Dia dos "pais"?

Eu não podia deixar de falar sobre esse tema, embora sei que estou um pouquinho atrasado em relação a quando esta notícia apareceu. Mas preferi deixar para mais perto da data em si, uma vez que no próximo domingo é comemorado o Dia dos Pais. Mais uma data comercial, criada para arrumar um motivo para as pessoas irem nas lojas comprarem presentes, e que se tornou até muito mais importante nesse ano em particular: afinal de contas, o Dia das Mães e o Dia dos Namorados foram bem no meio da quarentena por conta do vírus chinês, impactando de forma significativa a venda de presentes, enquanto que agora em agosto já existe uma certa "liberdade" maior para que as pessoas saiam de casa para comprar alguma coisa. E claro, mesmo sendo uma data comercial, nada contra as pessoas quererem homenagear seus pais em uma data festiva dessa... 

Embora eu pessoalmente continuo vendo como algo meramente comercial. Pais, mães, namorados, crianças e todos que têm um "dia especial" podem e até devem ser reconhecidos, homenageados e valorizados em todos os dias do ano.

Mas, repito: é uma data comercial. E o comércio tem o interesse de lucrar. Com isso, temos uma enxurrada de campanhas publicitárias de tudo que se imagina, para vender celular, roupas, lâmina de barbear, e qualquer outra coisa que geralmente seja usada para presentear os pais. Colocam o comercial dos filhos fazendo uma surpresa para seu pai, ou então aquelas manjadas propagandas que tentam mostrar pais de diversos tipos, como o esportivo fit, o empresário bem-sucedido e o artista e fim de semana. Algumas empresas recorrem a modelos e figurantes genéricos para representar o papel de pai no comercial, enquanto outras buscam algum artista famoso ou personalidade que seja pai para estrelar a sua campanha, indo na onda da fama do sujeito.


E bem... certas empresas como a Natura decidem colocar um... sei lá qual a definição correta, confesso... mas uma mulher que mudou de sexo e virou homem e recentemente se tornou "pai", como o(a) Thammy Miranda.

Cara... eu não sei por onde começar... 

E me pergunto quanto tempo falta para alguém me chamar de preconceituoso e pedir a minha cabeça. Mas, peço paciência... Não vou a princípio difamar o indivíduo acima, mas tenho vontade de debater e falar sobre a escolha no mínimo infeliz que a rede de cosméticos fez ao escolher Thammy como garoto(a)-propaganda de sua campanha de Dia dos Pais.

Antes de mais nada, eu não tenho nada contra o fato de que um belo dia a Thammy decidiu se transformar em homem. Cada um é livre para fazer o que quiser, se ela ia se sentir bem mudando de sexo, sem problemas. Afinal de contas, na época em que ela tomou decisão, já era adulta, e assim responsável por suas decisões. O que eu não aceito nessa questão de mudança de sexo e transsexualismo é quando isso é incentivado para crianças que sequer atingiram a adolescência, que nem chegaram perto do amadurecimento como homem ou mulher. Isso eu acho absurdo, mais uma das ideologias que o politicamente correto quer forçar na sociedade. Geralmente nessas situações a troca de sexo é imposta pelos pais da criança, pois devem achar que é lindo ter um filho que nasceu menino e virou menina ou vice-versa... 


Mas, se a pessoa é adulta, se tem condições de fazer uma cirurgia, e se está consciente dessa decisão, vá em frente. Se a Thammy ia se sentir feliz com barba e uma jeba entre as pernas, ninguém tem nada a ver com isso. 

Acontece que, ao fazer isso, o indivíduo se torna algo diferente do que é normal...

Pronto... após dizer isso, tenho certeza que vão aparecer vários politicamente corretos aqui querendo sangue, pedindo meu cancelamento, que o blog seja fechado por supostamente promover o preconceito. Afinal de contas, na sociedade de hoje em dia, todos somos obrigados a aceitar coisas assim de forma plena, sem questionar e com um sorriso no rosto.


Vou explicar mais uma vez o que eu quero dizer, algo que já falei em outras postagens. Quando digo que é algo "diferente", é porque sim, é algo diferente do que existe sob o ponto de vista biológico. O ser humano tem dois sexos, ou é macho ou fêmea, ou é homem ou mulher. Ponto. Isso é indiscutível. Hoje em dia se defende tanto a ciência, mas a mesma ciência atesta que são duas opções que existem e acabou. Fora isso, existem os hermafroditas, que são considerados uma anomalia genética e representam parcela ínfima da população mundial. Não falo isso de forma depreciativa, é a definição científica quando temos um indivíduo com aparelhos reprodutores masculinos e femininos. Vale para a maioria das espécies, em que existem machos e fêmeas, enquanto que há até mesmo algumas que sejam naturalmente de outra forma. Por exemplo, muitos invertebrados possuem um método de reprodução assexuada (a estrela-do-mar, por exemplo, não existe macho ou fêmea). E existem espécies que mudam seu "sexo" durante a vida, muitas vezes na ausência do oposto, como forma de permitir a reprodução.

Mas não é o caso do ser humano. O que acontece é que o ser humano é uma criatura diferente, mais desenvolvida, e dotado de certos aspectos subjetivos, pessoais e morais que os animais irracionais não possuem. Por exemplo, orientação sexual é algo que faz sentido apenas para pessoas, e não para as demais espécies. 

Estou divagando em biologia... voltando, eu repito que não há problema em um homem querer fazer uma cirurgia para se transformar em uma mulher ou vice-versa. Acontece que jamais eles serão homens ou mulheres plenos, por completo. Não tenho noção dos detalhes de como foi a mudança de gênero que a Thammy fez (e confesso que não tive a curiosidade de saber), mas mesmo que ela tenha tomado doses cavalares de testosterona e implantado uma salsicha 100% funcional, na minha opinião ainda seria algo artificial, algo construído de forma médica, diferente do que normal, em que o gênero da pessoa é definido pela genética, se os cromossomos são XX ou XY. Nada mudará o fato de que ele(a) nasceu mulher, que foi o que aconteceu naturalmente.

Mas na verdade minha intenção aqui nem é tanto falar a respeito da(o) Thammy. Digo de novo, se ele(a) é feliz assim, não devemos julgar. O que me motivou a escrever aqui foi para falar sobre a postura da Natura.

Pois a minha grande pergunta aqui para a Natura é uma só: por quê?


Afinal de contas, eu imagino que existam dezenas ou até centenas de outros famosos que são pais e que poderiam estrelar a campanha publicitária. Então, por que escolher como um dos garotos-propaganda um homem que na verdade era mulher, e só é homem pois fez uma operação de mudança de sexo? Qual era o objetivo em usar Thammy?

Sério, eu tinha a curiosidade de saber qual a razão... mas imagino que seja uma das opções abaixo, ou até mesmo ambas.

A primeira é a necessidade de "lacrar". Canso de dizer aqui, o pensamento politicamente correto ainda vai acabar com a sociedade como conhecemos, e tudo isso graças a pessoas como a galera da Natura. A impressão que eu tenho é que muitas empresas hoje em dia estão muito mais preocupadas em "passar um recado" do que em vender os seus produtos. Pode fazer um creme facial que pareça uma escarrada ou um shampoo que fede como estrume, mas se promover alguma ação publicitária que tenha uma mensagem bonitinha e politicamente correta, todo mundo vai aplaudir. 


Vide o exemplo daquele comercial polêmico do Banco do Brasil. E que ainda gerou a repercussão por conta da postura lacradora do Burger King... E agora com a Natura. Aposto que ninguém sabe citar o nome de um produto que a empresa lançou especialmente para esse Dia dos Pais; mas não importa, o que importa é que a Thammy é quem representa os pais na campanha publicitária.

Não duvido que quem quer que bolou tal campanha de marketing deve ser uma pessoa "moderna" e com pensamento politicamente correto. Esse tipo de gente gosta de duas coisas: de exaltar as minorias e o que é diferente, e de deixar pessoas conservadoras ofendidas. Afinal de contas, ser conservador é algo tido hoje como errado, como incorreto. Diante disso, ao pensar no Dia dos Pais, provavelmente essa pessoa começou a pensar que era necessário fazer algo para chamar a atenção e se solidarizar com aqueles que são diferentes... pois é isso que o politicamente correto faz, ele luta pelas minorias, e isso é "lindo"...


Ora, sob essa ótica, então uma propaganda do Dia dos Pais jamais poderia estrelar somente homens como pais. Pois essa é a visão dos conservadores, que para ser pai tem que ser homem. Não pode mostrar isso, pensariam os marketeiros da Natura. Tem que mostrar algo diferente, temos que celebrar a diversidade, pois isso ganha mais likes no mundo politicamente correto. Até que alguém pensou "e se colocarmos um homem trans, uma mulher que se tornou homem e agora é pai?". Pimba! Brilhante ideia! E provavelmente não demorou para se chegar ao nome de Thammy... afinal de contas, não deve existir muitos exemplos de personalidades famosas com essa característica. 

E assim conseguiram matar dois coelhos com uma paulada só: mostrar Thammy como garoto-propaganda do Dia dos Pais celebra a diferença, enaltece uma minoria, mais politicamente correto impossível. A Natura consegue "lacrar", passando a mensagem de que é uma empresa progressista, alinhada com os novos tempos, que defende a liberdade e a diversidade. Algo que especialmente nesse momento será aplaudido: pois, segundo essa turma, temos um presidente machista, homofóbico e racista, defendido por uma corja de conservadores atrasados e preconceituosos, e é imperativo combatê-los e deixá-los ofendidos com ações "afirmativas" como essa. 

É muita babaquice mesmo... Essa ideia de lacrar é coisa de gente estúpida.


Não me levem a mal, mas eu acho uma sacanagem essa ditadura da minoria. Eu pergunto uma coisa: como que a Natura acha que Thammy representa os pais? Pergunto isso sob qual a justificativa para ter escolhido ele(a). Pombas, sejam sinceros: quantos casos vocês conhecem de uma ex-mulher que virou homem e de alguma forma se tornou pai? Puta que pariu, não deve ser nem 0,5%. Então, o caso da Thammy não é representativo da maioria. É só perguntar para os pais se eles acham que ele(a) os representam. Possivelmente devem ter alguns politicamente corretos que vão dizer que sim, mas ainda sim serão uma pequena minoria. 

Alguém pode questionar "ah, mas então devemos dar atenção somente para a maioria?". Eu digo que quando essa maioria é consideravelmente maior, sim! É assim que funciona na vida, goste ou não.  

Vou dar um exemplo: imagine que a Natura faça uma pesquisa sobre, digamos, três marcas de creme. Seus clientes são consultados e chega-se a conclusão que 55% gostam do creme A, 44% preferem o creme B e apenas 1% gostam do creme C. Você acha que a Natura iria pensar na "diversidade" e nas "minorias" e continuaria fazendo todos os três tipos de creme?

Duvido! Certamente a Natura iria em um certo momento cancelar o creme C, focando sua produção e sua venda nos cremes A e B. Pensaria na maioria. E a minoria que gosta do creme C, ia ter direito a não gostar, a não se sentir representada? Receberia um singelo "foda-se" da companhia, se vira! 


Agora, vamos imaginar que a Natura fizesse algo diferente, vamos supor então que ela colocasse no mercado a mesma quantidade dos três cremes. Que legal, a turma que curte o creme C ia estar bem atendida, mas talvez a maioria, que prefere os cremes A ou B, teria dificuldade em comprar o seu preferido, pois a oferta seria menor. Começaria assim a deixar a maioria insatisfeita, que começaria reclamar sobre a Natura estar colocando no mercado algo que a maior parte do público não queria consumir. E não seria surpresa que muitos dessa maioria iriam acabar promovendo uma espécie de boicote: ora, se a Natura não produz o creme que eu gosto, vou comprar de outra marca que o faça.

Estou falando bobagem? Acho que não...

Diante disso, não me surpreendo que famílias conservadoras sugiram um boicote à Natura. Pois sua campanha passa um conceito de "pai" que não apenas não representa a visão dessas pessoas, mas tampouco representa a esmagadora maioria. Se a Natura acha que é isso mesmo, tudo bem, vá em frente, provavelmente devem ter pessoas que pensam como ela. Agora, aceite o fato de que vão existir pessoas que não pensam como a Natura, e que têm todo o direito de discordar de sua opinião lacradora e que deixem de consumir seus produtos. Agora, saiba arcar com as consequências... Não venham chorar depois...

Agora, acho engraçado o seguinte: os mesmos que criticam o boicote à Natura, chegando ao ponto de lamentar que muitos funcionários e revendedoras iriam sofrer com isso, são aqueles que defendem o boicote, por exemplo, à Havan, só porque o velho é a favor do Bolsonaro... 


Nessas horas, ninguém tá preocupado com o emprego das pessoas, né? 

O que eu achei engraçado é que, depois da repercussão, veio dizer que na verdade a campanha teve o objetivo de valorizar os "pais presentes". E que Thammy seria um exemplo disso.

Puta merda, Natura. Pergunto: será que não tem outros pais presentes? A sua primeira escolha como representante de um pai presente foi a(o) Thammy? Será que não existem exemplos de pais que nasceram homens e que sejam presentes? Não fode, Natura! Mostrar pais presentes é o caralho. Vocês quiseram foi lacrar e valorizar a diversidade... 

Interessante é ver como o exército politicamente correto já estava vindo nas redes sociais com esse argumento. Vi um conhecido meu postar nas redes sociais que as pessoas não deveriam boicotar a Natura, mas sim os pais que não pagam pensão, que batem nos filhos, que largam as crianças com as mães. A forma como dizem é como se fosse impossível um sujeito como a Thammy abandonar seus filhos. Não falo dele(a) em específico, mas alguém em situação similar. E que o abandono de crianças (que é um fato real, ninguém está negando) é causado apenas por homens "de nascimento". 

Isso é que eu acho uma estupidez. Pois existe essa "aura" de perfeição que é atribuída às minorias, como se fossem imaculadas e jamais fariam nada de ruim. Essa é uma das coisas que eu não concordo com os politicamente corretos, pois eles criam essa visão de que os valores da pessoa são determinados pela cor de sua pele, pela sua orientação sexual ou por outro aspecto que nada tem a ver. Repito, não estou fazendo juízo de valor sobre a(o) Thammy; mas o que o torna um pai presente e atencioso seriam seus atos, e não o fato dele ser um trans. Esse é o ponto que eu digo. 

Pois, os mesmos politicamente corretos que aplaudem a Natura certamente adoram atribuir as mazelas da sociedade a "homens brancos, heterossexuais e conservadores". Aí ninguém fala de preconceito ou intolerância... 


Simplesmente não dá. Não pode ter esse pensamento estúpido e hipócrita de tornar o politicamente correto algo incontestável. É como se todos, sem exceção, devessem adorar todas as pautas politicamente corretas de forma plena. Se você não concordar 100%, é um intolerante, um fascista, um bolsominion, um trumphumper, a escória da humanidade. 

Como está acontecendo agora com esse caso da Natura: se você discordar só um tiquinho, pronto. Fudeu. Você é preconceituoso. 

Enfim... e a segunda razão que eu imagino que levou a Natura a fazer isso, e que na verdade eu acho que teve grande influência, foi o interesse em ganhar repercussão para a marca. Mesmo que muita gente esteja criticando, está se falando do nome da Natura, a marca ficou em evidência nos últimos dias, e isso sem dúvida ajuda. Claro que a agenda politicamente correta ajuda, pois grandes influenciadores da mídia e formadores de opinião têm o interesse em exaltar empresas que celebrem a diversidade e "lacrem". O resultado está aí, com as ações da Natura ficando extremamente mais valorizadas.

Nada é por acaso, meu chapa... Pode até existir a remota possibilidade de que os cabeças da empresa não aceitem muito bem a ideia de uma ex-mulher que virou homem e agora é pai... mas ao saber dos lucros que podem ganhar ao promover esse tipo de iniciativa inclusiva e pró-diversidade, tem gente que se vende. Repito, não creio que seja o caso, pois hoje em dia cada vez mais e mais pessoas estão infectadas pelo vírus do politicamente correto... Mas não restam dúvidas que ter escolhido Thammy para essa campanha foi algo extremamente lucrativo para a Natura...


Pois é, sem dúvida uma grande repercussão... Acho uma exploração desnecessária do fato que a(o) Thammy é agora um pai, mesmo tendo nascido mulher. Repito que eu não concordo com a ideia de alguém assim poder ser pai na plenitude da palavra: claro que o cuidar da criança é algo importante, e não faltam casos de padrastos que tratam de seus enteados, ou mesmo tios, avôs e outras pessoas muito melhor do que os pais biológicos de uma criança. Lógico que esse é um ponto que conta muito, e em nenhum momento estou dizendo que o(a) Thammy não tenha capacidade de fazê-lo...

Mas, por outro lado, não podemos simplesmente ignorar por completo a questão biológica. Thammy nasceu mulher, nasceu com aparelho reprodutor feminino, e assim não tem como produzir gametas masculinos (espermatozóides, pra quem matou a aula de Biologia) para fecundar o óvulo de sua companheira. Mesmo que tenham feito algum tipo de cirurgia revolucionária (o que não acredito que seja o caso) em que colocaram nela um par de ovos funcionais... mas são ovos que originalmente estavam em outro "galinheiro", não seria algo naturalmente parte de seu corpo e de sua genética. Não é a mesma coisa se fosse um sujeito que nasceu homem, isso é fato.

O que quero dizer aqui é que existem várias coisas que definem o que é um pai. Aspectos de caráter emocional, de caráter moral e associados à personalidade da pessoa, mas também aspectos de caráter físico e biológico. Não estou dizendo que Thammy seja inferior por não ter como atender aos "requisitos biológicos"... mas tampouco é aceitável a ideia que muitos estão sim promovendo, de que ele(a) seja superior. E também não acho correto afirmar que seja igual, o caso dele(a) é diferente. E não há nada de errado em ser diferente, não significa que ser diferente seja igual a ser inferior. Mas também diferente não quer dizer que seja melhor que os outros...

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