NFT, uma bobagem

Quem já me acompanha há algum tempo sabe que se tem uma coisa pela a qual eu tenho aversão são as modinhas. Quando surge alguma coisa do nada, e de repente isso vira uma tendência quase que universal, a ponto que todo mundo começa a se envolver com isso. Para mim, na imensa maioria das vezes representa uma falta de originalidade por parte de pessoas que não pensam por si mesmas, mas preferem seguir o que todo mundo está fazendo, só pelo fato de todo mundo estar fazendo e não querer ficar de fora. Pior ainda quando a moda é algo que eu gostava antes de ficar na moda, pois sempre tudo que tá na moda é estragado por muita gente. 

Hoje, venho para falar de outra dessas coisas que virou modinha. E essa em particular eu acho uma verdadeira babaquice: me refiro a essa febre de NFT, em especial por conta de imagens como desse macaco escroto que estão por todos os cantos na internet.

Imagino que vão me chamar de racista por isso... 

Primeira coisa que temos que fazer é definir o que diabos é NFT. E essa definição serve para mim também, pois eu comecei a ver todo mundo falar nessa sigla e não sabia do que se tratava. Em um primeiro momento, achei que era apenas mais uma das abreviações da linguagem de internet, tipo um BRB (be right back - já volto), IMHO (in my humble opinion - na minha humilde opinião), IIRC (if I remember correctly - se eu me lembro corretamente) e AFK (away from keyboard - longe do teclado), que vemos com muita frequência em fóruns, redes sociais e jogos online.

Entendo que abreviações são úteis em alguns momentos, acho que até em um jogo online frenético faça sentido usar siglas mais curtas para ganhar tempo. O problema é que as pessoas começam a usar esse tipo de abreviação em qualquer lugar, até mesmo em páginas na internet e em fóruns mais sérios. Aí me passa uma ideia de preguiça mental, que o sujeito é incapaz de escrever uma sentença por completo. Isso porque hoje em dia escrevemos via teclado na maioria das vezes, o que não é nenhum esforço, e se der tanta preguiça assim ainda tem como copiar e colar. Além disso, dificulta a vida das pessoas que não estão acostumadas com esse tipo de jargão de internet, eu mesmo já tive que interromper a leitura de uma página para procurar o significado de uma sigla dessas...

Bom, como de costume, começo a divagar... voltando às NFTs.

A sigla significa Non-Fungible Token, em português é "token não-fungível"... Tá, e o que diabos é fungível, pôrra? Se eu escuto essa palavra, a primeira coisa que eu penso é num fungo.

Fungível é uma palavra que representa algo que possa ser gasto ou usado, em algumas situações com seu primeiro uso, e que possa ser trocado por algo equivalente. Ou seja, entendo que dinheiro possa ser considerado como uma coisa fungível. Assim, quando algo é "não-fungível", quer dizer que não pode ser usado, gasto ou trocado, é único. Dessa forma, a definição de NFT formalmente representa uma espécie de comprovante de que algo seja único, que não tenha igual. Ou seja, é quase como um certificado de autenticidade, que atesta que aquele item é o verdadeiro e original. 

Para entender esse significado, olhei vários sites, e é comum usar alguns exemplos típicos para explicar como que esse conceito de fungibilidade funciona. Voltemos ao caso que citei, que é o dinheiro, que se trata de algo fungível. Pois podemos pegar, por exemplo, uma nota de R$ 50 e trocá-la por outra nota de R$ 50, elas são equivalentes. Poderia até trocar por cinco notas de R$ 10, ou dez de R$ 5, daria na mesma pois o valor é o mesmo. Essa é a definição de fungível.

Agora, se considerarmos um quadro como a Mona Lisa, obra icônica do Leonardo da Vinci... existe apenas um quadro de verdade desses, que está hoje no museu do Louvre. Ela é uma coisa não-fungível, pois não existe uma pintura igual e equivalente àquela.

Claro que isso não impede a existência de reproduções, como a própria imagem que mostro logo acima. Mas que são reconhecidas como reproduções mesmo, em que é sabido que são cópias do original e que não têm o mesmo valor (quando tem valor). Ou seja, eu não posso chegar com uma cópia que eu imprimi em casa e chegar lá no Louvre achando que posso trocar, que é equivalente. Não pode. É um quadro único, apesar da possibilidade de reproduções existirem. Dessa forma, a Mona Lisa é algo não-fungível.

Assim, acaba que o conceito por trás do NFT na verdade nem é tão novo assim, pois desde o princípio dos tempos que as pessoas identificam a originalidade e singularidade de um determinado item ou objeto. Trata-se de algo que sempre foi muito comum no ramo das artes plásticas, como quadros, pinturas, gravura e esculturas, mas na verdade aplica a diversas outras áreas também. Por exemplo, aos itens de colecionador, muito comum na cultura geek, como objetos usados em filmes e séries: tipo, o cinto de utilidades do Batman naquele seriado sofrível dos anos 60, o maiô vermelho usado pela Pamela Anderson no SOS Malibu ou o anel do Senhor dos Anéis que Sheldon, Leonard, Howard e Raj encontraram numa caixa, seriam exemplos de itens únicos e não-fungíveis.

Eu sei, segunda referência ao Big Bang Theory. Nisso que dá ter assistido vários episódios da série outro dia. E também tenho noção de que uma foto da Pamela Anderson com seu maiô vermelho iria atrair mais visitantes à postagem. Mas, deixa pra lá.

Dessa forma, entendo que não seja um conceito tão revolucionário assim, já que vemos há tempos essa tendência a identificar objetos únicos. Vale para as artes e cultura em geral (tipo, o pergaminho onde foi assinada a declaração da independência dos EUA, os manuscritos de Machado de Assis, as partiduras escritas por Beethoven), mas entendo que vale para muito mais, como no mundo esportivo, nas ciências e entretenimento, dentro outras áreas. Tipo, o tênis usado pelo Michael Jordan em seu primeiro jogo profissional, a primeira pedra lunar trazida à Terra ou o capacete original do Darth Vader. São itens únicos, insubstituíveis, e que certamente possuem algum tipo de certificado ou atestado de que sejam os originais.

A grande peculiaridade do NFT fica por conta do T. Pois o "token" traz o conceito para o mundo digital, já que essa palavra é tipicamente usada para se referir à representação de alguma coisa de forma eletrônica. Certamente não existe exemplo melhor do que o bitcoin, a mais popular moeda virtual. Mas, diferente do dinheiro de verdade, que possui uma representação física como uma nota ou moeda (apesar de já ter sua representação "virtual" quando falamos da conta em um banco), a propriedade do bitcoin é definida por meio de um token. Claro que o bitcoin, como o dinheiro, é algo fungível; mas, diferente do exemplo das notas que eu dei, a transferência é feita por meio do intercâmbio desse token digital. Digamos, é um ativo "virtual".

Dessa forma, o NFT acaba sendo um certificado de autenticidade digital, que pode corresponder a um determinado objeto qualquer. Ou seja, no final do dia, não passa de uma espécie de "arquivo" que atesta a autenticidade de um item. Esse NFT fica armazenado em um blockchain, que é como se fosse uma grande base de dados pública (não vou entrar nos detalhes técnicos, se quiser saber mais o Google está aí para isso). Embora eu entenda que ele possa ser usado para qualquer coisa, sua aplicação mais recorrente e majoritária é sobre itens digitais.

Isso mesmo, o NFT acaba sendo um certificado de autenticidade eletrônico de um arquivo eletrônico, como uma imagem, música ou vídeo. E esse é o ponto que me chama a atenção e que me faz pensar na bobagem que é, pois uma das características mais intrínsecas de um arquivo digital é a possibilidade e facilidade de ser copiado múltiplas vezes e por múltiplos usuários. 

Afinal de contas, não tem coisa mais trivial do que o Ctrl+C Ctrl+V. 

Tudo bem, entendo que certas coisas na Internet não tem como ser copiadas, como vídeos em streaming que não podem ser baixados; pelo menos de maneira lícita, pois certamente há formas de fazer isso. Mas mesmo assim ele é uma cópia que permite múltiplos acessos. O filme que você está assistindo no Netflix é o mesmo que outras milhares de pessoas podem estar vendo ao mesmo tempo. É quase como as várias copias de fitas ou DVDs que tinha nas locadoras. Para o caso de um filme, "original" mesmo é aquele que foi gravado na câmera pelo diretor, talvez ainda em rolo de filme ou mesmo numa digital. Mas, de novo, um filme num serviço de streaming não é algo único. E não tem como ser.  

Cabe ressaltar que NFT não tem a ver com direito de uso, pelo menos no meu entendimento é algo totalmente diferente. O direito de uso e reprodução de imagens, vídeos e documentos é um conceito legal que vai dizer se uma determinada foto, arquivo ou programa pode ser usado de determinadas formas. Por exemplo, é comum ver que existam programas que são de uso pessoal livre (ou seja, você pode instalar em seu computador de casa) mas que exigem a compra de uma licença para uso profissional em uma empresa, que pode ser flutuante ou restrita a um computador. Outro exemplo, usar uma foto ou imagem que seja de autoria de um terceiro e ganhar dinheiro com isso ou fazer a exibição pública de um filme, é algo que estaria ferindo as regras de uso de imagem, pois deveria envolver uma comissão. Diferente de, por exemplo, usar uma imagem disponível abertamente na internet de forma gratuita, pelo menos na minha interpretação isso não é algo crítico. Outro caso, tem a ver com a referência: certos textos, fotos e vídeos podem ser usados desde que referenciem a fonte original. 

Enfim, mas no meu entendimento tudo isso não tem nada a ver a princípio com o NFT. São coisas distintas, o NFT é como o certificado que vai dizer que você tem a imagem original, mas isso a princípio não estabelece uma restrição de direitos autorais. Até porque muito provavelmente aquela imagem associada a um NFT não é de sua autoria, mas sim de outra pessoa que vendeu o NFT dela para você. Não sou advogado e sei que esse tipo de lei de propriedade intelectual é bem complexa; de qualquer forma, vejo como muito claro que esse conceito a princípio não está relacionado ao NFT.

Independente disso, vamos voltar ao tema em si, e eu repito: acho uma verdadeira babaquice esse conceito de NFT para arquivos eletrônicos, especialmente imagens.

Como disse acima, uma imagem pode ser facilmente copiada e arquivada de forma múltipla. E é algo extremamente simples de se fazer. Ora, um mero desenho feito no computador, por mais bem feito que seja, ainda é no final do dia uma sequência binária de "zeros" e "uns", que podemos guardar em um HD ou na rede. É diferente de um quadro como a Mona Lisa, que existe fisicamente, é um objeto que você pode tocar. Observe que não estou fazendo uma comparação de qualidade visual, não é isso: já vi muitos desenhos computadorizados que são infinitamente melhores do que certos quadros, que mais parecem que o "pintor" escarrou na tela. 

Estou focando no conceito de tangibilidade, e me refiro ao fato de que um quadro único é de fato um objeto único. Imagina se rola um incêndio lá no Louvre que queima a pôrra toda, incluindo a Mona Lisa? Fudeu! Já era! Nunca mais veremos o quadro verdadeiro, pois ele terá sido perdido para sempre. É algo insubstituível, não tem como recuperar. O que faz a gente pensar que ainda bem que não é a UFRJ quem cuida da manutenção do Louvre...

Agora, um JPG de um desenho... pombas, dá pra guardar em vários lugares. Se estiver no HD e ele queimou, se tiver um backup num disco externo, tá resolvido. Ou se estiver guardando na nuvem, em um Dropbox ou Google Drive, ou mesmo no email. Eu mesmo, por exemplo, tenho cópias de backup de meus arquivos importantes em vários lugares, não existe um único arquivo que, caso eu perca, estará perdido para sempre. Arquivos digitais não têm esse risco; ok, até pode ter uma probabilidade disso acontecer, mas apenas caso o "dono" do arquivo não faça nada, só se ele não fizer algo tão simples e ordinário como copiar e colar uma cópia de backup em outro lugar...

Por isso que acho que é uma estupidez criar um certificado de originalidade para um arquivo digital, como uma imagem. E estupidez ainda maior é pagar por isso... muitas vezes uma fortuna.

Eu não entendo como que as pessoas fazem certas coisas... Sério, não cabe na minha cabeça. Vou citar um exemplo: você provavelmente conhece o desenho do Nyan Cat, aquele gatinho simpático com corpo de torrada doce e que voa com um arco-íris, surgiu lá em 2011 com um vídeo no YouTube, que é apenas o bichando voando ao som de uma música incessante (e que uma hora se torna irritante).

Pois bem: o NFT do Nyan Cat foi vendido para alguém pela soma de 600 mil dólares.

Isso mesmo que você leu: uma animação que deve ter menos de 20 quadros de um desenho no estilo de joguinho de Nintendo e Master System, foi vendida para alguém que quis pagar mais de meio milhão de dólares pelo seu "token não-fungível".  Destacando que o pagamento não é feito diretamente com dinheiro em si, mas com a "moeda" usada no blockchain onde o NFT é vendido. Por exemplo, uma das moedas digitais mais usadas para esse tipo de transação é o Ether, que logicamente tem a sua cotação equivalente em moedas convencionais, como os dólares. Mas, independente da moeda, estamos falando de 600 mil dólares.  

Sério, pagam uma fortuna por um GIF animado igual a esse aí de cima. Sou só eu que acho isso uma tremenda babaquice?

Não faz o menor sentido para mim esse tipo de "certificado de originalidade" para um mero arquivo de computador! É uma idiotice sem tamanho na minha opinião. E o pior de tudo é imaginar que alguém tenha dinheiro para gastar dessa forma! Me desculpe o palavreado, mas o leitor de mais tempo sabe que não tenho medo de verbalizar minha revolta. Mas, caralho! Puta que pariu! Acho que daria pra comprar uma Ferrari foda e ainda sobrar dinheiro, mas o animal usa pra comprar um NFT que atesta que ele possui o Nyan Cat "original". Pombas, quem liga? 

Pior de tudo é que esse gatinho cor de rosa não foi um dos NFTs mais caros já vendidos. Vi aqui neste site que mostra uma lista dos dez mais caros, e não acredito que tem gente que paga dinheiro por qualquer coisa. Por exemplo, tem um site que cria os CryptoPunks, personagens "colecionáveis" que mais parecem desenhos de Atari, e os vende para que a pessoa tenha a "prova de propriedade". Ou seja, é como se o cara pagasse para ter o papel que é o certificado de autenticidade, que garante que o certificado de autenticidade é autêntico... E teve alguém que pagou quase 8 milhões de dólares pela "arte" abaixo.

Puta merda! Oito milhões de dólares por isso?! Pela mesma imagem que eu achei e baixei na internet? Qual a diferença entre a imagem que eu tenho e a do proprietário do NFT? Só um certificado eletrônico que diz que a dele é a "original"? Grandes coisas, na prática não faz nenhuma diferença, pois é a mesmíssima imagem... 

Mas esse não foi nem o mais caro. A medalha de ouro é uma imagem que na verdade é uma colagem de 5000 desenhos digitais, criado por um "artista" conhecido como Beeple (entre aspas, pois a imensa maioria é de coisas fúteis como o garrancho acima), cujo NFT foi vendido por quase 70 milhões de dólares! Aliás, esse sujeito já fez fortunas vendendo NFT de suas "artes", honestamente penso se ele é realmente um artista ou se não passa de um malandro ganhando dinheiro com idiota. 

Se bem que acho que não podemos culpá-lo, se existem pessoas dispostas a pagar milhões de dólares só para dizer que tem o JPG original de um desenho qualquer...

O mais absurdo de tudo na minha visão é que são desenhos estúpidos! Pôrra, essa figurinha de cima parece desenho de um jogo do Atari! Em um mundo em que a resolução de imagens e vídeos é da ordem de milhares de pixels, alguém inventa um desenho tosco de 8 bits e de alguma forma isso passa a valer uma fortuna. Tudo bem, sei que tem gente que gosta, eu particularmente curto jogos antigos e mesmo os novos que fazem referência a esse tipo de gráfico mais simples; mas pagar milhões de dólares por uma imagem que qualquer um faz... acho estupidez. 

Se bem que pelo menos pixel art é algo até legal de vez em quando. Atrocidade eu acho são esses desenhos de macacos com cara de babaca.

Esses desenhos de símios de diferentes cores e adereços são criados por um site chamado Bored Ape Yacht Club, que aparentemente usa algum tipo de algoritmo para gerar esses desenhos automaticamente, mesclando diferentes expressões, roupas e acessórios, sendo que algumas combinações são mais raras do que outras, e consequentemente custam mais. Cada um tem até seu código, e dizem que existem apenas 10 mil desses. Se tornou uma febre, quase como colecionar Pokemon, com pessoas alucinadas para ter o NFT de um macaco desses e assim colocar como foto de perfil nas redes sociais e ostentar a posse de um mero avatar. Várias celebridades estão comprando esses macacos, entre elas o Neymar, que gastou 6 milhões de reais por dois deles.

Sério, podia usar esse dinheiro para alguma coisa útil. Mas gasta com duas figurinhas escrotas de um macaco boçal.

Pior de tudo é isso, acho esse desenho muito escroto, ainda mais com essa expressão de peixe morto. Sério, ESCROTO PARA CACETE!!! Esse macaco com essa cara de c* sem pestana, como se estivesse cagando, não vejo a menor graça nele. Desenho feio pra burro, não vale nem um pedaço de unha do pé cheio de chulé... O mais curioso de tudo é que ele representa fazer parte de um "clube": afinal de contas, são dez mil macacos, o mais barato custa 267 mil dólares (puta que pariu!), assim não é qualquer um que pode ter um desses. 

Honestamente, um clubinho de gente idiota, que podia estar fazendo algo melhor com seu dinheiro. Eu teria vergonha de dizer que tenho uma merda dessas.

Enfim, acho isso tudo uma grande futilidade. Sério, gastar dinheiro com uma propriedade digital de uma mera imagem que pode ser facilmente copiada por qualquer um, acho uma verdadeira estupidez. Mas, como disse acima, isso pra mim nada mais é que uma mera modinha que todo mundo está falando, que está repercutindo nas redes sociais. Assim, pessoas fracas de espírito acabam sendo seduzidas por esse tipo de ideia, motivadas pela necessidade de participar da moda da vez, não importando se isso vai custar uma fortuna ou se vai ser algo irrelevante como ter a "propriedade" de uma imagem de internet. 

Repito, veja o caso do Neymar, que queimou 6 milhões de reais com isso. Pra quê? Poderia usar para outra coisa mais útil. E não me refiro necessariamente a doar para caridade ou fazer algo pelos outros, algo que ficaria muito mais "bonito" em sua carreira e certamente traria uma boa sensação de ajudar o próximo (e de quebra seria um marketing pessoal positivo). Não precisaria nem usar pra caridade, poderia gastar comprando um carro importado, podia usar esse dinheiro pra curtir um fim de semana num resort de primeira linha, até podia usar pra pagar uma "modelo" para cavalgar. Ele podia até usar esse dinheiro como lenha para lareira ou como papel higiênico para limpar a bunda, se quisesse! 

Não importa, qualquer coisa que ele fizesse com 6 milhões de reais seria melhor do que usar para comprar dois avatares de um macaco filho da puta e sem graça.

Sinceramente, nessas horas eu questiono o progresso da Humanidade. Fico imaginando como há alguns anos tivemos grandes invenções, grandes avanços nas ciências, colocamos o homem na Lua e muito em breve colocaremos em Marte, olho para a história de nossa sociedade e vejo tantos avanços e conquistas... e aí vemos alguém inventando certificado de originalidade digital para um item digital, que ainda é escroto e não serve para nada, e tem milhares (quem sabe milhões?) de pessoas loucas para gastar o seu dinheiro com isso. Onde erramos para chegar nesse ponto?

Bom... já que tá cheio de babaca disposto a torrar dinheiro com qualquer coisa, vou entrar nessa sacanagem também. Vou desenhar uma merda qualquer e transformar em um NFT. Nem precisa ser por uma quantia astronômica como aqueles pixel arts que se faziam nos computadores antigos ou um bando de macacos com cara de palerma, vou colocar lance mínimo de 5 mil reais pelo desenho abaixo, que é uma pechincha se comparado ao que se paga por uma imagem. Já vai ajudar pra pagar as minhas contas.

Quem estou enganando? Sei que não vou me meter nessa babaquice de NFT, meus neurônios não permitem que eu desça tão baixo e me envolva em uma tosqueira estúpida dessas. Além disso, também tenho a consciência que ninguém daria nem dois reais pelo rabisco acima. Mas algo eu posso dizer: cinco minutos no Paint e eu consigo criar algo mais expressivo do que um mero desenho de 8 bits e menos escroto do que um macaco com cara de bunda...

Comentários

sammy disse…
Tinha visto esse negócio de NFT e não sabia o que era. Obrigada por explicar. Agora que já sei, peguei mais nojo ainda.
Dimas disse…
Infelizmente é isso. Na música, na cinematografia, na literatura e especialmente, especialmente mesmo, na internet, tem gente ofertando cocô. O problema é que a conta fecha, porque tem gente pagando para consumir.
Roger disse…
As imagens são só a ponta do iceberg ainda tem os jogos nft nada mais é q uma cópia de pokémon só q tu vende os bonequinhos raros por valores ridiculos