Privacidade na Rede

Você certamente deve ter visto alguns dias atrás a história da professora que foi pega num vídeo no YouTube dançando um pagode, fazendo uma coreografia de deixar as Sheilas do É o Tchan com inveja, com direito ao cantor do grupo baixar a calcinha dela. Depois que o vídeo caiu na rede, ela virou motivo de zoação e perseguição na região onde mora, e acabou sendo demitida depois de um acordo entre professora e escola. Envergonhada do ocorrido, ela ainda precisou tirar a filha do mesmo colégio e agora tenta fazer de tudo para retomar a sua carreria. Ah, e antes que algum tarado pergunte, não, eu não vou colocar o vídeo aqui, quem quiser que procure!

Esse é mais um episódio deste novo mundo onde o avanço tecnológico afeta cada vez mais a privacidade das pessoas. Antes de mais nada, acho degradante esse tipo de música e coreografia, é algo que deveria ser banido da sociedade. Mas, por outro lado, acho também que é um certo exagero a comoção ao redor desse assunto, ao demití-la por ter dançado dessa forma. Afinal de contas, ela rebolar a bunda num palco não tem nenhuma influência sobre o trabalho dela, desde que ela não faça isso em cima da mesa na sala de aula. Profissionalmente devemos avaliar a pessoa o seu ambiente de trabalho e nas atividades correlatas, em nada interessa o que ela faz ou deixa de fazer em suas horas vagas, pelo menos é assim que eu vejo que devemos julgar um profissional. Há quem diga que seria uma má influência para as crianças, ao ter uma professora que se expôs de maneira degradante num show de música. Convenhamos, é muita hipocrisia dizer isso, como se a molecada precisasse disso para seguir um mau caminho. Ou será que programas como Big Brother, Gugu, Faustão e novelas da Globo são extremamente cultos e não-degradantes com as mulheres? Sem falar da Internet, a criançada consegue ver coisa muito pior hoje em dia sem maiores dificuldades... Sem brincadeira, se a questão são exemplos de boa índole e decência para as crianças, então temos que censurar muita coisa que aparece na TV.

Por outro lado, eu sou um texugo muito desconfiado, e se uma parte de mim fica revoltada com essa postura de revolta da sociedade com o caso, tem outra que fica com uma pulga atrás da orelha, imaginando se o motivo por trás do episódio não foi outro. Cada vez mais as pessoas usam escândalos para chamar a atenção e ganhar Ibope. Veja só, depois desse vídeo aparecer na rede, fala-se direto do tal grupo O Troco e sua música "Todo Enfiado" (com esse nome, certamente isso deve ser uma obra-prima da música nacional), antes da professora ninguém fazia idéia do que era essa merda, e agora sua música deve estar tocando direto, vai ser convidado para aparecer no Domingo Legal com o Gugu (se bem que ele agora está na rede do bispo). É só ver, faça uma busca por "O Troco" no Google, e veja que é o grupo baiano que aparece em primeiro lugar. E a professora, também ficou em evidência, deve ter aparecido no programa da Luciana Gimenez, daqui a pouco vai escrever um livro ou então vai ser convidada pra posar nua na Sexy. E certamente ambos vão acabar ganhando com isso, o que me leva a desconfiar se tudo isso não foi armado para que eles conseguissem com esse escândalo seus 15 minutos de fama...

Nessa época da Internet, celulares com câmera e YouTube, ficou muito mais fácil forjar um episódio desses para chamar a atenção dos jornais, revistas e programas de televisão. Quer ver um outro exemplo relativamente recente? A atriz-cantora mirim Vanessa Hudgens, dos filmes do High School Musical. Você certamente deve se lembrar de algum tempo atrás quando fotos que ela tinha tirado sem roupa caíram na Internet... Bem, passado algum tempo e sem novos filmes, agora há pouco surgiu um outro pacote de fotos da Vanessa Hudgens nua, e mais rápido que você possa dizer "cucamonga" todos já falam dela novamente. Vai me dizer que uma vez mais ela não tem nada a ver com isso... Ou é aquele namoradinho bicha dela que coloca as fotos na rede, ou ela é uma lolita exibicionista ou tudo não passa de uma grande jogada de marketing para ela ser convidada para programas de auditório e ficar em evidência nas revistas...

Tivemos inclusive um caso parecido aqui no Brasil muito recentemente. Dessa vez foi com uma integrante do Big Brother, a tal da Maíra (diga-se de passagem um espetáculo de bonita), que teve dois vídeos de sexo divulgados na Internet, um deles com ela na "boca do trombone". Assim como no caso da Vanessa Hudgens, atriz da Disney e logo com toda aquela imagem de princesinha inocente, a Maíra vinha com todo um discurso de ser mulher pura, de que não posaria pelada na Playboy (os cuecas de plantão choram até hoje) e depois vem e aparece num vídeo explícito desse. Com todo o respeito, mas quer enganar quem? Vem posar de puritana e correta, mas concorda em ser gravada pelo namorado dessa maneira?

Duas gatas, mas de santa elas não têm nada

Eu pessoalmente, se tivesse uma namorada, jamais iria propor de gravar o momento da ralação, tampouco iria aprovar que ela tirasse fotos suas nua para me dar. Seria algo íntimo para ser preservado entre as quatro paredes de nosso quarto. Mesmo com toda a segurança, sempre pode haver um deslize ou um esquecimento, poderia acontecer de um primo sacana achar as fotos no meu computador ou mesmo um hacker invadir a máquina. O avanço da mídia criou essa facilidade de se tirar fotos e gravar vídeos, antes com a magia da revelação nos laboratórios fotográficos as pessoas acabavam se comportando um pouco melhor. É a arma preferida dos ex-namorados em busca de vingança, colocando fotos de suas antigas companheiras como vieram ao mundo, e também é a forma preferida dos taradões exibirem as presas conquistadas na noite para as pessoas ao redor. Acredite, já presenciei sujeitos que fizeram ambos.

Fala sério, pra mim todos esses escândalos não passaram de histórias forjadas para chamar a atenção. Ou essas mulheres são muito tolas a ponto de se exporem tão facilmente. Mas mesmo que não tenha sido intenção de que essas fotos e vídeos tenham se tornado públicos, no mínimo todas elas mostram como não prezam pela sua privacidade.

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