Navios de Guerra

Vamos aqui começar um novo assunto no blog. Quem acompanha aqui há algum tempo sabe que esse é um lugar onde geralmente falo de tudo, com algumas piadas e zoações, com as sátiras de desenhos e filmes, os ultimamente constantes desabafos sobre a sociedade politicamente correta, as críticas contra políticos, as sacaneadas com os flamenguistas, as lembranças nostálgicas da minha época de infância e as postagens apelativas sobre as sempre complexas e fascinantes mulheres. O que não falta aqui é assunto, e imagino que seja até por isso que nos últimos tempos as visitas vão devagarinho aumentando... Logicamente bem longe de sites de maior repercussão, mas algo bem legal e que agradeço muito aos visitantes, tanto aqueles que aparecem aqui uma ou outra vez como os mais constantes.

Nos últimos meses, estava aqui pensando em trazer algum tema novo. Não que eu vou deixar de falar sobre aquilo que eu sempre falei, mas tem horas que percebo até uma certa repetição dos assuntos. Dá uma pesquisada em quantas vezes eu debati sobre o racismo, por exemplo. Confesso que tem seus momentos que me dá um bloqueio, e ter outros temas para escrever aqui deve ajudar a ter mais material, para que o blog ainda sobreviva um pouco mais. E, quem sabe, até mesmo atrair novos visitantes...

Pensei muito, e acabei pensando em começar a escrever aqui postagens sobre navios de guerra...


Sim, aposto que muitos de vocês devem estar achando muito estranho. Um assunto tão "nada a ver" com o que eu costumo escrever por aqui, alguns vão pensar. E prevendo isso, achei até melhor criar meio que essa postagem de abertura para explicar um pouco o que me levou a escolher esse tema, em vez de sair jogando um texto de um assunto completamente inédito e fora do padrão que costumo colocar aqui...

Pois muito bem... Eu sempre fui um texugo que curtiu História. Mas não como matéria de colégio, aulas de História eram pra mim muito chatas e sem graça. Era um porre ficar ali estudando sobre servo e senhor feudal, decorar as datas de diversos acontecimentos, saber quem eram os bolcheviques, os godos e os etruscos, enumerar as capitanias hereditárias ou as treze colônias norte-americanas. História era de longe a matéria menos favorita na escola, sempre passei raspando.

E como diabos eu começo o parágrafo dizendo que eu curto História?


A verdade é que eu gosto da História como lazer, como distração. Pegar um livro comum, onde alguém conta algo do passado de nosso país ou mundo de forma mais natural e narrada do que seguindo aquela didática de escola. Assistir um programa de televisão que apresenta como era a vida na Roma Antiga ou que mostra como foram construídas as pirâmides. Sem ter aquela obrigação de gravar um monte de nomes, lugares e números pra acertar na prova. Essa História, assim mais descompromissada, sempre me agradou mais.

Mas isso ainda não explica como eu cheguei a esse tema de navios de guerra. Aí é que é engraçado...

Quando garoto, tinha um desenho animado japonês que eu adorava. Aliás, que ainda adoro, e tento sempre que posso ver aqui os vídeos que comprei certa vez no Mercado Livre. Trata-se do desenho Patrulha Estelar, a turma mais das antigas aqui talvez se lembre.


E que os admiradores mais ferrenhos da cultura oriental não me encham o saco por eu me referir a ele como "desenho". Sei que o nome tecnicamente mais correto é anime, pronunciado com o "e" mais forte como paulista (tipo, animê), mas eu sempre chamei de desenho, e assim vou continuar chamando. Como eu chamo mangá de revista em quadrinhos...

Continuando, Patrulha Estelar era um desenho sensacional. Muito bem feito para a época e com personagens muito bem construídos, ele mostrava as missões da tripulação de uma imensa nave espacial, que tinha entre seus objetivos salvar a Terra que estava sendo destruída por uma raça de alienígenas de pele azul, coisas assim típicas de ficção científica. Com direito ao vilão que depois fica amigo, combates espaciais no estilo de Star Wars (apesar de Patrulha Estelar ter sido criado antes da saga do Luke Skywalker), entre outras coisas.


Mas o destaque ficava para a nave. Isso porque era uma nave completamente fora do comum, talvez umas das idéias mais sensacionais já vistas na animação ou no cinema.

O nome original da série no Japão era Space Battleship Yamato. Traduzindo, encouraçado espacial Yamato, e que logo nos primeiros capítulos era apresentado como ele era na verdade uma nave espacial que havia sido construída a partir das ruínas de um navio de guerra do mesmo nome, um couraçado da marinha japonesa da Segunda Guerra Mundial que era o maior e mais poderoso que havia sido construído, e que havia sido afundado após uma missão suicida no fim da guerra. Coloco até um vídeo que mostra um pouco a cena do desenho que conta as origens do Yamato.


Na época eu fiquei fascinado com a história do imenso navio. E pouco tempo depois descobri que ele sim, havia existido. Lembro que naquele tempo não havia Internet nem Google, assim pra ficar sabendo mais de alguma coisa era muito mais difícil... Descobri isso graças a uma daquelas coleções que vendiam nas livrarias, que eram de uns livrinhos pequenos de uma série que tinha um nome como "Máquinas de Guerra" ou coisa parecida, e um deles era sobre navios da Segunda Guerra Mundial, com o tal do Yamato na capa. Enchi o saco dos meus pais para comprar, e logo estava ali lendo pequenos livrinhos sobre alguns dos maiores navios que combateram lá na década de 40, vendo as suas especificações e lendo suas histórias...

Pode parecer meio estranho um pequeno texugo, tão jovem, se interessar tanto pela arte da guerra. Hoje em dia os politicamente corretos iam surtar, dizendo que eu estava sendo mal influenciado. Mas, eu digo que não é por aí. Nunca fui muito fã de guerra, por mais que eu tenha gostado muito de assistir o Resgate do Soldado Ryan e brincar de Comandos em Ação. Com essa admiração pelos navios, era algo bem diferente... Me fascinava mais era ler sobre a história de cada um desses navios, como se fosse a sua biografia.

Deixa eu tentar explicar... Vamos considerar as máquinas de guerra em geral. Simplificando bem, temos aquelas que operam no ar, como aviões e helicópteros, as que operam em terra, que seriam os tanques, jipes e canhões, e no mar, que são os navios. Desses, se olhamos para aviões e tanques, de cada um foram construídos dezenas, centenas e talvez até milhares. Tinha-se por exemplo, um modelo de tanque de guerra que surgia em linha de produção, como um carro. Eram máquinas mais numerosas, e por essa razão, muito mais "impessoais". Claro que existem alguns casos raros: por exemplo, os grandes bombardeiros americanos eram tipicamente batizados pelos seus comandantes, e acabavam sim tendo cada um deles a sua história. Como foi o caso de um avião famoso chamado Memphis Belle, que foi o primeiro a completar 25 missões sobre território inimigo na Europa, e assim ele e sua tripulação ganharam o direito de voltar para os Estados Unidos. 


Eram casos raros, em geral tanques e aviões eram vistos como meras máquinas, quase como descartáveis. Diferente de um navio: por serem muito maiores, eram em geral construídos em menor quantidade. E assim cada um tinha seu nome, era solenemente batizado em homenagem a alguma pessoa, cidade ou evento. Mesmo em situações em que havia mais de um de uma mesma classe de navio, ainda assim cada um dos "irmãos" tinha a sua própria biografia. Claro que me refiro a embarcações de grande porte, como couraçados, porta-aviões e cruzadores, enquanto outras menores tinha a mesma impessoalidade de aviões e tanques (como uma lancha, por exemplo). 

Tal costume na verdade não era algo específico de navios de guerra, mesmo navios de passageiros e transatlânticos tinham cada um seu nome. Quase como uma pessoa, cada navio tinha sua história, "nascendo" em um estaleiro, fazendo seus testes, indo para alto-mar e vivendo a sua "vida". Alguns deles para se aposentarem e ganharem um merecido descanso como um navio museu, outros virando sucata ou então sofrendo o trágico destino de afundar. 

Vide o exemplo do Titanic. Se não existisse esse costume de batizar navios, provavelmente o filme do DiCaprio ia se chamar algo como "O Navio que Bateu em um Iceberg e Afundou".


Aliás, você sabia que o Titanic não era único? Ele tinha dois "irmãos" chamados Olympic e Britannic iguais a ele. Este último teve uma carreira bem curta, servindo durante um período como navio hospital e acabou afundando ao se chocar com uma mina alemã. Por sua vez, o Olympic sobreviveu mais tempo, ele inclusive estava fazendo a mesma viagem do Titanic só que no caminho oposto. Navegou até pouco antes da Segunda Guerra, quando foi desmontado e vendido como sucata.

Tá vendo como é interessante saber dessas coisas? Aposto que muitos aqui não faziam idéia que o famoso Titanic tinha dois irmãos gêmeos.

E assim começou a surgir o meu interesse por ler e me informar sobre a história dos navios, em especial aqueles da Segunda Guerra. Acabei me interessando mais por esse período por terem sido embarcações poderosas, que vivenciaram combate, algumas com destinos mais trágicos, afundando após uma batalha, e outras acumulando as glórias das vitórias e grandes feitos. E algumas delas até mesmo que passaram por situações inusitadas e curiosas. Eu sempre me interessei mais pelos navios que lutaram no Pacífico, talvez pela influência do Yamato ou pelo fato das batalhas ali ocorrerem em maiores espaços marítimos. Por essa razão, muito provavelmente vou acabar focando mais aqui nos navios das marinhas norte-americana e japonesa, mas eventualmente pretendo sim escrever sobre alguns que navegaram pelo teatro europeu.

Logicamente que, embora essas postagens venham a ser um pouco mais sérias em alguns aspectos, não pretendo deixar de lado a minha irreverência e minhas piadas. Afinal de contas, sem dúvida vai ter muito material para algumas pequenas zoadas sobre as histórias desses navios.

Essa é a explicação, unindo um pouco de História com grandes navios de guerra, que me motivou a escolher esse tema para colocar aqui. Vamos ver o que vai sair, agora é escolher bem qual será o navio que vai estrear a série...

Comentários

Ciro disse…
Sempre que eu tenho um tempo eu faço uma visita aqui pra dar uma olhada em alguma postagem despercebida. Achei intessante a idéia, juntando os navios que você irá comentar vai dar pra montar um Super Trunfo.
Texugo disse…
Obrigado pela visita Ciro! E, realmente, parece uma boa idéia, um Super Trunfo de navios de guerra.

Na verdade, eu até tinha um bem sobre navios, mas era sobre navios modernos... Mas pessoalmente acho mais legal esses da Segunda Guerra, acho que tinham seu charme.