de virar as páginas de um livro, que não temos ao clicar em um tablet ou leitor digital. O mesmo vale para as brincadeiras de criança, que na minha opinião são ainda mais afetadas: afinal, é importante que a criança tenha a vivência física com brinquedos, jogos e quebra-cabeças físicos, que são importantes na sua formação.

Toda essa introdução é para falar de uma diversão que eu me lembro de minha infância, que ainda resiste (pelo menos no exterior) e que acho muito legal: os simpáticos Happy Cubos, que lá fora são conhecidos como Happy Cubes.

Quando se fala de quebra-cabeça e da forma geométrica de seis faces iguais, logo pensamos no popular cubo mágico. Claro, realmente o cubo mágico é algo que existe até hoje, inclusive com versões modernas e de movimentos rápidos, que geralmente aqueles que são diferenciados conseguem resolver em poucos segundos. Eu nunca curti muito, só tive um cubo mágico e depois que o "desmontei" nunca mais consegui resolvê-lo. Embora hoje em dia existam sites e aplicativos que podem indicar as instruções para que você deixe as faces coloridas devidamente alinhadas, na época não tinha jeito. 

Talvez por isso eu comecei a me interessar mais por um outro quebra-cabeça cúbico, que eram os tais Happy Cubos. Curioso foi como o conheci: quem é das antigas lembra que tinham aquelas revistas de videogame que saiam nas bancas, com truques para passar daquelas fases difíceis e lista de golpes dos jogos de luta. Certa vez, uma delas veio com um brinde, que era justamente um pequeno desses Happy Cubos. Era bem legal, e logo eu consegui arrumar (não me lembro como) o jogo completo, com seis cartelas de espuma, uma para cada cubo. 

Cada cartela possui seis peças com formatos diferentes, que são montadas para dar forma a um pequeno cubo de espuma, sendo que cada uma tem um formato diferente. A grande sacada é saber como fazer o encaixe correto para gerar o cubo e assim vencer o desafio. Algo interessante é que as seis cartelas tem uma dificuldade crescente, exigindo mais neurônios para chegar na forma final: começando com o azul, e depois seguindo pelo verde, amarelo, laranja, vermelho e roxo, que era o mais difícil. E diria que até a etapa de montar as peças de volta na cartela também representava um desafio interessante, especialmente se você não lembrasse como era a condição original.

Mas não parava aí: além de montar cada um dos seis cubos coloridos, também tem como testar os desafios mais avançados, usando duas ou mais cores ao mesmo tempo. Afinal de contas, os encaixes retangulares eram compatíveis entre si, e assim é possível montar formas mais complexas, indo desde um cubinho simples com seis cores (ou seja, usando uma peça de cada cartela) até geometrias maiores, como um cubão com quatro peças em cada lado ou uma cruz. Do que me lembro eu só consegui montar o cubo de seis cores e acho que um pequeno paralelepípedo 2x1. 

Vale um pouco de história: os Happy Cubes são de origem belga, criado por um sujeito chamado Dirk Laureyssens, nos anos 80. A ideia era criar um jogo educativo e lúdico para crianças, mas acabou que o quebra-cabeças caiu no gosto de todas as idades. A ideia de peças intercambiáveis e dificuldade ajustável foi muito bem bolada, proporcionando uma diversão quase que infinita, misturando diversas combinações de cubos.

Provavelmente uma certa matemática foi usada para criar o quebra-cabeças, especialmente quando olhamos as peças em detalhes. Cada uma delas está "contida" em uma grade 5 por 5 de quadrados, sendo que o "miolo" interno de 3 por 3 sempre é mantido. Assim, as bordas possuem uma disposição específica que forma a peça. Pra você ver que tem até artigos científicos que são focados nestes pequenos cubos de EVA, bolando algoritmos de solução e muito mais. 

Embora os Happy Cubos apareceram aqui no Brasil lá pelos anos 80 e 90, acho curioso como que hoje em dia parece que eles sumiram de vez. De curioso, procurei em sites de lojas de brinquedos e no Mercado Livre, mas não vi nem sombra deles. Por sua vez, lá no exterior os Happy Cubes continuam presentes, inclusive com outras variantes, como você pode ver na imagem abaixo.

Para atender às crianças mais novas, foi criada a série Junior, com peças mais simples e com desenhos do lado de fora das faces do cubo, tornando a montagem mais fácil para os pimpolhos em idade pré-escolar. E para aqueles que estivessem achando a série original fácil, as categorias Pro e Expert vieram com cubos de montagem mais complexa. Não sei se dá pra misturar categorias diferentes, embora o padrão de construção das peças indique que sim.

Mais um breve relato pessoal sobre a minha experiência com os cubos, os originais de minha infância/adolescência (incluindo o brinde da revista) eu honestamente não faço ideia de onde estejam, se é que estão ainda guardados em alguma caixa fechada e escondida dentro de algum armário. Felizmente, o meu primeiro lampejo de lembrança nostálgica pelos Happy Cubos não foi exatamente agora, mas há alguns anos atrás. E naquele momento eu já tinha procurado por eles aqui, e como não os achei, consegui achar alguém vendendo um kit no Mercado Livre. Estes mais novos ainda tenho, e até joguei um pouco para matar as saudades.

Acho muito legal como que existem certos jogos e passatempos bem bolados. Seria legal que os Happy Cubos voltassem por aqui mais uma vez, estou certo que iriam divertir pessoas de todas as idades, com uma atividade criativa e inteligente. 

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