Me deixem jogar em paz!

Aconteceu comigo outro dia... Eu estava voltando para casa de ônibus, em mais um dia daqueles engarrafamentos insuportáveis. Tem momentos em que realmente ir e vir é uma luta, por sorte era um ônibus com ar condicionado, tornando assim a lenta viagem menos desagradável e suada. Sem ter muito o que fazer, cada um arruma algo para passar o tempo: uns lêem um jornal ou revista, tem aqueles que ficam escutando música, quem estiver acompanhado fica conversando. E eu recorri al meu celular e comecei a jogar um jogo. Um joguinho bem legal, chamado Highway Rider, onde você pilota uma moto e marca pontos tirando fino dos carros e caminhões.

 
Claro, chegando perto demais e o carinha saia voando que nem um desenho animado, batendo no que estivesse pelo caminho. Com direito a uma poça de sangue e uma lista de ferimentos.


Do meu lado, estava sentada uma senhora de idade, devia ter mais de seus 70 anos. Pude perceber que ela olhava para a tela do meu celular, odeio essas pessoas curiosas que ficam ali com os olhos sobre o que estamos fazendo, falta de privacidade do caralho. Mas continuei na minha... Até que uma hora ela me cutucou com seu dedo ossudo, dizendo algo como:


"Você não tem vergonha de jogar isso? Que mau exemplo!"

Eu desliguei o jogo, olhei pra cara da velha, que me olhava como aquela professora do primário que pegou um aluno fazendo arte. Fiquei sem palavras, porque não conseguia entender o que diabos aquela coroca tinha a ver com o que eu estava fazendo, não conseguia entender como que podia ter alguém tão sem ter o que fazer para ficar se metendo na vida dos outros. 

Como eu ultimamente estou ficando cada vez com menos saco pra aturar as pessoas, eu fui até meio grosso com a velha, dizendo:


"Não, eu não tenho vergonha não. E chegando em casa vou jogar um jogo de guerra, onde ganho pontos por acertar na cabeça dos inimigos!"

E voltei para o meu jogo, deixando a velha resmungar sobre como era absurdo... Sério, vai se fuder...

Acho engraçado como certas pessoas bitoladas têm essa mentalidade, não só de se meter na vida dos outros, mas de ficar achando que jogar um jogo desse tipo é um mau exemplo, por ser no caso um jogo onde se pilota uma moto em alta velocidade pelo trânsito.

Algum dia ainda vou escrever uma postagem falando a respeito dessa estupidez, dessas pessoas idiotas que acham que os jogos têm essa influência negativa na formação dos adolescentes e pessoas em geral. Ridículo assumir isso: se fosse assim, depois de ter passado a minha infância brincando de Comandos em Ação e cowboys e índios, e minha adolescência jogando Mortal Kombat, Need For Speed e Duke Nukem, era para eu ter me tornado um maníaco assassino homicida!

Até eu ter tempo e disposição, peço só que me deixem jogar em paz, pôrra!


E apenas para deixar claro, nenhum motoqueiro foi ferido durante a elaboração deste post.  

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