Hipocrisia Esportiva

Tentarei ser breve, mas não poderia deixar esse assunto passar sem nenhum comentário. Pois mais uma vez vemos como que as pessoas conseguem ser tão hipócritas e incoerentes em seu discurso, quando se deixam levar pela ideologia política. Mostra como o ódio pelo Bolsonaro é tanto que as pessoas chegam ao ridículo.

Tudo por conta do que aconteceu nessa semana com a Copa América. A competição de futebol que reúne os times do continente de forma periódica (sem seguir um padrão fixo pelo que vi), iria ocorrer a princípio em 2020, com a sede compartilhada entre Colômbia e Argentina. Claro, sabemos bem que no ano passado tivemos a chegada do vírus chinês, fazendo com que o torneio fosse adiado para 2021, ocorrendo teoricamente nos meses de junho e julho. Mas ambos os países acabaram desistindo: a Colômbia por conta de violentos protestos que já seguem por cerca de um mês, enquanto que a Argentina está passando por uma grande crise por conta da pandemia. Aliás, é curioso ver como que o mundo dá voltas, pois a Argentina era citada pela "velha mídia" como um exemplo de combate ao vírus com um dos maiores lockdowns do mundo, mas agora é avaliada como um dos piores países na forma em que lidou com a Covid. Um exemplo vivo de como certas estratégias tidas como infalíveis não passavam de charlatanismo.

Enfim, depois de perder as duas sedes originais, a Conmebol buscou o Brasil para avaliar o interesse em receber os jogos. Depois de avaliar com os ministérios que seriam envolvidos, o Bolsonaro aprovou e a competição ocorrerá em nosso país, sendo agradecido pela confederação responsável. A proposta é que os jogos sejam distribuídos entre quatro sedes (Rio de Janeiro, Brasília, Cuiabá e Goiânia) e as costumeiras regras especiais para eventos que já são usadas em outras competições serão seguidas, como partidas sem público e vacinação de todas as comissões técnicas.

Bom... e sabemos como que a mídia, a esquerda, os politicamente corretos e a 3ª via reagiram. Afinal de contas, para eles, na sentença "Bolsonaro fez __________", o presidente está errado, independente do que você escreva na lacuna.

Os mimimis vieram de todos os lados. Apareceram os "artistas", os "especialistas", toda aquela turminha do bem que a gente conhece, criticando a decisão do Bolsonaro. Falando que é um absurdo receber uma competição esportiva neste momento de pandemia. Teve gente dizendo que isso faz parte do objetivo de Bolsonaro de assassinar a população (como assim?!), e outros que acham inaceitável que o Brasil, com 462 mil mortos, autorizar um evento enquanto a Argentina, com 77 mil vítimas, se negou a ter o evento esportivo (ignorando o fato que temos uma população quase cinco vezes maior). Outras historinhas desse pessoal consiste em criticar que o presidente topou a Copa América rapidamente mas demorou para comprar as vacinas da Pfizer (convenientemente se esquecendo que dependia de negociação e votação do legislativo para aceitar o contrato) ou dizer que não é momento de comemorarmos, que seria inaceitável celebrar uma competição esportiva em um momento que deveríamos estar lamentando as mortes diárias (embora final de Libertadores com público não teve problema). Até mesmo no Circo Parlamentar de Idiotas, os senadores declaram seu repúdio.

Algo a se comentar é como que a fúria é bem significativa quando parte de alguém da Globo, incluindo personalidades ligadas ao esporte, que aplaudiram tanto a Copa do Mundo e as Olimpíadas que tivemos aqui. Tipos como Galvão Bueno, Casagrande e Luis Roberto ficaram indignados, considerando a ideia abjeta e inaceitável, todos extremamente revoltados com a decisão. 

Apenas deixo uma pergunta no ar sobre isso: será que tem algo a ver com o fato de que uma certa emissora é que está com os direitos de transmissão dos jogos da Copa América?

Deixo para você refletir... 

Eu não vou aqui expressar uma opinião a respeito da realização de uma competição de futebol agora que temos uma pandemia em curso. Até porque eu não tenho uma opinião formada no momento a respeito desse assunto. Em parte, eu acho que de fato não é hora para a realização de um evento esportivo, que é voltado primordialmente para lazer. Mais importante do que um jogo de futebol é termos as escolas abertas, crianças aprendendo, hospitais de qualidade tratando aqueles que precisam, o trabalhador ter emprego, o comerciante poder abrir sua lojinha. De fato são coisas mais importantes do que uma competição esportiva, que poderia esperar um pouco mais para acontecer. 

Embora é necessário entender também que o mundo de futebol é um negócio, tem muita gente que depende disso. E não me refiro necessariamente aos jogadores e anunciantes, que absorvem uma boa fatia de todo o dinheiro (e certamente não estão passando por dificuldades), mas a toda uma estrutura de apoio que fica nos bastidores. Pessoas essas que poderiam ficar sem emprego e renda se os jogos estivessem paralisados até o momento. Na minha visão, não podemos ser hipócritas em defender que um sujeito possa abrir sua loja de bairro para garantir o seu sustento e ao mesmo tempo apoiar uma paralisação total do esporte que deixará o roupeiro, o massagista, o motorista de ônibus da delegação e outros profissionais sem dinheiro para manter sua família.

Eu entendo que na maioria das vezes associamos o futebol com os jogadores, e geralmente de times grandes, que possuem um patrimônio absurdo e que dessa forma seriam menos impactados pela interrupção de suas atividades. Durante o relativamente curto período sem jogos, era comum ver jogadores como Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi de boa, curtindo o lockdown em mansões faraônicas, batendo bola alegremente em campos de futebol privativos no quintal de casa e divulgando vídeos em suas redes sociais como se estivessem em ritmo de férias. Certamente esses jogadores de maior destaque não sofreriam com uma parada dos jogos (até porque boa parte de sua renda vem de patrocínios), poderiam até mesmo doar parte de seus gordos salários para os profissionais de apoio de seus clubes, que devem ter contra-cheques que correspondem a 0,5% dos que eles recebem.

Mas nem todos os times são assim. Existem clubes que possuem folhas de pagamentos inferiores ao salário de um atacante de um clube de grande porte. Esses seriam impactados, cancelar o futebol por um longo período resultaria na provável extinção desses times, com todos os seus profissionais ficando sem nenhuma renda. 

Por essa razão, considero um tema complexo, e não consigo ter uma opinião de momento a favor ou contra o seguimento de competições esportivas. Não é justo nos basearmos na realidade de grandes clubes e ignorar que para outros muitos times a realidade é bem mais dura.

Mas eu entendo que devemos ser coerentes em relação aos nossos princípios e valores. Não importa qual seja a sua opinião sobre o assunto, você pode achar válido que as partidas de futebol devam continuar ocorrendo mesmo na pandemia pelas razões A, B ou C, ou você pode pensar que não é correto manter competições esportivas neste momento pelos motivos X, Y ou Z. Não estou aqui para julgar o mérito da questão, mas considero que uma pessoa deve manter sua percepção a respeito de algo em qualquer situação. 

E não é isso que vemos com esses paspalhos "do bem", que estão furiosos com a Copa América no Brasil. Afinal de contas, essas mesmas pessoas não vêem nada de errado em inúmeras outras competições de futebol que estão rolando por aí. 

Veja o caso do Luiz Roberto, narrador da rede do Plim-Plim, que gravou um vídeo em que esbraveja com raiva, criticando a vinda da competição continental para nosso país. Sério, chegou a ser surpreendente ver o sujeito, que sempre demonstra uma simpatia e bom humor em suas transmissões, com uma expressão de ódio nos olhos, só faltava soltar um "pôrra" no vídeo. 

Mas, na mesma semana, alguns dias antes, olha só a postura do mesmo Luiz Roberto em um programinha da emissora, todo animado com o início do campeonato nacional, falando em como é tão legal, e convidando o telespectador para "se jogar juntos" na emoção do Brasileirão... 

Na boa... menos de uma semana de diferença entre esses dois vídeos. É tanta cara-de-pau desse panaca, que dava vontade de tacar uma garrafinha de óleo de peroba nessa cara ensebada dele.

Embora seja evidente que muito desse esbravejo infantil seja por conta de "dor de cotovelo" pelo fato da rede Goebbels ter tomado dentro e perdido os direitos de transmissão para a emissora do Sr. Abravanel, é fácil perceber que há uma motivação política e ideológica por trás das críticas. Ora, não é novidade para ninguém quem é que gosta de usar esse termo "negacionistas" diante da pandemia... Principalmente quando vemos a Conmebol dirigir agradecimentos nominais ao presidente Bolsonaro, era de se esperar que a esquerda (e a pseudo-direita, tipo o Movimento Bunda Livre) estourasse de raiva.

Acontece que esses palermas são tão burros, que são incapazes de perceber a hipocrisia desse discurso. Repito, estamos tendo jogos de futebol desde o meio do ano passado, apenas para colocar as coisas em perspectiva o campeonato brasileiro de 2020 começou em 8 de agosto e foi até 25 de fevereiro deste ano, espremendo 380 jogos no período de 7 meses. E isso somente da Série A.

Puta merda, apenas hoje, quinta-feira dia 3 de junho, feriado de Corpus Christi, temos 8 partidas de futebol no país, segundo site da CBF. E isso considerando que os estaduais já acabaram.

Desde o início do ano estamos tendo jogos de futebol. São os campeonatos estaduais, em cada um dos estados da Federação. Aí temos a Copa do Brasil, o campeonato dito "democrático" com confrontos entre times das mais diversas localidades, envolvendo o deslocamento dos jogadores ao longo de grandes distâncias. E o Campeonato Brasileiro, que embora tenha uma quantidade mais reduzida de clubes, concentrados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, é relativamente mais longo com quase 400 partidas. Observando que o Brasileiro tem séries A, B, C e D. E que existe também a competição feminina, com seus diferentes níveis. E sem contar as categorias de base, como Sub-20 e Sub-17, que se aplicam a praticamente todas as competições. São milhares de jogos pelo Brasil... 

Talvez alguém venha a dizer: "ah, mas todos esses jogos são dentro do país, o ruim da Copa America é que viriam pessoas de outro país".

Deixando de lado a estupidez desse argumento, que ignora o fato de que o Brasil é um país continental, representando 48% da área da América do Sul, o contra-argumento é bem simples: além de todas as competições exclusivamente brasileiras que citei, temos a Copa Sulamericana e a Libertadores da América, todas elas que seguem sem problemas, com clubes de todos os países atravessando as fronteiras. E não podemos nos esquecer das Eliminatórias da Copa do Mundo, com jogos sendo disputados desde outubro de 2020, e com uma partida do Brasil em Porto Alegre e outra na semana que vem contra o Paraguai.

Alguém tente me explicar por que não há problema de disputar as Eliminatórias, que farão os dez times se visitarem mutuamente até março do ano que vem, mas quando o assunto é a Copa América, onde os mesmos times vão jogar em quatro sedes e sem público, aí é inadmissível. 

Diz aí, Luiz Roberto, vamos ver se você consegue me explicar a diferença. Me pergunto se tem algo a ver com o fato da Globo ter readquirido os direitos de transmissão das eliminatórias sul-americanas... 

Ressalto ainda mais um ponto: até agora eu só estou falando de futebol. Tudo bem que é o esporte mais popular do Brasil e do mundo, e sem dúvida o volume de jogos é extremamente mais significativo. Só que não podemos nos esquecer que há inúmeras outras competições esportivas que estão em andamento no mesmo momento, por todos os cantos de nosso país. Além de competições internacionais também: por exemplo está rolando desde maio a Liga das Nações de Vôlei.

Ninguém dá um pio contra. Mas só a Copa América é que tira as pessoas do sério...

E vou mais longe ainda: neste ano teremos ainda as Olimpíadas de Tóquio. Gente do mundo todo disputando a competição esportiva máxima, com as mais diversas competições durante um mês, em um pequeno país que até o momento imunizou completamente apenas 3% de sua população. Para efeitos comparativos, o Brasil já chegou a 10%, e tem uma população significativamente maior...

Não adianta, realmente toda essa histeria por conta da Copa América no Brasil não passa de uma imensa hipocrisia. É simplesmente ridículo ver como que esses babacas, metidos a especialistas e que se dizem preocupados com a saúde, ficam calados diante de tantos eventos esportivos que estão sendo realizados, mas colocam um limite na competição sul-americana pelo simples fato dela ter sido aprovada pelo Bolsonaro. Ou você tem que ser contra qualquer competição, ou tem que permitir a realização de todas. Não há meio termo, especialmente quando vemos que a Copa América é proporcionalmente menor em termos de volume de pessoas movimentadas e duração, quando comparada com outros torneios de maior porte. Quem se revolta apenas com essa competição é um babaca que acha que a vida deve ser definida por ideologia política.

O mais engraçado de tudo é que esses mesmos iluminados, que se dizem preocupados com a saúde pública, bateram palminha para os estádios "padrão Fifa" que foram construídos para a Copa do Mundo, muitos deles em estados sem nenhuma tradição futebolística e que hoje estão aí mofando. Na época todo mundo achou lindo, e quando alguém questionava a fortuna investida em um mero evento esportivo, que poderia ser usada para necessidades mais urgentes da população (como a saúde que hoje dizem que defendem), a resposta era que "não se faz Copa do Mundo com hospitais".

Pois é... comento até que vai ser até bom de ver como que alguns estádios desses vão ser usados para alguma coisa agora...

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