O melhor do Brasil e das Américas

Eu não iria deixar passar em branco esse momento alvinegro, não é? Eu ainda estou me perguntando se não é um delírio, mas essa é a grande verdade: o Botafogo conseguiu uma proeza ímpar, jamais atingida por nenhum time brasileiro, ao conquistar dois títulos de grande porte em apenas uma semana: comemorarmos a conquista inédita da Taça Libertadores no sábado, dia 30 de novembro, e depois o Campeonato Brasileiro no domingo, dia 8 de dezembro.

Primeiro parênteses, para os mulambos, já que talvez apareça aqui algum urubu dizendo que seu menguinho ganhou dois títulos em 24 horas em 2019: vocês não jogaram dois jogos nesse período, a conquista do campeonato nacional veio por conta de combinação de resultados, sem entrar em campo pelo brasileiro. 

Não vou aqui entrar em muitos detalhes sob o ponto de vista esportivo, pois confesso que eu acompanho de forma mais tranquila e pouco frequente os jogos do Botafogo, e hoje deve ter centenas de sites que farão análises esportivas mais detalhadas e de melhor qualidade que eu faria. Apesar de estar no momento com o nome de muitos dos craques do Glorioso na memória, eu realmente não acompanho a fundo como outros torcedores mais dedicados. Mas não poderia deixar de prestar uma homenagem e registrar que agora é o tempo do Botafogo, para o qual sempre torci e vou torcer, não importando o momento.

Principalmente se formos observar que foram duas conquistas de gente grande, não se trata de ganhar um estadual que, convenhamos, é um torneio mixuruca e com forte influência dos capangas da FERJ, ou mesmo a Copa do Brasil, campeonato em que, por conta de pequenos detalhes e/ou uma arbitragem desfavorável, muitas vezes os melhores times caem no mata-mata de forma prematura. Não estou desprezando esses torneiros pelo fato do Botafogo não ter vencido nesse ano, e tampouco deixaria de comemorar uma conquista neles; mas sempre vi como campeonatos de baixa relevância, principalmente se compararmos com as taças erguidas pelo fogão em 2024.

Começa com o Brasileiro, que é um campeonato longo, de pontos corridos, em que se joga quase o ano inteiro, duas vezes por semana e sempre em paralelo com outros torneiros, muitas vezes com viagens longas e pouco tempo para treinar e recuperar jogadores machucados. Alguns dizem ser um dos campeonatos nacionais mais equilibrados e difíceis do mundo, onde os times precisam ter muita garra, energia e dedicação ao longo de vários. O Botafogo mostrou estar preparado, sempre nas primeiras posições da tabela, e apesar de alguns deslizes (já que o alvinegro infelizmente costuma bancar o Robin Hood e perder para timinho fraco), se manteve sempre como o favorito ao título, conquistado com uma vitória no Engenhão após vencer o São Paulo, deixando para trás os arrogantes do Palmeiras, que ultimamente ficam se achando o melhor time do mundo.

E o que torna essa conquista do tricampeonato nacional ainda mais gloriosa é que na semana anterior o Botafogo havia conquistado a Taça Libertadores. Outro campeonato exaustivo, especialmente considerando as muitas viagens internacionais e os duelos sempre catimbentos e incômodos contra certos times argentinos e companhia. Enquanto muitos times optam por priorizar um dos dois torneios (tipo o menguinho), o alvinegro carioca lutou como nunca, com vitórias incontestáveis contra os principais favoritos. E tudo isso tendo passado pelos jogos eliminatórios da Pré-Libertadores, com um caminho mais longo que os demais. A final contra aquele time seboso do Atlético Mineiro foi tensa, com uma expulsão (na minha opinião, exagerada) com menos de 1 minuto do 1º tempo, mas o Botafogo pressionou o adversário e saiu com uma vitória incontestável.

Tem certas coisas que só acontecem com o Botafogo... afinal de contas, pensa como que em 2020 ele foi rebaixado para a série B pela terceira vez, virando alvo de chacota dos rivais, especialmente dos flamenguistas asquerosos (que só não caem por terem "costas-quentes"), para em 2021 vencer a Segundona e voltar à elite de onde nunca deveria ter saído. No ano seguinte, tornou-se uma SAF (em miúdos, virou uma empresa), sob o comando do gringo John Textor, começando uma revolução na forma de gestão de um clube de futebol. Para chegarmos em 2023 com o time competitivo, que tinha chances reais de ser campeão mas se perdeu pelo caminho... novamente, para a alegria e zoação dos rivais. 

Mas toda essa jornada sofrida teve o seu resultado, coroado com os dois títulos conquistados. Mostrando que o Botafogo é hoje indiscutivelmente o melhor time do Brasil.

Para calar a boca dos babacas que sempre ficaram zoando o Botafogo. Tipo os flamenguistas, que inventaram aquela estupidez do chororô depois de um jogo em que a arbitragem roubou descaradamente para eles. Mais recentemente os palmeirenses, dizendo que o alvinegro é pipoqueiro por conta da queda no ano passado. E muitos outros da imprensa esportiva, que sempre desprezaram a tradição e a história de um dos clubes de maior importância do futebol brasileiro. 

De quebra, agora ninguém mais pode falar que a torcida do Fogão cabe numa Kombi. Puta merda, na final da Libertadores, tivemos quase 70 mil torcedores no Monumental de Nuñez (mais do que Flamengo e Palmeiras levaram às finais de Libertadores), e de quebra a organização do clube abriu as portas do Engenhão para que aqueles que não puderam viajar assistissem de telões, mais 50 mil ali, algo que esses times que dizem que são grandes nunca fizeram. E na comemoração na praia de Botafogo, estimam-se mais de 100 mil pessoas comemorando o título inédito.

E depois tem a pachorra de dizer que não tem torcida, que é só bairro? Tem que respeitar um time como o Botafogo, pôrra!

E não para por aí. Nesta semana o alvinegro já estará com seu próximo compromisso, no mundial de clubes. Embora atualmente essa competição tenha um formato muito escroto (que prejudicou o campeão da Libertadores, que precisa vencer dois jogos para chegar à final contra o campeão da Europa, automaticamente na decisão), quem sabe o Botafogo não surpreende? Imagina só, vencer o Real Madrid do panaquinha do Vinicius Junior? Ia ser muito glorioso ver o todo poderoso time espanhol cair diante do Botafogo, e de quebra ainda derrotar esse moleque metido que sempre desprezou o alvinegro. 

Enfim... mesmo que nem passe do tal do Pachuca do México, os torcedores alvinegros têm motivos de sobra para comemorar. Nunca o mais otimista torcedor poderia prever um roteiro tão incrível, com tanta emoção. Uma torcida dessas, que sempre acompanhou o time por tantos maus bocados, passando por gerações de avós, pais e filhos que comemoram juntos essas conquistas marcantes, que fez uma linda festa em todos os jogos, com as músicas, os lança-chamas no Engenhão e os mosaicos nas arquibancadas... 

Termino aqui com um pequeno texto publicado pela conta oficial do Botafogo, que você pode ver aqui, que resume bem esse momento único e histórico.

"Aos que permaneceram firmes nos anos de dor, desfrutem, esse momento é de vocês. 

À nossa gente, apaixonada e leal: celebre o feito do clube que você sustentou. 

Aos que defenderem em campo nossas cores com coragem e ambição: a história é vossa. 

Aos que foram decisivos com gols, lances e dribles desconcertantes: bem-vindos ao panteão de ídolos, daquele que melhor vos cultua. 

Aos hipócritas que insistiram - em vão - em nos apequenar: assistam calados à nossa redenção. 

Aos que riram e desacreditaram: a nossa vitória não foi por acidente. 

Aos desinformados que ignoraram e desprezaram a nossa história: façam as notícias da nossa glória.

 Aos que duvidaram da nossa capacidade: convivam com o gosto amargo do nosso protagonismo. 

É chegada uma nova era e há coisas que só acontecem com o Botafogo. 

E há também um novo significado para isso, avisou o John Textor. 

O Brasil é nosso, o continente também. 

É tempo de alegria, é tempo de Botafogo."

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