Repensar seus conceitos?

Realmente, não tem mais volta. A sociedade de hoje foi tomada por completo pelo ideal politicamente correto, com seus valores bonitinhos, cobertos de glacê de framboesa e granulado de tuti-fruti. Muitas pessoas aí com seus conceitos paz e amor, repletos de consciência social, incentivados pela mídia e pelos formadores de opinião que querem que todos sigam a cartilha do bem. Emocionante, não acha?


Será que eu sou mesmo o único que acha isso uma palhaçada?

A causa dessa minha postagem de revolta é motivada por alguns "comerciais" recentes da Vivo, empresa de telecomunicações e serviços de celular, que foram ao ar na virada do ano. Coloco entre aspas pois entendo que um comercial de TV ou mesmo de Internet geralmente tem o objetivo de divulgar os produtos e serviços do anunciante, para convencer o público de seguir a marca. Mas essas produções da gigante de telecomunicações não mostram nada do que vendem nesses comerciais, nem mesmo uma pista, quem não conhece vai ficar se perguntando o que a Vivo faz.

Em vez disso, a Vivo veiculou propagandas para falar de preconceitos, como essa daí.


Cada cena segue a mesma premissa: mostra ali uma pessoa que faz parte de um dos grupos sociais que é acolhido pelos politicamente corretos, com algo que parece uma caixinha de pesquisa do Google. Nela, colocam uma frase de cunho preconceituoso, e depois abaixo aparece aquele texto que vemos no buscador, com um "você quis dizer" seguido de outros adjetivos que buscam valorizar tais grupos.

Na boa, fiz questão aqui de replicar os textos que eles colocam, entenda que a palavra dita preconceituosa em negrito é substituída pelas outras em itálico:
  • Mostra um cara pichando um prédio, com a frase "Grafite é sujeira. Você quis dizer expressão, criatividade ou arte?"
  • Aparece um portador de Síndrome de Dawn praticando ginástica olímpica, e surge a expressão "Você tem limitações. Você quis dizer talento, potencial ou futuro?"
  • Surge a moça tatuada de braços abertos afrontando a polícia, seguida do "Manifestação é baderna. Você quis dizer atitude, direito ou liberdade?"
  • Vemos uma mulher gorda de biquini cheia de pose, e colocam o "Foto de biquini é sem noção. Você quis dizer autoestima, segurança ou confiança?"
  • Mostram um baile funk, com a mulher dançando de forma provocante, aparecendo "Funk é indecência. Você quis dizer ritmo, mistura ou cultura?"
  • Pra fechar, aparece a garota muçulmana com pano na cabeça brincando num balanço, e aparece a caixa dizendo "No meu país você é negada. Você quis dizer acolhida, feliz ou bem-vinda?"
Tem outros textos também que aparecem em outro vídeo, mas esse eu não consegui achar na Internet. Mas que seguem a mesma linha, falando de que não é errado um casal não ter filhos, de que não tem nada demais em uma pessoa idosa ficar tirando selfie e criticando a opinião de que uma mulher bonita só consegue emprego ou promoção por ser bonita.

Vamos lá então... 

Cansei de falar aqui dos politicamente corretos. Como disse acima, a sociedade hoje é tomada por esse ideal. São pessoas que se acham as mais perfeitas e certinhas do mundo, com corações puros e mentalidade aberta para a solidariedade e compreensão das diferenças. Trata-se de uma parcela da população, cada vez maior, que promove uma quebra de paradigmas e uma suposta luta contra o preconceito.


Fala sério...

Repito pela enésima vez o que eu sempre digo aqui: sou contrário ao preconceito. Em todas as suas formas. Sem exceção. Se formos olhar para o significado prático da palavra, preconceito quer dizer algo como um "conceito prévio" que você faz de alguém ou de algo, baseado em alguma informação ou característica, que geralmente é superficial e injustificada, considerada de forma apressada e inconsequente, e que muitas vezes não tem nada a ver com o conceito que se cria. Ufa!

Sim, achar que um negro é marginal só porque ele é negro, é preconceito, é errado. Dizer que a mulher é inferior ao homem só porque é mulher é errado. Para citar alguns exemplos que são muito difundidos. Mas também é preconceito dizer que um negro é um ótimo jogador de basquete só porque ele é negro, ou dizer que a mulher será uma ótima mãe só por que é mulher. Ou dizer que um japonês é bom de matemática só porque ele é japonês ou afirmar que um morador de favela é do bem só porque ele é morador de favela. Tudo isso é preconceito. Tanto quando ele é feito para depreciar como quando para exaltar.

Mas para o politicamente correto, apenas alguns preconceitos são ruins e merecem ser combatidos. Outros, acabam sendo desprezados e deixados de lado. Isso quando não são na verdade promovidos e incentivados. É o preconceito "do bem", aquele que ninguém acha ruim...

É como também já falei várias vezes aqui, o que torna um determinado preconceito aceitável ou não muitas vezes é o locutor, é quem o promove. O William Waack não pode dizer "é coisa de preto"; mas petistas chamarem o Joaquim Barbosa de "macaco" não tem problema...


Na verdade, eu estive pensando um pouco mais sobre essa questão de preconceito... Depois de um pouco de reflexão, eu acho que chegou um momento de repensar os meus conceitos...

Digo o seguinte: preconceito existe sim. E todo mundo tem preconceito. Sem exceção.


Pronto, a sociedade politicamente correta se desespera! Pois os bonitinhos aí são puros como um floco de neve, com o coração perfeito e isento de preconceitos. Tudo gentezinha paz e amor, livre de pensamentos ruins... e que agora devem estar me xingando de filho da puta e desejando que eu morra por conta disso que acabei de falar...

Mas honestamente, vamos olhar o significado da palavra "preconceito", algo que eu acredito já ter comentado por aqui, mas que não custa repetir. Existem várias definições, todas elas muito semelhantes, que descrevem a palavrinha mágica que está na boca da Vivo e de todo mundo. Segundo o dicionário, preconceito pode ser:
  1. Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos necessários sobre um determinado assunto;
  2. Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão; prevenção;
  3. Superstição que obriga a certos atos ou impede que eles sejam praticados;
  4. Atitude emocionalmente condicionada, baseada em crença, opinião ou generalização, determinando simpatia ou antipatia para com indivíduos ou grupos (que é a definição "social").
Ou, falando de forma mais coloquial, preconceito pode ser entendido como um "pré-conceito", uma idéia prévia que você tem de alguém ou alguma coisa, baseada geralmente em aspectos, características ou circunstâncias que na prática não tem nada a ver com a idéia assumida. Como mencionei lá em cima.

Baseado nisso, repito que todas as pessoas são preconceituosas. Pois certamente todo mundo já passou por situações onde formou uma opinião a respeito de algo ou alguém sem um real conhecimento a fundo desse algo ou alguém. 

Quer ver um exemplo? Imagina você vai visitar um amigo, e então ele te oferece um bolo como esse aí abaixo.


Claro, se você é um desses tarados fitness que se alimenta apenas com clara de ovo, frango grelhado e shake de proteína, não precisa falar nada, pois sei que pra vocês qualquer comida assim é veneno. Não encham o saco e deixem as pessoas normais responderem.

O que passa pela sua cabeça ao ver esse bolo? Aposto que deu água na boca, não foi? Parece muito apetitoso, deve ter dado uma vontade de saborear uma bela mordida, a ponto de besuntar os beiços, não é?

Eu se eu dissesse que esse é um bolo de merda?

Não me refiro a bolo de merda por ser de má qualidade. Mas por ter na lista de ingredientes uma porção generosa de bosta de cavalo. 


Tá vendo? Esse é um exemplo de preconceito. Tá certo que eu exagerei, mas não tenho dúvidas que você entendeu o que eu quis dizer. Baseado na aparência, você assumiu que o bolo é gostoso, que tem um bom sabor. Mas tal conceito está errado, na hora em que você provar uma garfada iria se dar conta de que o gosto é ruim. Uma opinião concebida antecipadamente sem os conhecimentos necessários, justamente como a definição de preconceito diz acima.

E observe que vale para os dois lados, existe o preconceito positivo e negativo por assim dizer. Poderia ser um bolo com uma péssima aparência, como se tivesse sido cuspido, mas que na verdade tenha um gosto sensacional.


Por isso que digo que todo mundo é preconceituoso, pois o ser humano em muitas ocasiões se deixa levar por primeiras impressões ou por opiniões alheias, na hora de formar um determinado conceito sobre alguém ou alguma coisa. Claro que muitas vezes essas opiniões podem nascer baseadas em observação e pesquisa (por exemplo, ninguém precisa enfiar o dedo no fogo pra saber que ele queima), e não estou dizendo que uma primeira impressão ou a sugestão de outras pessoas sejam sempre erradas, e lógico que há situações em que formamos a opinião de forma imediata, sem uma avaliação aprofundada, e acertamos.

Em outras palavras, existem horas em que somos preconceituosos e chegamos ao conceito real sobre algo ou alguém.

Só que as pessoas politicamente corretas não aceitam isso. Repito, são criaturas que se acham perfeitas e plenas, que jamais teriam preconceito por ninguém. O problema é que esses politicamente corretos são um bando de hipócritas, pois eles sim são dotados de preconceitos, e daqueles realmente que são degradantes e nocivos, principalmente contra aqueles que pensam diferente deles, ou que na concepção deles oprimem os grupos sociais marginalizados e prejudicados de sempre... mesmo quando não há nenhum tipo de opressão. E também praticam o "preconceito positivo" de forma indiscriminada, em defesa desses mesmos grupos sociais marginalizados.


Como já falei... para essas pessoas politicamente corretas, preconceito é sempre algo ruim e condenável... apenas em determinadas situações e contra certas pessoas. Em outras, não tem problema, é o preconceito "do bem".

Tudo bem, podemos até dizer que existem diferentes formas de preconceito. Como falei ali em cima, existe o preconceito positivo e o negativo. Isso é pautado justamente na conclusão e observação que você faz, tem a ver com o conceito que você forma sobre algo ou alguém em relação ao real. Volto ao exemplo do bolo, ao ver aquela torna bonita e chamativa, temos um conceito positivo em relação ao seu sabor; agora, quando vemos aquela gororoba bagunçada, já passa a ser um conceito negativo. E em ambos os casos, podemos estar certos ou errados: o bolo bonito pode ser gostoso ou uma merda, e o bolo feio pode ser gostoso ou uma merda.

Preconceito é isso. Uma opinião formada previamente, e que pode estar certa ou errada. Algo que todos nós fazemos no dia-a-dia, muitas vezes sem perceber.

Novamente, os politicamente corretos vão discordar disso. Lógico, pois na cabeça deles o que se caracteriza como preconceito é apenas a opinião "supostamente" errada que é formada sobre determinados grupos sociais. Todo o restante, é aceito de forma natural. Não é preconceito.

Coloco o "supostamente" entre aspas, pois é assim mesmo, é algo que os politicamente corretos promovem com seus discursos de "tolerância" e "aceitação". Para eles, preconceito é quando um branco supostamente forma uma opinião negativa sobre um negro, pelo simples fato desse cidadão branco ter dito ou feito algo que pode na prática não ser racista, mas que, na interpretação dos defensores dos fracos e oprimidos, é algo equivalente a dar uma chibatada.

Já citei esse exemplo aqui: imagina um processo seletivo, onde no final temos dois candidatos, um branco e um negro. Terminada a última etapa, a empresa escolhe o branco.

Politicamente corretos vão se desesperar. Vai aparecer aí o Lázaro Ramos e a Taís Araújo difamando a empresa por ser racista, e ter dado a vaga para um branco em vez de um negro.


Mas, pôrra! Baseado em quê vocês vão afirmar isso? Será que é tão impossível assim que na hora da entrevista o candidato branco tenha se saído melhor que o negro? Será tão difícil que o currículo do branco tenha itens que o empregador considera necessários para o cargo, que o negro não tenha? Por que sempre que em uma situação em que o branco supera o negro, aparecem esses babacas aí dizendo que é racismo? Cacete, vão tomar dentro!

É como se o negro por definição fosse superior ao branco, e se ocorre alguma situação onde o branco o supere, é racismo. Combatem o suposto racismo com racismo declarado. Repito, é o preconceito "do bem"...

Não estou dizendo que não exista racismo. Não estou afirmando que seja impossível que o entrevistador seja preconceituoso e elimine o negro só por ele ser negro. Mas também é preconceito assumir que essa seria a única razão... É um conceito prévio que se faz do empregador, assumindo que ele seja racista pelo fato do negro não ter sido contratado. Independente de ser verdade ou não.

Acho que estou ficando um pouco redundante... Mas quero muito reforçar essa questão. Sei que é uma opinião muito forte, ninguém deve gostar de ser chamado de preconceituoso. Acontece que se pensamos de maneira fria, isso acaba acontecendo sim. E não é necessariamente uma coisa ruim. Muitas vezes, um determinado preconceito que formamos é pautado na auto-preservação, com o objetivo de sobrevivência.

Suponha a seguinte situação: você está caminhando na rua, e de repente você vê um pitbull correndo em sua direção. O que você iria fazer?


Aposto que muita gente aqui ficaria com medo, imaginando que o cachorro viesse a atacar. Agora, por que alguém pensaria isso? Não é de graça, não é à toa: sabemos muito bem que o pitbull é um cachorro forte, tem uma mordida pesada, e tende a ser agressivo em muitos casos. Além disso, existem muitos relatos de pessoas que foram atacadas por pitbulls. Com tudo isso, com base em todas essas informações e opiniões, acaba sendo natural que a maioria das pessoas forme um preconceito a respeito do pitbull que se aproxima, imaginando que ele venha a ser violento.

Mesmo que ele seja mansinho... Mesmo que o dono diga que ele não morde... Muita gente não iria arriscar.

Eis um caso de preconceito canino. De uma forma fria, avaliando sob um ponto de vista mais gramatical e do significado da palavra, é a mesma coisa quando vimos aquele bolo bonito ali em cima que na verdade era feito de merda.

"Ah, mas com as pessoas é diferente!" alguém vai dizer... Vamos lá então, e vou fazer questão de provocar polêmica.

Imagine que você está andando na rua, numa boa. Tipo, no centro do Rio de Janeiro, ou no calçadão em um domingo. Você está caminhando, quando então alguns metros na frente você percebe um grupo de adolescentes, negros, de bermuda e chinelo, alguns sem camisa, e que olham para você com atenção.


O que você faria?

Sei que vão me chamar de racista... Mas eu iria desviar, iria para a outra calçada se possível. Ou, caso não tivesse como me desviar, iria ficar atento, segurando com firmeza os meus pertences, provavelmente iria parar e deixar eles passarem, só dando as costas depois que eles estivessem longe.

Vão lá, politicamente corretos. Podem me chamar de racista.

Mas por que eu faria isso, da mesma forma que muitos fariam também (embora alguns possam não admitir)? Por segurança, como prevenção. Afinal de contas, a grande maioria dos furtos de rua é praticado por grupos que se enquadram exatamente na descrição acima. Dizer isso não é racismo, é estatística, é fato. Estou falando alguma mentira? Ou a maioria dos assaltos no centro do Rio é feita por brancos, loiros, de olhos azuis e vestidos com terno e gravata?


Antes que continuem a me chamar de racista, estou usando um exemplo bem comum. Afinal, esse é o exato estereótipo de pivete. Mas, eu vou praticar o mesmo preconceito auto-preservativo se eu vir um grupo suspeito composto apenas por brancos, vou fazer tudo igual.

Eu admito que eu posso estar cometendo um engano em algumas situações. Por exemplo, podem ser adolescentes de bem voltando da praia, nada demais. Mas eu posso também estar certo, e essa minha atitude pode evitar que eu seja assaltado. É sim um preconceito, mas que se trata de auto-preservação, não é racismo. Ou será que eu preciso ser politicamente correto e não me desviar dos adolescentes negros? Será então que eu sou obrigado a arriscar a minha segurança para que não pensem que eu sou racista?

Provavelmente os politicamente corretos vão dizer que sim. E se eu for assaltado, provavelmente será culpa minha e do capitalismo: afinal, na cabeça dos puristas de esquerda, o assaltante é induzido a assaltar por conta dos ideais maléficos capitalistas, que o faz desejar ter aquilo que ele não tem, e eu também sou responsável pois se tenho algo eu estaria induzindo a inveja nesse bandido... O ladrão não tem culpa, como aquela "filósofa" idiota petista disse, ao justificar a lógica de um assalto.


O mais engraçado de tudo é ver que esses socialistas do Leblon pensam isso mesmo. E fazem questão de divulgar isso em postagens e vídeos feitos em seus iPhones, enquanto tomam um latte na Starbucks em Manhattan...

Mas vamos fazer o seguinte. Vamos mudar um pouco os personagens. Vou agora criar uma nova historinha, e peço atenção especialmente daqueles que têm filhos.

Imagine que você está com seu cônjuge em um parquinho infantil, juntamente com sua prole. Para fins do exercício, considere que seja uma menina, toda feliz com seu vestidinho de princesa. Vocês estão sentados em um banco próximo, enquanto sua filha está lá nos brinquedos, junto com outras crianças. Tipo, brincando no escorregador, no balanço e naquelas barras para ficar subindo.

Aí você percebe um homem adulto, que está ali em pé próximo das crianças, observando-as. E em diversos momentos olhando para sua filha com atenção...


O que você faria?

Pois é, eu aposto que a imensa maioria das pessoas, tenham elas filhos ou não, ficaria preocupada com tal situação, se perguntando o que aquele homem estava fazendo ali. A primeira coisa que pensariam é que se trate de um pedófilo, de um abusador de crianças, não duvido que muitos pais iriam se levantar e buscar a sua filha, afastando-a do olhar do sujeito. Talvez até alguns mais extremos iriam lá tirar satisfação com o cara.

Nessa hora, alguém vai falar de preconceito? Duvido.

Em uma situação dessas, aí parece valer o sentimento de segurança e auto-preservação. É aceitável formar um "pré-conceito" do indivíduo, é admissível assumir que o cara é um pedófilo. Mesmo que não seja, pode ser o pai de uma das outras crianças, pode ser um pediatra que está observando o risco que elas estão correndo em certos brinquedos, pode até ser um pai que perdeu a sua filha por conta da violência e está ali com um sentimento de tristeza e nostalgia. Como pode ser sim um pedófilo, que está querendo ver as calcinhas das meninas, que se tiver a oportunidade até poderia fazer uma investida.

Só olhando pro cara, não tem como saber. Nenhum pedófilo anda por aí com uma placa pendurada no pescoço...

Por isso, ninguém vai arriscar, ninguém vai pagar pra ver, ninguém vai se preocupar em estar tendo um preconceito errado a respeito daquela pessoa, pois a segurança e bem-estar de sua filha é mais importante. Afinal de contas, um homem adulto, sozinho, em um parque infantil, observado crianças, é uma atitude suspeita, observada em muitas situações de crime de pedofilia. É algo que já vi até em redes sociais, pais e mestres dando conselhos para afastar os seus filhos dos olhares de gente suspeita assim, por se tratar de um típico comportamento de um molestador de crianças.

Agora, pergunto o seguinte: por que nessa situação não há problema em tomar uma atitude auto-preservadora por conta da possibilidade do homem ser um pedófilo, mas é inaceitável que alguém se desvie de um grupo de adolescentes negros sem camisa que podem ser pivetes?

Ambos os casos são de preconceito, de opiniões formadas a partir de características em geral externas e por conta de observação e sugestões alheias, e que buscam a segurança própria ou de entes queridos. Mas um deles é considerado como aceitável e outro é definido como racismo...

Alguém consegue me explicar?


Ou será que na mentalidade politicamente correta, o preconceito é aceitável em certas situações e em outras não? Será que se a pessoa se enquadrar em um determinado grupo social de interesse (negro, mulher, homossexual, pobre, etc), não pode ser vítima de preconceito?

Tá bom então... Repassemos pela história das criancinhas brincando no parque e aparece um adulto suspeito ali olhando. Mas, vamos fazer o seguinte: eu não tinha dito qual era a cor da pele dele, embora muitos provavelmente assumiram que era branco por conta da imagem que coloquei. Ou até mesmo por conta de preconceito, de achar que só existe pedófilo branco...

Me digam então como que seria, se o homem fosse negro?


Ih, aí a cabeça dos politicamente corretos entra em parafuso! Adoro fazer isso.

O grande problema da sociedade politicamente correta hoje em dia é enxergar racismo onde não há. Na verdade, o que define os conceitos de certo e errado para essa gente não são os conceitos em si, mas os personagens envolvidos na situação. Tomando o exemplo dos negros, existem horas que os politicamente corretos se interessam em levantar a bandeira do racismo, mas em outros momentos não. Depende de quem é o negro que está sofrendo esse racismo, e depende também de quem é a pessoa que está praticando o racismo.

No final, conta de que lado cada um está, vale mais a orientação política e social do "criminoso" e da "vítima". Não importa o que seja, os politicamente corretos sempre estarão defendendo os seus aliados, os seus semelhantes, independente de qual posição se encontre. Não há racismo quando este é praticado contra alguém que pense de maneira diferente, não há racismo quando este é praticado por alguém que seja politicamente correto.


Repito, todo mundo pediu a caveira do William Waack por conta do "é coisa de preto", pois ele representa a Globo, suposta inimiga da esquerda (apesar de ser sua aliada e grande defensora do politicamente correto). Mas ninguém se sensibiliza com o fato do Joaquim Barbosa ser chamado de "macaco" ou "preto de alma branca", pois ele foi o grande responsável pela punição ao mensalão do PT.

Mulheres feministas aplaudiram a punição ao Bolsonaro, por ele ter dito algo que na cabeça delas era machista, contra a Maria do Rosário, por acharem que ele incentivou a cultura do estupro. Afinal, ele é conservador, inimigo da esquerda liberal. Mas as mesmas mulheres, incluindo a Maria do Rosário que se diz defensora dos direitos femininos, ficaram caladas diante de declarações daquele professor sobre a jornalista Rachel Scheherazade, que desejou que ela fosse estuprada. Mas aí não tem problema, pois ele é professor de universidade federal, e ela uma crítica ferrenha da esquerda.

Pessoas dizerem que o Pablo Vittar é uma droga de cantor, ou mesmo chutarem o balde e dizer que ele não passa de uma bicha transformista que quer aparecer, isso é considerado intolerância, é homofobia, é falta de respeito. Por outro lado, o Lula chegar num evento em Pelotas e dizer que aquela cidade é famosa por exportar viado, ninguém se sentiu ofendido, pois é o Lula, o Lula pode tudo.

Enfim... o mundo está se tornando muito politicamente correto. E politicamente correto é hipócrita. Politicamente correto não é algo que classifica a atitude em si, mas sim quem a pratica. O politicamente correto está interessando em defender a sua agenda, a sua opinião, e aqueles que pensam diferente são considerados retrógrados, inimigos a serem derrotados.

E é nesse ponto que os comerciais da Vivo perdem a noção e a coerência. Pois suas mensagens são visivelmente parciais, olhando para apenas um dos lados das questões, tomando sempre o partido de determinados grupos. Ou então fechando os olhos para a realidade, ao fazer um esforço para defender grupos e coisas que são de simpatia da cartilha politicamente correta.

Por exemplo, dizer que funk não é indecência, mas sim cultura... Me perdoem, mas vão se fuder. Vejamos um "exemplo" da mais singela cultura que é o funk, nos versos de Valesca Popozuda em uma música chamada "Fiel é o Caralho!", em que tentei dar uma maneirada em algumas palavras...

Aí, sua encubada!
Você fala que é fiel
Fica cheia de gracinha
Mas eu já te dei o papo
Que a p(...) dele é minha
Falou que ia me pegar
Você vai tomar no c(...)!
É o bonde das amantes
Caçadoras de p(...)
 Fiel é o caralho!
Você é empregadinha
Lava, passa e cozinha
Mas a p(...) dele é minha!
Falou que ia me pegar
Você vai tomar no c(...)
É o bonde das amantes caçadoras de p(...)
Já saí com o alex
E já namorei o rodrigo
Mas no final da noite
Vou comer o seu marido
Você fica nervosa
Fica toda irritadinha
Mete o dedo no c(...)
Pois a p(...) dele é minha!
Fiel é o caralho

Realmente... cultura da mais alta qualidade... De quebra, deve ser outro hino das feministas. E esse ainda é um dos sucessos dela relativamente mais comportados.

Outra, é quando eles falam dos imigrantes serem bem-vindos. Da mesma forma que a maioria da sociedade politicamente correta, quando se fala de imigrante parece que a única coisa que pensam é nos sírios e demais muçulmanos. Não que eles não sejam dignos de nossa solidariedade, não é isso. Mas parece que eles são os refugiados com "pedigree", já que fogem de um país que está sendo bombardeado pelos Estados Unidos (e pela Rússia também, mas essa é convenientemente ignorada), e também pelo fato de governos europeus de direita e o Trump terem manifestado interesse por um maior controle nesse êxodo, limitando a quantidade de refugiados que entram em seus países.


Tudo isso associado a uma suposta xenofobia. Não nego que sim, existem pessoas xenófobas e que acabam sendo agressivas contra esses imigrantes. Mas também não podemos ser exagerados a ponto de achar que um maior controle de imigração seja xenofobia. É necessário sim um controle, para que não entrem mais imigrantes do que o país possa suportar, assim como para assegurar que as pessoas que estão entrando não sejam criminosas. Não tem nada de racismo nisso.

Mas para a Vivo e para os politicamente corretos, os imigrantes sírios são todos bonzinhos, são todos dignos de nossa pena e precisam ser aceitos de forma incondicional. Quem não aceitar isso, quem não se sensibilizar com a situação deles, é um filho da puta de um racista.

Agora... e os refugiados da Venezuela?

Engraçado... Esses aí quase não aparecem nas notícias, ninguém fala deles. Não vejo a Vivo colocando eles na propaganda, não vejo os grupos politicamente corretos se solidarizando com a situação dessas pessoas, não escuto ninguém criticando o que está acontecendo na Venezuela. Pode não ser uma guerra como na Síria, mas sem dúvida ali tá tudo péssimo. Mas sempre quando se fala de refugiados, os venezuelanos nunca são lembrados. Por que será?


Repito... existem refugiados com pedigree. Agora, se está fugindo da Venezuela, de Cuba ou da Coréia do Norte... aí não conta.

E assim segue para as outras propagandas, onde sempre é possível perceber uma certa parcialidade, juntamente com uma postura hipócrita dos politicamente corretos que curtiram os vídeos. Condenar a gordofobia, apenas quando a vítima é mulher, enquanto que homem gordo é esfomeado, desleixado e não se preocupa com a saúde. Dizem defender o direito de se manifestar, mas quando é passeata pedindo a prisão do Lula dizem que são reacionários, que são contrários à democracia, que são coxinhas golpistas. Defendem o grafite como demonstração cultural quando picham prédios alheios, mas o pichador e seus simpatizantes não querem ninguém sujando o muro de suas casas, e não falam de liberdade de expressão quando picham a estátua do Zumbi...

Enfim, a postagem está ficando grande. Mas acredito que deixei bem claro o meu ponto. Eu acho que sim, devemos rever os nossos conceitos de uma forma fria e plena. A começar por reconhecer que preconceito, no sentido real da palavra, é algo natural e que todos nós fazemos em determinadas oportunidades. Não é incomum formarmos opinião sobre alguém ou alguma coisa baseado em uma observação superficial e prematura, como mostrei nos vários exemplos acima. Vão haver situações de um preconceito mais positivo em relação à realidade, e em outras será um preconceito mais negativo em relação à verdade. Algumas vezes, estaremos certos; outras, estaremos errados. E em certas situações vamos conviver em formar um conceito prévio, mesmo que incorreto, quando a nossa segurança e bem-estar estão em jogo. Não há nada de errado nisso.

Logicamente, o preconceito difamatório, aquele que fazemos contra certas pessoas de forma negativa (ou seja, o conceito mais comum de "preconceito"), é algo que devemos combater. Não é justo, não é certo julgar alguém mal pela cor da sua pele, gênero, idade, orientação sexual, religião, nacionalidade ou qualquer outra característica assim, de graça. Entretanto, devemos combater todas as formas existentes desse tipo de preconceito, e não apenas aquelas que sejam as mais chamativas, aquelas que ficam bonitinhas no bloco do Fantástico ou no Facebook. Combater esse tipo de discriminação deve ser algo feito de forma plena, sem parcialidade e sem hipocrisia.

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