O Novo Star Wars



O ano de 2015 já acabou, e nos 44 do segundo tempo nós tivemos talvez um de seus grandes marcos, pelo menos no mundo do entretenimento, com o lançamento do mais novo filme da saga Star Wars. O Episódio VII rapidamente se tornou o recordista do ano, mesmo tendo poucos dias para realizar essa façanha, prestes a se tornar o filme de maior faturamento da história. Faz até você pensar como que lançaram os três da nova trilogia e que não chegaram nem perto ao Despertar da Força. Parece que a antologia contando a história do Darth Vader não agradou muito...

O filme sem dúvida foi um estrondoso sucesso. Como de praxe, toda a franquia de Star Wars lucrou horrores, não apenas com o filme, mas com todos os produtos relacionados. É muito interessante como meses antes do lançamento da película já era possível ir em uma loja de brinquedos e encontrar todos os personagens, como já haviam livros, revistas, camisetas e outras coisas, antes mesmo de alguém ter visto a história. Como diria o sábio Yogurt, da sátira Tem um Louco Solto no Espaço, é com o merchandising que se ganha dinheiro com um filme.


Enfim... Decidi então dar a minha opinião a respeito do filme que tanto empolgou o público. Acho que já passamos um tempo relativamente suficiente em relação à estréia, de forma que quem queria ver certamente já viu, e quem não viu... Bom, o que está esperando? 

Por isso, que fique claro: se você não quer saber de spoilers do novo Star Wars, pare de ler agora! Estou falando sério, depois não venham me xingar aqui se eu contei alguma coisa. 

Quem não quer spoilers, pare de ler agora!!!

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Estou falando sério. Pra afugentar vou colocar essa foto horrenda.


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Bom... Para mim o filme foi sem dúvida bem legal mesmo. Embora tenha percebido muitos elementos que lembram o Episódio IV (tipo, o robôzinho com a mensagem, uma Estrela da Morte e etc), sem dúvida trouxe muitos momentos empolgantes, conseguindo dar uma boa continuidade aos episódios clássicos. Ver novos personagens que prometem se tornar tão icônicos como os clássicos que retornaram depois de tantos anos, com efeitos especiais sensacionais e até mesmo algumas pequenas doses de humor na medida certa para quebrar o gelo, sem dúvida valeu os mais de trinta reais que paguei para assistir no cinema. O mais incrível é ver que para os próximos anos teremos quase que um filme por ano, alguns contando histórias passadas, além do já tão aguardado Episódio VIII.

Quanto aos novos personagens, estava claro que havia o dedo da Disney para deixar o filme mais esperado do ano o mais politicamente correto possível, trazendo a protagonista mulher, além de dois heróis, um negro e outro hispânico. Houve muitas críticas, principalmente contra o Finn, apesar de que já havíamos visto outros atores negros interpretando personagens, como o Samuel "Mother Fucker"L. Jackson. Mas aparentemente no final toda essa questão racial ficou de lado, pois os três se destacaram bem, cada um no seu "quadrado"... Poe faz o tipo desbocado, tudo pra ser um novo Han Solo, como pôde ser visto nas cenas que ele argumentava com o vilão Kylo Ren. Finn já segue na linha do sujeito mais boa praça, meio enrolado mas de boa índole. Sem falar que o cara era um Stormtrooper, sem dúvida é legal ver pra variar um cara num filme do Star Wars largando o lado dos bandidos e virando mocinho.


Quanto à Rey, ela é muito cuti-cuti! Sinceramente, já comentei aqui que a Natalie Portman era minha favorita na série, mas depois de ver a futura jedi, confesso que fico agora na dúvida.


Falando sério, Rey segue o mesmo caminho antes trilhado pela Princesa Léia e Padmé, mostrando ser uma mulher de personalidade forte, nada daquela donzela em perigo que fica esperando o príncipe encantado. Incrível é como ela conseguiu se tornar tão poderosa no uso da Força tão facilmente: o Anakin precisou passar anos treinando para conseguir empunhar um sabre de luz e mover objetos, e o Luke precisou de algumas horas ou dias lá com o mestre Yoda para ter algum tipo de controle. Rey por sua vez só precisou de alguns poucos minutos para já está controlando a mente dum guarda e levitando coisas.

Outro personagem novo que cativou foi o robôzinho BB-8. Confesso que antes de assistir o filme achei a idéia meio estranha, pois no final ele parecia uma bolota com a cabeça do R2-D2... Bom, ele é uma bolota com uma cabeça igual a do R2-D2. Mas ele conseguiu ser muito carismático e cativar o público. Uma tarefa que eu diria ser meio difícil na série de Star Wars, em que a hilária dupla R2-D2 e C-3PO já havia se estabelecido, com participação nos seis outros filmes. Mas bastou ele fazer um "jóinha" com o que parecia ser um isqueiro embutido para que se tornasse um dos personagens mais queridos do filme.


Uma coisa que eu fico pensando é de onde tiveram a idéia desse design de robô. Honestamente, eu nunca iria pensar em algo tão diferente como um robô que na verdade é uma grande bola com uma cabeça que fica ali apoiada. Tudo bem que há décadas atrás talvez o visual de "lata de lixo" do R2-D2 não era algo tão esperado, mas o BB-8 foi sem dúvida algo bem inovador no conceito tecnológico. Embora eu comecei a me perguntar o quanto seria viável, se seria mesmo possível a cabeça dele ficar ali certinha enquanto seu corpo em formato de bola saísse rolando pelos cantos.

Até eu descobrir isso daqui:


Faço dois comentários a respeito desse brinquedo simplesmente fantástico: primeiro, não ficaria surpreso que o design do BB-8 foi feito baseado nesse brinquedo, tudo orquestrado para fazer com que milhares de pessoas vissem o robôzinho na tela e ficassem com vontade de ter um igualzinho para brincar, em uma clara e indiscutível jogada de marketing; e segundo... funcionou muito bem, pois agora eu fiquei com vontade de comprar um desses!

O pior de tudo é ver que ele sai lá fora por 150 dólares, e por aqui você não encontra no Mercado Livre por menos de 1300 reais...

Do lado dos vilões, realmente o único de maior destaque é Kylo Ren. O mascarado de roupa preta e sabre de luz cheio de coisas ali gerou uma grande repercussão antes do lançamento do filme, a respeito de sua identidade. Lá atrás, Darth Vader surgiu como vilão e ninguém estava preocupado sobre quem ele era, quais as suas origens, só se sabia que ele era do Mal, para que depois fossemos descobrir no final do Império Contra-Ataca que ele era o pai de Luke. Por sua vez, no novo filme muita gente ficava se perguntando quem estaria por trás daquela máscara maneira... Com muita gente apostando que seria o próprio Luke Skywalker, ao ver que ele não aparecia no cartaz do filme e depois de um trailer que mostrava o vilão segurando o capacete de Vader, dizendo que iria continuar de onde ele tinha terminado.


Bom, nesse ponto eu confesso que fiquei um pouco decepcionado... Tudo bem que estamos falando só do primeiro filme dessa nova leva, o que dá muito tempo para desenvolverem melhor o personagem. Mas já começa que o cara só usa essa máscara pra ficar parecido com o Darth Vader, não dá nem uma hora de filme e ele mostra sua cara de emo. E vemos também que ele é meio explosivo, não faltam cenas em que ele solta a franga e sai quebrando tudo pelos cantos que nem uma bicha louca.

Sobre a sua identidade, também não tiveram muito rodeios, talvez a maior revelação do filme: Kylo Ren era antes Ben Solo, filho de Han Solo e Léia. Ele foi treinado pelo Luke, mas acabou sendo seduzido pelo Lado Negro da Força, tornando-se o bandido. Aliás, motivo esse suficiente para fazer com que Luke também desse um chilique e desaparecesse.

Creio já ser momento de comentar a respeito dos personagens clássicos, e seguindo o fio da meada já podemos falar a respeito da participação do Luke Skywalker na película.


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É, não tem muito o que se falar... Vou ser sincero, fiquei o filme todo esperando quando é que ele ia dar as caras, e só apareceu nos últimos dez segundos do filme, um barbudo sem dizer nem uma palavra. Faz você pensar como que todo dia, você acorda cedo pra ir pro trabalho, enfrenta trânsito e o escambau, leva esporro do chefe, se aborrece com colegas chatos, come numa birosca escrota... E o sujeito em dez segundos sem fazer nada, só com uma viradinha, ganha mais do que você poderia acumular em quatro vidas...

Tanto que não faltaram piadinhas quanto ao final, em que Rey o encontra e entrega o seu antigo sabre de luz.


Essa foi hilária!

Aliás... Isso me faz pensar um pouco... Esse era o famoso sabre de luz que pertenceu a Anakin Skywalker, com o qual ele fez grandes proezas como trucidar um monte de jedizinhos ao se converter ao Lado Negro. No final do Episódio III vemos que Obi-Wan recolhe o sabre de luz azul que pertencia à ele, guardando-o até o momento em que encontra Luke. O rapaz fica com essa espada até o confronto contra Darth Vader no Episódio V, em que perde a sua mão juntamente com o sabre de luz... Ou seja, era de se esperar que esse sabre de luz estivesse perdido, lá no raio que o parta, naquela cidade flutuante. Para depois ele estar naquela caixinha da baixinha zoiúda do novo filme. Como que o encontraram?

Enfim, acho que já dediquei muitas linhas para um personagem que apareceu por dez segundos... Seguindo, temos Han Solo e Léia, estes que demonstram o peso da idade nesse filme. Aliás, muito se falou a respeito de como a atriz que interpreta Léia ficou velha, mas aí acho exagero... Pombas, as pessoas envelhecem, alguém imaginaria que depois de mais de 30 anos ela ainda estaria na mesma forma para usar o biquini dourado? Quero ver esses babaquinhas reclamando disso, para ver como eles vão ficar depois de três décadas, se ainda vão estar com a mesma aparência de hoje...


De qualquer forma, Léia deixou de ser princesa para se tornar uma general, enquanto Han aparentemente ficou um tempo casado com ela, até se separar e voltar a ser um contrabandista espacial, juntamente com seu inseparável amigo Chewbacca.

Sabe, aí eu preciso comentar a respeito desse tapete ambulante. Mas antes disso, deixa eu fazer uma rápida revisão da cronologia dos filmes, para ver quanto tempo se passou entre cada um deles (agradeço ao site Wookiepedia por isso):

  • Ano 0     - Ep. I - A Ameaça Fantasma
  • Ano 10   - Ep. II - O Ataque dos Clones (10 anos depois)
  • Ano 13   - Ep. III - A Vingança dos Sith (3 anos depois)
  • Ano 32   - Ep. IV - Uma Nova Esperança (17 anos depois)
  • Ano 35   - Ep. V - O Império Contra-Ataca (3 anos depois)
  • Ano 36   - Ep. VI - O Retorno do Jedi (1 ano depois)
  • Ano 66   - Ep. VII - O Despertar da Força (30 anos depois) 

Assim, podemos inclusive fazer algumas contas... Por exemplo, Luke e Léia nascem no Episódio III, assim sabemos que eles são "di menor" no primeiro filme da saga clássica, e teriam exatamente 53 anos no mais recente lançamento. Se imaginamos que Anakin tinha 10 anos quando começou a saga, ele chegou aos 46 anos após a luta final em O Retorno do Jedi.


Aí vamos analisar o seguinte: o puto do Chewbacca apareceu lá no Episódio III, inclusive ao lado de Yoda. Naquela época, já imagina-se que ele seria adulto, provavelmente não colocariam um bicho adolescente aí junto com um dos maiores mestres jedi. Com isso, desde a sua primeira aparição até o mais novo episódio, se passaram 53 anos! Tudo bem, ninguém sabe ao certo qual a expectativa de vida de um wookie, mas esperava que ele pelo menos apresentasse alguns cabelos brancos como seu amigo Han...

Por fim, temos os andróides, mas que possuem uma participação muito pequena, embora tivessem mais falas que o Luke. O C-3PO não mudou nada, a não ser por um inexplicável novo braço vermelho, enquanto que o R2-D2 fica no modo stand-by durante quase todo o filme, só se religando no final para mostrar o mapa.


Curioso como eles estiveram em todos os filmes... Espero que mantenham essa tradição da dupla robótica voltar no Episódio VIII.

Pra fechar a questão dos personagens, deve-se falar a respeito de mais outros dois. Começando pela grande, digamos... decepção, com a personagem sobre a qual mais se criou expectativas, que se mostraram infundadas. Sim, estou falando da Capitã Phasma.


Antes do lançamento, fizeram o maior auê sobre ela, com sua armadura Stormtrooper prateada e capa, além da grande novidade de que seria uma personagem feminina no lado do Mal. Todo mundo falando que ela seria foda, se tornaria mais icônica do que o Bobba Fett, feministas enaltecendo a sua força (esquecendo-se totalmente de Rey, essa sim que se destacou), o boneco dela se tornando uma raridade nas lojas.

Aí chega no filme, ela só tem algumas falas bobas, fica andando de lá pra cá... Até ser facilmente capturada no final e jogada num compactador de lixo. Puta merda! Não fez pôrra nenhuma! Se tivessem colocando um Stormtrooper normal não faria nenhuma diferença. Decepção total...

Por outro lado, aí tivemos um outro personagem que, na opinião de muitos, inclusive deste texugo aqui, teve muito mais destaque do que a capitã cromada acima, mesmo tendo uma participação quase tão curta como o Luke.


Sim! Estamos falando do Stormtrooper que naquela batalha num planeta todo cheio de árvores enfrenta Finn com uma pôrra duma arma fodona, que não sei como consegue rebater os golpes de um sabre de luz. Se por um lado a Capitã Phasma foi uma grande decepção, esse cara acabou tendo uma repercussão inesperada. Talvez pela arma que usa, talvez pelo fato de ter sido um dos únicos Stormtroopers em toda a série a não se acovardar e/ou errar tiros, o sujeito teve os seus 15 segundos de fama, até levar um balaço de alguém e virar estatística.

Sério... Nunca vi um personagem sem nome marcar presença dessa forma, principalmente num filme como Star Wars. Tanto que o pessoal não demorou para inventar um nome para ele: TR-8R. Para o bom entendedor, "traitor", a única fala dele, ao ver o Finn. Aposto que tem muita gente que sabe o nome fictício desse Stormtrooper, mas não faz idéia de como se chamam aquele gigante do Lado Negro que fica sentado na caverna ou a alienígena zoiúda.

E claro... Como não podia deixar de ser... O que não faltou foi piadinha com o TR-8R...


Sensacional!

Enfim... O filme sem dúvida agradou bastante. Foi muito legal a continuação da saga, que muitos esperavam estar encerrada. A trilogia antológica, com os episódios I ao III, não foi a que agradou mais, principalmente por estar meio "amarrada" com a história da trilogia clássica (apesar de terem havido muitos furos). Foi gerada uma grande expectativa, talvez até uma preocupação quanto à qualidade do Episódio VII, para que ele não viesse a ser um fiasco. E entendo que isso não ocorreu. Teve uma história boa, os personagens novos foram bem interessantes, deixando uma série de perguntas para os próximos filmes. Talvez a principal é sobre a origem de Rey, que muitos desconfiam ser filha de Luke Skywalker, embora eu ache que seria muito manjado, considerando a cena final. Quem sabe ela não seja filha de Han e Léia (explicaria por exemplo ela ter o DNA de piloto e saber manejar a Millenium Falcon) e irmã perdida de Kylo Ren? Ou talvez ela seja descendente até mesmo de outro personagem, há quem diga por exemplo que ela poderia ter algum tipo de relação com a família de Obi-Wan Kenobi.

Só o tempo dirá... Até lá, o que não vai faltar são teorias absurdas, brinquedos de todos os tipos e tamanhos, histórias escritas pelos fãs, videogames...

E piadinhas com o TR-8R.


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