Um sonho muito doido

Vamos para uma postagem diferente e bem incomum. Sim, não vou falar de política, ou de navios, ou de jogos de videogame, nem tampouco fazer uma sátira de algum episódio tosco dos Super Amigos (algo que eu sinto falta de fazer e preciso retomar). Dessa vez será um daqueles raros momentos em que conto algo que aconteceu comigo, porém sempre prezando pela minha inestimável privacidade. Não pretendo entrar em detalhes ao meu respeito, sou muito precavido em relação à minha vida digital, até mesmo em outros lugares e redes sociais onde costumo compartilhar mais ao meu respeito. Mas isso não vai impactar o texto, sobre algo que aconteceu comigo.

Se bem que na verdade aconteceu comigo quando cai nos "braços de Morfeu". E antes que venham a pensar em viadagem, essa é uma expressão de origem mitológica que se refere a quando caímos no sono. Ou seja, na prática é sobre um sonho bem bizarro e absurdo que eu tive recentemente.

Claro que todo mundo já sonhou ao desabar no sono. Pelo menos comigo isso acontece naquelas noites em que estou cansado para pra cacete e apago assim que eu desligo as luzes e fecho os olhos. Felizmente não tinha sido uma noite em que os putos de meus vizinhos fizeram barulho, assim consegui dormir tão bem a ponto que eu tive esse sonho. E foi um sonho que eu visualizei de forma muito clara, me senti como se estivesse realmente passando por todas aquelas situações, por mais inimagináveis que fossem.

O mais curioso de tudo é que, quando acordei, ainda consegui manter uma certa boa lembrança do que eu tinha sonhado. Aposto que isso já deve ter acontecido contigo, é muito comum que quando despertamos de um sonho, rapidamente esquecemos o que se passou, com sorte ficam algumas vagas lembranças nebulosas. Creio que que isso acontece quando somos acordados de forma repentina, o que corta o sono de forma abrupta e talvez impeça que aquelas imagens sonhadas se fixem em sua memória. 

Como eu dormi de forma plena e acordei meio que naturalmente, acho que por isso que eu guardei ainda tudo em minha cabeça. Mas mesmo assim eu corri para um pequeno caderno que deixo em minha cabeceira para anotar. Uma de minhas novas manias, pois tenho ficado tão esquecido ultimamente que sempre que tenho uma ideia ou me lembro de algo a fazer, corro lá e anoto. 

Mesmo tenho uma boa lembrança de tudo que "vi" assim que acordei e tendo anotado, a verdade é que os três principais momentos deste estranho sonho ficaram assim meio enevoados e desconexos. E a lembrança ficou mais forte para o último deles enquanto que o primeiro ficou bem volátil, o que acho que até faz sentido, esquecer antes aquilo que era mais antigo. Embora você vai ver que terá até uma boa motivação para ter feito que o último "trecho" do sonho tenha ficado mais marcado em meus neurônios.

Vamos então, só de brincadeira e zoação, narrar o que passou em minha cabeça, enquanto eu dormia profundamente a ponto de babar o travesseiro.

A primeira parte, como disse, pouco me lembro. Só me recordo que eu tinha voltado para a escola (o que para muitos seria um pesadelo)... só que as pessoas que estavam ali não eram do meu tempo de escola: eram colegas da época da faculdade e até mesmo alguns que eu fui conhecer na minha vida adulta, como um ou outro que lembrava alguém do trabalho. 

Honestamente, eu me lembro de ter tido sonhos assim, onde coisas desconexas aparecem juntas. Tipo quando você visualiza a sua casa, mas ao abrir a porta do quarto você entra no banheiro da casa de sua avó ou quando enxergamos algum outro lugar familiar e após um passo estamos em outro. Sei lá, deve ser por causa de algum sentimento de desorientação...

Antes de mais nada, não estou vindo aqui pra bancar o interpretador de sonhos. Sei lá que diabos significam... Vou até dar algumas opiniões, mas aqui não é daquelas páginas esotéricas que tenta arrumar alguma explicação de porque você tem aquele sonho onde os dentes ficam soltos em sua boca ou quando tem aquela sensação de estar caindo num abismo.

Aliás, sonhos (ou melhor, pesadelos) que acho que todo mundo já teve.

Enfim, não em lembro muito dessa primeira parte. Sei que conversava com alguns, como se estivesse esperando a aula começar. E aí a cena mudou para a segunda parte, que até me lembro com certos detalhes.

Passou pela minha cabeça uma cena de como se eu estivesse saindo de um aeroporto, chegando de uma viagem para algum lugar desconhecido e bem estranho. Pra começar, o céu era meio avermelhado, como naquele filme Vingador do Futuro (o original), em que apagavam a memória do Schwarzenegger e ele ia pra Marte, onde tinha aquele puteiro com a mulher de três peitos.

Bons tempos quando filmes assim, com demonstrações gratuitas de bustos triplos ao natural e litros de violência sanguinária, passavam de boa na Sessão da Tarde pra alegria da garotada. Continuemos...

Além do céu vermelho, me lembro que apareciam dois sujeitos para falar comigo. Um deles eu confesso que não me lembro muito bem, parecia ser um cidadão genérico, tipo aquele NPC que fica zanzando pela cidade e ninguém liga quem é. E o outro, que era quem falava, era uma exata cópia do Roger "Race" Bannon, dos velhos desenhos do Jonny Quest.

"Quem é esse merda?", certamente será a pergunta da imensa maioria dos visitantes que não via os desenhos do Hanna-Barbera. Esse passava no SBT, contando as aventuras do moleque Jonny Quest, juntamente com seu pai, o Dr. Benton Quest (o barbudo de jaleco), um garotinho indiano de turbante e que fazia mágica do Mister M chamado Hadji, o cachorro tosco com olheiras Bandit, e o sujeito metido a machão de camisa vermelha, que era o tal "Race" Bannon, o responsável por dar porrada nos bandidos em todos os episódios. Afinal de contas, não tinha como ter um desenho desses, voltado para os meninos, que não tivesse uma boa dose de porradaria.

Aliás, nunca entendi de onde esse cara tinha surgido. Tudo bem, Jonny é o personagem principal, o doutor é seu pai, Bandit o cachorro e Hadji provavelmente um pivete que o pai comprou em uma viagem para a Índia para servir de amigo/escravo de seu filho... e qual era desse sujeito? Será que esse cara não tinha nada melhor o que fazer, em vez de ficar servindo de aspone e guarda-costas de um pesquisador engomadinho e seu filho mauricinho? Tudo bem que devia ser gratificante dar uma surra em um monte de pigmeus africanos famintos, neo-astecas fanáticos ou outro tipo de criatura alucinante que inventavam no desenho, mas deve ter coisa melhor pra se fazer pra ganhar a vida...

Voltemos ao foco, já é a segunda vez que eu me distraio...

Enfim, o sujeito veio conversar comigo algo que eu certamente não lembrarei, mas fico com a impressão como se estivesse dando boas-vindas para aquele lugar estranho onde eu tinha chegado. E depois os dois me levaram por algumas ruas desertas, até chegar em um carro (também vermelho) extremamente tosco.

Não sei como descrever a bizarrice de automóvel que me apresentaram. Mas o mais absurdo de tudo é que quando fui procurar na internet pela imagem de um carro feio e escroto, apareceu justamente a foto aí de cima que lembra a bosta de veículo que eu estava vendo em meu sonho. Até a cor é igual! O carro tinha mesmo uma cara de pato, e parecia meio curto e largo demais, como se tivessem cortado fora um pedaço dele. Pior de tudo, antes de escrever esta postagem, eu jamais fazia ideia da existência dessa merda.

Só como curiosidade automobilística, essa merda aí existiu mesmo, era o Sebring Vanguard, lançado no final da década de 70, e figura nas listas de carros mais feios de toda a História.

Seguindo com esse sonho louco, o clone do aspone do Jonny Quest começou então a me dar algumas aulas de como dirigir esse carro, e aí é que teve algo que eu me lembro bem e que só mesmo a mente de um texugo esgotado e sem noção poderia imaginar. Faz pensar como que nosso cérebro é capaz de tanta coisa brilhante... mas também tem a capacidade de bolar tanta inutilidade.

Na minha imaginação, esse carro era pra uma pessoa só (afinal de contas, qualquer um ia preferir ficar a pé do que pegar carona naquela coisa), e por algum motivo o "jênio" que havia projetado o carro tinha colocado o pedal do freio no lado esquerdo e o pedal do acelerador no lado direito da cabine. 

"Mas, pôrra... essa não é a posição dos pedais, cacete?", você deve estar se perguntando. Sim, essa é a posição dos pedais em um carro. Mas eu estava me referindo ao pedal do acelerador do lado direito da cabine. Lá na ponta-direita, perto da outra porta!

Consigo ainda me lembrar de todo o meu drama ao tentar me posicionar naquele carrinho mal-feito. Pois mesmo sendo para um passageiro só, o banco do motorista ficava mais à esquerda, com o volante e o pedal do freio onde normalmente ficam, e mesmo sentando ali eu tinha que ficar todo arreganhado, com minha perna direita esticada pro lado pra tentar encostar no pedal do acelerador lá longe. Um puta desconforto, e ainda bem que o carro devia ser automático, já que não tinha uma alavanca de marcha no meio.

Sinceramente, eu acho que ninguém em sã consciência conseguiria imaginar algo tão pouco prático e absurdo como a disposição dos pedais desse carinho vagabundo.

Aí começou um momento do sonho onde eu tentava dirigir o maldito carrinho pela cidade, um verdadeiro desafio pois eu tinha que me contorcer para apertar o acelerador, e com isso perdia um pouco o controle no volante, e precisava voltar para a posição e com isso o carro perdia velocidade. Tudo isso em uma cidade a princípio deserta, com o estranho céu vermelho e algumas construções toscas. Chegando a um momento em que parecia que eu estava em um videogame, pois apareciam contadores de tempo, mapinhas e outros elementos que tipicamente são mostrados na tela de um jogo de corrida.

Tanto que em um determinado momento parece que eu me emputeci, como quando jogamos um jogo e seus controles são muito ruins, prejudicando a jogabilidade e a diversão. Pois estava complicado digiro direito com aquele carro todo mal-feito, cada vez ficando mais frustrado com o acelera, volta pro volante, desacelera, acelera de novo, perde controle, volta pro volante, desacelera e assim por diante. Aquele sonho estava virando um verdadeiro pesadelo. 

E aí, sabe o que eu fiz?

Meti o pé no acelerador e deixei o carro solto, um verdadeiro "que se foda". Pior de tudo é que a merreca do carrinho acelerou que nem um foguete, soltando faísca ao ficar raspando nos guard-rails da pista.

Até eu meter os cornos num baita dum bloco de concreto que parecia tirado do Minecraft e estava no meio do caminho, assim sem mais nem menos. Colisão frontal daquelas, bem no meio do carro, a ponto dele ter amassado como uma borracha, quase que virando um "U". Lembrou muito aquela batida no filme Comando para Matar, com o Schwarzenegger (que mais uma vez mete o bedelho na postagem), onde ele dá aquela mega porrada de frente num poste, sem cinto, e depois sai andando de boas.

E, como neste outro clássico da Sessão da Tarde, eu também saí totalmente ileso. Na verdade, eu praticamente tinha me tele-transportado pra fora do veículo, que depois daquela porrada conseguiu ficar ainda mais feio.

Nessa hora, aparecia do nada o sujeito que parecia fugido do Jonny Quest. Não me lembro o que ele disse, mas era perceptível aquela expressão de "puta que pariu, que pôrra foi essa?", depois de eu dar perda total no carro dele.

Como disse, simplesmente bizarro. E nessa hora é que essa parte do sonho meio que "terminou", e eu migrei para o terceiro e último capítulo. Se você achou que esse passeio no carro escroto foi algo mirabolante, ainda não viu nada.

Aí eu me vi andando em uma cidadezinha, parecia no interior de um país europeu ou coisa parecida, embora as construções tinham um visual moderno e bem limpo. Agora não tinha aquela coisa psicodélica de céu vermelho como se eu estivesse em Marte, as cores pareciam mais reais e dava pra sentir o ar puro. Só que a cidade era meio deserta, tinha poucas pessoas andando por ali, curiosamente nenhum carro nas ruas.

Nessa hora apareceu um sujeito do nada pra falar comigo. Curiosamente, não me lembro exatamente como ele era, devia ser um transeunte genérico. Mas, por mais que seja algo raro em um sonho, me lembrava mais ou menos o que ele disse, explicando que naquela cidade tinha uma regra bem peculiar: as mulheres existiam para servir aos homens, e bastava dirigir a palavra a uma delas, que ela iria fazer qualquer coisa, até satisfazer todos os seus desejos "carnais" sem pestanejar.

Pois é... de onde surgiu essa ideia? Parece até enredo de filme pornô de quinta categoria...

Sei que nesse momento vão aparecer as feministóides, me chamando de misógino e cretino, dentre outros adjetivos menos amistosos. Na boa, eu acho muito engraçado como que essas pessoas que posam de defensoras da moral e dos bons costumes, vendo opressão contra a mulher em qualquer coisinha, são as primeiras a defender putaria desenfreada, a achar lindo as mulheres que enganam os homens com quem têm compromisso, aplaudem as músicas da Anitta e Valeska Popuzuda que "enaltecem" o respeito pelo sexo feminino, entre outras bobagens. E aí quando um cara fala algo um pouquinho mais "picante"... aí se tornam puritanos sinalizadores de virtude...

Por outro lado, imagino que deve ter gente imaginando que eu estou contando história, que não teve nada disso em meu sonho e estou apenas criando uma narrativa pra justificar uma postagem. Confesso que é bem inesperado que eu sonhei isso, mas digo que eu fiquei perplexo também quando acordei e me dei conta. Mas confiem em mim, é verdade mesmo...

Interessante observar que meu ceticismo também se fez presente no sonho. Devo ter falado algo como "você tá bricando?", "não fode" ou "conversa fiada!" para o sujeito sem face que me dava essa dica. Fiquei ali debatendo com o maluco por um tempo, que insistia que era assim mesmo, que era o melhor lugar do mundo, e pra completar me afirmou que tinha muita garota bonita por ali. Se eu não estivesse acreditando, que eu fosse testar.

O sonho seguiu, onde eu caminhava pela cidade mas que naquele momento ficou bem deserta, nem uma sombra à vista. Até que então eu percebia um pequeno café, parecia um Starbucks genérico, onde eu percebi uma coroa meio estranha, parecia a Dona Florinda do Chaves mas um pouco mais gorda, e que estava conversando com uma bela moça de cabelos castanhos e com um vestido cinza, devidamente posto sobre seu corpo de parar o trânsito. Tava na cara que eu ia testar a teoria do "faço tudo que você quiser" com aquela beldade.

Pior que a garota do sonho era muito parecida com essa aí. 

Me aproximei das duas, e logo a garota mais nova me recebeu com um sorriso delicado e um olhar de como se soubesse o que estava passando pela minha cabeça. Sei lá, acho que ela já devia estar acostumada, e ela só disse "vamos?", se levantando e botando sua bolsa no ombro. Nessa hora eu fiquei boquiaberto, pois nunca em minha vida uma mulher bonita chegou assim pra mim com essa naturalidade e receptividade. Afinal de contas, quando se é um texugo feio pra cacete, já me acostumei em ser respondido com aquele suspiro de desprezo ou até mesmo com a deprimente ignorância do silêncio, mesmo quando eu chego para uma mulher sem nenhuma intenção mais passional, até mesmo quando é pra perguntar as horas ou para me informar de algo eu costumo levar esse tipo de patada. Assim, era uma grande surpresa que aquela gatinha elegante e curvilínea estava ali me chamando para ir para algum lugar, se levantando e seguindo na direção de um dos edifícios.

Só que tinha a coroa que estava com ela. Sei lá o que ela era, se alguma parente ou conhecida. Mas ela estava ali para bancar a "empata-fodas", pois assim que a mocinha se dirigiu para a entrada do prédio (e eu vindo atrás, ainda perplexo), a senhora veio rastejando atrás da gente.

Nesse momento começou uma parte meio psicodélica do sonho, onde a garota me pediu para que a seguisse de perto, pois a gente tinha que despistar aquela senhora. E nessa hora começamos a andar dentro do prédio, passando por alguns corredores e salas que lembravam um escritório, mas com algo bem peculiar sob o ponto de vista arquitetônico: as portas entre os recintos eram estreitas pra caramba!

Em média, uma porta costuma ter cerca de 60 a 70 centímetros de largura, embora já vi lugares com portas de quase um metro de largura. Mas nesse meu sonho eu acho que elas deviam ter menos de meio metro, algo inconcebível. Tinha que passar de lado ou não tinha como seguir. E a garota ainda tinha um certo "complicador", pois ela tinha belos seios fartos, que tinham que se espremer para passar pela portinha estreita, quase a ponto de pularem para fora do vestido. Eu também tive minhas dificuldades, tendo que dar aquela encolhida na barriga para seguir a garota, que continua seguindo uma jornada interminável por várias salas.

O pior era que a velha continuava vindo, com um passo lento mas sempre nos perseguindo. E o mais absurdo era que ela simplesmente passava pelas portas como mágica, mesmo tendo uma silhueta muito larga. Parecia que estava usando algum cheat de videogame para passar pelas paredes.

Nisso a mocinha teve uma ideia, e pegando a minha mão me levou na direção de uma sala ampla, para onde corremos até chegar ao fundo. O ambiente estava bem escuro, não dava pra ver nada, mas eu sentia os delicados dedos dela segurando a minha mão. É que a gente não transpira nos sonhos, mas eu aposto que minha mão estava suando aos montes. Ela pediu para eu ficar em silêncio... até que a coroa entrou na sala, com um passo cambaleante como se fosse um pato... Quando ela chegou no meio da sala, mas ainda sem saber onde nós estávamos, a mocinha pegou forte na minha mão e correu para a porta, e assim que saímos, ela trancou a velha lá dentro.

Qualquer semelhança com o Tomb Raider, onde tinha aquele mordomo chato que você podia trancar no freezer, não deve ser mera coincidência!

Sem a coroa para nos perseguir, a mocinha seguiu segurando minha mão e me levando por vários corredores, até chegar em um quartinho pequeno. Só tinha um sofá pequeno em um canto, uma pequena cômoda e uma cama. Ela sorriu docemente, e começou então a jogar seu charme... e nesse momento o sonho começou a ficar mais "caliente", com a linda garota chegando mais junto, trazendo seu corpo coladinho ao meu, e guiando minhas mãos pelas suas curvas.

É... ia ser muita maldade se eu não em desse bem nesse sonho... 

Mas do nada tocou um alarme no meu celular, com uma mensagem dizendo que o tempo tinha acabado. Nesse exato segundo a garota se afastou, ainda mantendo um belo e enigmático sorriso no rosto, e começou a ajeitar o vestido, que estava em vias de cair e liberar seu corpo perfeito. 

Pois é, não ia ser tão fácil. Aparentemente o carinha não tinha contado a parte chata dessa curiosa regra da cidade: o fazer o "tudo que eu quisesse" era cronometrado, tinha um tempo determinado para isso. 

Na correria, eu olhei para meu celular e vi que tinha um botão onde eu poderia comprar mais "créditos". Em outras palavras, poderia pagar um valor (que parecia ser bem salgado) para continuar o meu tempo ali com a mocinha. Na prática aquilo não passava de um serviço de acompanhante (para não dizer outra coisa), em que teoricamente os primeiros minutos eram grátis e depois tinha que pagar para ficar com a mulher.  

Me lembro que eu hesitei por alguns segundos, mas vendo a garota linda, sorrindo para mim, e ainda fazendo aquela pose sedutora de tombar a cabeça um pouco para o lado enquanto mexia nos cabelos... o que você acha que eu fiz?

Pois é, sentei o dedo na pôrra do botão pra ter mais tempo.

A garota ficou super feliz, quase que saltitando de alegria a ponto de provocar aquele movimento pula-pula peitoral que sempre encanta aos homens. Confesso que nem faço ideia de quanto tempo a mais eu teria à disposição para ficar com a mocinha ali no quarto. Mas eu nem pensei, depois de toda aquela correria pelas portinhas estreitas, de fugir daquela coroa chata, acho que eu não ia resistir.

Acontece que o mais engraçado é que, depois de confirmar mais um tempo com aquela garota linda, só nós dois no quartinho, ela ali em êxtase e esperando ansiosa pelos meus pedidos, disposta a fazer qualquer coisa... e sabe o que eu fiz?

Decidi ficar conversando com ela!

Eu sei... Aposto que deve ter gente dando um tapa na cabeça e se perguntando como alguém pode ser tão tapado como eu. Pior de tudo, eu sei que se estivesse de verdade nessa situação, eu provavelmente faria isso.

Mas acho que eu sou um pouco assim mesmo, me conheço bem demais para saber como que seria a minha reação. Lembrando do sonho depois, refleti muito a respeito e fico com a impressão que meio que subconscientemente eu havia me empolgado muito no início, considerando que não precisei dizer nada e a garota logo se interessou em me levar para um lugar mais privado, se dispondo a fazer qualquer coisa. Mesmo sabendo da tal "regra" daquela misteriosa cidade, creio que fiquei com a sensação positiva de que tinha sido iniciativa da garota em ficar comigo, já que eu sempre quebro a cara. Aí, quando me dei conta que era um serviço pago, que ela provavelmente tinha sido simpática e tomado a iniciativa a esperança de ganhar um dinheiro (afinal de contas, certamente ela receberia uma parte da taxa)... sei lá, deu uma certa esfriada na empolgação. 

Só que mesmo assim eu acabei me deixando controlar pelo meu coração mole, e em vez de aproveitar o momento para curtir de forma mais "recreativa"... fui na linha mais calma e optei por conversar com a garota, para conhecê-la melhor, saber do que ela gostava, coisas assim... O que eu normalmente faria, talvez pelo fato que eu me sinta mais confortável com as mulheres depois de ter uma certa intimidade, depois de conhecê-la melhor.

O interessante é que a ela foi muito receptiva com essa minha postura mais tranquila. Enquanto eu estava sentado no sofá, ela estava deitada na cama, de barriga para baixo, e sorridente respondia as minhas perguntas, ela também me perguntava outras, tudo em um clima bem amigável e descontraído. Não me lembo exatamente o que conversamos, mas provavelmente era algo agradável, uma vez que não percebíamos o tempo passar e a conversa fluía muito bem. 

Tanto que chegou o momento em que o alarme tocou de novo... eu já estava para apertar o botão, mas ela disse que não precisava: pois ela queria ficar ali comigo mais tempo e conversar mais. Nessa hora, eu acordei...

Repito, nunca tive um sonho que tivesse sido tão lúcido, especialmente as duas últimas partes. Achei muito curioso como eu consegui manter a recordação de boa parte dos acontecimentos que se passaram em minha mente enquanto dormia. E também achei interessante como que, pelo menos de uma forma geral, o meu "eu do sonho" agiu de uma forma muito semelhante como o "eu de verdade". Confesso que na maioria das vezes em que tenho um sonho e estou nele, minha mente faz uma representação bem diferente de quem sou, tanto do ponto de vista físico como em relação à minha personalidade. Talvez alguém poderia dizer que isso representaria algum tipo de insatisfação que tenho comigo mesmo, ao imaginar-me como outra pessoa. Só que não foi o caso neste sonho estranho, onde eu conseguia me reconhecer de verdade no sonho, conseguia perceber que era eu mesmo, fazendo aquilo que eu normalmente faria. 

Bom, realmente foi algo bem diferente que aconteceu. Sei lá se vou ter de novo algum outro sonho lúcido do qual eu me lembre tão perfeitamente (e que eu tenha papel e caneta perto pra anotar). Mas pode apostar que, se for algo bem curioso, devo postar por aqui. Sei que muita gente deve estar achando que eu estou mentido, que é tudo cascata... mas eu garanto que foi isso mesmo. Será que alguém mais já passou por algo parecido e se lembra com detalhes de algum sonho que teve? Para quem quiser, o campo de comentários está aí.

Já tá ficando tarde, é hora de encerrar a postagem, desligar o computador e me jogar na cama pra dormir. Por mais que tenha o feriado do Carnaval na terça (aliás, Carnaval que estou ignorando o máximo que posso), a semana deve ser pesada. Será que essa noite terei outro sonho desses?  

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