Cara a Cara

Cara (com o perdão do trocadilho), mas isso aqui me traz lembranças. Sem sacanagem, quem aqui que viveu a sua infância nos anos 80 e não se recorda desse divertido jogo da Estrela? Talvez para os dias de hoje possa ser considerado muito simples, mas eu nunca cansava de jogar com meus amigos, tentando adivinhar quem era o personagem do outro, fazendo as clássicas perguntas sobre a sua aparência...

Como a maioria dos jogos lançados aqui no Brasil, Cara a Cara era uma adaptação do jogo Guess Who? que surgiu na mesma época nos EUA. A premissa era bem direta: cada jogador tinha o seu tabuleiro com várias plaquinhas, 24 ao todo, cada uma com um rosto. Sorteava-se uma carta, que seria a pessoa que o seu adversário teria que tentar descobrir quem era, e para isso se faziam perguntas sobre ela. Tinham que ser perguntas simples, de resposta positiva ou negativa, e de acordo com a resposta você baixava as plaquinhas dos rostos que não serviam. Por exemplo, você perguntava "tem cabelo castanho?" e o outro jogador dizia que sim, então você baixava as plaquinhas de todos os personagens que não tinham cabelos castanhos. A qualquer hora você poderia arriscar um nome, errando você perdia, mas acertando ganhava a partida.

Me lembro até hoje que eu costumava inventar algumas regras para tornar o jogo mais disputado ou para render um pouco mais. Por exemplo, como haviam poucas personagens mulheres, a gente costumava não permitir perguntas sobre o sexo da pessoa, senão o sujeito que tivesse sorteado uma mulher iria perder fácil. Outra regra que eu fazia com meus amigos era que não se podia dizer o nome da pessoa, era necessário ficar só com uma plaquinha aberta, consequentemente da pessoa que o outro sorteou. Aí o adversário era obrigado a chutar um nome, se acertasse a partida empatava, mas se errasse ele perdia. É, meu amigo, a garotada da década de 80 tinha imaginação para bolar novas regras!

Bizarros eram os personagens, cada um mais ridículo que o outro! Eu ainda devo ter guardado o meu Cara a Cara, tentei achá-lo aqui em casa para scanear as cartelas, mas não consegui achá-lo. Mas achei nesse site (aliás, muito legal, que fala de vários jogos de tabuleiro) uma imagem de um tabuleiro holandês que é igualzinho ao que havia por aqui na década de 80, tenho certeza de que você vai se lembrar dessas carinhas...

Confesso que não me recordo de alguns nomes, mas tem uma coisa que você certamente deve ter percebido, e você não está enganado: lá fora todos os personagens são brancos! Aqui na versão brasileira já haviam personagens de outras etnias. Na foto acima, os três de cabelos pretos encaracolados eram negros, enquanto que aqueles que tem cabelos ruivos eram mulatos, com exceção do carequinha Bill (que se não me engano era chamado de Edu na versão tupiniquim). Alguns nomes eram bem parecidos, apenas versões em português dos que estão na imagem, me recordo que o tal de Frans era chamado de Chico, a loirinha Anita era conhecida como Lúcia, e certamente outros que não me lembro...

Confesso que não sei se o original americano era tão "racista" assim, é curioso pois os personagens que eram negros aqui tinham toda a pinta, é só ver os cabelos pretos encaracolados... Ou o tabuleiro passou por uma síndrome de descoloração como o Michael Jackson ou então os caras fizeram uma adaptação para a Holanda, para que não tivesse nenhum negro ou mulato: embora acho estranho, pois existem negros holandeses, como o Ruud Gullit, que jogava na laranja mecânica lá pelos anos 90, na época parecia um cruzamento entre o Valderrama e o Compadre Washington...


Curiosamente, enquanto eu estava escrevendo o post acima, em paralelo estava dando uma fuçada no Google para ver se achava uma imagem legal do tabuleiro brasileiro, e acabei encontrando em ótima resolução (clique na imagem para ampliar). Para não perder a piadinha do Ruud Gullit, vamos manter tudo na ordem cronológica e deixar a imagem do tabuleiro holandês lá em cima. Cacetada, quantas recordações... Ainda não sei se as duas linhas na cara do Roberto é um bigode ou parte do nariz, o Marcos parece o Super Mario, o Paulo tem toda a pinta do Barbosa da TV Pirata e o Tony é simplesmente a cópia do carinha que fazia propaganda do Bombril.


Hoje existem várias outras versões do Cara a Cara, e confesso que já começaram a pegar pesado, usando desenhos animado e quadrinhos. Na minha opinião acho que perde um pouco da graça, pois são personagens bem característicos, e isso facilita ou dificulta muito as perguntas. Por exemplo:
  • Na versão dos heróis Marvel, imagina só você ter sorteado o Fera e perguntarem "tem pele azul?". Pele verde não seria tão complicado, pois teria o Hulk, a She-Hulk e o Lagarto. E como seria se a pergunta fosse sobre a cor dos olhos e você tivesse sorteado o Cíclope ou o Demolidor?
  • Também ficaria engraçado na versão da Turma da Mônica: "tem 5 fios de cabelo" ou "é dentuça?" seriam perguntas que poderiam não ajudar em nada ou já resolver a parada.
  • E com a Turma da Disney? Será que valeriam perguntas como "é retardado?", destinada para o Dunga? Ou então perguntar "tem a cara deformada" para encontrar o Quasimodo?
Enfim, Cara a Cara sempre foi um jogo bem divertido e inteligente, e fico feliz de que sua "essência" ainda está viva nos dias de hoje com essas novas versões (embora eu ainda prefira o original), uma alternativa saudável para afastar a garotada um pouco dos jogos de computador.

Isso aliás me deu uma idéia... Acho que vou inventar uma versão do Cara a Cara com políticos brasileiros! Já imaginou, um jogo Cara a Cara com Lula, Roberto Jefferson, Maluf e todo mundo? Só não valeria fazer a pergunta "é ladrão?", pois essa não eliminaria ninguém...

Comentários

GALO disse…
HAHAHAHAAHA
VALEU POR POSTAR ESSAS FOTOS, MEU CARO!


HAHAHAAH
CARA A CARA É TOP!
Anônimo disse…
Boa noite!

Que nostalgia!!! Tempo bom. Um dos melhores passatempos!