Ruffles de Feijoada

Não, este não se trata de um post de comida. Já bastam os inúmeros programas de culinária na televisão, tipo aquela droga do Masterchef ou aqueles reality shows de comida saudável, de food truck ou de vida em um restaurante. Desde que a Ana Maria Braga começou a se esconder debaixo da mesa pra saborear a receita do dia eu não suporto esses programas, ainda mais hoje em dia que qualquer um que se acha o mestre cuca arruma um canal do Youtube pra falar de suas receitas. Consegue ficar pior quando a pessoa alia o tema de culinária com boa forma, sugerindo aquelas dietas a base de whey e clara de ovo, hostilizando ingredientes maléficos como açúcar e leite baseados na opinião de uma blogueira qualquer. Não vou falar dessa merda...

Adianto que hoje estou um pouco alterado por conta desse assunto, assim já peço desculpas pelo palavreado mais chulo que o normal.

Como disse, não vim aqui falar de comida. Mas pra comentar a respeito de MAIS UM EPISÓDIO promovido pela sociedade escrota e politicamente correta hoje em dia. Sim, em letras garrafais pra expressar a minha ira. Um episódio que surgiu graças a esses babaquinhas, que se revoltaram contra a Ruffles sabor feijoada.


Sabor feijoada? Como assim?

Batata frita com sabores não é nada de novo com todas as batatas, como na Ruffles, na Lays, na Pringles e até nas outras genéricas de lata que surgiram pra imitar o insuperável petisco do bigodinho... Embora eu curta mais a batata natural, tem alguns sabores que eles colocam que dão até um certo toque especial. Aquele de cebola e salsa é bem gostoso, os com cheddar e churrasco até são interessantes com alguns lanches. Mas existem também aquelas com sabores mais ortodoxos, como de pizza, honey mustard, apimentadas e outras mais estranhas ainda...


Já falei disso aqui uma vez. Pringles sabor alga marinha deve ser algo tão gostoso como ranho em conserva... Fica pior se a batata for mesmo verde.

Pois bem... A Ruffles decidiu ir na onda de inventar novos sabores, e pra envolver o público pediu para as pessoas sugerirem algumas idéias de novas batatas aromatizadas. Considerando a loucura dos brasileiros, fico me perguntando o que deve ter aparecido lá como candidatos... Tipo, batata sabor de sushi, de torresmo, de espetinho de gato ou outras loucuras. Enfim, as três opções finalistas foram as batatas nos sabores de feijoada, de calabresa e de burritos. Ou, no linguajar "de jovem descolado" sempre incentivado pela Ruffles, as batatas Feijuuuca, Calabreonda e Burritatas...


Iniciou-se assim a fase seguinte da campanha, onde foram lançadas as três batatas no mercado e a Ruffles pediu para o pessoal votar em seu site pra escolher qual seria o novo sabor. Diga-se de passagem, ganhou a batata de calabresa, o que rendeu 10 mil pratas para a criadora dessa nova versão de batata. Pessoalmente, acho que dentre os três sabores, é o que se mostra mais aceitável para uma batata frita...

Só que a questão não é essa... Dê uma olhada no pacote da batata de feijoada... Não precisa queimar muito a cachola, a matemática é simples:

negro + cor preta + sociedade politicamente correta = "crime" de racismo

Claro que não demorou para as pessoas escrotas que tem por aí, defensoras da moral e dos bons costumes, politicamente corretas ao extremo e chatas para cacete, estourassem de raiva contra a Ruffles, acusando-a de racismo. Pois é inaceitável na cabecinha de merda deles associar o negro a cor preta, um absurdo! Ainda mais colocar ali um negro pra estampar a embalagem da batata de feijoada, como se estivessem associando a pobreza associada às origens do prato típico brasileiro a uma pessoa negra. Choveram reclamações para órgãos de publicidade para falar disso e até houve uma campanha nas redes sociais promovendo o boicote à Ruffles...


Sério, vão pra puta que pariu antes que eu me esqueça!

Puta merda, como eu estou ficando puto dentro das calças com essa sociedadezinha de merda! Cada vez mais as pessoas estão ficando frescas, cheias de dedos e achando problema onde não tem. Pombas! Ficar aí se revoltando por conta de uma simples embalagem de batata?

Vamos por partes... Pra começar o sujeito que estampa a embalagem não é um modelo que, segundo a cabeça estúpida dessas pessoas, estaria se "subjugando a valores retrógrados de uma sociedade racista liderada por homens brancos e de olhos azuis". O cara que estampa ali a Ruffles feijoada é na prática o autor da sugestão, assim como as duas garotas ali das batatas de calabresa e burritos ele cedeu a sua imagem pra essa fase da campanha publicitária. Todos os três ali são os reais competidores que idealizaram os três sabores de batata finalistas.


Aliás, apenas façamos um breve comentário: perceba o fato de que na embalagem das três batatas, em duas delas estão mulheres... Se fossem dois homens, a Ruffles além de seria racista seria também opressora das mulheres, despertando a fúria das feministas.

O mais sensacional é ler algumas das coisas que ele escreveu, como podem ser vistas aqui nesse site.
"Eu que criei o sabor. Depois de fazer o cadastro, também fui eu que escolhi a cor preta do pacote. A empresa só mudou o nome, que eu tinha escolhido 'feijoada tradicional'. Eles escolheram 'Feijuuuca' por uma questão de marketing"
Ué? E agora, meus caros defensores da "igualdade" racial? Deve ter muita gente aí que ficou assim.


Vou explicar pra vocês entenderem bem, pois eu sei que gente estúpida e politicamente correta tem uma grande dificuldade de interpretar qualquer coisa que contrarie a seus ideais. O autor da sugestão da batata sabor feijoada, que é negro, cedeu a sua imagem para estampar a embalagem da batata de sua autoria, embalagem essa que ele, negro, escolheu que fosse da cor preta.

Entenderam? Eu explico de novo...

Não teve racismo pôrra nenhuma! A Ruffles não tomou nenhuma atitude racista! Existe um negro na embalagem pois ele é o dono da idéia e ele é negro, e o pacote é preto porque ele quis a cor preta! Pôrra!

O mais legal de tudo é ver como que as autoridades não estão se sujeitando a essa baboseira de meia dúzia de idiotas que se acham os defensores dos bons costumes: depois de receber as críticas de racismo, o CONAR (que é a sigla para Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) emitiu a seguinte nota.
"Está na hora de deixarmos os exageros de lado e praticarmos o bom senso na avaliação do comportamento que envolver preconceito."

Na cara!

Eu sinceramente fico muito puto com episódios assim. Falou tudo, a sociedade está ficando muito exagerada a ponto de ver preconceito em qualquer coisa, quando não tem nada de preconceituoso ali. Antes de fazer uma acusação grave como essa (ainda mais considerando que o racismo é tido como crime), é necessário entender bem o caso para que não sejam praticadas injustiças. Como daquela vez que apareceu a notícia de uma rede de roupas, em que as pessoas tiraram a foto de uma camisa com estampa de macaco e que tinha um cabide com a foto de um menino negro. Falei desse caso aqui.


Alguém comprovou que todas as camisas de macaco tinham a foto de um negro? Alguém viu se não haviam outras camisas de estampa de macaco com um cabide com um rosto de um menino branco ou oriental? Alguém teve a preocupação de verificar se a foto não estava apenas documentando uma infeliz e isolada coincidência, um caso dentre diversas outras camisas distribuídas aleatoriamente em cabides com rostos de crianças de todas as etnias possíveis?

Claro que não... Já viu algum politicamente correto dar uma chance ao benefício da dúvida? Talvez poderia até mesmo ser comprovado que foi racismo sim, que esse cabide do negrinho foi usado exclusivamente para as camisas de macaco. Por outro lado, talvez tenha sido apenas uma coincidência, dentre centenas de outras camisas distribuídas de forma aleatória. Mais uma vez digo, não podemos fazer acusações tão graves assim sem ter certeza.

Mesma coisa sobre o caso da Ruffles. Esses cretinos arrombados, canalhas duma figa, se eles se informassem mais sobre a situação, se fizessem uma investigação mais aprofundada, iriam se dar conta de tudo que falamos aí em cima, de que o negro da embalagem é o autor da idéia da Ruffles feijoada e que ele escolheu a cor preta, e aí chegariam facilmente à conclusão de que não se tratava de um caso de racismo.

Mas... Sabe como é. Ter esse trabalho todo pra checar se algo que parece ser racista de fato o é... Puxa, isso aí é muito chato. E mesmo que chegassem a essa conclusão, muito provavelmente continuariam batendo o pé em defender que houve preconceito. É mais interessante dar corda para a possibilidade de racismo, pois sempre é bom ter casos que representem o preconceito racial que eles tanto odeiam. Mesmo que seja algo forjado, mesmo que na prática não tenha nenhum traço de racismo na história. Essas pessoas, os politicamente corretos, não deixam passar nenhuma oportunidade para gritar sobre as injustiças que eles combatem, qualquer mínima possibilidade de preconceito racial, mesmo que se comprove que não existiu, é vista como indiscutível crime de racismo.


Na boa, vão tomar dentro... 

A sociedade está demonstrando cada vez mais um nível de exagero por conta dessa postura politicamente correta, em que qualquer coisinha já é vista como racismo, como homofobia, como ódio contra as mulheres, e por aí vai. Sempre em defesa daquelas minorias de interesse, aquelas que ficam bem nas notícias, e com isso deixando de lado outras que não tem muito apelo midiático. Afinal, fazer uma acusação de injustiça contra o negro, contra uma mulher ou um gay é algo que chama a atenção, que ganha likes nas redes sociais, mais do que criticar algum tipo de preconceito contra, sei lá, contra judeus, contra nerds ou contra japoneses. Que também sofrem preconceito. Mas que não são vistos pela sociedade como dignos de pena.

Afinal de contas, se esses energúmenos são mesmo contrários ao preconceito... Precisariam ser contrários a todo e qualquer tipo de preconceito, independente de quem seja a vítima. Inclusive se essa vítima for de um grupo teoricamente dominante (tipo, se um negro for racista contra um branco). Só que a gente sabe que não é assim que funciona...

Ressalto pela quadragésima segunda vez aqui que em nenhum momento estou dizendo que não exista preconceito contra o negro. Existe sim. O Brasil tem um passado escravocrata que resultou num avanço do racismo contra o negro. Ninguém aqui está negando isso, e ninguém está dizendo que não seja algo a ser combatido. Apenas acho que devemos olhar para todo o tipo de preconceito, e não apenas para alguns deles. Pois dessa forma, está se gerando ainda mais preconceito.

Focando nessa questão racial, essa filosofia super-protetora sobre os negros, que envolve política de cotas e criminalização de crimes de racismo apenas contra eles, acaba incentivando sim uma maior rixa entre as partes. Afinal, é como se estivessem propondo uma política compensatória, que para combater o prejuízo sofrido pelo negro tenta propor vantagens para eles. O fato de você ser negro garante "direito" a um percentual de vagas na universidade, proporciona punição àqueles que praticarem injúria contra a sua raça. Aí com isso, em vez de resolver o problema estamos piorando. Por um lado, vão haver brancos que vão se sentir muito injustiçados com tudo isso, correndo o risco de fazer com que alguns deles se tornem racistas de fato, ou se já são acabariam ficando piores. Por outro lado, da parte dos negros podemos ter justamente um sentimento de se acharem superiores aos demais, por terem as leis e boa parte da sociedade a seu favor, tornando-se também racistas... Resumindo, fode tudo mais do que já está.

Volto a dizer algo na linha da resposta do CONAR. Hoje em dia a sociedade em geral acaba se deixando levar por uma postura politicamente correta exagerada, que faz com que qualquer coisinha seja motivo de revolta. De novo, principalmente quando as "vítimas" fazem parte das minorias. Coloco entre aspas pois estes casos, como esse da Ruffles, são insignificantes se comparados com casos onde ocorre real preconceito. Acontece que essas pessoas bestas, politicamente corretas de forma exagerada, ao ter uma reação explosiva para qualquer coisa acabam banalizando o preconceito, além de desviar a atenção dos casos que precisam de maior atenção, causando assim um verdadeiro desserviço.

Tipo, imagina só a reação deles ao ver algo como isso.


Caraca, Power Rangers originais eu voltei lá no túnel do tempo mesmo...

Mas continuando... Sorte que na época não havia esse monte de gente, defensora dos bons costumes e politicamente correta, pois eles certamente iriam criticar o fato do jovem negro ser o Power Ranger preto, seria visto como no caso da Ruffles feijoada, pois é racismo o personagem negro usar roupa preta (mesmo que seja escolha dele). De quebra, ainda iam aparecer algumas feministóides achando um absurdo que uma das meninas tenha que ser a Power Ranger rosa, pois isso é submissão aos estereótipos machistas de que a mulher precisa usar rosa, pois a mulher tem o direito de usar a cor que ela quiser.

Tudo isso por conta de um programa de televisão...

E aposto que ninguém vai falar nada demais a respeito do fato que a garota oriental usa roupa amarela... Como disse, o politicamente correto só se comove contra alguns tipos de preconceitos.

Realmente o mundo está perdido... Cada vez mais as pessoas estão ficando assim, frescas e exageradas, a ponto de se doer com qualquer coisa que apareça que seja vagamente ofensiva para os valores boçais e politicamente corretos de hoje em dia. Considerar racismo o fato do negro estar de preto é um exemplo dessa estupidez, vai chegar um ponto que o sujeito negro não vai ter direito de vestir uma camisa preta por sua livre e espontânea vontade, pois a "polícia da moral" vai ficar ofendida, não vai tolerar um preconceito que só existe na sua cabeça ôca.

Tá foda mesmo, dá vontade de mandar esse bando de gente tomar na bunda, tanta coisa mais importante pra ficar se preocupando, tantas mazelas em nosso país, com gente morrendo de fome ou por conta de doenças, tanta roubalheira ocorrendo na política, e vagabundo tá preocupado com o "racismo" de uma embalagem de batata frita...

Comentários