Racismo no Basquete?

Uma notícia curiosa que saiu no site de esportes da Globo alguns dias atrás:

"Uma nova liga americana de basquete promete gerar muita polêmica. A competição, que está programada para começar em junho, será disputada exclusivamente por jogadores americanos brancos. As informações são do jornal americano 'The Augusta Chronicle'.

Em um comunicado encaminhado à imprensa, os organizadores da nova liga deixaram claro que só os 'jogadores nascidos nos Estados Unidos e com os pais da raça caucasiana são elegíveis para participar'.

Uma das 12 cidades americanas apontadas para formar seu time para participar da liga já se manifestou contra a iniciativa. O prefeito de Augusta afirmou que não vai apoiar esste tipo de competição. (...)"
Bem, a notícia ainda é recente, mas já prevejo os comentários revoltados vindos principalmente do PT e de entidades como o Viva Rio. Combinação melhor impossível, essas pessoas dotadas de invejável ética e consciência social vão poder falar contra um exemplo de racismo na terra do Tio Sam. Já estou vendo os petralhas berrando com um sorriso no rosto "Tá vendo? Americano é tudo racista!". E para variar um pouco, este humilde texugo vai mais uma vez expressar a sua opinião, que certamente vai incomodar os petelhos e defensores dos fracos e oprimidos...

Bem, certamente a idéia de se criar uma liga de basquete apenas para brancos é bem bizarra, mas será que a idéia é de todo racista? Convenhamos, se você já teve a curiosidade de ver a escalação de um time de basquete da NBA, não é nenhuma novidade que normalmente 90% dos jogadores do time são negros. É um fato, na liga profissional de basquete norte-americana a esmagadora maioria dos jogadores são negros. Trata-se de uma consequência natural da popularidade do basquete nos bairros mais pobres e de maioria negra, e se reflete até nos principais jogadores: voltando aos velhos tempos, pegue o famoso Dream Team das Olimpíadas de Barcelona, de doze jogadores apenas 4 eram brancos.


A questão é: seria a NBA racista, pelo fato da maioria de seus jogadores serem negros? Claro que não. Mas é visível que os negros acabam tendo um espaço maior em relação aos brancos. Não necessariamente por serem negros, isso é parte coincidência e parte consequência das origens do esporte. E nesse cenário, é natural que os brancos se sintam prejudicados, o garotinho caucasiano que sonha em jogar na NBA terá talvez um caminho mais difícil para chegar lá. E aí é que eu começo a levantar algumas questões, muito similares a um assunto que não tem a ver com o esporte americano mas com a sociedade brasileira.

A primeira coisa que eu comento é sobre a já conhecida mania daqueles que se dizem defensores dos Direitos Humanos e dos bons costumes, de achar que o racismo é só contra o negro. Organizações que prezam pela igualdade racial devem estar comparando o criador dessa liga de brancos a um Adolf Hitler, dizendo que essa prática é racista. Esses "intelectuais" costumam se esquecer que o racismo é na verdade um sinônimo de preconceito racial, e o preconceito racial consiste em sua maioria no fato de algúem discriminar uma pessoa pela sua raça. Ou seja, ter preconceito contra negros ou contra brancos é preconceito do mesmo jeito. Acontece que esses idiotas, assim como os petralhas, julgam que o racismo só existe quando a vítima é um negro, quando um branco é prejudicado sofre preconceito ninguém fala nada... E depois dizem ser defensores da igualdade racial...

Queria ver se em vez de criarem uma liga de basquete apenas para jogadores brancos, se viesse alguém e inventasse uma liga de hóquei no gelo apenas para negros. Pode apostar que as mesmas pessoas que acham que uma NBA caucasiana é racismo, iriam aplaudir a idéia de ter times de hóquei apenas com jogadores negros. Como diria o Viva Rio e o PT, seria "a mais bela justiça social"...

Já cansei de falar disso aqui, essa postura "politicamente correta" de apenas se sensibilizar quando as minorias sofrem algum tipo de preconceito na prática não prega uma igualdade, mas sim um favorecimento às mesmas. Por exemplo, no caso das cotas nas faculdades, a revolta é contra o fato de que há mais brancos que negros e levanta-se a bandeira de que é necessário lutar contra o preconceito racial, mesmo sabendo que o vestibular é igual para todos; mas é certo de que esses mesmos defensores da igualdade racial vão ficar calados diante de uma situação onde ocorra o contrário. Para aqueles que dizem que não ocorre isso de haver mais negros que brancos, sugiro dar uma passada na Bahia, por exemplo, e ver se os negros são minoria nas universidades. Claro, certamente vai aparecer um babaca dizendo "ah, mas na Bahia a maioria do povo é de negros, então não tem problema que eles sejam a maioria"... E aí eu perguntaria para esse imbecil se então essa "regra" seria válida em um estado onde a maioria é branca... E esse mesmo babaca certamente diria "Não, aí é racismo! Tem que ter cotas para negros! Igualdade para as raças!" É foda, contra essa turma não há como ganhar...

Como já comentei logo abaixo, daqui a pouco aqui no Brasil vai ser um péssimo negócio ser branco, será mais difícil entrar na faculdade ou conseguir o trabalho se você não for negro. Desse jeito, é melhor eu começar a ir mais à praia para pegar um bronzeado...

Comentários

Anônimo disse…
Amigo, voce foi infeliz. As cotas no Brasil referem-se, de certa forma, a uma divida historica que temos com os negros, por eles terem sido escravizados durante anos, e terem sido condenados por nos no passado, a situaçao menos favorecida em que sua maioria se encontra hoje (periferias, favelas, etc). Da mesma forma que se daria com as mulheres, que tambem eram inferiores e viviam a margem, no entanto, elas não precisaram de cotas e ja sao maioria nas universidades. Quanto ao basquete, por que é racismo ter uma maioria negra na NBA ? Por que não é justo ? Se tem maioria branca nas ciencias, na politica, e isso não é racismo? Tudo é culpa do conceito em que cada classe foi inserida com o passar dos anos. ;)
Não é criando uma liga separada que voce vai mudar isso, só vai dar maior abertura as diferenças.
Texugo disse…
Caramba, desenterarram uma postagem de mais de 2 anos atrás aqui!

Bom, vamos por partes, pois parece que você não entendeu muito bem o que eu disse. Em nenhum momento eu disse que a NBA é racista. Caramba, até grifei essa frase, logo abaixo dos Harlem Globetrotters. Eu inclusive achei absurda essa idéia de criar uma liga de basquete somente para brancos, não faz sentido.

Mas, o que destaquei é o seguinte: a idéia gerou polêmica, e foi julgada por muitos como discriminação. Mas somente porque essa idéia visava favorecer os brancos. Inverta os papéis e o cenário muda...

Sobre as cotas, não aceito essa de dívida histórica, de que os brancos de hoje têm que "pagar" pelo passado. Não discuto que a boa parte da sociedade negra vive em condições precárias e que isso é uma consequência do período de escravidão. Mas isso não se corrige dessa forma. Como você mesmo disse, as mulheres não precisaram de cotas para ganhar o seu espaço.

E digo mais: os negros não são minoria nas universidades por preconceito, uma vez que o processo seletivo é justo, baseado na meritocracia (tirou nota para entrar, você entra). O que acontece é que, como a maioria dos negros vive na miséria, acabam tendo que cursar escolas públicas. E escolas essas que são precárias, não preparando seus alunos (sejam eles brancos, negros, amarelos, verdes, de qualquer cor) para competir com aqueles que cursam escolas particulares.

Aí, o que é mais fácil? Melhorar a qualidade das escolas, o que vai custar dinheiro e tempo, ou dar só uma canetada e garantir vagas para os negros, independente da nota que tirem?

Criar uma liga de basquete de brancos aumenta as diferenças sim. Mas dizer que fulano vai entrar na faculdade por ser negro também.