Uma Copa diferente

Eu sei que tem tempo que eu não posto por aqui. Não sei se estou fazendo falta, mas realmente eu tenho passado esses últimos dias com bastante melancolia e preocupação por conta da situação de nosso país, depois que tivemos uma eleição extremamente ilegal e incorreta, onde os "iluministros" nomearam o descondenado como o vencedor das eleições. Dias tensos desde aquele famigerado 30 de outubro em que o Xandão decretou o fim de nossa democracia, com a população indo para a frente dos quartéis para cobrar por eleições limpas, por justiça de verdade. Eu mesmo estive em algumas oportunidades nessas manifestações, podem me chamar de criminoso e golpista, não me interessa. Diante desse desgoverno de destruição que está sendo acomunado, eu realmente temo muito pelo futuro do Brasil, a ponto de que não tenho tido muitas noite de sono tranquilas...

Por isso o título dessa postagem. Afinal de contas, muitos não deram bola (com trocadilho, por favor) para a Copa do Mundo do Catar, que começou neste último domingo. Basta ver como tem gente que nem se empolgou muito em fazer álbum de figurinhas, não rolou pintura nas ruas com as cores do Brasil, várias pessoas, especialmente em home-office, nem vão parar para assistir aos jogos da seleção. Fato é que o país do futebol não está vivendo o clima de Copa, por conta da farsa que foi essas eleições roubadas para colocar um ladrão de volta na cena do crime.

Mas, se por um lado eu estou passando por um momento de grande preocupação e, honestamente... de medo, por outro lado eu sou teimoso e muito seguidor de meus costumes. Com isso, tentarei manter aqui o planejado, que era fazer aquele velho acompanhamento da competição mais importante do futebol, por mais que eu imagine que não terei a mesma espiritualidade e originalidade nas minhas análises. Não só em respeito àqueles que possam estar esperando por isso, mas até mesmo como registro do que aconteceu. Quem sabe, em um futuro melhor, eu possa voltar aqui e recordar desse torneio, sem remoer sobre o fim da democracia brasileira.

Para quem não se lembra, no meio de várias postagens focadas em política, eu havia começado neste post com minhas apostas para a fase de grupos da Copa. Passada essa primeira rodada, creio que vale uma breve revisão do que aconteceu. E tivemos surpresas que arrebentaram com as minhas previsões e provavelmente esculhambou o bolão de muita gente.

Mesmo em tão pouco tempo já vimos algumas zebras homéricas. Como a Argentina ter perdido para a Arábia Saudita e a Alemanha ter sido derrotada pelo Japão. Seleções que já ergueram o caneco perderam pontos para os times mais fracos de seus respectivos grupos, e o pior de tudo, ambos os jogos foram viradas. Falhas que podem ser cruciais para que esses dois times favoritos fiquem de fora logo na primeira fase.

Por outro lado, vimos seleções como Espanha e França demonstrarem sua força. Os espanhóis sapecaram uma vitória folgada de 7 a 0 contra a Costa Rica, enquanto que os bleus tomaram um susto contra a Austrália, mas depois colocaram os cangurus de quatro. Fortes candidatos para o título, embora tenham apenas cumprido o seu papel, diante de times fraquinhos de seus grupos. Outras seleções fortes e que têm grandes chances de irem longe, como Portugal e Bélgica, tiveram jogos mais apertados, mas pelo menos começaram com o pé direito.

E quanto à nossa seleção? Embora muita gente tenha parado para acompanhar a vitória de 2 a 0 contra a Sérvia hoje, é fato que tem um ar bem diferente nessa Copa quando falamos da torcida. Da mesma forma que na política, o país está dividido entre aqueles que estão ignorando a competição, aqueles que até dedicam uma torcida ao time e outros que chegam ao ponto de torcer contra. Inclusive vimos como muita gente acabou justamente unindo esporte e eleições na hora de assumir a sua posição. Tenho vários conhecidos de esquerda que estão torcendo contra, pois enxergam na seleção as camisas amarelas das enormes manifestações de conservadores e apoiadores do Bolsonaro, pessoas que naturalmente nutrem um asco pelos símbolos nacionais e pelas cores de nossa bandeira. Aqueles que torcem fazem questão de colocar o uniforme reserva, só para não se vestirem como aqueles que lutam pela democracia de verdade. Soma-se a isso o fato de que muitos dos jogadores da seleção, com destaque para o Neymar, demonstraram apoio ao presidente, o que é suficiente para que se tornem personas non-gratas para esses calhordas do martelo e da foice, que curtem o vermelho. Vide aquele chincheiro do Casagrande, que quando não está fungando farinha está cagando pela boca...

Esta foi apenas a primeira rodada, e temos muitos mais jogos pela frente. Em condições normais de temperatura e pressão, o Brasil passou pelo time mais encardido dessa primeira fase, e uma vitória contra a Suíça na próxima segunda já o garante na fase seguinte. Vamos ver o que acontece.

Mas tivemos dois outros temas que merecem um pouco de destaque. A começar com um dos personagens que participou de forma bem ativa, pelo menos nos poucos minutos de jogos que eu assisti: o famoso VAR.

Os avanços tecnológicos entraram de vez na competição de futebol, com o uso de uma arbitragem de apoio com vídeo para analisar os lances mais polêmicos, em especial os impedimentos, gols e faltas. As opiniões são bem divididas, geralmente variáveis de acordo com a situação de beneficiado ou prejudicado por parte do torcedor. Alguns dizem que tira o charme do jogo, de que a polêmica faz bem à disputa, e que as constantes verificações causariam uma demora; outros aprovam a iniciativa, impedindo que más decisões de arbitragem (de forma casual ou até mesmo intencional) venham a favorecer injustamente um dos times. Pessoalmente, depois de ter visto o Flamerda ganhar de forma roubada tantas vezes por conta de lances estranhos, eu defendo que o VAR se torne uma constante. 

Embora já vimos como que o sistema de vídeo também pode ser usado de forma errada... Afinal de contas, todo e qualquer ser humano é corruptível. 

Enfim, fato é que o VAR já começou cedo, anulando um gol do Equador logo no início contra os anfitriões, e por conta de poucos centímetros. Ficou até a impressão se não teve um sheik que pagou uma bolada pra anular o gol sofrido pelo Catar. Mas quem se deu mal por conta da revisão de vídeo foi a Argentina, acho que foram três lances de gol deles que foram anulados por conta do VAR, um deles por conta de um ombro que estava à frente do dedão do pé do zagueiro.

Os hermanos estão xingando até hoje...

E outro ponto a ser falado é a lacração LGBTQIA+... Afinal de contas, antes mesmo do pontapé inicial tivemos toda uma polêmica por conta da posição do Catar a respeito de manifestações favoráveis à turminha colorida do arco-íris. Pois o pequeno país árabe possui leis rígidas e uma delas é justamente em relação ao homossexualismo, que é considerado crime que pode resultar em prisão. Embora a organização não proibiu que gays, lésbicas e as demais letrinhas viajassem para o Catar, foi deixado claro que demonstrações de afeto (hetero e homossexuais, é importante destacar) são proibidas por lei, e que as bandeiras com arco-íris não são bem-vindas dentro dos estádios. Teve até um embaixador da competição que disse em uma entrevista que homossexualismo é um "dano mental", para você ver como que é a posição do país em relação a isso.

Como vivemos em um mundo tomado pela estupidez politicamente correta, não demorou para aparecerem os sinalizadores de virtude, criticando a competição, reclamando do preconceito, defendendo que tinha que ter protesto e assim por diante. Até mesmo muitas seleções declararam que fariam algum tipo de demonstração de repúdio ao Catar, como usar faixas de capitão com as cores do arco-íris ou mensagens em suas camisas.

Tipo o que foi feito pela seleção alemã, que no primeiro jogo posou para a foto com a boca tapada.

O mais engraçado e irônico foi ver os alemães fazendo esse protesto contra a política anti-LGTVHDMI+- do país-sede, e logo depois eles tomaram um sushi no meio da flor de oríba, ao perder para o time do Oliver Tsubasa... Se estivesse mais preocupados em jogar bola em vez de promover ativismo, talvez a história seria diferente.

Na boa... Independente de qual seja a minha ou a sua opinião a respeito da causa dos gays, lésbicas e demais definições que aumentam a sigla, o fato é que cada país tem as suas leis e seus costumes. A partir do momento em que você aceita ir para um lugar, independente de qual seja o motivo, você tem que respeitar essas leis e costumes. Sempre foi e sempre será assim. Se você não concorda com as políticas que são adotadas ali, se você considera que uma determinada nação não respeita determinados direitos, é um direito seu não gostar. Mas aí você também deve ser fiel à sua opinião e não ir para esse país, não colocar os seus pés nesse lugar que você critica. 

Como eu sempre digo para meus coleguinhas de esquerda que adoram falar mal dos Estados Unidos, que dizem que é um país de merda e tudo é ruim por lá: se não gostam, então não façam uma viagem para passear em Nova Iorque ou Orlando.

Tipo, tomemos o exemplo dos jogadores alemães da foto acima. Se realmente eles consideram que o Catar está infringindo os direitos humanos com uma política anti-LGBT, se eles sentem que e uma nação que desrespeita as minorias e se sentem incomodados com isso... ora, então deveriam não ter ido pra Copa, pombas! Proteste de verdade, que toda a seleção se recusasse a disputar a competição no país, que não prestigiasse uma nação que eles criticam e condenam tanto. E que tomassem essa decisão lá atrás, quando o Catar foi escolhido como sede da competição, que fosse promovido um boicote total e de verdade. 

Só que ninguém quer ficar fora da Copa do Mundo, né? Não importa qual seja a causa, ela não parece ter sido suficiente para evitar que eles fossem lá pra jogar... Fizeram todo esse teatrinho pra depois enfiar o galho dentro, topando jogar na terra dos barbudos, que estão rindo à toa.

Trata-se de um retrato de como a sociedade está hoje em dia. Os babacas sabem que o país é assim, tem essas leis anti-gay, que é um país conservador. Mas que se foda, acham que podem ir lá e o país vai mudar tudo por causa deles e seus protestos politicamente corretos. Essa turminha criada na base de leite com pêra e danoninho tem esse péssimo hábito de achar que todo mundo tem que fazer o que a cartilha politicamente correta diz, que não podem ser contrariados. Ainda bem que o pessoal do Catar está sendo irredutível, deixando claro que quem estiver ali pra ver os jogos vai ter que seguir as leis. Se não gosta, nem perca seu tempo em viajar pra lá.

Enfim, acho que vou ficando por aqui. Como disse, não estou com muita empolgação pelo atual momento que vivemos no Brasil. Mas devo voltar aqui para falar a respeito dos resultados da 1ª fase, e como eu me saí em minhas previsões.

A não ser que nosso ilustríssimo imperador do Xandaquistão mande bloquear minha página...

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