Sobrevivendo ao 12 de junho

É, ontem foi dia 12 de junho... Para mim, neste ano foi apenas uma sexta-feira espremida entre um feriado e o fim de semana que não pude enforcar o trabalho. Ideal para tentar ignorar o fato de que esse dia é também o Dia dos Namorados. Tentar ignorar eu digo, pois é difícil ficar completamente à parte de toda essa atmosfera romântica que está ao nosso redor nesse período, com milhares de corações nas vitrines nas lojas, filmes românticos passando na TV e casais apaixonados andando de mãos dadas na rua. Às vezes dá vontade de me trancar em uma caverna até que esse clima amoroso desapareça...

Você pode estar se perguntando o porquê da minha revolta com o Dia dos Namorados, data tão bonita e comemorada por tantos. Uma razão plausível seria não suportar todo o apelo comercial dessa data, comemorada pelos comerciantes como um dia no qual as vendas sempre sofrem uma alavnacada. Afinal de contas, o Dia dos Namorados é comemorado em todo mundo em 14 de fevereiro, dia de São Valentim (lembra daquele episódio do Chaves?). Mas uma data dessas, onde existe uma possibilidade imensa de se faturar com venda de presentes, tão próxima do Carnaval seria ruim: afinal de contas, Carnaval aqui é a festa da putaria e da pegação, não é época para se pensar em namorada mas sim em pegar geral. Não faria sentido... Então, seria necessário arrumar uma outra data, evitando outros feriados de grande apelo comercial (como Natal, dia das Mães e da Criança), aí encaixaram em 12 de junho, mês que não tinha nada de muito especial... E a data é usada pelos grandes comerciantes para faturar com a venda de presentes, às custas dos relacionamentos dos enamorados.

Mas a principal razão que me leva a detestar esse dia não tem origens mercantis. Realmente o que me deixa mais chateado e deprimido é o fato de passar o Dia dos Namorados mais sozinho que pinguim em cima da geladeira... A luta está difícil para achar alguma moça disposta a dar uma chance a esse pobre texugo solitário, e essa luta já tem tempo. Num dia como esses, sempre bate aquela sensação triste, principalmente ao ver todos os seus amigos namorando ou já casados, me fazendo sempre a mesma pergunta "Por que é tão difícil eu arrumar alguém?"

Eu sempre fui um texugo pé-no-chão, a ponto de ter a consciência da forma como a sociedade me define, e julgo estar no "pelotão intermediário" tanto nos aspectos físicos como pessoais. Sei que não sou bonito, a genética não foi muito camarada a ponto de me dar uma aparência mais de "gatinho", como as garotas dizem, mas também não chego a ser o Tião Macalé ou o ET do Ratinho. Tudo bem que estou mais para ser uma forma (esférica) do que estar em forma, mas não cheguei ao nível do João Gordo ou do Nhonho. Também sou um pouco tímido e meio desajeitado com as palavras (principalmente com as mulheres), mas não sou um sujeito escroto e interesseiro. Não estou aqui me rebaixando, nem me colocando em uma posição inferior; apenas estou tendo a consciência de que existem sim caras que são mais legais e mais bonitos do que eu, assim como tenho certeza de que sou mais bonito e legal do que outros.

Mas o que mais me impressiona é que mesmo assim eu quebro a cara sempre, não é incomum eu ver caras que em tese são inferiores a mim que estão hoje namorando, em uma condição bem melhor que a minha. Tenho conhecidos que são feios pra burro, mas que tem namoradas lindas, outros que são falsos, interesseiros e sem-vergonha e estão com garotas doces e super legais. E eu aqui sozinho! O que será que há de tão repugnante em mim, a ponto das mulheres me evitarem como o diabo foge da cruz? Será que esse papo das mulheres de falarem que "beleza não é fundamental, o importante é ser uma boa pessoa" é verdade mesmo? Respeitar as mulheres é algo certo de se fazer, ou tenho mesmo é que olhar pra elas como um pedaço de carne a ser devorado?

Eu honestamente não sei, não consigo entender como para mim é tão difícil arrumar uma garota. Não é que eu seja exigente demais, pelo menos é o que acho: não sou um escravo da beleza de miss, prova disso é que já gostei de várias meninas que para os padrões impostos pela sociedade poderiam ser consideradas como "mais ou menos". Sou talvez um pouco mais chato com o aspecto personalidade, sempre busquei garotas educadas, simpáticas e meigas. E sempre tive como objetivo um relacionamento mais adulto, sincero e com compromisso, nunca estive a fim de aventuras e ficadas. Penso que posso não estar pedindo muito, mas o que estou pedindo é algo raro, diria praticamente que mulheres que de fato querem um relacionamento maduro e sadio, que sejam meigas, carinhosas e valorizem mais a beleza interior que a exterior estão em extinção. Conto nos dedos das mãos quantas garotas assim eu conheci ou conheço, logicamente que todas elas já namorando ou casadas...

É, dizem que aqui no Rio a proporção é de 10 mulheres para cada homem... Para mim basta uma só, mas aparentemente tem algum filho da puta que está hoje com vinte! Ainda volto aqui para desabafar e falar um pouco sobre as dificuldades de um simples texugo feioso em arrumar uma companhia, ficando na torcida de que ano que vem esse dia 12 de junho tenha algum significado mais importante para mim do que simplesmente o Dia do Correio Aéreo Nacional.

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