Pequeno Engenheiro (ou Arquiteto)

Como é bom voltar no tempo... Lembrar com nostalgia das coisas que eu fazia quando era criança, em especial das brincadeiras da época. Canso de dizer isso aqui, diversões totalmente diferentes das que a molecada tem hoje, que não largam o celular e o computador. O mais curioso é ver uma geração de pais e mães que cresceram na mesma época que eu, e tiveram acesso a tantos jogos e brinquedos mais legais, mais educativos e criativos, mas que por algum motivo não apresentam seus filhos às mesmas brincadeiras de antigamente.

Me senti agora um texugo gagá... 


Hoje eu venho pra falar de um brinquedo simpático que eu tive quando criança, talvez alguém se recorde ainda. A lembrança dessa postagem é o Pequeno Engenheiro.

Ou seria Pequeno Arquiteto?

Estou tentando puxar aqui pela memória, e confesso que imagino que aquele que eu tive (e que imagino que ainda esteja guardado aqui em algum lugar) não se chamava nem Pequeno Engenheiro ou Pequeno Arquiteto. Acho que era algo mais simples, como blocos de montar... Coloquei aqui esses nomes pois parecem ser aqueles que as pessoas reconhecem com maior facilidade. Curioso observar como há essa indefinição entre ser um pequeno arquiteto ou engenheiro...


Quem é da área sabe da "rivalidade" entre engenheiros e arquitetos. Tenho um amigo que é engenheiro, que sempre vem com a famosa piadinha de que "o arquiteto é o engenheiro que não conseguiu ser homem pra fazer engenharia", só para citar um exemplo. Enfim, só comento que os arquitetos geralmente são aqueles que têm algumas idéias meio absurdas, priorizando muito mais a estética do que a funcionalidade, que acabam dando trabalho para aqueles que vão ter que fazer o projeto em si, seja um engenheiro ou outro arquiteto. Mas, rixas e rivalidades à parte, ambas carreiras foram retratadas nesse brinquedo. Pois, quando o assunto é construir edifícios, tanto o arquiteto como o engenheiro (geralmente civil) acabam se envolvendo.

Vou ficar devendo o nome do original que eu tive, me lembro que vinha em uma caixa de madeira com uma tampa de deslizar, em que havia o adesivo com um menino e uma menina montando uma construção com os tijolinhos.

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Ah, me lembrei! O que eu tinha se chamava Tijolinho Mágico! Durante a postagem estava procurando no Google outros nomes que ele teve, e acabei achando. Só que em vez de apagar tudo que já escrevi ali em cima de engenheiros e arquitetos (e para registrar a lembrança tardia), vou deixar o que escrevi. A caixa acima parece ser de uma versão bem anterior à que tive, mas que trazia o nome do brinquedo de minha infância. E um garoto que parece que vai se tornar um psicopata quando crescer...

Antes que venham me zoar e dizer que eu estava brincando de casinha, eu diria que o Tijolinho Mágico era uma diversão unisex, tanto para meninos como para meninas. Acho que, sem querer, vou acabar ganhando alguns pontos com os politicamente corretos, que condenam tanto a idéia de brinquedos de meninos ou de meninas. Esse aqui serve pra qualquer criança. Embora os pais "modernos" geralmente aplaudem muito mais a idéia de brinquedos geralmente de meninos serem usados por meninas e vice-versa, e não tanto aqueles que são naturalmente neutros...

Voltando ao que interessa, não tem realmente muito o que explicar do Tijolinho Mágico / Pequeno Arquiteto / Pequeno Engenheiro. Eram blocos de madeira, pintados para representar diferentes partes de uma construção, e com eles você podia montar o que quisesse. Poderia ser uma igreja, poderia ser uma escola, uma estação de trem, o relógio da torre do De Volta Para o Futuro, a Casa da Mãe Joana, o que desse na telha (com trocadilho, por favor).


Diferente do que ocorre num Lego, aqui não tinha nenhum tipo de encaixe, as peças ficavam apoiadas uma sobre as outras. Isso exigia um pouco mais de atenção e coordenação motora do pimpolho, para construir algo que ficasse de pé e não viesse abaixo, vítima da impiedosa lei da gravidade. De forma indireta, a criança aprendia certos conceitos como equilíbrio, em como usar telhados como forma de antepara para uma torre muito alta, ou mesmo praticar a arte da gambiarra. Dava assim ao brinquedo o toque educativo, sempre valorizado pelos pais e professores.

A imagem abaixo mostra bem as peças que vinham no que eu tinha (embora em quantidade diferente), elas inclusive retratam com muita fidelidade o estilo do brinquedo que eu tive, em que o bloquinho parecia em relevo, com uma pintura resistente. Há algumas versões mais recentes que têm um desenho um pouco diferente, com detalhes maiores e que confesso que parecem mais um adesivo do que pintados no bloco.


Pra montar as suas construções, vinham diferentes versões dos blocos, vamos usar aqui o sempre esquecido recurso da lista de marcadores para falar deles:
  • Os principais eram os blocos com as janelas duplas, que vinham em maior quantidade. Tinham o formato retangular, com duas janelinhas em formato clássico. Se me recordo bem, os que eu tive vinham nas cores vermelha e azul, porém um pouco mais escuras que as mostradas acima.
  • Tinha também os blocos com janela simples, que eram menores e com uma mesma janela em formato clássico. Eram mais raras na caixa que eu tive, acho que eram somente dois, e se me lembro bem eram na cor azul clara.
  • Um bem legal eram os relógios. Também em blocos retangulares, mas com a proposta de serem verticais, traziam duas janelinhas pequenininhas e um relógio de torre. Por algum motivo na minha caixa haviam vários relógios, acho que eram seis. E esses me lembro 100% que eram todos verdes.
  • Um detalhamento legal eram os arcos grandes. Também em formato retangular, com um arco com os mesmos tijolinhos, legal pra fazer pontes ou fazer um túnel. Também me lembro bem desses, vinham cinco na caixa que eu tive, três azuis e dois pretos.
  • As peças mais simples eram os arcos pequenos. Do mesmo tamanho dos blocos com uma janela, não tinha nenhuma pintura, trazendo um visual natural de madeira, com uma pequena abertura. Dava pra fazer pontes também ou representar entradas e coisas assim, até se a criança fizesse dava pra fazer os Arcos da Lapa. Vinham em grande quantidade na caixa que eu tive.
  • Para dar o arremate final, haviam os telhados pequenos. Vinham em madeira natural pintada inteiramente de vermelho, e serviam para fazer telhados (como esperado) ou até mesmo para bolar algumas rampas. Tinham tamanho pequeno de forma que cobriam metade dos blocos maiores, e assim podiam ser combinados aos pares para fazer um telhadão maior. Era a peça que tinha em maior quantidade na minha caixa, e que dava uma trabalheira para guardar.
  • Por fim, tinham os que chamarei de telhados verticais. O visual era o mesmo, madeira pintada de vermelho, mas eram triângulos isósceles. Se você não se lembra da aula de Geometria, tinham dois lados iguais, e bem maiores que a sua base, servindo assim como um telhado mais pontudo, muito usado para o relógio.
Com as peças dava pra fazer diferentes edifícios, a criatividade podia rolar solta para fazer o que quiser. Eu confesso que com a caixa que eu tinha, algumas vezes ficava um pouco frustrado por ter tantos relógios, seria mais legal ter, por exemplo, mais bloquinhos de uma janela, que daria pra variar um pouco mais as construções. Mas dava pra dar um jeito, como colocando alguns relógios virados pro chão, pra tentar assim bolar algumas construções mais interessantes. A idéia era mesmo deixar a criança inventar, tanto que não tinha nenhum tipo de instrução na caixa, no máximo os mais preguiçosos tentavam reproduzir o desenho da tampa.


O que eu costumava fazer com os Tijolinhos Mágicos era montar uma cidade para brincar com meus carrinhos. Tudo bem que não era uma escala muito parecida aos meus Matchbox (sim, na época o Hotwheels não tinha a popularidade de hoje), mas ficava legal pra me divertir com eles. Ou mesmo com os carrinhos de plástico da Gulliver que eu tinha também, que eram bem menores e mais próximos do tamanho dos prédios que eu fazia.


Claro que não eram apenas prédios... Os blocos de madeira muitas vezes eram usados para fazer circuitos, delineando a pista. Era uma solução muito mais eficiente do que sair desenhando no carpete com giz. Para a felicidade dos meus pais...

Algo interessante de se comentar é que parece que esse brinquedo ainda existe hoje em dia. Logicamente que o design foi bem atualizado, embora fique com a impressão de que agora usa-se um adesivo em vez de pintura direta sobre os bloquinhos de madeira. Mas uma sacada legal é que agora existem outros estilos de bloco, incluindo alguns sem janelas para fazer paredes simples e outros com desenhos de carros e motos para representar uma garagem. E aparentemente as caixas hoje vem com um porrilhão de peças.


Confesso que acho legal que esse seja um brinquedo que ainda perdure nos dias de hoje. Mostra como certas idéias bem boladas do passado ainda perduram.

Tem até versões para crianças pequenas, onde as peças na verdade são como almofadas de espuma. Evita o risco do molequinho engolir ou mesmo sair tacando as peças longe, causando um grande estrago na casa ou na cara de seus irmãos.


Sem dúvida uma diversão muito sadia, independente do nome como é conhecido. 

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