Aborto, não; Assassinato

Mais um assunto polêmico aparecendo aqui na minha página, que talvez venha a causar ainda mais fúria nas pessoas "do bem" e politicamente corretas. Um tema que esteve relacionado com duas notícias de grande repercussão nesta última semana, embora já seja um assunto que vem sendo discutido de forma bem acalorada há tempos, especialmente quando falamos de eleições. Pois é uma questão onde existem duas posições bem antagônicas e que estão de certa forma relacionadas com os polos políticos, uma favorável e outra contrária; embora existam muitas pessoas que fazem parte da turma do "sou contra, mas...", e que na verdade se apresentam como hipócritas. E quem acompanha meu site sabe muito bem o que eu penso sobre hipocrisia...

O assunto de hoje é sobre o aborto. Sobre essa palavrinha que foi inventada para esconder o que ela realmente representa: o assassinato covarde de um bebê no ventre de sua mãe. 

As duas notícias principais que trouxeram esse assunto à tona nessa última semana foram bem antagônicas também. Embora tivemos a boa notícia com a decisão da Suprema Corte americana, que cancelou uma legislação federal que liberava o aborto em todo o país, retornando a responsabilidade por essa decisão a cada um dos cinquenta estados da federação (como já acontece com diversas outras leis), o meu foco vai recair sobre o triste caso que ocorreu em Santa Catarina, onde uma menina de onze anos foi submetida a um aborto depois de todo um fuzuê criado pelo "jornal" Intercept, denunciando que uma juíza estava negando o "direito legal" de que ela removesse o bebê, fruto de um suposto estupro. Depois de muita polêmica nos meios de comunicação e nas redes sociais, com pessoas contrárias e favoráveis ao aborto se pegando, o caso chegou ao seu desfecho, em que o bebê foi morto e removido da barriga da menina.

Trata-se de um tema altamente polêmico, em que é curioso ver como que existem diferentes opiniões a respeito, baseadas principalmente nas condições em que a gravidez ocorreu e no tempo de gestação principalmente, mas também levando em conta certos aspectos da formação dessa criança. Tipicamente, aqueles que são mais favoráveis à prática do aborto são também mais próximos ideologicamente da esquerda, para a qual vale matar a criança mesmo aos nove meses e prestes a nascer, com aquelas expressões bonitinhas e ordinárias, como "meu corpo, minhas regras" ou "direito reprodutivo". Alguns (de ambos os espectros políticos) tentam "passar uma régua", estabelecendo o momento em que aquela pessoa passaria a ser considerada mesmo como pessoa, e assim merecedora do direito à vida; antes disso, se referem a ela como "apenas um feto" ou "mero amontoado de células", e assim poderia ser descartada. E também há muita discussão sobre a origem da gravidez, com gente que acha que à mãe teria o direito de remover uma criança que é resultado de um estupro, pois seria uma "semente do mal" que ela estaria carregando e assim não seria obrigada a ter essa criança. Algo que é inclusive previsto nas leis brasileiras.

Mas repito mais uma vez que palavras como essas, seja o comum "aborto", que já conhecemos há bastante tempo, ou aquelas expressões que tentam ser mais científicas como "interrupção de gestação", não passam de tentativas para relativizar e normalizar o que se trata de fato: um procedimento criminoso onde uma vida é ceifada logo em seu princípio, um assassinato covarde e cruel de uma criança no ventre da mãe.

Começo deixando a minha opinião sobre o assunto: sou totalmente contrário ao aborto, não importando a situação ou tempo de gravidez. Na minha visão, não há nenhuma hipótese em que seja aceitável matar um ser vivo dentro da barriga da mulher. Não tem uma linha que determine um prazo limite até onde seria aceitável, não tem causa de gravidez que justifique matar uma criança inocente. Mesmo que ela seja resultado de um estupro, pois a criança ali não tem culpa.

A única "exceção" que eu aceito seria o caso onde o bebê já tenha morrido durante a gestação, por conta de alguma complicação natural da gravidez, casos raros mas que acontecem. Mas nem descreveria isso como uma exceção (daí as aspas), pois nessa condição não estamos falando mais de um ser vivo. Não sou médico, mas acredito que em uma situação deste tipo, em que a criança tenha falecido durante a gestação, seja recomendado e mais seguro para a mãe que o corpo seja removido. Porém, repito mais uma vez, isso não é equivalente a abortar uma criança que tenha condições de nascer normalmente, trata-se de uma situação peculiar onde já não existe uma vida dentro da barriga da mãe, e por razões médicas pode ser mais indicado remover a criança que infelizmente tenha falecido antes mesmo de nascer. Isso não caracteriza um aborto, pois o aborto envolve tirar a vida da criança viva.

Mesmo assim, temos que reconhecer que é uma questão bem delicada e polêmica, especialmente por existirem certas "zonas cinzentas" em que é bem complicado formar uma opinião. Por exemplo, nessa linha que citei acima, há situações em que há uma má formação do feto durante a gravidez (como, por exemplo, algum problema na formação do cérebro, ou mesmo uma situação de acefalia) em que a criança está viva enquanto na barriga da mãe; porém, após o parto, em que o vínculo direto entre os dois seres será naturalmente interrompido, essa criança não terá condições de sobreviver. 

É complicado, eu mesmo fico na dúvida diante de um caso desses, não tenho uma opinião formada em uma situação assim. Mesmo que por um lado eu não tolere que uma vida seja ceifada, é um grande dilema em um caso em que se tenha a certeza total e absoluta que a criança vai morrer como consequência do parto. Por mais que em grande parte eu acredite que a gravidez deva seguir o seu curso até o fim, mesmo sabendo o que vai acontecer, creio que há outros pontos a serem avaliados nesse cenário pelos pais e pelo médico antes de tomar uma decisão difícil. Por exemplo, o que fazer se essa for uma gravidez de alto risco para a mãe?

Repito, nessas situação mais raras e particulares, não tenho como ter uma opinião determinada previamente. Entendo que seriam casos que se classificam como "pontos fora da curva", que não podem ser enquadrados como algo normal e convencional, e dessa forma não seria viável e honesto ter uma regra fixa, seja para qual dos dois lados. 

Antes de mais nada, eu não estou aqui me colocando como muitos naquela postura de "sou contra o aborto, mas...". Como disse acima, pessoas assim traçam uma linha imaginária que delimita as situações onde tal prática seria tolerável, pelas diversas razões acima. Que foi o que observamos nesse episódio da menina de onze anos de Santa Catarina, em que foi possível ver muita gente que se diz contrária ao aborto, mas que se muniu de argumentos para dizer que essa era uma situação onde o aborto seria aceitável. Não é o meu caso: como mencionei, a única "exceção" que considero é o caso do bebê que morreu de causas naturais durante a gravidez, pois não será uma vida que será eliminada pelo procedimento. E digo novamente, quanto às raras situações em que haja certeza de que a criança não sobreviverá após o parto, considero como uma "zona cinzenta" em que é muito difícil, praticamente impossível estabelecer uma regra, representando uma situação onde não tenho uma posição formada a princípio, e cada caso deveria ser analisado de forma criteriosa por todas as partes envolvidas.

Deixo isso claro pois sei que nessas horas, especialmente em assuntos altamente polêmicos, aparecem aqueles que gostam de me desqualificar, dizendo que hipócrita sou eu, tentando dar voltas para interpretar minhas palavras da forma mais conveniente para contestar o que eu estou falando. Sei que a vontade de me criticar e me atacar é grande, especialmente da parte daqueles que pensam de forma diferente que eu. Mas não adianta, meus amiguinhos... Vocês não vão colocar rótulo de hipócrita neste texugo aqui. 

Depois deste longo "prefácio", vou comentar sobre o caso dessa menina catarinense, que ganhou uma enorme repercussão na mídia e na boca do povo. Um caso que para mim é muito marcante, não apenas pelo seu andamento e desfecho cruel, diria até diabólico, mas também para mostrar como que no fundo essa questão de aborto defendida pela esquerda e pelos politicamente corretos é muito mais um tema de interesse ideológico e político do que algo relacionado à saúde ou aos direitos da pessoa humana.

Como você pode ver nas notícias, esse caso corria de forma mais sigilosa, especialmente por se tratar de uma menina muito jovem, que deveria ser preservada de todos os holofotes e repercussão da mídia e da sociedade em geral. Afinal de contas, estamos acostumados em ver essa "preocupação" em proteger um menor em outras situações, como quando a polícia prende um "di menor" que cometeu um crime. Por mais que a identidade da menina não tenha sido divulgada, fato é que o folhetim que se apresenta como The Intercept teve acesso ao depoimento dela para a juíza graças a uma fonte anônima (quando interessa, chamam de "fonte", e não de "informante"), em que a magistrada agiu de forma a impedir a interrupção da gravidez. Interrupção essa que, considerando as leis, é ilegal, já que o aborto é "permitido" no Brasil até 22 semanas de gestação, quando a menina já estava na 29ª semana. E não era apenas isso, a juíza estava garantindo o direito à vida de um bebê que já estava formado, que já estava em condições de escutar e reconhecer a voz da mãe, que já se movimentava em seu ventre. Em suma, a juíza estava sugerindo que o bebê fosse retirado vivo, após mais algumas semanas, de forma a permitir que ele se formasse um pouco mais, aumentando as suas chances de sobrevivência. 

Mas, para o The Intercept, isso era errado. Era necessário denunciar o "crime" da juíza e fazer de tudo para assegurar o "direito" de assassinar o bebê. 

Caso tenha tempo e estômago, recomendo dar uma lida na imensa matéria do Intercept que referenciei no início desta postagem. Pois fica claro como que o texto é extremamente tendencioso e parcial. Em um dado momento se referem à situação como se fosse absurdo comparar o direito à vida do feto ao direito da criança, mesmo em um estágio avançado da gestação na qual o nascimento saudável é viável. Toda a "reportagem" (entre aspas, pois trata-se de um texto que tenta posar de factual mas é tomado por um viés opinativo) constrói uma imagem em que a juíza seria uma vilã, que estava fazendo com que a vítima (no caso, a menina de onze anos) fosse sujeita a uma situação errada. Trazem diversos "especialistas" sobre o assunto, com uma série de argumentos voltados à defesa do aborto em qualquer circunstância, sem dar espaço ao contraditório.

Faço um breve parênteses, para destacar como que esses cretinos são verdadeiros hipócritas. Como disse, um dos argumentos que os "especialistas" costumam dizer é que se trata apenas de um feto, e assim não tem os mesmos direitos que uma pessoa "nascida" como a mãe. Ou seja, nesse episódio não seria possível considerar a mãe e o bebê como iguais e merecedores do mesmo direito à vida. Por outro lado, no episódio em que uma modelo grávida de 14 semanas foi atingida por uma bala perdida em uma favela, o discurso foi diferente, muitos se referiram ao caso como um duplo homicídio, já que o bebê também não sobreviveu. Nessa situação ninguém se referiu a ele como um mero amontoado de células, que não tem o mesmo direito à vida que um cidadão qualquer. 

Por que a percepção dessas pessoas é diferente quando comparamos esses dois casos? Talvez pelo fato da adolescente morta na favela ser um caso que poderia ser (e foi) usado para criticar a polícia, afinal de contas sabemos que qualquer vítima de bala perdida em favela é sempre considerada automaticamente como atingida pela polícia. Aí nesse caso é interessante que o feto de 14 semanas tenha o mesmo direito à vida que sua mãe, pois daria para acusar a polícia de duplo homicídio. Agora, com a menina catarinense, como o interesse é outro, como querem defender o aborto, aí o bebê de 29 semanas é apenas um feto que não tem direito à vida, e sua morte é aplaudida... 

Se isso não é hipocrisia, realmente não sei mais o que é.

Bom, eu faço questão de comentar a respeito das autoras do artigo do Intercept (que devemos lembrar que é onde o Verdevaldo trabalha), que foi o estopim para que esse caso viesse a se tornar público. Aliás, que se tornou público por conta de uma exposição não-autorizada do depoimento da menina e sua mãe perante a juíza. Ou seja, a divulgação deste vídeo sigiloso pode ser caracterizado como crime, uma vez que o caso tramitava sob segredo de justiça, como forma de assegurar a proteção à menina que estava grávida. 

Nessas horas provavelmente vão defender a liberdade de expressão e de imprensa, que um meio de comunicação não pode ser impedido de apresentar os "fatos" para a sociedade. Curioso que aqueles que dizem isso e defendem a divulgação criminosa de um caso com sigilo na Justiça (para assegurar os direitos da menina) são os mesmos que se calaram ou mesmo aplaudiram quando jornalistas foram presos ou canais de notícias como o Terça Livre foram fechados... Mais uma vez, é a hipocrisia a todo vapor, liberdade de expressão e de imprensa é um conceito que, para certas pessoas "iluminadas", só deve valer em certas situações.

Voltando às autoras em si, eu acho didático comentar um pouquinho a respeito delas. Afinal de contas, por ser um assunto tão polêmico assim, seria esperado que um meio de comunicação sério e independente, como o The Intercept diz ser, ouvisse os dois lados de forma igual. Isso é o mínimo esperado de um jornalismo responsável, focado em informar o público e não em formar a opinião do mesmo de uma determinada forma. Mas quando vemos um pouco mais sobre as autoras, é fácil perceber o porquê de tal texto ser tão enviesado e pró-aborto.

Bruna de Lara é editora do The Intercept, formada na UFRJ, escreveu livro sobre feminismo e já assinou diversas outras matérias no jornal em que defende o "direito" ao aborto, entre uma e outra que critica o Bolsonaro. Em seu Twitter, declara ter "OrgulhoBi" e ostenta a bandeirinha do arco-íris, além de ter celebrado a legalização do aborto em diversos países recentemente. Tatiana Dias também participou de várias matérias no Intercept e atuou, entre outras áreas, com reportagens sobre direitos humanos, embora também chame as manifestações de 7 de setembro como golpistas e diga que Bolsonaro fez pouco caso com a pandemia. Por fim, Paula Guimarães parece ser mais recente no jornal (o texto citado foi o primeiro dela no Intercept), sendo também cofundadora de um tal Portal Catarinas, um site feminista e de esquerda, algo que fica claro ao ver que muitos de seus apoiadores são sindicatos. E nas suas redes sociais, logo de cara tem o banner com "Fora Bolsonaro" e vemos que ela segue o MST, uma série de páginas LGBT e abortistas, além de políticos como Luciana Genro, Eduardo Suplicy, Benedita da Silva e Talíria Petrone. 

Trago os currículos das autoras apenas como forma de deixar evidente que todas elas possuem indiscutivelmente um viés político e ideológico bem claro, sem dúvida são defensoras de pautas que são caras ao socialismo e comunismo. É algo importante de se observar ao ler o texto do Intercept, pois sabemos muito bem como que as pessoas de esquerda são altamente motivadas por sua ideologia em tudo que fazem, tudo é feito de forma organizada e estruturada para doutrinar aqueles que são facilmente alienáveis e são desprovidos de senso crítico. A ler um texto dessas três "jornalistas", devemos estar preparados para um discurso parcial e ativista.

Acha que eu estou exagerando, que estou sendo parcial ao meu modo? Pois muito bem, basta ver a chamada da matéria do Intercept escrita pelas três "jornalistas", que reproduzo abaixo.

"Juíza de SC induz menina de 11 anos grávida após estupro a desistir de aborto legal."

Seja sincero: ao ler esse texto, qual é a primeira impressão que você tem? 

Eu mesmo admito que, quando escutei sobre esse episódio pela primeira vez, vi alguma matéria parecida, focando apenas na questão de que seria uma menina de onze anos que estava grávida depois de ter sido estuprada. Da mesma forma que provavelmente 99,9% das pessoas pensariam após ler uma chamada dessas, quando vi a referência à palavra "estupro" a primeira coisa que veio a minha cabeça foi que a menina teria sido violentada por um homem adulto, forçada a praticar o ato sexual e com isso ela ficou grávida. 

Posso apostar que você deve ter pensado algo parecido, não é mesmo? Bom, não é à toa que praticamente todo mundo pense assim. Pois a esquerda tem método. O caso foi apresentado dessa forma, com essas palavras, de forma intencional para direcionar a opinião que o leitor formaria.

Se você ler mais uma vez a matéria do the Intercept (ou fizer uma pesquisa, pois ler esse texto de novo ninguém merece), vai perceber que em nenhum momento é feita uma referência ao estuprador. Na verdade, apenas uma, na hora em que reproduzem parte do diálogo entre a juíza e a menina, em que a magistrada pergunta se o pai do bebê concordaria em entregá-lo para adoção, momento no qual as autoras indicam se referir ao estuprador. Fora este breve momento, nada mais se fala sobre aquele que teria cometido o crime de estupro, colocando a menina nessa condição. Nessas horas, uma pessoa crítica deveria questionar o porquê disso, por quais razões não se falava nada a respeito do estuprador. Nem mesmo dizer que ele não havia sido identificado. Afinal de contas, mesmo diante da situação crítica da menina grávida, era de se esperar que "jornalistas" de um jornal supostamente sério e preocupado com a sociedade também estivessem buscando a solução do crime de estupro, que o estuprador fosse localizado, detido e julgado, para pagar pelo seu crime, não é mesmo? 

Acontece que se a matéria fizesse isso, teria que dizer que o "estuprador" é também uma criança. Um menino de 13 anos, filho do padrastro da menina, com quem ela teve uma relação sexual consentida...

Pois é. Ninguém iria imaginar isso, né? Como disse acima, se vemos uma matéria citando "menina vítima de estupro", a primeira coisa que pensamos é que foi um sujeito pedófilo que a violentou sexualmente. Jamais iríamos imaginar que o "estupro" na verdade foi uma relação consensual entre duas crianças, que acabou resultando em uma gravidez indesejada.

As "jornalistas" do Intercept e toda a grande mídia omitiram esse fato de forma proposital, pois contar os fatos de forma plena iria causar uma sensação inicial de surpresa por parte do público comum, iria causar aquele momento de "peraí" onde as pessoas iriam pensar e refletir a respeito do ocorrido. A menina deixaria de ser uma vítima incondicional, como seria se ela tivesse sido violentada por um adulto. A imagem de um homem pedófilo que estupra meninas indefesas daria lugar a um menino de 13 anos que teve o consentimento por parte de sua irmã de criação para a prática do ato sexual (vou comentar sobre isso mais adiante). Não estou aqui dizendo se seria algo certo ou errado, moral ou imoral, aceitável ou reprovável, não cheguei ainda nessa questão. Neste momento eu apenas estou falando de como que a percepção de grande parte do público seria diferente se os fatos fossem apresentados de forma completa, se toda a história fosse contada, em vez de uma manchete parcial que foi arquitetada para causar um sentimento de repúdio contra a juíza, por estar supostamente defendendo uma pobre menina que foi violentada e engravidada por um estuprador.

Tanto que isso contribuiu para que muitas pessoas já se colocassem imediatamente em defesa do aborto da menina. Inclusive pessoas que se dizem conservadoras, que dizem serem contrárias ao aborto, mas nesse caso iriam dizer que estava tudo bem. Afinal de contas, a matéria tendenciosa guiou o imaginário das pessoas, fazendo com que elas enxergassem que havia ocorrido um crime ali, que a menina tinha sido violentada por um estuprador sem rosto, que mereceria prisão perpétua ou até mesmo pena de morte. E isso colocava a juíza como a grande vilã, como se ela estivesse sendo conivente com um crime bárbaro, como se ela estivesse forçando a menina a parir um filho que era fruto de um estupro hediondo. Novamente, dentre os muitos críticos da juíza vimos gente que se diz conservadora, dizendo que ela estava errada ao impedir a menina de abortar. Aí, quando a verdade apareceu... já era tarde demais, o rebuliço em defesa do aborto da menina já estava grande demais, colaborando para que o procedimento fosse realizado. 

Como disse, a esquerda tem método. O que importa não são os fatos ou falar a verdade, mas sim promover um discurso artificial, construído com o objetivo de instigar determinados sentimentos e emoções nas pessoas, para assim doutriná-las e controlá-las.

Alguns provavelmente vão lembrar neste momento que existe uma questão legal em relação a tudo isso. Pois, de acordo com as leis brasileiras, a relação sexual com uma criança menor de 14 anos é caracterizada como estupro, mesmo se ocorre de forma consentida, pois uma criança nessa idade não teria o discernimento para entender o que se trata o ato sexual e suas possíveis consequências, como uma gravidez. Assim, entende-se que a manchete não estaria errada, pois sob essa ótica legal a menina foi de fato vítima de um estupro, mesmo que tenha dado consentimento ao ato. 

Acontece que o "estuprador" foi um menino de 13 anos. Ou seja, da mesma forma ele supostamente não teria o discernimento sobre o ato. Na verdade, poderíamos até dizer que o garoto também teria sido vítima de estupro, não seria tão absurdo afirmar isso se formos considerar a lei ao pé-da-letra. Afinal de contas, o crime de estupro de vulnerável é caracterizado como "prática de conjunção carnal ou ato libidinoso". Como foi uma relação consentida por ambas as partes, entendo que poderia ser entendido dessa forma, pois ele também fez parte dessa "conjunção carnal". 

Além disso, devemos lembrar todo aquele discurso que costuma sempre ser muito defendido pela esquerda e politicamente corretos, que o menor de 18 anos é considerado inimputável, conforme descreve o Artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Para fins penais, qualquer ato cometido antes do indivíduo atingir a maioridade deve ser desprezado. Ou seja, como o "estuprador" é menor de idade, não há caracterização de crime. Em outras palavras, não ocorreu estupro, no máximo seria um ato infracional. Não é isso que a esquerda sempre diz, quando temos algum tipo de crime cometido por alguém que não tenha maioridade penal? Por que agora é diferente? Por que isso poderia dificultar a realização do aborto?

Concorde ou não com isso, mas foi o que valeu para o Champinha, por exemplo. Sequestrou, estuprou continuamente (de forma sádica, durante vários dias) e assassinou uma jovem há anos, e na época muita gente passou a mão na cabeça dele, dizendo que era um pobre coitado, que não tinha feito por mal, que era errado considerá-lo como um criminoso. Tanto que até hoje ele vive de boa em um centro de tratamento, já que a saída foi dizer que ele tem problemas mentais. Mas está lá com sua ficha limpa, não consta que ele tenha estuprado e matado. Isso sem falar dos inúmeros "di menor" que cometem crimes todos os dias, ninguém acha ruim, ninguém acha que eles tenham que ser julgados como adultos. Pra você ver que tem até candidato à presidência que diz ter pena desses meninos, que roubam celular (e matam) só pra tomar uma cerveja... 

E aí, será que valerá o mesmo discurso agora? Pois se vale a mesma teoria que um menor de idade não comete crimes, então a menina não foi vítima de estupro pois o seu "estuprador" era menor de idade também, e toda essa ladainha que teoricamente permite o aborto em casos de estupro cai por terra...

Vale destacar aqui um outro ponto importante nessa história toda, que tem a ver com a sexualização precoce que está sendo cada vez mais incentivada para as crianças. Puxa vida, fico pensando na minha infância, quando eu tinha 13 anos eu nem fazia ideia dessas coisas, era época em que eu pensava em brincar com meus Comandos em Ação, jogar videogame e por aí vai. Já disse aqui certa vez, fui folhear minha primeira Playboy aos 18 anos, só nesse momento é que me dei conta de como rapazes e moças são diferentes, apenas nesse momento é que começavam a falar no colégio sobre as questões reprodutivas, sobre sexo seguro e coisas assim. 

Hoje em dia, as crianças estão sendo apresentadas a esse tipo de questões sexuais muito mais cedo. Ora, se um menino de 13 anos e uma menina de 11 tiveram o consenso de praticar o ato, de "colocar o passarinho na gaiola", é porque eles já foram apresentados ao sexo em algum momento de suas vidas. Aí é que vem a má influência de um vídeo do Felipe Neto ou de uma música da Anitta, que expõem esses temas de forma bem liberal e livre, totalmente acessível a qualquer um, incluindo crianças que não deveriam estar consumindo esse tipo de conteúdo (e que muitas vezes são até o público-alvo, como é o caso de muitos vídeos do youtuber asqueroso). É indiscutível que hoje em dia há uma abjeta erotização precoce das crianças, promovida pela mídia e aplicativos de vídeos e mensagens, e pela "cultura". Vide os bailes funk, onde tem menina com menos de 15 anos de shortinho cavado requebrando até o chão, ou até mesmo as festinhas de aniversário com os meninos "encaixando" nas meninas, fazendo "trenzinho" ao som de Valeska Popuzuda.

Acha absurdo uma menina de onze anos grávida? Vai lá na "cumunidade", que deve ter um monte de outras com a mesma idade por lá... Ou talvez tenha gente que ache que é "normal" que um menino de 13 anos e uma menina de 11 façam sexo... 

Cabe dizer que muitas vezes a culpa é dos pais dessas crianças, tanto quando eles incentivam esse tipo de exposição como quando ficam ausentes e não educam seus filhos, como eu imagino que tenha sido a causa nesse episódio em questão. Afinal de contas, se essas duas crianças fizeram o que fizeram em tão tenra idade, é porque os pais deixaram, é porque eles não se responsabilizaram por educar essas crianças, dizendo que elas não têm idade para fazer certas coisas. Não se trata necessariamente de esconder essas questões das crianças, especialmente pelo fato de que hoje em dia, com a mídia e a internet, o acesso a material de cunho sexual é extremamente simples, é impossível "proteger" totalmente as crianças disso. Mas envolve pelo menos conversar, explicar para os seus filhos que tudo tem as suas consequências, falar a respeito dos riscos e do que pode acontecer por conta de uma gravidez inesperada. Se os pais dessas duas crianças fossem mais preocupados com elas, se levassem a educação delas um pouco mais a sério, esse episódio todo não teria sequer acontecido...

Voltando ao caso da menina, algo que me surpreende e me enoja é ver como que certas pessoas têm uma visão tão indiferente a uma prática cruel como o aborto. Digo novamente, a esquerda tem método, e algo que eles sempre promovem é uma resignificação das palavras para a percepção que seja mais conveniente aos seus interesses. A palavra "aborto" é apresentada de forma inocente e abstrata, como se fosse um mero procedimento cirúrgico sem muita importância. A normalidade e a naturalidade que essas pessoas têm ao se referir ao aborto é assustadora, é como se pra eles fosse tirar uma espinha ou uma verruga. E o mais absurdo de tudo é ver que essas pessoas são aquelas que postam fotos suas tomando a vacina contra o vírus chinês com a legenda padrão "Viva o SUS, viva a vida!", são indivíduos que se dizem cristãos e religiosos, que ficam sensibilizados quando um George Floyd é morto de forma covarde, que adotam um estilo de vida vegano pois tem pena dos animais que são abatidos para servirem de comida.

Eu pergunto para você, caro leitor: você sabe como que é feito um aborto? 

Caso não tenha ideia, eu coloco abaixo um vídeo que foi recentemente publicado pela deputada catarinense Ana Campagnolo. Prefiro que você veja esse vídeo, pois ele não mostra o procedimento de forma real, trata-se de uma representação esquemática que ilustra como que um bebê é removido de dentro da mãe, em dois momentos da gestação. Pois se você tiver a coragem de procurar no Google por um vídeo ou foto de um aborto real, provavelmente terá muitos pesadelos. Eu já vi uma entrevista no Terça Livre onde o médico somente falou alguns dos métodos abortivos usados, e fiquei abismado só de ouvir a descrição, digo mesmo que não tenho coragem de fazer uma busca pela palavra "aborto" no Google com medo do que pode aparecer. Mesmo assim, reforço o aviso que ela coloca na descrição, pois mesmo sendo uma animação o vídeo pode ser considerado muito perturbador para algumas pessoas. Assim, caso você se impressione facilmente, recomendo não assistir.

Aliás... se você defende o aborto, eu sugiro que procure no Google mesmo. Veja um vídeo real e depois me diga o que acha. Se você achar isso algo normal, nada demais... sério, tenho pena de você, que perdeu sua humanidade.

Pelo tempo de gestação, a menina teve que se submeter ao segundo procedimento, em que o bebê recebe uma injeção com um produto que queima seus órgãos internos, matando-o de forma cruel. Pois nessa idade a criança já está bem formada, a ponto de ter o sistema nervoso desenvolvido. Ou seja, o bebê sentiu dor após tomar essa injeção. A criancinha agonizou antes mesmo de ter a chance de nascer, e o pior de tudo: dentro daquele que deveria ser o lugar mais seguro que todo ser humano vive, que é o ventre de sua própria mãe. 

Uma vez o óbito do bebê tenha sido confirmado, realiza-se o parto. Da mesma forma como seria feito se o bebê estivesse vivo, por meio de uma cesariana, por exemplo. Isso quer dizer que a menina faria um parto independente da situação, a única diferença é se ela daria a luz a um bebê vivo ou morto... Ou então, caso não seja possível fazer o parto, é feito aquele procedimento traumatizante que é mostrado no vídeo, pior do que se vê em filmes de terror: um dispositivo é usado para abrir o canal vaginal e então usam uma ferramenta que parece uma pinça dentada, para cortar e remover os pedaços da criança morta. E eu ainda fico me perguntando sobre um detalhe, após todo esse processo hediondo: o que fazem com os restos do bebê abortado? Sério, me vem na cabeça a imagem de que os restos dessa criança assassinada antes de nascer devem ser jogados em uma lixeira hospitalar, algo assim...

Sério... alguém que defenda tal prática não tem um pingo de humanidade. Eu não consigo conceber que existam pessoas que achem isso normal. Eu realmente não consigo entender. Sou muito fiel aos meus valores, e eu não consigo ver nenhuma justificativa que defenda que uma prática como o aborto seja sequer considerada. E olha que eu não sou católico, não estou dizendo isso sob influência religiosa, é apenas por conta de meus conceitos de certo e errado, de humanidade. Não consigo ver como que uma criança inocente, que não fez nada de errado, possa sofrer tamanha violência e tenha gente que aplaude... Isso é desumano, não tem outra palavra que descreva isso.

Talvez apareçam alguns aqui apontando o dedo na minha cara, baseado no que eu escrevi em certas postagens anteriores, onde defendo a pena de morte contra aqueles que cometam crimes bárbaros, como assassinos, estupradores e torturadores. Tais "justiceiros" podem vir aqui e me xingar, dizendo que seria hipocrisia de minha parte que eu me sensibilize com um aborto mas não com a execução de um bandido (por mais absurda que essa sentença soe para uma pessoa normal). Creio que possam até dizer que a pena de morte seria pior do que o aborto, pois talvez para eles o feto só é uma pessoa quando nasce, dentro da barriga da mãe ele ainda não seria um ser humano, é só um amontoado de células, enquanto que o criminoso é um ser humano formado e assim tem o direito à vida. Digo que já escutei comentário parecido de um conhecido, em uma ocasião onde a rodinha de conversa foi para esse tema de aborto.

Peço licença ao leitor educado e compreensivo, mas para esses cretinos que estejam me chamando de hipócrita com base nesses argumentos acima, os mando para a puta que pariu. Pois comparar a punição contra um criminoso que tenha feito uma maldade bárbara contra um outro ser humano com o assassinato covarde de um bebê inocente, dizer que é a mesma coisa é de uma patifaria e desonestidade sem tamanho. Aquele que pratica um crime vil não é digno de direitos humanos, pois ele não respeitou os direitos humanos da vítima; agora, que crime um bebê de 29 semanas pode ter cometido? O crime de existir? O crime de ter sido gerado por conta de um suposto estupro? O crime de não ser desejado pela mãe?  

Para aqueles que acham que pena de morte para alguém que cometeu um crime hediondo e o aborto de uma criança saudável são a mesma coisa, peço que vão embora. Sério, você não é bem-vindo aqui se defende essa teoria. Eu quero distância de pessoas que achem que um criminoso de alta periculosidade e que pratique o mal contra os outros e um bebê que sequer nasceu e nada fez contra ninguém sejam equivalentes. Pior ainda é imaginar que muitas dessas pessoas devem achar o aborto algo correto e a pena de morte contra bandidos algo errado, acham que assassinar um bebê na barriga da mãe tá tranquilo, enquanto que um cretino que mate pessoas inocentes deve ser reintegrado à sociedade e ser perdoado.

Sério, quem defende essa ideia e fica apontando o dedo para conservadores que são contrários ao aborto mas favoráveis à pena de morte de criminosos, não passa de um verdadeiro canalha que não tem a mínima noção das coisas, que não sabe mensurar a proporção de questões que são inteiramente diferentes. Digo novamente, comparar uma criança inocente que não nasceu com um bandido que tenha cometido um crime hediondo é a maior estupidez que alguém pode dizer, quem acredita nisso não passa de uma criatura deplorável e desprovida de valores, um hipócrita que não tem dignidade e respeito pela vida de inocentes.

Voltemos ao caso em si, antes que eu me emputeça ainda mais. 

Repito, eu sou muito fiel aos meus valores, e fico me perguntando como que nessas situações a decisão é sempre pela morte e não pela vida. Ninguém aqui está dizendo que seja um caso simples, que seja uma situação normal, é evidente que ninguém aqui pensa que seja natural que uma menina de 11 anos esteja grávida (da mesma forma que não acho natural que ela faça sexo consentido). Não é idade para uma menina engravidar, nessa idade ela ainda é uma criança, que tem que brincar e estudar. Porém, por todos os motivos que já falamos, a gravidez aconteceu, gostem ou não. Ninguém está sendo leviano a ponto de achar que essa gravidez não seja indesejada, é lógico que as duas crianças não fizeram tudo isso com esse propósito. Mas aconteceu, nada iria mudar o fato que essa menina engravidou. A vida dela mudou, e não há nada que poderia ser feito para mudar isso. 

O que me surpreende é que, diante das duas possiblidades para enfrentar essa situação, defende-se aquela que resulta na morte do bebê e não na sua sobrevivência. Como é muito bem descrito pela mesma Ana Campagnolo neste texto, optou-se pela opção em que uma das vidas foi eliminada, quando seria possível salvar as duas vidas, da mãe e do bebê. Por que não escolheu-se essa opção? Por que ela é considerada errada? Eu, com meus valores, não consigo entender como que uma pessoa normal acha que é melhor que um sobreviva e outro morra, em vez dos dois sobreviverem. Se alguém discorda, me explique, por favor. Tente me convencer como que eliminar uma vida seja melhor do que manter as duas vidas?

Isso é o que eu não entendo nessas pessoas que defendem o aborto. Pois elas normalizam esse procedimento, parece que é como se fossem estalar os dedos e "puf", o bebê some da barriga da mãe e tudo volta ao normal como um passe de mágica. Criam uma visão simplista para convencer as pessoas de que o aborto é certo, de que não passa de um mero procedimento simples e que faria a vida dessa menina voltar ao normal, que agora ela vai poder estudar, brincar e ficar com a família como se nada tivesse acontecido. Não é bem assim...

Muito se falou sobre os riscos para a menina da onze anos, a própria matéria do The Intercept se preocupa em listar tudo de ruim que poderia acontecer com ela se mantivesse a gravidez, como hemorragia grave, anemia, perda do útero ou até mesmo a morte. Ninguém está negando a existência destes riscos, reitero o que disse, não se trata de uma gravidez normal, uma menina de onze anos ainda não tem a estrutura biológica para suportar um parto comum; tanto que, se o aborto não fosse feito, ela ainda teria que realizar um parto antecipado com cesariana, e o bebê teria que passar mais algumas semanas numa incubadora. 

Mas, por que as autoras omitiram os riscos inerentes ao aborto? Por que tais riscos são considerados irrelevantes, e apenas se preocupam com aqueles associados à gravidez? Lembrando mais uma vez que, como já haviam passado muitas semanas de gestação, o aborto envolveria invariavelmente um procedimento de parto antecipado. Ou seja, os possíveis problemas inerentes a esse parto poderiam ainda acontecer, a realização do aborto não livraria a menina desses riscos em particular. De uma forma geral, desconsiderando os riscos associados ao aborto, a diferença entre o parto que ela faria e o aborto que fez é apenas uma: se o bebê seria retirado com ou sem vida. Simples assim. 

Por um momento vou me abster de minhas convicções pessoais e fazer uma fria análise de risco do ocorrido. Tirando todas as questões morais e éticas associadas ao aborto e à gravidez precoce, temos uma situação onde existiam duas opções: seguir com a gravidez até um momento em que o parto antecipado pudesse ser feito ou realizar o aborto para remover o bebê imediatamente. Diante desta situação e assumindo uma postura fria e calculista, temos uma simples análise de risco que deveria ser feita para escolher esta ou aquela opção: tipo, se seguir com a gravidez há um risco de tantos por cento de que a menina e o bebê venham a desenvolver algum problema grave, e até mesmo uma probabilidade que um deles ou mesmo ambos venham a morrer; por sua vez, no caso do aborto já será o risco de outros tantos por cento que a mãe tenha alguma sequela ou venha a falecer (para o bebê nem conta, pois ele seria morto). E aí, diante das probabilidades, que se escolhesse a alternativa que tivesse mais chances de sobrevivência para a mãe.

Não estou dizendo que teria que ser feito isso, pois repito que para mim o aborto é inaceitável em qualquer situação. Mas trago essa visão mais cartesiana, que poderia ser explorada por uma matéria de um jornal sério que adotasse uma posição neutra, focada nos fatos. Não que seja justificativa suficiente para mim, mas que as autoras do Intercept pelo menos explorassem os riscos de ambas as opções, mesmo que chegassem à conclusão de que o aborto seria o mais indicado, pois a mãe teria, por exemplo, 90% de chances de sair bem do procedimento, enquanto que com a gravidez ela teria, sei lá, 5% de chances de sobrevivência e o bebê 10%. 

Repito, não estou defendendo, até porque estou chutando os números aleatoriamente. Mas pelo menos seria algo mais honesto do que fizeram: falar somente dos riscos da continuidade da gravidez e omitir os possíveis riscos da realização do aborto, criando assim uma falsa ideia de que seja algo simples e tranquilo...

Um argumento muito usado pelos defensores do aborto é que na verdade se trata de uma questão de saúde pública. Essa é a postura de muitas pessoas e até mesmo de organizações, como a OMS. Tudo é apresentado de uma forma como se o aborto fosse um direito que deve ser assegurado às mulheres, evitando que elas tenham que ocorrer ao procedimento em clínicas clandestinas. Fazem uso da tática de associar ao problema de desigualdade social, com uma justificativa de que a mulher rica vai ter como fazer o aborto em segurança em um hospital, enquanto que a mulher pobre vai num lugar improvisado onde vão usar um cabide pra tirar o bebê. Um discurso que transmite uma visão de que a grande preocupação da organização e dos pró-abortistas é com a vida, a saúde e os direitos humanos dessas mulheres.

Muito bonitinho, né? Tem gente que deve se emocionar a ponto de derramar uma lágrima. Só acho interessante como a preocupação é zero com a vida, a saúde e os direitos humanos do bebê no ventre da mãe a quem a OMS quer assegurar o direito ao aborto. Ele merece apenas uma pinça dentada para esquartejá-lo em pedaços.

Usar esse tipo de argumento na hora de contestar as pessoas contrárias ao aborto é uma verdadeira sacanagem, uma postura desonesta e canalha. Toda essa justificativa parte do pressuposto que o aborto é algo normal e natural, e a preocupação dessas instituições é garantir a "dignidade" de que qualquer mulher, não importando a sua classe social, possa fazer o procedimento em segurança. A questão, minha cara OMS, é que o debate é anterior a isso: é sobre o ato do aborto em si. Essa é a discussão que os grupos pró-vida fazem, questionando por que a única solução para uma gravidez indesejada seja a morte do bebê. Não importa se é uma mulher rica ou pobre, não interessa onde que ela fará esse procedimento; na minha opinião o aborto é errado e inaceitável em qualquer situação, como mencionei no início da postagem. Discutir esse assunto, de garantir que a mulher possa fazer um aborto seguro, é irrelevante, pois é uma questão a qual sequer deveríamos estar discutindo. Ela não deveria estar fazendo o aborto, e por isso não temos que ficar falando sobre assegurar sua segurança em algo que ela não deveria estar fazendo.

Nessa hora é que aparecem as feminazis revoltadas, de sovaco peludo e cabelo azul, alegando o tal "direito reprodutivo", berram o manjado "meu corpo, minhas regras" como forma de sizer que elas têm o direito de tirar o feto de suas barrigas se assim o quiserem. E provavelmente devem estar pedindo a minha cabeça, pois eu não teria "lugar de fala" para dar um pio sobre aborto, que apenas "indivíduos com útero" podem se pronunciar sobre o aborto.

Vamos lá, minhas queridas feministas revolucionárias. Vou usar de uma metáfora para ver se vocês são capazes de entender como que as coisas funcionam.

Imagine que você queira ir na rua passear, mas não queira correr o risco de pegar chuva e se molhar. Provavelmente uma das primeiras coisas que você vai fazer é dar uma olhada na janela para ver como está o tempo ou fará aquela consulta no Climatempo ou coisa parecida para avaliar as possibilidades de chuva para aquele dia. Sabemos bem que existirão momentos em que a chance de cair um pingo de água serão bem remotas, e outras onde é quase certo de desabar um toró daqueles. Pois muito bem, dependendo do risco de chuva, você provavelmente tomará alguma ação preventiva para, caso venha a chover, você não se molhe. E existem diversas coisas que podem ser feitas. Por exemplo, dá para levar um guarda-chuva, é uma forma típica de se proteger. Mas, talvez você ache que o guarda-chuva não seja tão seguro assim, não vai evitar que você se molhe. Bom, então tem a opção de colocar uma capa de chuva da cabeça aos pés, isso deve impedir alguém de se molhar. Agora, se mesmo assim você estiver preocupado que mesmo com guarda-chuva e capa exista um risco de se molhar, e seja algo inadmissível naquele momento... bem, então tem uma solução simples com 100% de certeza que você não vai correr o risco de se molhar de chuva: fica em casa e vá passear em outro dia.

É a mesma coisa quando se trata de evitar uma gravidez indesejada, existem formas de evitar que ela aconteça. A começar com a observação do momento, de ter consciência do seu próprio período fértil, onde estará mais suscetível a engravidar, algo que toda mulher que tenha um mínimo de preocupação com sua saúde ginecológica deve saber. Além disso, existem diversos meios anticoncepcionais que podem ser usados pela mulher e/ou pelo homem, como forma de reduzir drasticamente a probabilidade de que ela seja engravidada. Em último caso, se mesmo assim não confia em tudo isso, é simples: feche as pernas e não vá trepar, pombas!

Aliás, vale comentar que essa está sendo a "reação" de um monte de mulheres histéricas nos Estados Unidos, depois que a decisão do supremo de lá liberou que cada um dos estados decida se vai legalizar o aborto ou não. Mesmo sabendo que tal decisão não tenha proibido o aborto, as feminazis ficaram furiosas pois agora terão que ir para determinadas unidades da federação caso queiram assassinar seus bebês. E elas tiveram agora a "brilhante" ideia de promover uma greve de sexo até que a decisão seja revertida. Ou seja, elas ficarão de pernas cruzadas e não vão trepar com homens até que o aborto passe a ser legal de forma plena nos Estados Unidos.

O mais hilário é que essas idiotas parecem ter finalmente aprendido. Se não quer engravidar, essa é a melhor saída, é só não transar! Vai trepar com outra mulher, vai se satisfazer com um consolo ou pepino, que se foda (literalmente), pelo menos essas cretinas não vão promover mais a morte de bebês inocentes. O mais engraçado de tudo é que a grande maioria delas é de arrepiar, essas passeatas de feministóides que estão rolando lá na terra do Tio Sam mais parecem um navio pirata, só tem canhão. Diria que nem precisa promover uma greve de sexo para que homens decentes não queiram nem chegar perto dessas criaturas bizarras...

O problema é que essas mulheres progressistas querem cagar para qualquer responsabilidade de sua parte, estão pouco preocupadas em prevenir que a gravidez aconteça. Pois, se acontecer, acham que é normal simplesmente arrancar fora aquela criança incômoda de suas barrigas. É como a pessoa que quer sair na rua durante uma tempestade sem nem levar um guarda-chuva, e depois vai ficar puta porque suas roupas ficaram molhadas. É de uma insensatez sem tamanho, diria até que é uma postura infantil da sociedade moderna, que acha que pode fazer o que quiser e se safar das responsabilidades. 

Nessa hora é que eu volto para aquele papinho da OMS e similares, que têm essa preocupação em assegurar o direito da mulher abortar uma criança. Porém, eu não vejo o mesmo engajamento dessas organizações em promover um maior acesso à informação para essas mulheres, não vejo uma preocupação em levar mais conhecimento para elas, para que tenham uma educação sobre os cuidados relacionados à saúde ginecológica, para que saibam mais sobre a gravidez, sobre as condições onde há maior risco e assim por diante. Em vez de focarem em evitar o "problema" (embora considere errado ver a criança como um problema), deixam que aconteça para depois oferecer a solução... Em vez de compartilhar informação e fazer com que as pessoas sejam mais responsáveis, esses canalhas tentam normalizar um procedimento cruel e que pode trazer graves sequelas para as mulheres, independente delas estarem em uma clínica de qualidade ou clandestina.

Vamos voltar mais uma vez ao caso da menina catarinense, pois existe uma outra questão que considero importante, além dos riscos físicos e sequelas que ela possa ter. Pois sabemos muito bem que consequências de um aborto não são apenas físicas, mas também psicológicas. Temos que considerar que essa menina certamente ainda não entende a dimensão de tudo que aconteceu, ela não faz ideia do que passou (como fica claro quando vemos o depoimento vazado ilegalmente). O problema é que ela vai crescer, vai começar a entender como que as coisas funcionam, como que a gravidez ocorre, como que um aborto é feito, e vai também formar a sua opinião sobre o tema (espero eu que de forma consciente, sem permitir a influência de ninguém). Talvez ela até venha a concordar com o aborto, talvez ela venha a ser como as três autoras do artigo do Intercept e defender que o bebê possa ser removido em qualquer momento e situação, e vai se lembrar desse junho de 2022 como uma decisão acertada de sua parte. 

Agora... como que vai ser se ela formar uma opinião contrária ao aborto? Como será que ela vai encarar o fato de que ela permitiu que seu bebê fosse assassinado com uma injeção salina e depois tirado pra ser jogado fora? Ninguém será capaz de mensurar o sentimento de culpa e arrependimento que essa menina pode sentir daqui a alguns anos, e as consequências psicológicas que isso pode ter em sua vida no futuro...

Mas para Bruna, Tatiana e Paula, as autoras do artigo do The Intercept, isso não faz diferença. Pois para elas o caso terminou, já conseguiram o que queriam, que era gerar repercussão e usar esse episódio em prol da defesa do aborto. O objetivo principal, que era garantir que o bebê fosse assassinado, já foi conquistado por elas, que devem estar felizes com o desfecho. Por sua vez, o que pode acontecer com essa menina depois, aí não é problema delas. Se essa menina um dia se arrepender do que permitiu que fizessem, se ela ficar traumatizada ou tiver algum tipo de problema físico ou mental com isso, as três "jornalistas" não farão um textão quilométrico em solidariedade a ela... 

Pergunto novamente para os defensores do aborto, o que dizem a respeito disso. Algum de vocês está preocupado com o que essa menina venha a sentir daqui alguns anos? Por que essa questão não é debatida? 

O mais asqueroso de tudo não é apenas o fato que muitos abortistas estejam nem um pouco preocupados com as consequências psicológicas que uma mulher possa ter após a realização de um aborto. O que mais me revolta são as "justificativas" que alguns deles dizem para dizer que seria pior se ela tivesse a criança. Na entrevista que citei no Terça Livre, me lembro do médico dizendo que tem defensores do aborto que alegam que é muito pior que a mãe tenha o bebê, pois ele provavelmente será dado para a doção e assim ela viverá em angústia, sofrendo por não saber como o seu filho está, se estão cuidando bem dele. E por essa razão o melhor era o aborto, pois assim a mãe não ficaria com essa preocupação, não viveria em dúvida, assim ela conseguiria um desfecho imediato do episódio. 

Na boa, quem concorda com isso deve ter merda na cabeça. É a justificativa mais estúpida e sem sentido que alguém poderia dar para defender o aborto.

Enfim, eu acredito que a postagem está ficando longa (mas não tanto como o testamento do The Intercept), e já seja o momento de arrematar para a conclusão.

A grande verdade é que esse episódio, que infelizmente teve um desfecho triste, mostra mais uma vez como que a esquerda é extremamente organizada e trabalha com todas as suas forças para moldar o pensamento da sociedade, para que ele siga conceitos que ela defende. Começando no momento em que o Intercept divulgou ilegalmente o caso, apresentando-o de uma forma parcial e direcionando a interpretação do mesmo, vimos então todo um empenho covarde de vários setores da imprensa e da sociedade de se beneficiar disso. Tudo com o objetivo de criar uma história que chamasse a atenção de todos, que causasse determinadas emoções que cegariam os mais alienáveis, para assim convencê-los que o aborto seria algo lindo e maravilhoso, que isso ajudaria uma pobre menina a recuperar a sua vida antes de sofrer um cruel estupro. Foi assim que esse episódio foi apresentado, e essa percepção falsa dos fatos conseguiu até mesmo convencer pessoas que se dizem conservadoras e até ontem eram contrárias ao aborto.  

Pois, como eu disse acima, essa é a forma como a esquerda trabalha, criando narrativas que sejam sedutoras, para assim controlar e manipular a população. Criam toda uma imagem fantasiosa, criam os argumentos bonitinhos como "defesa do direito à reprodução" para assim convencer aquelas pessoas desprovidas de senso crítico e que acreditam em qualquer coisa. Como disse bem o Paulo Briguet neste excelente texto, os esquerdistas canalhas sabem que se a população for convencida de que está tudo bem em matar um bebê no ventre da mãe, mesmo de forma hostil e cruel, ela estará anestesiada a ponto de aceitar qualquer coisa que eles façam. Todo esse discurso busca normalizar a morte de uma criança na barriga de sua própria mãe, para que assim seja fácil normalizar coisas menos piores, mas também criminosas. Ora, se a sociedade não se comove com um bebê sendo morto por meio de uma injeção letal que o queima por dentro, certamente não vai se revoltar se alguém for desaparecido por xingar o Lula, se uma família for expulsa de sua propriedade para dar lugar a sem-terras ou se um jornal conservador for censurado e impedido de falar com seu público. 

Talvez você ache que eu esteja exagerando, que estou politizando uma questão que na verdade seria de saúde pública, que eu seja um doente que vê o dedo vermelho do socialismo em tudo. Pode pensar o que quiser de mim, eu não ligo para a opinião alheia, se discorda do que eu falo ou acha que eu estou falando bobagem, não perca o seu tempo lendo meus textos, certamente deve ter muita gente por aí na Internet que mereça a sua atenção. 

Porém, isso não muda os fatos. Não muda a realidade, em que fica evidente que todos da esquerda tenham ficado em êxtase com a morte de um bebê inocente nessa última semana, e ainda mais contentes com o fato que muita gente apoiou tal decisão. Pois digo novamente: se as pessoas não se sensibilizam e não se revoltam diante de uma decisão que permitiu o assassinato covarde de um bebê inocente, se tivermos uma sociedade que ache natural que um bebê de sete meses tenha seus órgãos queimados e esquartejados sob uma justificativa vazia de "direito reprodutivo"... bom, então essas pessoas não vão achar errado um monte de coisas que a esquerda já fez em vários países e pretende repetir aqui no Brasil. Digo uma última vez, basta ver quem é favorável ao aborto, quem está celebrando a morte de uma criança... e aí avalie se você vai concordar com esse tipo de gente, se os seus valores se alinham com alguém que defenda a morte de um bebê no ventre de sua mãe. A escolha é sua, assim como a responsabilidade pelas consequências de sua escolha.

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