Quadrinhos do Street Fighter nacionais


Já falei em algumas oportunidades que tem duas coisas que eu gosto: histórias em quadrinhos e videogames. Porém lá na minha infância essas duas coisas eram bem mais inocentes se comparadas ao que temos hoje. Quadrinhos, eu lia muito os do Pato Donald e sua turma, que eram meus favoritos, mas de vez em quando eu me divertia também com alguns da Turma da Mônica e da Luluzinha, incluindo até mesmo algumas doideiras como a revista do Variguinho (da qual falei aqui, vale a pena conferir). Quanto aos videogames, estava ali vindo do Atari e seus jogos simples mas divertidos, seguido depois pelo Master System ainda relativamente comportado.

Chegando nos anos 90, o cenário começava a mudar em relação às diversões eletrônicas, com a chegada de consoles mais poderosos, como o Mega Drive e o Super Nintendo. Com eles, começaram a aparecer alguns jogos que viriam a se tornar lendários. Certamente você deve imaginar de qual estou falando... Pombas, afinal de contas, já dei a pista no título e com o Ryu mandando um Hadouken. Era a época do Street Fighter tomar o mundo. Embora eu gostasse mais de seu rival sangrento, o Mortal Kombat, não tinha como resistir à simpatia dos lutadores de rua do clássico da Capcom, que se tornou uma grande febre para a garotada.

Aí, como diria o grande Yogurt, com base em um grande sucesso como esse, todo mundo quis ganhar com merchandising.


Pra onde você olhava tinha algum produto relacionado ao Street Fighter: camiseta, caneca, boné, mochila, caderno, figuras de ação, bola de futebol, biscoito, suco de caixinha, vitamina infantil, óleo de automóvel, sabonete, conjunto de ferramentas, sucrilhos, camisinha, esparadrapo, fantasia de carnaval, disco de música, e assim por diante. Onde podiam colocar o logo do jogo ou uma das manjadas imagens dos lutadores, colocavam.

E outra coisa que fizeram foram revistas em quadrinhos.

Digo de novo, eu gostava mais do Mortal Kombat em termos de jogo. Não necessariamente pela violência, embora eu só reconhecesse como digna a versão do Mega Drive, em que dava pra digitar aquele código A, B, A, C, A, B, B pra ativar o blood mode, desprezado a ridícula conversão do Super Nintendo onde o sangue era branco. Talvez pelo fato de ser possível jogar com ninjas, ainda mais por terem criado lutadores tão fuderosos como o Sub-Zero e o Scorpion. Não sei, gostava mais de jogar Mortal Kombat do que Street Fighter...


Mas Street Fighter tinha realmente personagens muito mais carismáticos, com histórias interessantes e sem dúvida muito legais. E sem dúvida muito mais propensos para estrelarem uma história em quadrinhos, até porque seria meio chato ter que "censurar" o Mortal Kombat para caber nas páginas de uma revistinha voltada para um público infanto-juvenil... Complicado ou não, algo que certamente ficaria sem graça, e tiraria todo o charme da revista.

Revistas do Street Fighter não faltavam. Além das inúmeras publicações que listavam os golpes e eram mais focadas no jogo em si, aqui no Brasil houve alguns quadrinhos lançados, e é sobre eles que vou falar nessa postagem. Eu cheguei a ter quase todos eles, e tive impressões variadas sobre os mesmos, que se desenrolaram em várias fases distintas... Vamos matar saudades, lembrando inclusive um pouco de suas histórias.


A grande parte dos quadrinhos do Street Fighter da minha época e que foram os mais marcantes foram publicados pela Editora Escala. O primeiro deles foi esse aí acima, em que ficava bem evidente o visual de desenho japonês, só que um pouco exagerado, quase cômico. E era isso mesmo, na verdade as histórias eram grandes zoações, envolvendo uma luta meio louca entre Ryu e Chun Li, em que o Ken aparece no meio pra se meter. E depois tinha uma historinha do E.Honda dando porrada em todo mundo, com o detalhe que ele usava aquele golpe do torpedo pra voar ao redor do planeta pra encarar os desafiantes. Além daquelas páginas de "encheção de linguiça" com um desenho de cada lutador. Era todo em preto e branco, como os mangás costumam ser. Por mais que fosse uma revista meio exagerada, tinha até o seu charme e era engraçada.


Cabe ressaltar que nesse momento era usada a nomenclatura japonesa dos chefes, como eu expliquei aqui neste post. Mas como eu sempre conheci a nomenclatura americana e ela hoje é tida como oficial, vou mantê-la aqui nessa postagem.

Curioso observar que na verdade essas histórias eram originalmente de uma revista japonesa e foram copiadas sem autorização. Deve ter dado uma merda, sei lá como se resolveram... Só sei que depois a edição seguinte a revista passou a contar com roteiristas e desenhistas brasileiros, seguindo a mesma premissa de fazer sátiras e trazendo algumas páginas coloridas. Uma mostrando o Vega abrindo caminho contra todos os adversários até chegar no final e quase cair na porrada com o Wolverine dos X-Men, que seguia um traço quase como da Turma da Mônica, e outra em que Ryu e Ken disputavam pra ver quem seria o dono do Shoryuken pra no final serem espancados pelo Sagat e seu Tiger Uppercut, que já tinha um desenho um pouco mais "realista", mas que ainda ficava de piadinha.


Lembrando que quando digo Vega, me refiro à bicha de garra... inclusive essa troca de nomes é tema de piada na história.


Honestamente, meio tosca essa revistinha... Mas não pior que a próxima, que eu só descobri aqui pela Internet, nunca a tive de verdade. Novamente, enredos e desenhos de origem nacional, mas que eram simplesmente toscos demais, acho que até eu desenhava um pouco melhor e certamente pensaria em idéias superiores. Mais uma história de um lutador enfrentando todo mundo com uma piadinha no fim, dessa vez com a Chun Li, e depois uma absurda história onde o Blanka era convocado pra seleção brasileira! Tudo com o mesmo toque de humor, dessa vez esculachando o Brasil mesmo...


Bom, depois dessa tinha tudo pra não ter mais nenhuma revista... Mas aí então a editora trouxe alguns quadrinhos americanos do Street Fighter, publicados lá originalmente pela Malibu Comics. A revista passava a ter aquele formato maior e 100% de páginas coloridas. Ela seguia um traço também mais realista, fugindo do estilo de desenho japonês do jogo, e trouxe uma história meio absurda, em que os chefões estavam unidos e acabavam matando o Ken, que havia deixado a vida de lutador e agora era ator de comercial de Tubaína, só pra provocar o campeão Ryu, que por algum motivo namorava a Chun Li, que parece ter virado mulher de vida fácil.


E o Blanka usava óculos de leitura!


Cara, Blanka de óculos foi ridículo... Mas não mais que um momento da história em que aparece um mané doido sei lá o quê, chamado Furão, que luta contra o E.Honda.


Quem diabos é o Furão? Provavelmente um personagem falido da editora que tentaram ressuscitar com um empurrão da fama do street fighter. Enfim, foi a gota d'água, e a Capcom, responsável pelo jogo, pediu pra Malibu cancelar essa merda, pois estavam era acabando com a reputação dos lutadores. Realmente esses gibis eram sofríveis, eu pessoalmente depois de ter comprado o terceiro com o Furão disse pra mim mesmo que não gastaria mais a minha mesada com essa revista.

Era melhor investir em uma Playboy...

Por sua vez, a editora não desistiu assim tão fácil, e depois de tentar trazer sem sucesso uma versão japonesa pra cá, decidiram arregaçar as mangas e fazer a revista eles mesmos, começando assim a terceira "fase" da publicação. Nesse momento, os personagens do Super Street Fighter vieram complementar o elenco, e a revista seguiu com aquele molde manjado de trazer uma história principal e depois uma mais curtinha no fim. O primeiro número contou as origens de Fei Long, com uma luta onde ele desce a porrada no Blanka, assim como mostrou como Guile aprendeu o Sonic Boom. Essa segunda história, curiosamente, tinha um traço muito semelhante àquelas da Malibu, talvez até foi aproveitada de lá.


O interessante é que nas demais histórias adotou-se um traço estilo mais japonês mesmo, o que lembrava o jogo. Saiu a edição seguinte, essa contando a história de Cammy, como ela começou no serviço secreto e participa de sua primeira luta, depois de ter sido treinada pelo Guile (!?). E a história secundária tentava dar um desfecho para a série de Malibu, em que Ryu sai metendo a porrada em alguns punks e Chun Li diz que o corpo de Ken sumiu. Confesso que não precisavam ter feito essa história, era melhor ter enterrado longe aquela atrocidade mesmo.


Algo tem que ser dito (aposto que muitos imaginam o que é). Os desenhistas fizeram um excelente trabalho com a Cammy, ainda mais dando pra ela esse jeitinho de menina meiga cuti-cuti. O suficiente para fazer este texugo aqui, que sempre curtiu mais a inglesinha do que a Chun Li e que se derrete pela meiguice feminina, ficar encantado.

Parecia que tinham acertado a mão. As histórias foram muito bem boladas e escritas, e o desenho era muito bem feito. Pena que não continuaram pra contar as origens dos outros novos lutadores, como Dee Jay e T.Hawk... Embora, pra falar a verdade eles não tinham tanto destaque quanto o clone do Bruce Lee e a meiga agente secreta de trancinhas.

Bom... Aí na edição seguinte houve outra sutil mudança. A revista passou a se chamar Super Street Fighter e neste momento aquelas três primeiras edições, baseadas nos quadrinhos norte-americanos, foram oficialmente ignoradas da história. Assim, Ken voltou do mundo dos mortos e se juntou a todos os demais lutadores. Saía de cena também o estilo de duas histórias por revista, e agora todas as páginas eram dedicadas a uma só. Começou com uma série em três partes chamada "Campo de Batalha", onde vemos um torneio de Street Fighter.


A história foi muito bem bolada, com uma boa elaboração dos personagens, ficando claro aqui o protagonismo de Guile, Chun Li, Cammy, Ryu e Ken. Assim como o torneio, iniciando com as seis lutas acima, e depois os vencedores se enfrentavam para decidir os finalistas que iam enfrentar Balrog, Vega e Sagat. Interessante como as lutas foram bem interessantes, com algumas zebras, tipo Guile perdendo pra Fei Long e Ryu sendo trucidado por Blanka. Depois de muita pancadaria, T.Hawk, Ken e Cammy se classificam para a final, mas mesmo assim Guile e Chun Li decidem continuar na caça de M.Bison, contando com uma ajuda de Ryu.

Também foi muito legal terem dado pro Bison esse perfil de ditador lunático e que sacaneia seus inimigos, mas que no final é derrotado. Nesse ponto, confesso que acertaram na medida, dando uma personalidade maior para os lutadores, seguindo os perfis do jogo.

Até o Dee Jay, que tinha aquela pinta de malandro, colocaram ele dando um tapa na bunda da Chun Li!


A trama seguinte começou então a mostrar um tema que seria recorrente nas próximas edições. Cabe lembrar que o público alvo envolvia adolescentes em sua maioria do sexo masculino, adolescentes esses que ficavam de cuecas meladas pelas duas lutadoras do jogo. Apelativo, alguns diriam. Mas é a verdade. Embora sempre tinham uns pervertidos ao extremo, diria até que muitos dos garotos nutriam era uma apaixonite adolescente pela Chun Li e/ou pela Cammy, incluindo nessa linha este texugo que aqui escreve. Bem menos apelativo do que certos jogos, como aquela série do Dead or Alive, que era só desculpa pra colocar bazingas pulando...


Enfim, a trama seguinte, intitulada "O Assassino Fantasma", veio em duas partes e trouxe as duas Street Fighters se unindo para proteger um cientista prestes a ser vítima de um bandido, conhecido como (você já deve imaginar) Assassino Fantasma. Meio contra a vontade das duas, Chun Li e Cammy são escaladas para servirem de guarda-costas para o tal cientista. O tal assassino era na verdade algo como o Shang Tsung, pois conseguia mudar de forma. E logicamente a sua escolha era sempre usar lutadores do Street Fighter. Foi a saída encontrada pelos escritores, imagino, já que os vilões haviam sido derrotados na última história, e para justificar as duas lutadoras saírem na porrada contra Ken ou Dhalsim. Como esperado, foram usadas todas aquelas sacadas clássicas de histórias em que há um sujeito que muda de forma, como na hora em Cammy vê duas Chun Lis e fica na dúvida sobre quem é a verdadeira. Ou seria Chuns Lis?


A história foi legalzinha... Confesso que achei ela um pouco forçada demais, ainda mais com as tiradas do cientista, que é um baixinho pervertido que tenta espiar a Chun Li tomando banho pelo buraco da fechadura. Aliás, como disse essa história tinha muito descarado o objetivo de atrair os adolescentes com os hormônios a mil, incluindo a luta final onde Chun Li está de camisola e Cammy enrolada na toalha. Mas, foi ainda assim uma pequena trama divertida.


Algo a se comentar aqui também é que parece que no meio da história mudaram o desenhista. Não que o responsável pela arte final fosse ruim, mas dava pra perceber a diferença de estilo, algo que eu acho um pouco broxante em qualquer revistinha, ainda mais quando você está no meio de uma história.

Seguindo, a próxima se chamava "As Esferas do Poder". Aqui houve um certo exagero na minha opinião, com uma história de magos de uma outra dimensão, que disputariam seis esferas do poder (dããã...), quem tivesse mais ganharia. Aí, logicamente que temos um deles que é maléfico e planeja dominar a Terra, praticar o Mal, fazer traquinagens e etc. E temos a outra maga boazinha, que quer impedí-lo. Como esperado, as esferas seriam disputadas em um torneio, em que os Street Fighters iam participar. O grupo dos "bonzinhos" vinha com Guile, Chun Li, Ryu, Fei Long, Dhalsim e Dee Jay, convocados pela maga boazinha. Os demais estavam no grupo do "mal", embora na verdade estivessem sendo controlados mentalmente pelo bandido. Como dá pra ver abaixo, mais uma mudança de traço em relação às revistas anteriores.


Tudo bem que a história é meio bizarra e ganha quase um tempero de desenho de G.I.Joe (ainda mais se você se baseia pela imagem acima, onde só faltava um "Yo Joe!"), mas serve apenas de pano de fundo pra que tenha a velha e boa porradaria. Com direito a Zangief dando um coro no Dee Jay, por conta de ter a sua agilidade ampliada pelo bandido (em outras palavras, o cara usou um cheat code), um Double K.O. entre Dhalsim e Honda e o já esperado confronto entre Ryu e Ken, incluindo todo o papinho de "você é meu amigo e não quero te machucar".


No final temos então a luta épica, onde inclusive Zangief, Ken e Cammy, que estavam sob controle do mal, recuperam a consciência e se juntam a Guile, Ryu e Chun Li pra derrotar o bandidão. De novo, na minha opinião foi uma história com um tema um pouco absurdo em relação ao universo Street Fighter, mas que ao menos conseguiu justificar as lutas e trouxe sim uma narrativa legal, juntamente com desenhos muito bem-feitos, equilibrando o estilo oriental com um certo toque mais sério.

A partir da edição seguinte, mais algumas sutis alterações na revista. Pra começar, ela voltou para o tamanho menor e ganhou mais páginas. Mudou também de nome, deixando de ter o "Super", e agora trazia novamente duas histórias, uma principal que ia seguindo ao longo das edições seguintes e outra curtinha. Por fim, a partir dela foi adotada a nomenclatura americana para os chefes. Aliás, chefes esses que retornavam, na trama "Ilha da Morte".


Nessa história, Sagat se tornou o novo chefão, tendo o apoio de Balrog e Vega, que conseguiram se salvar da explosão dramática daquela história lá atrás. Eles conseguem capturar Guile, o que motiva então uma missão de resgate envolvendo os já esperados personagens principais (Ryu, Ken, Chun Li e Cammy), além do Capitão Sawada, que era aquele japonês boboca que apareceu no filme do Van Damme e fez uma ponta nessa trama só porque ele era um personagem no jogo do filme. Essa história já ficou bem mais legal, diria até bastante baseada no enredo do filme com a questão de ilha e tudo mais. Incluindo o inesperado retorno do M.Bison, ainda mais filho da puta do que antes.


Sobre as histórias secundárias, tivemos uma luta na selva de Blanka contra un tipo lobisomen, Dhalsim em um combate mental contra um samurai doido e uma história engraçada de dois pontos de vista com Guile e Zangief, onde abusaram do perfil "grandão desajeitado" do russo inspirado no recente filme. Por exemplo, ele acende as luzes do esconderijo, estragando o elemento surpresa do capangas, e no final, por algum motivo, acaba arrancando um pilar que faz tudo desabar na cabeça dos malfeitores.


Não me recordo bem, mas eu acho que depois dessa série foi lançado um número especial da revista com 68 páginas, trazendo algumas histórias diversas. Na primeira, temos o mais famoso lutador-clone de Bruce Lee, Fei Long, em uma peleja contra um assassino lutador de kung-fu, enquanto que na terceira o grupinho dos principais Ryu, Ken, Guile e Chun Li vai em uma missão para prender um grupo de mercenários de armaduras high-tech comandados por um cientista louco. Essa era a história principal, tomando mais da metade da revista.


Primeira e terceira história... Pulei a segunda para "destacar" a já manjada parceria de Chun Li e Cammy em uma trama pra deixar a garotada babando. As duas estão de férias na praia (o que serve de desculpa para vermos as duas lutadoras de biquini), e acabam então se envolvendo no resgate de um agente de modelos que estava por ali por acaso, e que por algum motivo era sequestrado por uma gangue de sujeitos de máscaras vermelhas...


Eu sei... Parece até enredo de filme pornô. Vale qualquer coisa pra justificar uns quadrinhos mais "agradáveis" para a vista.

Continuando, as duas próximas edições trouxeram histórias um pouco mais curtas, tomando toda a revista, que voltava ao formato grande (acho que eles não se decidiram muito quanto ao tamanho dela). Aqui eu diria que começaram a inventar um pouco demais, com idéias meio "nada a ver" com o ambiente Street Fighter, começando com uma envolvendo um cassino e um bandidão romeno. Mais uma vez são as meninas quem estão aqui, e acompanhadas de dois personagens que não fazem parte do universo original, com o agente secreto veterano chamado James Bolt (qualquer semelhança com James Bond aparentemente não é mera coincidência) e o novato Eric Donner, que nutre uma certa paixão pela Cammy. Pela incrível coincidência só vista nos filmes e revistinhas, neste mesmo cassino também estão Ken e sua esposa Eliza, aquela que aparecia no final dele do jogo.


Temos então a já manjada história de agente secreto, envolvendo bebidas com sonífero, Eliza sendo raptada e Ken dando porrada, um duelo de facas entre James Bond... quer dizer, James Bolt e o vilão. Este que vira churrasco depois de levar um Hadouken de Ken. E depois de toda a pancadaria, no final Eric acaba morrendo, vítima de uma faca lançada por um bandido que ia atingir Cammy.

Tudo isso acaba levando para um final bem surpreendente, em que Chun Li, vendo o carinha ter morrido depois de tantas missões e de Cammy sofrer por nunca ter valorizado o que ele sentia por ela, a chinesinha então vai para os Estados Unidos, declarar seu amor por Guile.


Mas como?

Eu digo que achei essa muito forçada... Tudo bem que os dois têm muito em comum, ambos são lutadores de Street Fighter, tiveram pessoas importantes que foram mortas pelo Bison, possuem aquele senso de justiça típico de um herói e possuem as magias mais boçais do jogo... Mas acho que descaracterizou muito os dois personagens. Chun Li era aquela que não ia se permitir ser uma menina normal até vingar a morte do pai, e considerando que o Bison havia voltado, era para ela estar atrás dele mais uma vez. E o Guile, pombas... O cara não era casado e tinha uma filha?


Na história fizeram o coronel se separar da esposa, deixando assim caminho livre para a chinesinha. Enfim... Liberdade poética. Aposto que muito gente fez "óóóóóhhh" após ver o quadrinho em que os dois se beijam, mas eu particularmente achei meio nada a ver.

Bom, e a revista seguinte veio a dar uma certa continuidade ao romance, começando com tanto Guile como Chun Li pedindo umas férias das Forças Armadas e da Interpol respectivamente, para assim poderem aproveitar um tempinho juntos. Só que antes eles acabam ajudando um velhinho dono de um restaurante chinês onde eles vão ter o seu primeiro encontro, que está sendo pressionado por alguns traficantes de drogas, que tem até mesmo um cara que cospe fogo.


Não sei porque, mas me lembrei daquele filme do Bruce Lee, que ele ia acho que pra Itália pra ajudar um tio que tinha um restaurante chinês e que estava sendo ameaçado por bandidos. Aquele que ele luta com o Chuck  Norris no final.

E segundo a lenda, depois que desligaram as câmeras Chuck Norris desceu a porrada no Bruce Lee.


Pra variar rola um monte de porrada, incluindo uma participação especial do índio T.Hawk que destroça um chinês grandão. No final, os dois vão pra Fortaleza (isso mesmo) pra curtir um pouco de sol (e para sermos agraciados pela Chun Li saindo do mar de biquini), até que eles acabam esbarrando com o Ryu que está lá para um torneio de luta.


É Ryu... Deu uma de empata-fodas... Sacanagem... ou não?

De qualquer maneira, tivemos então uma nova trama mais longa a partir do número seguinte, que segundo os criadores da revistinha, deveria ter vindo antes da história do cassino. E essa nova história viria a ser centrada no Akuma, aquele alucinado de cabelo engraçado que desce a porrada em todo mundo e é mais filho de puta que o Bison. Foi a oportunidade também que tiveram para trazer os personagens do Street Fighter Alpha, como a Sakura, aprendiz do Ryu, aqueles dois malucos do Rolento e Sodon, a feiticeira Rose, o bundão do Dan e aquele velho Gen que ninguém nunca usava.


Essa história tem realmente um foco no Akuma, que vai dando porrada em todo mundo só pra mostrar que é o melhor, o fodão, o pica das galáxias. Aos poucos, alguns vão se juntando para enfrentá-lo, incluindo Guile, Ken, Rose e T.Hawk. Mas, o primeiro que vai enfrentá-lo é aquele que, como Akuma, quer mostrar que é o melhor Street Fighter. Sabemos bem quem é...


E essa trama termina com...

...

Bom... não sabemos, pois a revista acabou no número 20, bem no meio dessa história do Akuma. Claro que dá pra imaginar que temos uma luta épica entre os dois, provavelmente vencida pelo Ryu, talvez com a ajuda de seus companheiros. A verdade é que não tivemos o final dessa história com o fim da revista, assim do nada.

Cabe dizer que nessas revistas voltou também a jogada da história secundária. A primeira mostra mais uma vez Fei Log enfrentando uma gangue de assassinos, e a segunda mostra Dan tentando vingar a morte de seu pai pelo Sagat (em outra história que mudam o desenhista no meio). Ele acaba levando um couro do careca, mas que poupa a sua vida.


Dizem que essa última história era baseada em um desenho japonês. E que não tinha nada a ver com Dan, que não passava de um personagem muito merda, que foi feito de sacanagem e que tinha uns golpes ridículos.

Não sei dizer o motivo pelo final da revista. Vendo os editoriais e me dando conta que houve esse remanejamento das histórias (em que as revistas do casino e das férias foram adiantadas), eu imagino que no final já estavam havendo alguns problemas na edição da revista, algo compreensível de uma editora que entendo que era relativamente pequena, se comparada com outras do mercado. É frustrante, pois deixou toda uma história no ar, uma que já estava mais no estilo esperado do Street Fighter.

Confesso que ia ser legal se o pessoal que trabalhou nessas revistas tentasse lançar, mesmo que de forma mais simples, a edição 21 que fecharia a trama do Akuma. Fuçando na internet dá até para achar alguns esboços, e só. Aposto que muitos fãs do Street Fighter daqui iriam gostar muito. Mas, imagino que seja mesmo o fim, até porque já passou bastante tempo...

Vale a pena comentar que a editora teve algumas outras revistas relacionadas ao Street Fighter ao longo dos anos. Excluindo aquelas que eram focadas no jogo e mostravam os golpes e coisas parecidas, teve por exemplo a adaptação do filme em quadrinhos, baseada em uma revista lançada lá nos Estados Unidos. E teve até uma edição especial de Galeria de Verão, que mostrava os lutadores de férias no Brasil, uma desculpa para mostrar as garotas de bikini.


Me faz lembrar dos ridículos Marvel Swimsuit Specials, que eu comentei aqui.

Claro que nos anos seguintes vieram outras publicações baseadas no jogo, e hoje em dia com o grande avanço da Internet qualquer um pode acessar as revistas e histórias que fazem lá fora, inclusive no Japão. Mas, para muitos, elas nunca chegaram aos pés das histórias da Editora Escala. Podiam ter seus momentos toscos, mas dava pra perceber que era em sua maioria um pessoal que curtia muito o jogo e investiu muito suor e lágrimas nas páginas da revista. Correndo o risco de parecer boçal, foram realmente quadrinhos feitos por fãs para fãs, e que deixarão saudades...

Comentários

Cadu Costa disse…
Olá, Texugo.

Legal seu texto. Tive uma nostalgia há alguns dias e acabei lendo seu artigo e de outros e baixei toda a série pra relembrar.

Lembro até hj como babei pela Cammy e Chun Li nas edições de bikíni e tb como fiquei puto por não terem terminado a saga do Akuma q tava fodona.

Mas, li e vc pode pesquisar tb, q os autores deram várias entrevistas pra sites como UOL e outros blogs explicando o que aconteceu.

Eles vendiam bem, mas houve um término de contrato da Escala com a empresa q distribuía ou imprimia, não lembro agora e ficou ruim ser lançada. Falaram sobre problemas operacionais mas achei meio papo furado, tá mais pra brigas internas e saída da editora. Tentar publicar em outra fica mais difícil por não acreditarem no projeto ou serem ainda menores. Enfim, Arthur Garcia parece ser o nome do desenhista que ainda tem as páginas da revista, mas sem colorir. É só correr atrás dos autores daquela saga e ver quem ainda tem tal coisa e tentar um relançamento. Ou um lançamento pela internet mesmo. Enfim, foi irado, foi foda essa época. Sinto saudades. Parabéns pelo artigo.
Texugo disse…
Obrigado pela visita Cadu. Realmente, depois de fazer o post pesquisei mais sobre o assunto, e li sobre essas questões todas, várias explicações para o fim da revista. Mas foi maldade mesmo, ela ter terminado logo no último capítulo da saga, deixando aí toda essa curiosidade.

Ia ser legal mesmo uma publicação pela Internet. Hoje em dia tem tanta gente fazendo seus quadrinhos e colocando por aí, tenho certeza que muita gente ia curtir se os desenhistas e roteiristas da época fizessem isso pelos fãs de uma revista que agradou a muita gente.
Texugo disse…
Koronel, eu nenhum momento estou desmerecendo as histórias que foram ´publicadas pela editora, veja que eu em linhas gerais os quadrinhos nacionais foram legais (excluindo aqueles de piadinha do início e a tradução da revista americana).

Claro que todo roteirista tem liberdade poética para escrever as histórias como quiser, colocando a sua percepção dos personagens. Mas cada um também tem o direito de ter a sua opinião. Eu achei que foi um pouco forçado demais, talvez até influenciado pelo "protagonismo" do Van Damme e da Ming-Na Wen no filme. Em especial em relação à Chun Li, que tinha jurado não ser uma menina normal até se vingar do Bison. Não estou dizendo que ficou ruim, apenas esperava que fosse diferente.

Dizer que as magias deles eram boçais... olha, eu não acho que estou faltando com respeito com os jogadores que gostam deles (eu, pessoalmente, sempre curti muito jogar com o Guile). Hoje em dia parece que não se pode mais ter opinião ou fazer uma brincadeira... Você mesmo acha que as técnicas do Ryu e Ken são boçais: isso não seria faltar com respeito com aqueles que são fãs deles?