Review do BB-8

Talvez você se lembre da postagem que eu fiz a respeito do mais recente Star Wars, onde falava as minhas impressões a respeito do filme e seus personagens. Senão se lembra ou se não viu, é só dar uma clicada aqui para ver esse post. E lá eu comentei a respeito do BB-8, o novo robô do filme, que caiu nas graças dos fãs. E rapidamente falei também a respeito de um brinquedo dele que havia sido lançado, um BB-8 controlado por celular.


Lá eu havia comentado que precisava ter um desses. E não é que consegui?

Nessas horas eu agradeço por ter conhecidos que vivem lá nos EUA. Sei que hoje em dia é mais fácil você ter acesso a certas coisas que só existem na terra do Tio Sam. Me lembro de quando eu era moleque e fiz uma viagem para lá, o típico passeio de férias pra conhecer a Disney que boa parte das crianças fez. E era inesquecível como que as malas vieram cheias de muitas coisas vindas de lá, que até então eram luxo e impossíveis de se ter por aqui. 

Principalmente no que diz respeito a comes e bebes. Você consegue imaginar que até algum tempo atrás não tinha como você ir no mercado e comprar uma lata de batata Pringles, um pote de queijo cremoso Philadelphia, um pacote de biscoito Oreo e barras de Snickers?


Antigamente, meu amigo, esses eram itens que faziam parte de qualquer bagagem de volta de um brasileiro voltando dos States. Hoje em dia qualquer mercado você acha, mas antigamente você não imagina a luta pra embalar tudo isso na mala, chegar ao ponto de aguentar farelo de batata Pringles toda quebrada, ainda assim mais saborosa do que uma Ruffles, ou render ao máximo com o pote de Philadelphia, raspando com o dedo qualquer restinho da delícia láctea cremosa. 

Bom, mas se hoje em dia é mais fácil ter acesso a essas coisas, tem um departamento em que ainda compensa e muito comprar lá fora, que é a parte de eletrônicos. Mesmo que você seja taxado na volta, certas coisas acabam custando indecentemente mais aqui do que trazendo de lá. E exemplo disso é o brinquedo do BB-8 que menciono aqui neste post. Lá fora, o simpático andróide me custou US$150,00, preço de tabela, o que pensando numa conservadora razão com o real de 4 pra 1 daria cerca de R$600,00. Saiu por um pouco menos, lógico. Não é barato, eu sei... Mas considerando que sou solteiro e sem filhos, sem prognósticos muito positivos para o futuro, acho que posso me dar um presente como esse.

Só pra constar, o mesmo BB-8 aqui no Brasil, sai em torno de... espere, respire fundo, sente numa cadeira...

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Aqui ele custa em torno de R$2.600,00!


Absurdo, não? Realmente, me dá um orgulho ver que vivemos em um país em que graças aos impostos um produto venha a custar quatro vezes mais...

Enfim, vamos deixar a revolta pelo nosso sistema tributário de lado o focar no BB-8 em si. Achei ele tão legal que pensei em fazer um post raro, fazendo um review dele. O brinquedo é produzido pela Sphero, que recentemente veio criando uma série de esferas controladas por celular, e não demorou para que ela bolasse uma versão com o simpático robô do Star Wars. Embora eu sinceramente penso que a criação do design do BB-8 possa ter sido influenciada por esse brinquedo, já imaginando o sucesso de vendas que viria a ser... Hoje em dia, o que mais vale é o marketing, como diria o Yogurt.


O BB-8 vem em uma caixa bem legal, parece que você realmente comprou um robô na loja. Além do robô em si, composto pelo corpo em forma de bola e sua cabeça, vem também uma base para carregá-lo e um cabinho USB.

O que precisa ser dito é que só a forma de carregamento já é um espetáculo à parte. O BB-8 é carregado por indução, assim você só precisa plugar a base num computador pra dar energia e colocá-lo em cima da base, que graças a todo um sistema de eletro-imãs o bichinho é carregado. Três horas na base e ele já vai ter energia para brincar um pouco com você, cerca de uma hora. Poderia durar mais, mas acho que já é suficiente para uma boa diversão.


Na verdade, o robô em si é a bola principal, que é feita de um material aparentemente bem resistente. Mas mesmo assim eu não arrisquei a andar com meu BB-8 em uma mesa ou lugar mais alto, me dá aquele medo que posso deixar ele cair e a bola vai se quebrar que nem um ovo. Por sua vez, a cabeça dele só está mesmo ali para fins estéticos, ela não é necessária e trata-se apenas de uma parte plástica, também bem resistente, com algumas rodinhas e um imã, além de um par de anteninhas que me parecem frágeis. Aliás, esse é o segredo por trás da "mágica" do BB-8, dentro da bola principal aparentemente há um imã, que interage com outro na cabeça dele, de forma que ela fica sempre ali em cima. Mas, se você for muito violento com seu BB-8, provavelmente em uma pancada a cabeça dele vai soltar, mas aí é só colocar de volta.

Lógico que para controlar o BB-8 é necessário baixar o aplicativo dele para seu celular ou tablet. Felizmente ele está disponível para as plataformas iOS e Android, mas um detalhe importante é ver a versão que você tem. Eu, por exemplo, tive que instalar em meu tablet, pois meu telefone tem um Android relativamente antigo que não suporta o programa. E vou te dizer que controlar o BB-8 segurando um trambolho de tablet não é a melhor idéia... Também é importante falar que é necessário ativar o Bluetooth para que o seu dispositivo e o BB-8 se conectem.


Do momento que eu estou fazendo essa postagem, são quatro "programas" no aplicativo que você pode usar com o seu BB-8. O fabricante prometeu que eventualmente algumas novidades serão disponibilizadas, e acho que devemos acreditar neles sim. Por exemplo, o programa para assistir o filme foi lançado recentemente, e não tinha quando chegou o meu exemplar.

O modo padrão e que certamente será mais usado é o de pilotar. É também aquele mais versátil. Você terá na tela uma espécie de joystick com o qual pode controlar o seu BB-8, mas o primeiro passo consiste em ajustar a sua posição relativa. Com um scroll que tem nessa mesma tela no formato de seu novo amigo, você pode girar uma luz azul que tem dentro dele, mas forte o suficiente para ser vista. É algo como aquelas luzes que tem nos carros de Fórmula 1 que indica onde é a traseira do BB-8, e que você deve posicionar de forma que ela fique virada para você. Com esse rápido ajuste, você já pode garantir que "empurrando" o joystick para frente o BB-8 vai rolar para frente.


Não é preciso dizer muita coisa, quanto mais longe você desliza o dedo, mais rápido o BB-8 rola. Dá até para você configurar a potência do motor dele, algo que recomendo que seja feito de acordo com o piso que você tenha: se é um piso liso, pode ser mais legal reduzir a potência do motor, ou ele vai correr meio desembestado; por sua vez, se é um piso mais rugoso, como um carpete, será necessário colocar mais força. Se bem que já te adianto que andar com o BB-8 num tapete ou outra superfície felpuda é algo não muito indicado, depois vou dizer o porquê.

Ainda existem dois botões extras. O da esquerda é pra ajustar como que a cabeça dele se comporta, podendo estar sempre virada para a frente ou mantendo a sua orientação. O da direita é algo como um botão de nitro, que faz com que ele dê uma corrida para frente.


Além disso, existe um botão que abre um menu de ações do BB-8. Esse também parece que será atualizado, pois vi em alguns reviews mais antigos que eram só duas telas de ações, e no meu já tem três. São pequenas ações que o seu robôzinho pode executar, que vão desde a ele gesticular "sim" e "não" até movimentos mais rebuscados, como traçar um quadrado ou um "8".

Ah, quase ia me esquecendo... Todos os sons do BB-8 na prática saem do seu celular ou tablet, e não do robô em si. Assim, se você não escutar nada, não adianta dar um chute no pobre robôzinho, é porque você deixou o seu celular no mudo...

Outro dos módulos é a projeção de mensagem. Algo semelhante ao que o R2-D2 fazia no primeiro filme, lembra?


Aí você deve então estar pulando de alegria, imaginando que o seu pequeno BB-8 vai ser capaz de projetar hologramas também. Mas, se ele não tem som, você imagina que ele teria um projetor? Na verdade, o modo de projeção de mensagem dele é mais uma brincadeirinha. Primeiro você deve gravar uma mensagem usando a câmera frontal de seu dispositivo (por algum motivo ele não usa a câmera principal, ou eu não descobri como), ou então você pode usar uma das mensagens de exemplo que ele tem.

Depois você deve olhar pela tela de seu aparelho, e tentar posicionar a câmera de forma que o BB-8 fique em uma posição específica. Aí você consegue ver o holograma, através da tela de seu celular. Apesar de bobinho, é interessante como a projeção de fato acompanha a posição do robô, assim se você girar ele com o seu controle a projeção gira também.


Sim, eu sei... Era de se esperar mais... Só que considerando que ainda não existem hologramas, acho que pelo menos os criadores executaram bem a idéia.

Indo em frente, o terceiro modo é o chamado de Patrulha. Nele, basicamente você configura algumas opções básicas e aperta um botão Play, e o BB-8 começa então a explorar as redondezas sozinho. Acontece que a exploração que ele faz é algo como se ele fosse um cachorro cego, indo em uma direção até encontrar um obstáculo, aí ele pára e vai pra outro canto. Pode parecer estúpido, mas internamente o andróide vai gravando a presença de obstáculos, e com o passar do tempo ele começa a aprender onde tem alguma coisa e se desvia. Pela tela, você pode acompanhar uma série de detalhes, como a velocidade, orientação da cabeça, temperatura interna e até mesmo um mapinha que mostra por onde ele andou.


Em um primeiro momento esse modo pode parecer meio chato. E digo que muitas vezes ele é enjoado sim, pois você não faz nada. Mas dá para pensar algumas brincadeiras interessantes, como usar um monte de objetos para fazer um labirinto e ver quanto tempo ele leva para sair. Ou até mesmo para dar um ar de personalidade ao robôzinho, pois é interessante você estar em casa, tipo mexendo no computador ou vendo um filme e o BB-8 está lá ativo, indo de um lado para o outro. Para quem não tem um animal de estimação, diria que é algo curioso. Sem ter que ficar limpando o cocô pelos cantos.

Falando em filme, o quatro e último modo foi lançado recentemente, junto com a chegada do Episódio VII nas locadoras. Se bem que locadora é algo que já foi extinto faz tempo... Enfim, esse modo é bem curioso, onde o BB-8 vai assistir o filme com você. O ideal é colocar ele na sua base (afinal de contas, ele quer estar confortável para ver o filme) e você ajusta a cabeça dele para ver a tela. Assim que o filme começa, ele então começa a gesticular em determinadas cenas.


Lógico que na verdade é tudo programado, e no final é o microfone de seu dispositivo que pega determinados áudios e então faz com que o BB-8 reaja. Por exemplo, quando ele mesmo aparece, ele fica todo empolgado, quando o bandidão Kylo Ren dá as caras ele treme de medo. Bem bolado, isso tem que ser dito.

Além dos quatro modos acima, o BB-8 traz também um recurso interessante, que é o controle por voz, algo muito comum hoje em dia nos celulares. Não espere que ele venha a ser como a Siri e agendar seus compromissos, tampouco pense que você poderá fazer comandos muito rebuscados, basicamente é para que você ative certas funções acima usando a sua voz, o que sem dúvida é legal. Aqui, é bem simples: primeiro você deve chamar a atenção dele, dizendo um "OK, BB-8".


Não, não é "OK U.S.A", cacete! É "OK BB-8".

Depois dessa chamada plagiada do Aventureiros do Bairro Proibido, o BB-8 começa então a prestar atenção, e você pode dizer comandos básicos, como "diga sim" ou "sai correndo!". É bem legal, mas diria que ele acaba escutando demais... Digo, qualquer coisinha que você fale o aplicativo tenta interpretar com base em algumas das palavras padrão, resultando em um robô que vai acabar rolando pelos cantos sem controle nenhum. Além disso, se você não tem uma boa dicção em inglês e fala algo como "Rum Auái!", certamente vai confundir ainda mais. Serve pra fazer uma graça, mas eu pessoalmente prefiro deixar esse modo desligado.

Outra coisa legal que está por vir é o chamado Force Band. Trata-se de uma pulseira com a qual você poderá controlar o BB-8, como se você fosse um jedi. Tipo, movendo a sua mão para frente, ele vai andar pra frente também. Parece ser algo legal, mas provavelmente vai custar uma nota...


Bom, em geral tenho que dizer que esse robôzinho é muito legal, sem dúvida um brinquedo bem bolado e interessante. Quem dera que na minha infância existissem coisas tão legais assim. Penso que é uma mudança de ares curiosa, pois hoje em dia a criançada fica enfurnada nos tablets e computadores, e embora o BB-8 envolva o uso de um celular para controlar, pelo menos faz com que a criança veja algo no mundo real. Embora, eu honestamente não daria um brinquedo desses para meu filho pequeno, se eu tivesse...

Até porque o BB-8 tem um detalhe bem crucial para seu bom funcionamento, que é a manutenção. Quem disse que eram só flores? Entre uma brincadeira e outra, você certamente terá que dar uma geral nele, para deixá-lo tinindo. Em especial na sua cabeça, onde as duas rodinhas agarram todo tipo de fiapo, pêlo, farelo e outras sujeiras, deixando muitas vezes a cabeça até gosmenta. Aí ela não vai reagir bem quando você fizer os movimentos. Por isso que sugiro não usar ele em um carpete, onde a tendência de agarrar fiapos será ainda maior.


Minha primeira tentativa foi usar uma pinça, que é boa para puxar com firmeza os fiapos. Mas não faça como eu e imagine que seja possível usar uma pinça metálica, lembre-se que a cabeça do BB-8 é cheia de imãs. Outra coisa que ajuda é uma flanela com álcool isopropílico, rodando a cabeça dele nela algumas já ajuda a tirar as gosmas e amolecer os fiapos. Um palito de dente é uma boa pedida também. Recomendo fazer a limpeza sempre depois que brincar com ele, pois da próxima vez que você quiser se divertir com seu BB-8, você certamente vai ansioso e nem se liga. Ou então, faça a limpeza enquanto ele estiver carregando.

É que estamos no Brasil, pois lá fora vendem a cabeça dele avulsa. Assim, se ela chega ao ponto de se sujar além do que pode ser limpo (embora há guias que mostram como você pode abrí-la e limpar por dentro) ou se você quebrar as suas anteninhas, tem como fazer uma troca. Aliás, lá fora, se você fala com o fabricante, eles te enviam de graça, como comentou essa pessoa aqui, de onde veio essa foto muito bem bolada. Igualzinho no Brasil, aqui devem cobrar umas duzentas pratas por uma cabeça nova dele.


Uma coisa que faz falta no BB-8 é uma maior diversidade de modos. Se você olha os demais produtos da Sphero, verá que há vários recursos avançados que permitem uma série de coisas, inclusive desenvolver um pequeno programa para que ele siga. Dizem que há alguns programas usados pelas bolas da Sphero que funcionam com o BB-8, fico até com vontade de experimentar alguns deles para ver como é, para tornar a brincadeira mais diversificada.

Em resumo, eu achei um bom investimento, considerando que um amigo comprou lá fora e trouxe pra mim. É algo interessante, mesmo quando se é adulto. Vejo muito espaço para melhorias, com modos mais interessantes, como uma forma de programar seus movimentos, algo que pode surgir no futuro. Se você é fã do Star Wars como eu, dificilmente vai resistir ao simpático BB-8, adotando esse novo amigo robótico em sua casa.


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