Palhaçada na CPI

Eu não estava muito empolgado em escrever sobre o Circo Parlamentar de Idiotas, instaurado pelo todo-poderoso STF que manda no país. A comissão tem o claro objetivo de atacar o presidente Bolsonaro, com a desculpa de que querem investigar os problemas que aconteceram no país por conta da pandemia do vírus chinês. Algo que já nasceu torto, querendo dar palanque para senadores abjetos e cretinos, muitos que já são alvos de inquéritos por crimes que cometeram e acham que tem a moral de investigar os outros. Logicamente, gastando dinheiro público e desperdiçando um tempo precioso que deveria ser usado para votar reformas e outras necessidades de interesse do povo que os elegeu. Um teatro vergonhoso, às vezes eu até tento ver um pouquinho... mas precisa ter estômago para aguentar essa palhaçada sem tamanho.

Assim, eu tomei um troço aqui pra segurar o vômito, pois acho que é necessário registrar certas hipocrisias e principalmente a postura enviesada e ideológica que a maioria dos senadores e a velha imprensa suja adotam diante desse circo. Especialmente quando o assunto é a ciência, tão prostituída hoje em dia...

Já começa pelo fato de que a CPI é liderada por um trio que eu costumo me referir como os Três Patetas. Mas eu preciso rever essa postura, pois é uma falta de respeito associar Larry, Curly e Moe com esses três vigaristas que ficam lá na mesa principal da sala, comandando a pouca vergonha que é essa comissão. 

Não poderia começar por outro que não fosse o vagabundo, Renan Canalheiros. O sujeito é alvo de mais de uma dezena de inquéritos (embora alguns prescreveram, já que a nossa "justiça" não tem interesse em investigá-lo), mas mesmo assim tem gente que acha perfeitamente normal que ele seja relator de uma CPI. É como você achar que um estuprador tivesse condições de julgar um crime pela lei Maria da Penha. Os crimes do vagabundo incluem desvio de verba, corrupção, recebimento de propina e tantos outros. Sem falar do inquestionável conflito de interesses, já que seu filho é governador de Alagoas e a comissão pode (e deve) chegar aos desvios de conduta a nível estadual. E você acha que o ilustre senador vai investigar algo a respeito de seu filhinho?

Só isso já é suficiente para desqualificar essa palhaçada de CPI da Covid, com um relator que não deveria nem julgar impedimento em jogo de futebol de botão. Mas parece que pesa mais o fato de que Renan é da oposição, e para as pessoas que estão "preocupadas" com o vírus, isso é mais importante do que uma ficha criminal com vários volumes... O relator da comissão é aquele quem vai emitir o relatório das investigações e encontrar os responsáveis por crimes associados à pandemia. Diante disso, qual a moral de um relator que é um criminoso? Dá pra aceitar?

Sério, quem acha que Renan é digno de ser o relator de uma CPI, deve rever os seus conceitos e comprar uma merda de um dicionário, já que conceitos como moral e ética não devem fazer parte de seu vocabulário...

Ainda voltarei um pouco no Renan nos momentos oportunos. Pois é necessário seguir com a exposição da falta de vergonha na cara dessa comissão de faz-de-conta, mostrando quem é Omar Azir, presidente da mesma. Me diga o que você pensa de uma CPI focada na saúde ser presidida por um larápio que se envolveu com desvios da ordem de centenas de milhares de reais... das verbas estaduais da saúde. Repito: o presidente de uma investigação sobre a saúde foi acusado de desviar dinheiro da saúde! Pombas, é o sujo falando do mal-lavado. Até suspeita de envolvimento com pedofilia esse sujeito tem.

E vale ressaltar que a mão-leve na grana destinada à saúde é coisa de família. Sua mulher e três de seus irmãos foram presos também por envolvimento em desvios desse tipo. Era algo que deveriam perguntar pra ele na CPI, se ele se considera confiável e moralmente digno de presidir uma investigação sobre possíveis crimes na saúde quando até sua mulher foi algemada. Tem cabimento uma coisa dessas?

Por fim, completando o "trio parada dura", temos o senador DPVAT, o "do oclinhos", Randolfe Rodrigues. Sério, apesar dos dois acima serem realmente vigaristas de grande envergadura, pra mim não tem criatura mais insuportável do que esse sujeitinho. Embora tenha uma ficha corrida relativamente mais limpa do que Renan e Omar, ele também tem suas acusações de envolvimento no caso conhecido como "mensalinho do Amapá" e figurava nas planilhas da Odebretch como o "Múmia". Embora seja mais conhecido como o senador saltitante, por motivos óbvios.

Mas o que mais me incomoda é como esse Randolfe é chato para cacete. Esperneia por qualquer coisa, com aquela voz estridente e enjoada, toda semana ela ia saltitando lá pro STF com um pedido de impeachment do Bolsonaro pelas razões mais boçais. Tipo, quando teve aquele episódio do leite condensado. Antes da CPI, ele passava a maior parte de seu tempo com isso, que me pergunto se seu gabinete não tinha sido transferido para o prédio do STF. 

Enfim... logicamente, os três não estão lá à toa. Pois todos eles fazem oposição ao Bolsonaro, e assim deixa bem clara qual é a proposta da CPI. Embora é muito comum que essas comissões não resultem em nada, servindo apenas de palanque eleitoral para interesseiros que estão mais preocupados com as urnas, sem dúvida é perceptível que o desejo dos três panacas e da oposição é pelo menos desgastar o governo do presidente. Claro, se no final eles conseguirem arrumar alguma "prova" da responsabilidade do Bolsonaro que possa ajudar com um processo de impeachment, não restam dúvidas que eles vão fazer de tudo para isso. Afinal de contas, para a oposição é muito mais interessante tirar o Bolsonaro da disputa antes de 2022.

Acontece que essa CPI se mostra uma verdadeira vergonha. Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso e honestidade consegue perceber que o relatório do Canalheiros já está pronto, e não há nenhum interesse em investigar nada. Muito menos interesse em saúde pública. É tão ridícula que na verdade nos fez perceber como que a oposição consegue descer tão baixo, usando as vítimas do vírus chinês como palanque.

Sério, acho uma babaquice desse Renan em colocar um papel com o número de mortos no lugar da plaquinha com seu nome. Baita dum oportunista, querendo fazer drama e ficar bonitinho diante da opinião pública. 

Algo que tem se tornado descarado é como que a "bancada" principal da comissão tem uma postura extremamente diferente, de acordo com a posição política e ideológica do depoente. Quando é um aliado do Bolsonaro, como o ex-ministro Pazuello ou o ex-chanceler Ernesto Araújo, as perguntas são grosseiras, interrompem no meio das respostas, não deixam falar e chegam ao cúmulo de dizer abertamente que estão mentindo. Agora, se é algum desafeto do Bolsonaro, como o Dimas Covas, diretor do Butantan e aspone do Dória, ou o ex-ministro Henrique Mandetta, que curte jogar uma sinuquinha sem máscara, aí é só amor, tudo na paz. Só não vê quem não quer. Ainda vou voltar nesse ponto mais adiante.

Aliás, a postura diferenciada é vista também pela velha imprensa e pelos esquerdalhas. Por exemplo, quando o Pazuello ganhou um habeas corpus que lhe dava o direito de ficar calado (direito esse que ele não usufruiu, pois respondeu tudo que perguntaram pois mais absurdo que fosse), eu vi muitos amiguinhos meus, que curtem um martelo e foice, e vários jornalistas, que se dizem neutros e defensores da verdade, ficarem revoltados, dizendo que era um absurdo isso, que era prova de que o ex-ministro estava escondendo algo, que era a postura de um covarde... Não faltaram críticas nesse momento.

Mas essas mesmas pessoas não viram nada demais quando 19 governadores foram correndo para o STF para pedir que não fossem convocados a depor. Ninguém achou absurdo. Ninguém achou que era prova de que estavam escondendo alguma coisa. Especialmente por conta do governador do Amazonas, que conseguiu esse "direito" de fugir da comissão, já que a ministra Rosa Weber considera que ele tem o  direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais na comissão. Isso mesmo que você leu. Ou seja, ela admite que os depoentes estão sendo constrangidos moralmente na CPI... mas parece que só o ilustre governador é tem o direito de não passar por isso. 

Cabe ressaltar que o governador Wilson Lima é aquele que gastou mais de um milhão de decoração de Natal da cidade na época do "fique em casa" e que foi denunciado por compra irregular de respiradores, sem falar do possível envolvimento em diversas irregularidades na saúde do estado durante a pandemia. Aí ninguém viu problema dele fugir, acho que realmente ele não deve ter feito nada de errado que justifique uma investigação mais criteriosa por parte da CPI, não é mesmo?

Aliás, essa é outra postura condenável dessa CPI, em que fica evidente que os senadores de oposição querem manter o foco apenas no governo federal, deixando de fora os governadores e prefeitos. Mesmo observando que estados e municípios têm autonomia para decidirem sobre as medidas e ações para enfrentamento da pandemia do coronga, proporcionada pelos onze togados do STF. Ou seja, governadores e prefeitos têm a sua parcela de responsabilidade nas ações de enfrentamento, e uma comissão de inquérito que fosse séria iria investigar todos os possíveis crimes e delitos, independente de em qual esfera tenham ocorrido.  

Agora, por que é que na hora da responsabilidade o foco deve ser só no governo federal? Alguém consegue me explicar uma razão plausível para isso? 

Eu acho muito engraçado... a esfera federal não tem nenhum poder, só tem a obrigação de dar o dinheiro, só de repasses extraordinários para estados e municípios para enfrentamento da pandemia foram mais de 70 bilhões no ano passado. Com o detalhe é que deste montante, apenas 7 bilhões deveriam ser obrigatoriamente para gastos com a saúde, o resto era pra usar como quisesse (como provavelmente foi). E observando que isso não inclui os repasses convencionais, de forma que governadores e prefeitos receberam praticamente 1 trilhão de reais em 2020 da União. E muito desse dinheiro, que poderia ser usado para combater a pandemia, foi usado para outros fins. Ou seja, governadores e prefeitos exigiram o direito de receber verba, mas não se preocuparam com os seus deveres. E para a pandemia, a responsabilidade pelos erros e deslizes no enfrentamento da pandemia recai somente ao governo federal. Mesmo quando o culpado direto seja de uma esfera inferior.

É como se fosse o seguinte: o cara trabalha numa empresa e recebe um salário, e usa esse dinheiro para matar alguém. Segundo a ótica da CPI, a responsável pelo assassinato é a empresa, pois foi ela quem deu dinheiro para o criminoso. Parece piada, mas é como funciona na cabeça do Canalheiros e de seus amiguinhos. Não é à toa que o Flavio Bolsonaro foi lá pra chamá-lo de vagabundo.

Entretanto, eu acho sinceramente que o filho do presidente errou ao chamar o Renan de vagabundo...

Errou, pois vagabundo é pouco. Tinha que ter chamado também de crápula, de patife, de vigarista, de corrupto, de canalha, de cretino e outros adjetivos menos amistosos e inadequados para este horário.

Realmente, é de tirar do sério. Daria pra falar de vários outros absurdos dessa CPI estúpida, mas eu gostaria de focar em uma questão que relaciona quatro pessoas que foram depor até o momento. Não apenas para evidenciar ainda mais a pouca vergonha dos senadores, com sua postura parcial e ideológica. Mas para mostrar que essa pandemia conseguiu prostituir a ciência, em que vemos pessoas de verdadeira competência e de formação exemplar serem ridicularizadas, hostilizadas e censuradas, enquanto que "çientistas" de currículo duvidoso são aplaudidos, ovacionados e elevados ao status de especialista, apenas por conta de sua posição ideológica.

Aliás, um dia eu vou fazer uma postagem sobre a palavra "especialista", que perdeu todo o seu significado já tem tempo, de forma ainda mais evidente nessa pandemia.

Mas por enquanto falarei dessa situação da CPI, e usarei quatro depoentes que estiveram lá para comparar a forma como os senadores agiram e também avaliar o grau de especialidade e a verdadeira credibilidade das mesmas. De um lado, as doutoras Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro, e do outro a "médica" Luana Araújo e a microbiologista Natália Pasternak. Estas últimas que foram tratadas a pão-de-ló pelos senadores e enaltecidas pela imprensa, enquanto que as primeiras só faltaram pisar em cima.

Seguirei inicialmente em ordem cronológica, a começar com a dra. Mayra Pinheiro, secretária do ministério da saúde. Que antes mesmo de depor já era de certa forma ofendida de forma jocosa ao ser chamada como "capitã cloroquina". Nesse momento já ficou clara a postura desrespeitosa de tipos como Renan e Omar Aziz, cortando suas respostas e induzindo a conversa da forma que eles queriam. Mas ela se manteve firme e em diversos momentos expôs explicações científicas sobre sua atuação, incluindo a orientação do uso de medicamentos para tratamento precoce (em nenhum momento indicando o uso, cuja decisão cabe ao médico e seu paciente) e evidenciando que muitos erraram no enfrentamento da doença, a começar pela própria OMS, que demorou para declarar a condição de pandemia e o uso de máscaras, assim como o fato de ter usado um estudo de método questionável para condenar o uso de tratamentos precoces. Conseguiu assim destruir muitas das narrativas criadas pela esquerda mal-intencionada.

E de quebra ela ainda calou a boca daquele panariço do Humberto Costa, o "Drácula" das planilhas da Odebrecht, quando este veio todo zangadinho com aquela voz de babaca, acusando a dra. Mayra de não ter feito nada diante da crise de oxigênio em Manaus, e ela listou tudo que foi feito, treinando e levando um contingente de centenas de médicos para apoiar a cidade. O senador teve que enfiar o rabo entre as pernas e ficar quieto.

Sem falar da hora em que Randolfe, o senador saltitante, colocou um áudio da doutora, em que ela citava a pouca vergonha no Fundação Oswaldo Cruz por diversos motivos, entre eles os típicos cartazes do Che Guevara, as faixas de "quem matou Marielle" e até mesmo a presença de um pênis inflável gigante na porta da instituição.

Caralho (com trocadilho, por favor)... quer dizer que tinha uma trolha dessas na Fiocruz? Como comentário paralelo, os fortes entenderão o porquê do ilustríssimo ministro Alexandre de Moraes estar na foto... ou melhor, sua cabeça...

Se eu tivesse que eleger um dos momentos mais hilários da CPI, sem dúvida foi esse episódio. Não sei quem pagou o maior ridículo, se foi o Omar Aziz, que tentou desviar a atenção e dizer que Mayra havia citado um tênis, ou a reação do Randolfe, desde aquela discreta subidinha de sobrancelha quando escutou a palavrinha mágica ou sua consternação com a presença de um órgão reprodutor masculino na porta da instituição de pesquisa. Dizem nos bastidores que o senador se ofereceu para uma investigação in loco para confirmar a existência do objeto citado.

Enfim, voltando a falar sério. Palmas para a dra. Mayra Pinheiro pela sua postura firme diante da inquisição imposta na comissão. Aposto que muitos não a conheciam, como eu. E se algo de positivo pode ser extraído dessa podridão que é a CPI, é que conhecemos pessoas competentes como a médica, que deu uma aula de ciência de verdade para os senadores e para o país.

Seguindo, é hora de falar da oncologista Nise Yamaguchi. Esta eu já conhecia há algum tempo, tinha visto ela em algumas entrevistas no YouTube que traziam médicos, incluindo uma que foi capitaneada pelo jornalista Alexandre Garcia. Uma médica altamente conceituada no tratamento de câncer e que já participou de inúmeras pesquisas científicas no Brasil e no exterior, com mais de quarenta anos de experiência médica. Sinceramente, seu currículo é mais extenso do que a ficha criminal do Renan Calheiros (que não é pequena). E o que vimos na CPI é que a falta de respeito dos senadores passou dos limites.

Cara, ver aquele cretino do Omar Aziz erguendo sua voz de forma raivosa, revoltado com a calma e serenidade da dra. Yamaguchi ao responder as perguntas, chegando ao ponto de esbravejar e pedir que a população que estava assistindo não deveria escutá-la, foi dose. Eu vi essa cena ao vivo, e deu vontade de tacar um sapato na tela de meu computador. Vai pra casa do chapéu, seu vigarista! Um crápula como você, investigado por desvios na saúde, não tem um pingo de moral para contestar uma médica conceituada como ela. 

Aliás, nessa hora eu preciso citar um senador em particular que merece ser pendurado de cabeça para baixo num pau-de-arara. Aquele verme do Otto Alencar, o "médico". Em diversas oportunidades durante a CPI esse palhaço bostejou um monte de bobagem, sempre querendo bancar o sabichão e fazendo perguntas sobre temas de medicina para os depoentes. Perguntas que o ignóbil senador faz questão de ignorar as respostas corretas, pois precisa fazer seu teatrinho e posar com aquela postura arrogante de "eu sei e você não sabe". Provavelmente mais preocupado em gravar alguns trechos que serão usados na sua campanha... Já tinha feito isso com o Pazuello, já tinha feito com a dra. Mayra e fez também com a dra. Nise, questionando qual seria o exame para identificar anticorpos. Eis que ela responde corretamente, mas o canalha finge que não escuta, faz todo um discurso e diz que a doutora não sabia, e o capiau ainda teve a pachorra de responder EXATAMENTE A MESMA COISA que a dra. Nise havia dito. Melhor ver o vídeo neste tweet do Te Atualizei.

Sério. Não dá uma vontade de dar um monte de porrada na cara torta desse asqueroso?

O mais ridículo de tudo é que ele fica todo dia querendo bancar de entendido, que sabe a diferença entre vírus e protozoário, que sabe mais de infectologia do que qualquer um. Vai cagar, seu bosta! Se você fosse tão bom assim, que fosse fazer algo de útil em vez de ficar gastando dinheiro público ao falar esse monte de babaquice e tomar tempo de gente que tem mais o que fazer. Pior de tudo, fica com essa arrogância toda, e sabe qual é a especialidade dele? É um ortopedista especializado em prótese de quadril.

Sério... o  cara é especialista em prótese de bunda e se acha o especialista de imunologia...

Não tem como levar a sério esse babaca. Nada contra a cirurgia de quadril, algo extremamente importante, especialmente para idosos... Mas é covardia comparar alguém que mexe com ossos com uma pessoa que tem anos de pesquisa e trabalhos na área de oncologia.

Pior que ainda tem mais... pois esse Otto Alencar critica tanto o tratamento precoce, mas quando um colega senador foi infectado pelo vírus chinês, o especialista de quadril entrou em contato para oferecer uma receita para comprar hidroxiloroquina. Ué, Otto Alencar... mas você não fica batendo o pezinho pra dizer que esse remédio não tem comprovação científica? Vai pastar, seu asno.

Enfim, esse foi um dos exemplos de como os senadores tiveram uma postura extremamente covarde e desrespeitosa contra uma médica conceituada, que estava disposta a ajudar desde o início. Uma verdadeira falta de respeito ver senadores chamando-a de mentirosa, cortando suas respostas e agindo de forma troglodita. Especialmente quando você vê a dra. Yamaguchi, uma senhora de voz mansa e educada, aquele tipo de pessoa que você não imagina que faça mal a uma formiguinha, e que faz um trabalho de grande reconhecimento no tratamento de seus pacientes, de forma atenciosa e humanizada. 

Peço perdão pelo palavreado, mas ver uma médica como ela sendo agredida moralmente por um bando de filhos das putas duma figa, que arrotam prepotência com sua imunidade parlamentar, que os protege da justiça que merecem por conta dos crimes que cometeram, é de deixar qualquer pessoa decente com raiva. Sério, um canalha desgraçado como o Renan, investigado por dezenas de crimes, um exemplo do que há de mais sujo e asqueroso em nossa política, querer crescer pra cima da dra. Yamaguchi, é de revirar o estômago. 

Se você discorda, se acha que foi correta a forma que ela foi tratada... Sério, peço para ir embora daqui. Quem aplaude esse tipo de covardia não é bem-vindo aqui. Quero distância de cretinos assim.

Tanto que muita gente se revoltou com o ocorrido. Repito, às vezes acho que há males que são para o bem, e o episódio com a dra. Nise Yamaguchi evidenciou ainda mais a palhaçada que é essa CPI. Pois foi muita gente que demonstrou sua revolta contra a postura desrespeitosa e machista por parte dos senadores. Lá mesmo naquele dia, a senadora Leila (aquela que jogava vôlei), mesmo sendo da oposição, criticou a falta de respeito dos senadores que não deixavam a médica responder. Alguns dias depois, o presidente do Conselho Nacional de Médicos se pronunciou, criticando a falta de respeito dos senadores com as médicas depoentes, apontando especialmente o dedo para o Otto Alencar, acusando-o de ter uma postura inaceitável com colegas de profissão. O vídeo feito pelo presidente do conselho foi acompanhado por um manifesto assinado por mais de 500 mil médicos pedindo respeito dos senadores com os médicos presente na comissão. Vale a pena assistir também um vídeo feito pelo Caio Coppola, em que ele reforça como que os senadores se portaram de forma machista, destacando inclusive o silêncio de muitas feministas que se calaram diante de um episódio de extrema falta de respeito com as mulheres. Até mesmo a atriz Juliana Paes veio a público para criticar a postura dos senadores, criticando o show de horror que foi aquela sessão da CPI.

O mais interessante de tudo é ver como a atriz foi logo criticada duramente nas redes sociais. Tudo isso por ter criticado a postura machista dos senadores, em nenhum momento ela entrou no mérito da dra. Nise estar certa ou errada. Mas não importa, ainda mais quando se trata de alguém do meio artístico, predominantemente esquerdista: se você não rezar como a maioria pensa, será cancelado e hostilizado. Não demora para ela ser "cancelada"...

Nessas horas, eu pergunto onde estão as feministas... onde está aquele papinho de "ninguém larga a mão de ninguém". Ou será que as feministas só estão preocupadas em defender as "suas" mulheres?

Vejo que a postagem está ficando bem longa, como de costume. Mas ainda tenho algumas coisas para falar. Pois eu falei das duas médicas que foram atacadas ferozmente pelo canalha, pelo corrupto e pelo saltitante, além do médico de bunda e outros senadores estúpidos. Agora eu falo das outras que foram tratadas com todo carinho e respeito pela comissão, já que elas possuem um alinhamento ideológico mais conveniente, por serem contrárias ao presidente. 

Mostrando que hoje em dia, para a corja politicamente correta, a esquerda e a imprensa, a credibilidade científica depende única e exclusivamente de sua orientação política. Tipo o que vi nessa sexta, aquele Oinegue do Jornal da Band, anunciando a reportagem da CPI com a frase "especialistas de saúde, finalmente, foram ouvidos hoje". Como se a dra. Mayra e a dra. Nise não fossem dignas do título de especialistas em saúde...

Mas é isso mesmo, pois para essas pessoas, especialista é alguém como a tal da Natália Pasternak. A microbiologista já é figurinha conhecida desde o início da pandemia, apareceu do nada nos jornais, revistas e vídeos do YouTube como o Átila Iamarino. Sempre com sua voz estridente, era apresentada como uma especialista e vinha com seus comentários sobre o funcionamento do vírus, das medidas de distanciamento e sempre criticando as ações do governo. Claro, somente do governo federal, não me lembro de ter visto ela levantar nenhuma crítica contra os governadores e prefeitos. 

Cara, desde o início da pandemia eu não ia com a cara dela. Especialmente quando você começava a ver ela se colocando de forma bem enfática contra o Bolsonaro, criticando os supostos negacionistas e defendendo a CIÊNCIA (assim mesmo, inflando os pulmões para passar algum tipo de virtude). Essa mistura de política com ciência é uma das piores consequências dessa pandemia, e quem é da esquerda se aproveitou disso para polemizar, usando a doença com interesses políticos e ideológicos por trás.

E a Natália Pasternak é uma figura constante nessa discussão, com presença quase que diária nos telejornais de todas as emissoras, muitas vezes com falas mais veementes. Tipo numa entrevista em que ela se revoltou ao vivo, pois não aceitava que as pessoas tivessem compreensão com aqueles que não usam máscara. Postura que na minha opinião contribuiu para o medo que a pandemia trouxe. É só ver uma das declarações dela nesse episódio: "eu não tenho que pedir permissão pro outro pra dizer pra ele que ele tem que usar máscara pra fazer a coisa certa, pra ele tomar vergonha nessa cara, que ele vai matar alguém".

Me faz lembrar inclusive de uma propaganda que eu vi lá no meio da pandemia, em que o vozeirão do anúncio dizia "não seja um mensageiro da morte para sua família". Mais fúnebre, impossível. 

Perceba que eu não estou entrando muito no mérito da participação da Pasternak na CPI. Afinal de contas, ela apenas fez coro ao que o Renan queria ouvir, juntamente com um ex-presidente da Anvisa. Foi mais um dos depoimentos de "comadres", com uma depoente escolhida a dedo para falar aquilo que o relator queria ouvir (e provavelmente já escreveu no relatório). O único momento que eu vi e comento é quando um senador da base aliada do governo mostrou uma matéria de revista ou jornal, em que citava um manifesto assinado por cerca de 200 judeus em repúdio a Bolsonaro e dizendo que ele tem "fortes inclinações nazistas e fascistas", da qual ela fez parte. A Natália Pasternak ficou zangadinha, disse que como judia ela não podia ficar calada diante de governos autoritários que colocam a vida e a saúde de sua população em risco. 

Só faltou gritar um "Bolsonaro genocida"...

Isso apenas deixa clara a posição ideológica dela. Pois não me lembro de ter visto ela se preocupar com a postura autoritária de certos governos, como a China, Venezuela, Coréia do Norte e Cuba, no risco que a população desses países sofre todos os dias, sem direito à saúde e liberdade. Nesses lugares, se ela desse uma declaração dessas, ia levar um chá de sumiço do governo e nunca mais escutaríamos o nome de Natália Pasternak. Sério, para uma pessoa que se julga tão inteligente assim, acho que a bióloga não sabe o significado real de "governo autoritário"...

Enfim, mas se não vou falar de sua participação na CPI, que se limitou a uma mera propaganda ideológica, por que eu estou perdendo meu tempo falando da tal da Pasternak?

Porque ela é um exemplo do que se considera como especialista hoje em dia, na minha opinião uma professional que está bem longe de ser uma pessoa tão conceituada como dizem ser. Digo isso não questionando necessariamente o seu conhecimento na área de microbiologia, talvez ela possa saber muito sobre o tema mesmo. Mas minha dúvida veio depois que eu tive a curiosidade de ver o seu currículo. Afinal de contas, se vemos alguém sendo apresentado pela mídia como "especialista em Covid", é natural que tenhamos a curiosidade de buscar sobre a experiência desse indivíduo. Depois de revisar o seu Lattes (plataforma de currículos largamente usada por pesquisadores e acadêmicos), eu digo com uma boa segurança que a Natália Pasternak não tem uma experiência científica tão extensa assim, se enquadrando mais na categoria que eu defino como cientista com "arrogância acadêmica".

Permita-me explicar o que eu quero dizer com esse termo, tentarei ser breve (embora sei que é difícil).

Quase todo mundo já fez um currículo, aposto que você sabe como é. E eu considero a postura que muitas pessoas têm de exagerar em seus currículos como uma grande estupidez e falta de integridade. Dizem que todo mundo mente um pouquinho, mas isso é errado na minha opinião. Embora muita gente faça isso, como forma de se valorizar mais e aumentar as suas chances de conseguir um emprego.

Quando vamos para a área acadêmica, isso é ainda mais frequente, porém ocorrendo também de outra forma. Não é apenas por conta de mentiras, mas também existe o interesse em arrumar todas as formas possíveis e imagináveis para "embelezar o currículo", para colocar mais linhas com o intuito de dar maior volume na sua experiência. Um exemplo claro disso são aqueles artigos que têm uma comitiva de autores, onde certamente parte deles só estão ali para "pegar uma carona" na publicação e ganhar mais uma referência para seu Lattes.

E tudo isso é motivado pelo que eu chamo de "arrogância acadêmica", que é a necessidade de mostrar para os outros que você é "o bom", que escreve muitos artigos e livros, buscando um reconhecimento de seus pares por conta de uma lista de feitos científicos enorme e invejável. Da mesma forma como a necessidade que as pessoas têm de exibir sua vida nas redes sociais, quando vamos para o meio acadêmico vemos pessoas egocêntricas, que buscam divulgar todos os seus feitos para demonstrar uma suposta virtude intelectual, se colocando em uma posição de destaque dentre os seus semelhantes. Em outras palavras, o popular "empinar o nariz e olhar para baixo".

Tipo, me lembro da época da universidade... tinham as salas de professores, e na porta de cada uma delas estava uma plaquinha com o nome de cada um. Aí tinha um professor novo que começou a dar aula por lá, e quando chegou na sua nova sala, a primeira coisa que fez foi pegar uma etiqueta, daquelas toscas com a borda vermelha que a gente compra na papelaria, e colar ao lado de seu nome. Na etiqueta, a sigla "Ph.D".

Muito babaca. Ainda mais considerando que um de seus "vizinhos" tinha dois doutorados e um pós-doutorado. Mas quando o indivíduo sofre de "arrogância acadêmica", o mais importante é se exibir para os outros, demonstrando qual o seu título. Mesmo quando não se tem um currículo tão exemplar assim em relação aos seus colegas. Para mim, são traços de arrogância e egocentrismo. 

Alguns podem dizer que estou exagerando... mas seguindo nessa linha eu digo que acho babaquice também a pessoa que coloca a sigla "Ph.D" ou "Ms.C" na assinatura de email ou que pendura o diploma na parede do quarto, logicamente em um lugar estratégico que todo mundo possa ver (especialmente nessa época de "lives"). Afinal de contas, para que isso serve, além de demonstrar para os outros a sua formação acadêmica? É quase como um atestado de autoridade, assinando como doutor o sujeito acha que suas palavras terão mais valor... mesmo quando fale uma bobagem. 

Por que eu fiz toda essa volta? Pois quando olhamos o currículo Lattes da Natália Pasternak (só precisa confirmar o captcha para ver), algumas coisas me saltam aos olhos. A começar pela barrinha do navegador, que demonstra que a página é bem extensa. À primeira vista, impressiona. Uma pessoa poderia já considerar que ela é uma autoridade científica apenas por essa razão, pela quantidade de páginas que seu currículo possui. Tudo bem, ela tem um pós-doutorado em uma universidade conceituada, e atua em diversas atividades científicas (embora algumas de suas atuações profissionais sejam como colunista de jornal, graças à pandemia). Sem dúvida, ela não é uma desqualificada na sua área, tem uma larga atuação no campo da microbiologia e deve conhecer bem do assunto.

Mas, me chama a atenção que ela tenha apenas 9 artigos publicados em periódicos. Pessoalmente, acho pouco para alguém que atua com pesquisa desde 2007. Destes artigos, dois são do período em que fez doutorado (2004 e 2006), dois do pós-doutorado (2014 e 2018) e os restantes de 2020 para cá, quando ela já era relativamente "famosa". Um deles inclusive sobre um jogo do tabuleiro com o tema de epidemia.

Na boa... posso não ter lido o artigo e talvez esteja me precipitando. Mas eu acho que um cientista sério deve ter assuntos mais importantes pra escrever num artigo científico do que sobre um jogo...

Seguindo, ela tem também 4 trabalhos e 3 resumos publicados em congressos, sendo um só em 2020 e os outros há quase vinte anos atrás. Tudo isso na sua área de estudo, além disso ela tem 5 artigos classificados na área de Educação e Popularização de Ciência e Tecnologia, todos eles desenvolvidos no período pandêmico, e que me parece ser uma das áreas em que ela foca suas atenções mais hoje em dia.

Honestamente... me parece um currículo relativamente pequeno se considerarmos a sua área de formação (afinal de contas, entendo que há muito que se estudar em microbiologia), o fato que ela concluiu o seu doutorado em 2006 e passou quase 10 anos fazendo pós-doutorado, e também ao observar que ela trabalha em diversas linhas de pesquisa. Na boa, eu conheço gente que fez graduação e mestrado e escreveu mais artigos do que ela.

Mas, como que o currículo dela é tão extenso assim? É só olhar as seções de textos em jornais e revistas, e as de entrevistas, mesas redondas e comentários na mídia...

Cara, considerando a data que eu olhei, são 185 textos em jornais e revistas, mais um total de 1266 participações na mídia (sendo apenas 19 antes da pandemia, pelo que me parece), e isso apenas considerando a sua linha de pesquisa "oficial" no currículo. Se considerarmos a parte classificada como educação, são mais 178 textos em jornais e revistas e 1262 participações na mídia. De boa, imagino que deve ter algum tipo de sobreposição entre as áreas, ou então está me dizendo que ela mais de 2000 participações na mídia em cerca de um ano e meio... Só não encontrei uma referência da participação dela na CPI... por enquanto.

Assim é mole ter um currículo com dezenas de páginas, né?

O que mais me surpreende é que as entradas são bem simplórias, citam somente o nome do programa e o ano. Não tem sequer o dia e o mês, embora eu confesso que não sei se é uma informação pedida na plataforma (mas nada impediria de colocar no título). E se você pensa que ela resumiu as entradas, agrupando as participações em um mesmo programa mas em dias diferentes, convido você a dar uma olhadinha lá no currículo dela e pesquisar pelo nome de um canal de televisão ou programa, e verá que são várias repetições, de cada uma de suas participações. Por exemplo, pesquisei por "GloboNews" e foram 80 resultados da pesquisa, como dá pra perceber na imagem que extraí abaixo.

Sério... podia ao menos colocar a data certinha, para dar um pouco mais de credibilidade...  

Claro, a Natália Pasternak não está necessariamente mentindo ao colocar essas informações em seu currículo, não é isso que estou dizendo. Até porque sabemos bem que ela teve muitas participações em entrevistas e programas de televisão assim que a pandemia começou, por algum motivo ela foi a "escolhida" pela mídia para falar sobre o vírus chinês.

Mas eu acho muito exagero colocar cada mísera participação dela em programa de televisão. Deve ter casos ali em que ela falou dois minutos e BAM! Vira entrada em seu currículo. Localizei até algumas referentes aos programas de retrospectiva do ano, que os canais geralmente fazem, e até onde eu sei deve ter sido uma gravação ou até mesmo a reprodução de parte de outra entrevista que ela deu em algum momento anterior naquele ano. E o mais curioso é considerar que quase a totalidade destas entrevistas e participações em jornais e revistas se deu no período de 2020 para cá.

Vendo isso, a impressão que dá é que a Pasternak passou muito mais tempo nos últimos meses participando de entrevistas do que praticando pesquisa científica de verdade...

Repito que não estou necessariamente criticando a sua sabedoria, antes que alguém venha achar que eu dediquei todas essas linhas pra falar do currículo dela. Mas eu sinceramente não vejo isso com bons olhos. No mínimo, demonstra uma pessoa que está mais preocupada em "inflar" o seu currículo, acreditando que isso lhe confira um status de destaque no meio acadêmico e científico, algo que eu já observei muito em minha vida. Tem-se talvez até o efeito de um círculo vicioso, onde o inchaço do currículo com qualquer coisinha sirva para enfatizar o status de "especialista", e isso ajuda que ela seja mais convidada para dar entrevistas, e assim por diante. 

Ora, se por um lado não devemos mentir no currículo, por outro também não é necessário listar cada mísero acontecimento de sua vida nele. Quando preparo meu currículo, não vou colocar que eu fiz algumas aulas de um curso online de Excel ou mencionar que eu ganhei medalha de bronze em um torneio de pingue-pongue nas olimpíadas estudantis da 4ª série do colégio...

Apenas para você traçar um parâmetro, compare o currículo da Natália Pasternak com as demais depoentes da CPI. No currículo da Nise Yamaguchi você verá 27 artigos publicados em periódicos (incluindo diversas citações), três livros (completos, de sua autoria), diversos prêmios nacionais e internacionais e larga participação em eventos. Tem até algumas entrevistas em jornais e revistas, mas em número bem mais razoável do que as milhares no período de um ano e meio da bióloga. Claro, é necessário guardar as devidas proporções pelo fato da dra. Yamaguchi ser mais velha (arrisco dizer que ela começou a faculdade quando a Natália Pasternak nasceu), mas fica evidente que trata-se de um currículo extenso e com conteúdo científico, com foco maior em produção de verdade do que a lista de entrevistas dadas na televisão. 

Mesmo se olharmos o currículo da Mayra Pinheiro, que deve ter uma idade mais próxima da Pasternak, é muito fácil ver a diferença: são 11 artigos em periódicos, quase 30 resumos em congressos, não deixa nada a dever para a micro-bióloga, na minha opinião tem um volume de materiais científicos mais significativo. Só fica atrás mesmo das entrevistas, ela também colocou algumas recentes que fez, mas ao menos elas possuem um título que dá um pouco mais de noção do que se tratava a entrevista.

Enfim... vamos deixar a Natália Pasternak em paz... falei muito dela, mas confesso que eu estava com o assunto engasgado. Já fazia tempo que eu tinha percebido o seu currículo com a imensa lista de aparições em jornais e revistas e fiquei com essa percepção, e aproveitei a oportunidade da CPI para desabafar sobre essa atitude dela ao registrar seu currículo. 

Mas agora será mais rápido, pois falaremos da Luana Araújo. E você verá o porquê disso.

Para situar, Luana quase assumiu a secretaria para enfrentamento à Covid, mas foi demitida dez dias depois de seu nome ter sido anunciado. Nem sei se ela foi mesmo demitida ou sequer assumiu o cargo, acho que ela não chegou a iniciar e foi cortada pelo ministro da saúde, ou atuou muito pouco. Não demorou para a imprensa começar com suas especulações, ao ver que a infectologista sempre se expressou contrária ao tratamento precoce, dizendo que o Brasil estaria na "vanguarda da estupidez mundial". E um vídeo que circulou dela no hospital, tocando violão para a ex-presidente Dilma, já levou muita gente a imaginar qual seria a sua posição ideológica. Algo que, na minha opinião, se comprovou após o depoimento dela na CPI.

Repito, os senadores foram extremamente amistosos com os depoentes que foram lá para falar o que eles queriam ouvir. E a dra. Luana seguiu todo o script: criticou a cloroquina e qualquer tipo de tratamento precoce, contestou as falas do Bolsonaro e todas as falas que já conhecemos. Embora eu tenho que admitir que concordo com ela na hora em que disse que "corrupção mata", mas fico me perguntando se a carapuça serviu para o Renan e o Aziz, assim como outros senadores na sala, ou se eles são tão abjetos a ponto de achar que ela estava se referindo ao Bolsonaro. Embora, considerando sua posição ideológica, talvez ela estivesse mesmo se referindo ao presidente...

Algo que eu achei curioso é como que a mídia fez todo um enaltecimento da Luana antes e depois de seu depoimento. Claro que as matérias de "quem é fulano, que vai depor na CPI" são de praxe nos jornais e revistas (logicamente com uma pitada de viés ideológico, dependendo da pessoa), mas com ela foi feito um barulho imenso sobre sua biografia, enfatizando o fato dela ter começado a ler aos 2 anos e se formado no ensino médio aos 15, ter feito um mestrado pela universidade John Hopkins, além de ter ganho uma prestigiada bolsa no exterior. Logicamente que os aplausos se voltaram também a outras questões fora do meio acadêmico, como seu interesse pela música e pelos animais, além de terem evidenciado o desafio de vida que ela passou ao enfrentar um câncer. 

Até mesmo já ganhou de alguns o título de "musa da CPI", por sua beleza (na minha opinião, nada demais), o que já deve ter deixado o Canalheiros todo ouriçado.  

Não estou duvidando nem menosprezando esses feitos da doutora. Muito bom que ela deve ser uma pessoa bem dotada a ponto de aprender sozinha e ter conquistado bolsas de renome, parabéns para ela. Meu comentário vai mais na linha da mídia mesmo, onde fica evidente o objetivo de matérias deste tipo: promover um espécie de credibilidade virtuosa e premeditada em alguém. Antes mesmo de seu depoimento, foi feita uma extensa propaganda positiva da médica, como forma de induzir uma percepção de que ela é confiável. Mesmo se for necessário usar aspectos que nada tem a ver com medicina. Com todo o respeito, o fato dela gostar de animais ou de ter aprendido a tocar piano aos dois anos de idade não faz dela uma pessoa com mais ou menos credibilidade para falar de vírus... Que avaliem isso por conta de sua experiência científica e acadêmica.

E aí é que o caldo entornou... 

Por exemplo, se procurarmos pelo seu nome completo na plataforma Lattes, não encontramos nada. Bom, eu acredito que uma médica infectologista, que se diga defensora da CIÊNCIA, deveria ter o seu currículo cadastrado neste ambiente científico, para registrar não apenas a sua formação acadêmica (exemplar, segundo a mídia), mas também artigos científicos e outras publicações que ela tenha feito, seja na sua área de pesquisa ou mesmo em alguma outra em que tenha atuado. Algo que se espera de alguém que ganhou bolsa e fez mestrado.

Não precisa acreditar em mim, vai lá e pesquise. Claro, não faz sentido pesquisar por "Luana Araújo" somente, serão centenas de pessoas que vão aparecer. Além disso, em um currículo acadêmico desse tipo é de praxe que a pessoa coloque seu nome completo. Como ela está registrada no portal do Conselho Federal de Medicina. Se alguém encontrar o Lattes dela, basta me escrever nos comentários com o link que atualizo a postagem com o maior prazer.

Talvez alguém ache que seja exagero da minha parte, que o fato de não ter um currículo Lattes não desmerece a credibilidade da doutora. Ok, talvez tenham alguma razão, que o importante é a sua atuação prática... Mas eu realmente acho muito estranho que uma pessoa de formação tão ilibada e exemplar como a mídia anunciou (alguns insinuando que Luana é uma técnica de excelência e a dra. Nise Yamaguchi uma charlatã) não tenha seu currículo cadastrado nessa base de profissionais que se envolvem com pesquisa científica e estudos acadêmicos. Especialmente quando ela diz que um de seus objetivos é promover uma população mais escolarizada.

O que ela tem é um blog. Não que seja um demérito ter um blog, seria hipocrisia de minha parte dizer isso. Mas eu sou um merda, um zé ninguém. Ela, super-dotada com toda a sua excelência científica, tem um blog e não tem um currículo Lattes?

Esse é o ponto que eu acho curioso, no mínimo estranho e suspeito. Vale acompanhar o fio da meada de alguns tweets do médico Alessandro Loiola, em que lista não apenas a peculiar falta de referências científicas e acadêmicas da dra. Luana, mas até mesmo coloca em dúvida a sua atuação médica. Por exemplo, ao destacar que hoje ela mora em Minas Gerais, mas seu único registro ativo é no Rio de Janeiro...

Isso significa que ela legalmente não pode praticar medicina em Minas Gerais, onde entendo que mora há alguns anos. A não ser que esteja atendendo de forma ilegal, mas aí já seria uma acusação grave. E mesmo que estivesse trabalhando ainda de forma remota no hospital aqui do Rio, é curioso que não haja nenhum registro dela no hospital, conforme indicado pelo dr. Loiola na sequência de tweets Embora eu confesso que não sei se o campo de pesquisa da página do hospital mostra os profissionais, pois procurei por alguns nomes genéricos e não achei nada. Mas, ainda mais considerando a sua participação na CPI, era de se esperar que houvesse ao menos alguma notinha associada a isso. E mesmo buscando somente por Luana, o único resultado é de uma notícia de alunos que se mobilizaram em uma campanha. Uma doutora tão conceituada e ilustre, como noticiado pela mídia, certamente mereceria algum tipo de menção na página do hospital, não acha?

Repito, é no mínimo muito estranho. Vale a pena ver a sequência do dr. Alessandro Loiola, que deixa muitas dúvidas sobre sua atuação profissional como médica e nenhuma produção científica sequer. Pôxa, faz um mestrado em uma instituição conceituada e recebe uma bolsa de uma organização renomada, e não tem nem um artiguinho para mostrar? Honestamente, pensava que para fazer um mestrado ou ter uma bolsa o aluno deveria publicar pelo menos algum artigo. Afinal de contas, é esperado que alguém que siga uma trilha acadêmica e busque uma pós-graduação tenha o interesse de escrever pelo menos um artigo científico, que seja registrado em plataformas como Scielo, por exemplo... 

Publicação que ela tem é um álbum musical.

De novo, nada contra. Afinal de contas, se ela sempre gostou de música, nada demais em gravar um CD e colocar na Amazon. Mas, repito: alguém que fez mestrado no exterior e se diz defensora da CIÊNCIA deveria ter ao menos um artigo publicado em uma plataforma científica. Mesmo que ela queira ficar low-profile, que não faça questão de ficar mostrando o seu currículo, ao fazer um curso de pós-graduação desses, não é questão se você quer ou não publicar um artigo. Algum tipo de trabalho acadêmico deverá ser feito. Ao menos a sua tese. Posso até estar enganado, talvez lá nos Estados Unidos seja diferente. Mas não acredito que uma instituição receberá uma candidata a mestrado vinda de outro país se ela não tiver demonstrado ter algum tipo de experiência científica. Ora, se ela é tão conceituada assim, nenhum docente a convidou para escrever um artigo no seu período de graduação? Muito estranho...

Na minha opinião, no fundo Luana se prestou ao papel de ser mais uma voz alinhada com o relatório já escrito pelo relator, e foi convidada para a CPI não por sua experiência científica (que até agora não vi), mas só para endossar a opinião dos três patifes que já está formada. Cabe ressaltar também que ela serve como uma personagem perfeita para a narrativa que se deseja construir com essa comissão: uma médica qualificada e excelente, segundo os especialistas e o que foi "amplamente divulgado pela imprensa" nos dias que antecederam seu depoimento, que foi cortada do Ministério da Saúde em poucos dias por ter uma opinião contrária ao Bolsonaro em relação ao tratamento precoce. Ou seja, promovendo a percepção de que o governo é negacionista e responsável pela pandemia chegar onde chegou. Com isso, Luana teve os seus quinze minutos de fama por conta de sua passagem-relâmpago pela secretaria e em seguida pela sua participação na CPI.

Com todo o respeito, mas lembra como era em outros tempos, quando uma mulher desconhecida qualquer protagonizava algum episódio polêmico que aparecia na mídia. Era de lei: imediatamente, aparecia a Playboy e a convidava pra posar nua. Como aconteceu com aquela mulher que, num jogo das eliminatórias da Copa, disparou um rojão que acertou o goleiro do Paraguai na testa. Logo depois, estava ela estampando a capa da revista masculina, e depois caiu no esquecimento, só quem puxar pela memória vai lembrar que teve essa mulher, nem fazendo ideia do nome dela. 

Como hoje são tempos novos em que a Playboy não existe mais e só se fala de pandemia, pra ela os holofotes foram na CPI do Covid. Embora não duvido que ela vai aparecer ano que vem, tentando algum cargo político na esteira de sua repentina fama. Até lá, ela já ganhou o seu espaço no site da rede do Plim-Plim, respondendo perguntas sobre a vacina, e certamente ainda vai ter as suas aparições no Fantástico e no programa da Fátima Bernardes.

A tal da dra. Luana Araújo é o retrato de como está a "çiênsia" hoje em dia, tomada pela ideologia política. Ela pode até não ter essa intenção, mas certamente contribui para isso. É evidente que todo o empenho de "çientistas" em difamar o tratamento precoce foi motivado pelo interesse de ir contra o Bolsonaro. De forma similar ao relatório da CPI que está pronto, é como se esses "especialistas" começassem suas pesquisas pelas conclusões, já com os resultados de acordo com o seu interesse. Ou seja, o sujeito decide que vai publicar um estudo para dizer que a hidroxicloroquina não funciona, em vez de deixar isso como uma questão a ser respondida. Com a resposta já escrita, constroem o estudo de forma a justificar aquilo que já decidiram para a conclusão. Mesmo que para isso tenham que usar estudos com metodologia questionável e de forma errada. Como foi aquele que fizeram em Manaus, onde pacientes receberam doses de cloroquina acima do que é aceitável e vieram a falecer, e a partir disso atestaram que o medicamento é perigoso. Como já escutei em algum lugar, muitas vezes a diferença entre um remédio e um veneno é a dosagem, e esse caso de Manaus mostrou como a super-dosagem transformou um medicamento, que é usado há anos para tratar diversas doenças, em algo nocivo.

Estudo esse que a própria Luana disse ser inquestionável... Pergunto, por que não podemos questionar esse estudo? Não se pode criticar que a pesquisa tenha aplicado uma overdose de difosfato de cloroquina (menos seguro que a hidroxicloroquina) equivalente a três vezes o que é recomendado? Por que não se deve investigar isso, dra. Luana? Será que é pelo fato que esse estudo foi "útil" aos interesses da "çiênsia", em condenar um possível tratamento precoce? Por ele ter contribuído para construir uma narrativa contrária ao presidente? 

Na boa... apenas ao ver essa declaração dela, e somando a isso o fato dela não ter nenhuma evidência de que tenha feito pesquisa científica, só contribui para colocar sua credibilidade no nível de uma gilete deitada...

O que acontece é que tais pessoas "iluminadas" se esquecem que a ciência de verdade existe para responder perguntas, e para responder essas perguntas é necessário avaliar e considerar várias vertentes e hipóteses, que muitas vezes podem ser conflitantes. Na minha opinião, é uma grande arrogância e canalhice alguém afirmar categoricamente algo sobre essa doença neste momento, uma doença que surgiu há pouco mais de um ano e ainda não sabemos muito a respeito. Vale para os dois lados: é errado, por exemplo, afirmar que a hidroxicloroquina é uma solução perfeita; mas também é errado falar que as vacinas que temos hoje são a solução definitiva. Tipo, alguém consegue afirmar categoricamente, com certeza, se basta uma dose apenas? Ou se teremos que tomar vacina todos os anos? Ou a cada cinco anos? Ou dez? Ninguém pode afirmar nada, o tempo dirá. Até mesmo sobre as consequências para quem pegou a doença: não tem como ninguém afirmar quais são os possíveis efeitos colaterais e condições médicas que o indivíduo contaminado pode desenvolver daqui a alguns anos. 

Faz parte da ciência, uma eterna busca por respostas, em que todas as hipóteses devem ser testadas, confrontadas e avaliadas para desenvolver conhecimento. Só há uma única certeza: o que sabemos hoje pode ser questionado e revisado no futuro. Consenso científico não existe, e quem acredita nisso não passa de um tolo.

Mas não é o que vemos hoje em dia, com essa CPI e a "çiênsia" promovida por supostos especialistas... Acho engraçado ver a dra. Luana falar que "a ciência não tem lado" quando é evidente que temos sim uma divisão bem clara e evidente nela. Se você está do lado do governo federal e do Bolsonaro, ou até mesmo só por não se opor totalmente a ele, você estará incondicionalmente errado, e assim qualquer coisa que você faça, qualquer estudo científico que você apresente, seguindo os mais criteriosos métodos e procedimentos, estará errado. Não precisa nem ler o resumo ou as conclusões, para a CPI e para os "especialistas", qualquer artigo, comentário ou declaração que leve a assinatura de alguém como as doutoras Mayra e Nise será considerado como um lixo, será tido como "pseudo-ciência". Ou seja, é feita uma desqualificação prévia por conta da posição política e ideológica de quem está escrevendo. Sequer há espaço para o diálogo, é censura imediata. 

Como ficou evidente na forma agressiva em que os senadores agiram com depoentes "do outro lado". 

Por sua vez, se você declara ódio ao Bolsonaro, que é de esquerda e odeia o presidente... Isso funciona como um selo de virtude e credibilidade automática. Nesse tempo de politização da pandemia, em que o foco jamais foi em salvar pessoas, basta isso para que alguém receba o status de autoridade incontestável e de excelência científica. Novamente, é isso que vemos na CPI e na imprensa em geral, em que vemos um presidente da comissão que desviou verba da saúde se considerar a autoridade máxima, uma infectologista que não tem Lattes nem artigo publicado ser apresentada como profunda conhecedora da ciência, uma bióloga que está mais preocupada em listar suas entrevistas na mídia receber o título de especialista de verdade e um relator que coleciona dezenas de inquéritos pelos mais diversos crimes se achando em condições de apontar o dedo para alguém... Todos eles compartilhando o mesmo desejo: usar a CPI e a ciência como arma para destruir e eliminar o Bolsonaro. Não tem como dar certo.

Uma verdadeira palhaçada essa CPI... gastando tempo e dinheiro público para dar palanque a políticos vagabundos e promovendo ativismo político e ideológico contra o governo, com a ajuda de "especialistas" que se acham os donos da verdade... Lamentável. Deveriam ter vergonha na cara... Mas, mal eles sabem que cada vez mais o povo está percebendo isso, está ficando cada vez mais descarada essa palhaçada, que a CPI está sendo usada de forma política. Quem tem um mínimo de decência consegue perceber a incoerência do discurso "çientífico" e o oportunismo político da maioria dos senadores que integram esse Circo Parlamentar de Inquisição. Uma hora as máscaras caem, e não me refiro àquelas que usamos por conta do vírus chinês...

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