Poseidon Wars 3D

Acho que estou em um momento de relembrar jogos de videogame, em especial do saudoso Master System. Diferente da maioria que tinha um Nintendo (ou um de suas cópias "piratas"), eu acabei sendo levado ao mundo dos consoles da Sega, e digo que me sinto muito satisfeito por isso. Claro que é a minha opinião, mas eu achava que o Master System era mais simpático e tinha jogos mais legais que o Nintendinho. Principalmente por trazer certos títulos bem originais e divertidos, alguns que usavam os acessórios do console que na época empolgavam a criançada, como a pistola e o óculos 3D. É o caso do jogo de hoje, Poseidon Wars 3D.

Lançado em 1989, esse é um jogo que eu imagino que não era tão conhecido assim, por trazer um tema não muito chamativo. Considerando que o Master System trazia muitos clássicos dos fliperamas, como Out Run, After Burner, Altered Beast e Double Dragon, era esperado que a maioria dos jogadores ia partir para esses jogos já conceituados e conhecidos. Mas o singelo jogo de navio, com apenas 2 megas de memória, impressiona por sua qualidade, jogabilidade empolgante e uma trilha sonora incrível. Os mais novos podem torcer o nariz diante dessa minha última frase, mas temos que considerar o contexto do final dos anos 80, como os videogames caseiros estavam começando, longe da capacidade computacional que existe hoje em dia.

Afinal, a foto que você tirou no celular e postou no Instagram agora há pouco tem mais megas de memória que Poseidon Wars 3D. Faz pensar em como a tecnologia avançou...

Vamos começar a lembrar desse jogo sensacional. Uma esquadra naval inimiga (de um país que não fazemos ideia que seja) decidiu atacar a sua nação, pegando as forças armadas com as calças na mão. Ou seja, todos os navios de guerra de seu país foram para o fundo do mar, e a invasão é iminente. A última chance fica com o pequeno cruzador-escola Poseidon, de cuja tripulação você faz parte. Começa uma corrida contra o tempo, na qual você deve treinar o mais rápido possível, para assim enfrentar os inimigos e vencer essa guerra.

Pode parecer meio exagerado, especialmente imaginar que uma embarcação de treinamento seria capaz de vencer uma esquadra armada até os dentes. Mas a história funciona, criando aquele típico enredo de "Davi contra Golias" que se aplica bem a esse tipo de jogo de tiro. Pois esse é o estilo de jogo de Poseidon Wars 3D, onde o navio se move sozinho ao longo do mar, e os inimigos aparecem na tela para serem alvejados por você.  

Muita gente poderia imaginar que esse seria um jogo perfeito para uso da pistola Light Phaser do Master System. Admito que em certos momentos eu pensava a mesma coisa. Mas acredito que isso limitaria um pouco a jogabilidade, especialmente pelo fato da pistola ter apenas um botão. Assim, trata-se de um título que é jogado com o gamepad mesmo. Na verdade, até mesmo dois controles podem ser usados, como vou explicar logo mais. Já que antes é legal falar um poúquinho do óculos 3D do console.

Na época os jogos de videogame estavam tentando tornar a experiência de jogar a mais realista possível. Claro que é algo impossível quando temos uma tela de televisão bidimensional. Assim, muitos jogos recorriam a algumas técnicas visuais para criar o efeito de profundidade. Por exemplo, em jogos de corrida os carrinhos começavam pequenos e iam crescendo, e certos títulos de aventura usavam diferentes "faixas" de terreno se movimentando lateralmente em diferentes velocidades. Até que surgiram os primeiros óculos tridimensionais com as lentes azul e vermelha, usando uma imagem duplicada e que dava a impressão de profundidade ao usar tais óculos. Foi a saída usada pelo Nitendinho, mas o efeito era uma bosta. Foi quando a Sega criou o óculos 3D high-tech para o Master System.

O bicho era um monstro, e tinha um visual futurista e estiloso (pelo menos para a época) como o console. E, diferente dos óculos azul-vermelho que costumava ser uma cartolina com dois plásticos coloridos, a versão do Master System usava um sistema diferente, por meio de dois visores LCD, um para cada olho. Diante da imagem dobrada da tela, cada lente focaliza em uma delas e depois nossos olhos fazem o restante, criando uma imagem tridimensional. Isso era o mais legal, já que o aparelho usava o princípio de nossa vista, onde cada olho "enxerga" o objeto sob um ângulo diferente e assim nosso cérebro constrói a imagem em três dimensões. Com isso, os efeitos tridimensionais proporcionados pelo dos óculos do Master System eram quase que perfeitos.

Claro que tinha os seus cuidados. A começar que não tinha vista que aguentasse uma partida muito longa, como o próprio Poseidon Wars 3D. Outro problema é que se a pessoa usasse óculos naturalmente, era praticamente impossível colocar o óculos do Master System por cima (aliás, como acontece até hoje com óculos de cinema e televisões). Além disso, para o efeito tridimensional ficar mais legal era importante que o ambiente ao redor do televisor estivesse mais escuro, para que outras fontes luminosas ou reflexos não prejudicassem a imagem vista pelos óculos. 

Felizmente, a maioria dos jogos 3D do Master System tinha a opção de desligar o efeito tridimensional (acho que apenas o Missile Defender 3D, um jogaço, é que não tinha), e esse era o caso de Poseidon Wars 3D, que podia ser jogado em 2D mesmo.

Vista a questão do óculos 3D, vamos começar pelo começo, com os controles do jogo. O botão direcional ficava responsável pela movimentação de uma mira, nas oito direções possíveis. O botão 1 era usado para disparar os canhões de 76 mm do Poseidon, que tinham munição infinita, enquanto que o botão 2 era usado para disparar os mísseis superfície-superfície (ou SSM). Algo curioso é que Poseidon Wars permitia o uso de um segundo controle, onde apenas os dois botões de gatilho serviam para alguma coisa (uma forma criativa de expandir a quantidade de botões do controle padrão). No outro gamepad, o botão 1 alternava entre a vista 2D ou 3D, enquanto que o botão 2 servia para abortar a missão, permitindo que outra fosse escolhida.

Controles simples pois o jogo era intenso. A ação se passa na parte maior da tela, que é a visão do oceano por onde os inimigos passam. Mas, antes de falar deles, vale a pena dedicar um tempo para falar do painel do navio, na parte inferior da tela, que deixa claro como que Poseidon Wars 3D é um jogo bem elaborado e bonito.

Existem vários mostradores que apresentam informações sobre os sistemas do cruzador Poseidon, divididos em três zonas principais. A maioria deles possui uma pequena luz colorida, com três cores possíveis que indicam o status daquele equipamento em particular: azul indica que está totalmente operacional, vermelho que está com problema e preto significa que está destruído. E vale falar que alguns desses equipamentos podem receber upgrades após completar determinadas missões. 

Vamos começar com os armamentos, já que representam o equipamento mais importante de um navio de guerra. O Poseidon possui dois armamentos, sendo que os canhões de 76 mm representam o principal. Tem força para destruir inimigos pequenos, mas serão necessários vários tiros para afundar os "chefões". E são armas multi-propósito, podendo ser usadas para alvejar não apenas outros navios, mas também aviões e helicópteros. Apesar de soar absurdo, esses canhões tem munição infinita, pode atirar à vontade. 

Algo interessante de comentar é que no início o Poseidon possui algo como dois canhões simples, supostamente um na proa e outro na popa (os populares "frente" e "traseira" do navio). Só que é possível incrementar as armas, não apenas deixando os canhões mais fortes mas também adicionando mais um canhão, isso após completar determinadas missões. Por outro lado, sendo danificado o poder de fogod do Poseidon é reduzido, inicialmente reduzindo a quantidade de disparos por vez quando sua luz de status está vermelha e por fim afetando a velocidade de tiro quando a luz fica preta. Afinal, ia ser sacanagem não poder atirar mais.

De forma complementar, o cruzador contava com um lançador de SSMs, que representa a arma de maior poder de fogo e que podia destruir imediatamente mesmo um dos navios-chefes do jogo. Mas, logicamente, vinha em quantidade limitada, podendo ser recarregado em certas missões de reabastecimento ao longo do jogo. O lançador de SSMs ganhava uma melhoria após uma missão, com maior número de mísseis, e poderia ser danificado também: luz vermelha e a velocidade de resposta de lançamento dos SSMs era afetada, e com a luz preta deixava de funcionar por completo. 

Vistas as duas armas do Poseidon, podemos seguir no painel e, para finalizar o lado esquerdo temos uma luz com a indicação ENG de engine, ou motor em inglês. Como o nome sugere, indica a situação dos motores do navio, e para explicar melhor temos que ir para a outra ponta do painel, onde há uma barra vermelha de FUEL, mostrando o combustível disponível no navio. Ele vai sendo consumido com o passar do tempo, e a velocidade em que isso ocorre depende de como estão os motores, quanto mais danificados maior será o consumo. E isso é importante, pois quando o tanque fica vazio, é game over

Felizmente, há uma forma fácil de ganhar combustível, ao afundar petroleiros inimigos. Além disso, existem missões de reabastecimento, após completá-las o Poseidon fica de tanque cheio. E vale falar que o motor tem um upgrade que pode ser conquistado, tornando o consumo mais eficiente. 

Já que fomos para o lado direito da tela, vale comentar sobre a outra barrinha vermelha de DAMG, que significa damage. Ela representa a blindagem do Poseidon, sendo reduzida toda vez que o navio for atingido. Claro que existem armas que causam maior estrago: por exemplo, torpedos e mísseis geralmente são mais perigosos do que tiros de canhão. Independente disso, se essa barra acabar, o navio foi afundado e é fim de jogo. O Poseidon ganha uma melhoria em sua blindagem como prêmio após uma das missões, reduzindo o dano causado pelos armamentos. Porém, recuperar dos danos é mais complicado, após cada missão 1/4 da barra é recuperada, e em algumas poucas missões que oferecem reparos ela é totalmente cheia.

Por fim, temos dois mostradores redondos no centro da tela, que correspondem provavelmente aos equipamentos mais importantes. À esquerda fica o radar e à direita fica o sonar, que vão indicar pequenos pontos brancos localizando ameaças aéreas e de superfície, respectivamente. Em um primeiro momento pode parecer complicado entender esses mostradores, mas eu explico. É como se o Poseidon estivesse exatamente no meio do círculo indicado, sendo que o "hemisfério" superior mostra os inimigos que aparecem na tela, enquanto que os que estão abaixo (que são raros) estariam atrás de seu ângulo de visão. E o círculo interno serve para indicar o alcance de sua vista, de forma que é comum que os pontinhos brancos virão de fora do círculo e só apareçam na tela (estando no alcance de seus armamentos) quando entrarem nessa região. 

Essa é que é a grande sacada do jogo, pois não basta ficar só olhando para a tela principal, é necessário ver como que os inimigos estão se aproximando para assim alvejá-los o quanto antes. E vale comentar que certos inimigos possuem um padrão de movimento, de forma que você consegue imaginar o que está vindo. Por exemplo, os petroleiros se movem em linha reta no horizonte, enquanto que os navios inimigos navegam no sentido "diagonal" se aproximando do Poseidon.

Tanto o radar como o sonar não possuem upgrades, mas podem ser danificados. Quando a luz fica vermelha, os pontos passarão a piscar, dificultando a leitura. E quando ficam pretas, danou-se: significa que quebrou de vez, e não será possível ver nada até que sejam reparados.

O painel tem uma bússola também, com uma seta marcando o norte. Mas confesso que não sei pra que serve. Só pra ser quebrada e ficar girando que nem uma barata tonta.

Poseidon Wars 3D é jogado em uma sequência de fases, distribuídas em duas etapas principais do jogo. A primeira corresponde a uma espécie de treinamento, com inimigos mais fracos para que você se acostume com os controles, com cinco missões. Terminada essa etapa, vinha o combate real com oito missões e inimigos mais agressivos. Cada missão tinha uma espécie de "chefe", que era um navio mais forte que seria enfrentado no final do combate. Não há uma ordem a ser seguida, o jogador podia escolher a missão que quisesse, apenas com a restrição aplicada á ultima missão, que só aparece depois que as demais forem concluídas. 

Acho que é um bom momento para falar dos inimigos. A começar com aqueles que são menores, e estarão em praticamente todas as fases. As figuras e nomes são do manual, onde usaram denominações fictícias, como era comum nos jogos da época.

As principais ameaças durante as missões vêm dos ares, incluindo dois tipos de jatos de combate. O chamado FA-129 (que lembra um F-15) atira com rajadas de canhões, com disparos que parecem enormes bolotas cinzas, enquanto que o AV-220 dispara um único míssil, mais lento porém que causa dano maior. Geralmente esses aviões atacam sempre em duplas, sendo que o FA-129 já chega atirando e o AV-220 se aproxima furtivamente até chegar mais perto para atirar seu míssil. O caça também pode chegar em um mergulho quase que vertical, aparecendo do topo da tela e descarregando seus canhões quando estiver na mira. Vale comentar que tanto os tiros como os mísseis podem ser destruídos. 

Ainda no ar, outro inimigo será o helicóptero SH-716. Ele costuma vir de longe bem devagarinho, ou até mesmo se aproximando por trás do Poseidon. Essa aliás é a forma mais perigosa, pois ele aparecerá bem perto para lançar o seu míssil, dando pouco tempo para reação. Por fim, temos o avião-radar AWACS (que é o russo Tupolev Tu-126), que passa lá longe sem atacar seu navio. Mas vale a pena abatê-lo, não apenas por dar muitos pontos, mas também por ter o efeito de reduzir a quantidade de aviões na missão.

No oceano, só há um tipo de inimigo comum que são as fragatas, provavelmente baseadas em um navio de pequeno porte norte-americano. Elas se deslocam lateralmente na tela, podendo estar distantes ou mais próximas do Poseidon, e contam com dois tipos de armamentos (específicos para cada missão): na maioria das vezes elas atiram com seu canhão, disparando uma bolota cinza que faz uma curva como um bumerangue, mas em algumas situações elas atiram um torpedo, que parece um sinal circunflexo preto que se desloca no mar. Além das fragatas, existem os petroleiros que eu já falei, navegando na deles lá no horizonte, e dando um pouco de combustível para o Poseidon quando afundados.

Poucos tipos de inimigos comuns, essa é a verdade. Mas que aparecem em grande quantidade ao longo de todas as missões. Chegou a hora de conhecer os "chefes", que mostrarei pelos desenhos do manual e também com a imagem que aparece no jogo na tela de seleção de missão. Aproveito também para comentar a respeito do upgrade que cada um oferece, e na medida do possível tentarei associar ao navio real ao qual a versão de Poseidon Wars 3D se baseou.

Na primeira missão de treinamento o adversário é o CL-38 Lance, um cruzador leve que provavelmente deve ser da mesma classe do próprio Poseidon. Não faço ideia da referência real desse navio, embora pareça mais ser um destróier. Algo curioso a se observar é que esse tipo de navio acaba sendo usado de forma bem frequente como chefe de outras missões.

Como na segunda missão de treinamento, que corresponde ao ataque ao comboio inimigo. Trata-se de uma fase que tem vários petroleiros, e no final serão três navios-irmãos do Lance que deverão ser afundados. E essa é uma das missões que recupera combustível e blindagem por completo.

A terceira missão traz o CV-57 Manticore como adversário final, um porta-aviões que é acompanhado de um grande volume de aeronaves para sua proteção. Este eu consegui identificar, é baseado nos porta-aviões britânicos da classe Invincible, com sua rampa característica, que combateram na guerra das Falklands (Malvinas é o escambau!) 

A missão seguinte é outra sem um navio específico, associando à defesa do porto contra forças inimigas, e que também oferece reabastecimento e reparos. No final, são três hovercrafts da classe Morning Star, que se movem com relativa velocidade e disparam mísseis com alto poder destrutivo.

Após passar pelas quatro missões iniciais, o Poseidon se depara com o primeiro "chefão" do jogo, após uma fase mais longa com muitos inimigos. Trata-se do CGN-53 Halbard, um cruzador pesado nuclear e armado com mísseis. Eu arriscaria dizer que esse é baseado no cruzador soviético Kirov, especialmente ao considerar que a sigla "CGN" significa cruzador nuclear de mísseis.

Vencida a etapa de treinamento, o Poseidon ganha o seu primeiro upgrade, que é uma maior capacidade de mísseis SSM. E a partir desse momento começam a ocorrer também as promoções. Momento de um breve intervalo na apresentação dos navios para citar a pontuação do jogo.

Poseidon Wars 3D tem uma forma interessante de calcular a pontuação, começando sempre com 5.000 pontos no início. Durante a missão pontos serão acumulados por destruir inimigos, sendo que os chefes valem mais. Só que depois temos uma tela em que essa pontuação é revista, e pontos são descontados de acordo com certas penalidades, aplicadas à quantidade de danos sofrida, combustível e tempo gastos e até mesmo por usar SSMs. E existe também um desconto caso você tenha usado a fuga. Assim, sua pontuação líquida poderá ser menor, e até mesmo negativa. 

Aliás, esse é um critério para que seja possível avançar para a próxima etapa. Se após a 5ª missão de treinamento o placar estiver abaixo de 15.000 pontos, era como se você fosse reprovado, e assim deveria treinar mais uma vez, repetindo todas as cinco missões preliminares. E se conseguisse a proeza de ficar abaixo de 5.000 pontos em qualquer momento, já era, vai pra prancha e game over. Embora tinha que ser muito ruim pra chegar nesse ponto.

Mas, passando dos 15.000 pontos, era o indicativo de estar pronto para a batalha. E partir desse ponto, níveis de promoção eram alcançados de acordo com o placar, podendo chegar até almirante da frota.

Hora de voltar para os navios-chefes, agora nas missões de combate. 

A primeira missão colocava o Poseidon de frente com o cruzador CG-47 Gauntlet, pequeno mas capaz de disparar mísseis bem fortes. Este é relativamente fácil de identificar por conta de sua ponte de comando quadradona e pelo fato do código do jogo ser o mesmo do cruzador americano Ticonderoga. E é um dos navios que fornece um upgrade, com a nova blindagem mais resistente.

Seguindo, temos a segunda missão com o gigantesco BBN-62 Golem, um enorme encouraçado, supostamente nuclear por conta do "N" no final. Como esperado, tem canhões bem poderosos e uma blindagem mais resistente, se me lembro bem é necessário mais de um SSM para afundá-lo. Esse é fácil, baseado no encouraçado New Jersey americano (que nunca foi nuclear), que hoje é um museu. O prêmio por afundá-lo é um motor mais eficiente, além de ser uma das missões que garante abastecimento e reparos.

A terceira missão é quase como um repeteco do treinamento, com o ataque ao comboio inimigo. O cruzador Lance também é usado de novo, só que dessa vez são quatro dele. E essa é uma das missões que de certa forma engana muitos jogadores, pois ela apenas reabastece o Poseidon, não incluindo reparos.

Chegamos na missão quatro, e mais uma vez temos o reaproveitamento de um navio que apareceu antes. Dessa vez o chefe é o cruzador CGN-51 Bullova, igual ao Halbard combatido no final do treinamento. Mas é interessante comentar que essa é uma das missões na qual o "chefe" tem uma escolta que aparece antes, no caso um cruzador da classe Lance, eu imagino (é difícil perceber diferença nos gráficos). Mais uma missão com abastecimento total e reparos, e ainda garante uma melhora nos canhões, que ficam mais fortes.

Na quinta missão temos o CVS-62 Cyclops, sigla que se refere a um porta-aviões anti-submarino. Isso deve explicar o fato de que é uma fase com muitos helicópteros. Sem dúvida esse navio foi baseado nos cruzadores soviéticos da classe Kiev, da qual também falei na postagem de navios-museu. Superando esse monstro, o Poseidon ganha o novo sistema de fogo, passando a dar três tiros por vez.

A missão de número seis também retorna da fase de treinamento, representando a defesa do porto. Mas os inimigos agora são pequenos aerobarcos da classe Phoenix, extremamente velozes a ponto de que os SSMs não são a melhor forma de afundá-los, mas alguns tiros dos canhões serão mais que suficientes. Resgatando o porto o Poseidon recebe reparos e também é reabastecido.

Por fim, a missão sete é contra o submarino nuclear SSN-11 Hydra. Não dá para saber bem de que classe ele é, mas convenhamos... submarino é quase tudo igual. O legal é que o submarino sai do fundo do oceano, dispara alguns mísseis e depois submerge, sendo complicado atacá-lo. E também tem uma escolta prévia de um porta-aviões da classe Manticore. E o mais chato é que essa missão não dá nada, nenhum upgrade, nem abastecimento nem reparo.

Após passar pelas sete missões, aparece então o chefão final do jogo, que é o porta-aviões nuclear CVN-68 Sea Devil. Como nessa altura os produtores copiaram descaradamente os códigos de navios reais, dá para imaginar que o inimigo final foi baseado no porta-aviões americano Nimitz. Apesar do imenso tamanho e de contar com uma forte proteção de caças, além de ser escoltado por um encouraçado Golem e um cruzador Halbard, apenas um SSM bem lançado será suficiente para mandá-lo para o fundo do mar.

Pois é, combate naval moderno é muito rápido, basta um míssil superfície-superfície e fim de papo. Mas não significa que Poseidon Wars 3D seja um jogo simples, na jogada que eu fiz para tirar as fotos eu penei em algumas missões, uma delas eu até fiquei sem radar e sonar, totalmente no escuro. Assim, receber o "Congratulations" no final é sem dúvida muito gratificante.

Poseidon Wars 3D é um jogo bem desafiador, especialmente pelo volume de inimigos enfrentados. Acho que a curva de dificuldade é bem ajustada, começando relativamente simples mas podendo chegar a um ponto de adrenalina bem elevada. Sem falar que é necessária toda uma estratégia na hora de escolher que missão fazer (especialmente na fase do combate), para que aquele abastecimento ou reparo necessário possa ser feito quando for mais interessante. 

O final também te oferece as duas dicas do jogo, com uma sequência do direcional para dar um continue após afundar o navio, e outra que habilita a tela de teste de som, para que você possa curtir as sensacionais músicas do jogo.

Embora Poseidon Wars 3D pudesse não trazer um tema tão comum para um jogo de tiro (onde normalmente vemos aviões ou naves espaciais), era um joguinho simpático e bem legal de jogar. A necessidade de acompanhar o radar e o sonar dava uma tensão, pois não tinha como saber que inimigo era, e muitas vezes você tinha que priorizar um dos alvos e ser atingido pelo outro, sob um grande risco de danificar um equipamento primordial de seu navio. 

Agora, um dos pontos chatos que eu achava eram os chefes... pois bastava lançar um SSM e pronto, não tinha muito desafio. Claro que os navios de guerra modernos são assim mesmo, mas eu acho que essa era uma coisa onde podiam ter sacrificado um pouco do realismo em prol de um maior desafio. O que eu muitas vezes fazia era ignorar os mísseis por completo e afundar o chefão na marra, só usando os canhões.

Apesar disso, eu curtia muito esse jogo. Não apenas por gostar do tema de navios, mas era um título que conseguia ser desafiador mas sem ser impossível. Na época existiam muitos jogos de tiro do Master System que eram impossíveis de ganhar, como era o caso do clássico After Burner e outros jogos como Thunder Blade e R-Type, que sempre tinham aquele momento em que o jogador (principalmente mais jovem) não conseguia passar de nenhuma maneira. Não era o caso de Poseidon Wars 3D, que tinha uma curva de dificuldade crescente mas que era "zerável", sem deixar de ser divertido.

E que até tinha uma certa dose de estratégia, pelo menos no que diz respeito à seleção da ordem das fases. Isso era um ponto que tinha que ser planejado, equilibrando não apenas o momento ideal de fazer aquela missão que proporcionava o reabastecimento com a melhor ordem de adquirir os upgrades. Uma má escolha poderia consumir as oportunidades de recuperar munição e combustível antes do tempo, que faria falta na parte final do jogo.

Eu particularmente fazia primeiro a fase de combate 5, que dava o novo sistema de tiro com três disparos. Depois completava a missão 1 para melhorar a blindagem e por fim a missão 4, para os canhões mais fortes. A partir daí o Poseidon já estava relativamente bem melhorado, conseguindo encarar os desafios seguintes sem maiores dificuldades.

Enfim, mais um jogo saudoso de uma época em que os títulos eram simples mas divertidos, trazendo temas bem diferentes que rendiam horas de diversão naqueles fins de semana e férias na frente da televisão. Sem dúvida Poseidon Wars é um jogo clássico e que tem o seu lugar de destaque na coleção do Master System.

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