Home-Office


Seguimos todos nós em quarentena, impedidos de sair e levar uma vida normal fora de casa, tudo por conta dessa pôrra de vírus chinês. Algo sem precedentes, as pessoas em geral só saindo para suas necessidades mais básicas, como comprar comida no mercado e remédio na farmácia... Com isso reduzindo drasticamente as atividades externas. Fico me perguntando quanto tempo mais isso vai continuar...

Interessante ver como que mudaram certas coisas... Por um lado, fico sim um pouco satisfeito ao parar de ver muitos de meus conhecidos esbanjando seu narcisismo nas redes sociais. Tipo, aquelas fotos estrategicamente arquitetadas na praia no pôr-do-sol, as manjadas fotos de mesa de bar e churrasco com um bando de gente animada e a cara em close do "fotógrafo" em um dos cantos do enquadramento, aquelas enjoadas fotinhos do "treino" na academia acompanhadas de uma frase de efeito. Embora o narcisismo é mais forte que qualquer vírus, e as fotos exibicionistas continuam de alguma forma: é a foto estrategicamente arquitetada na varanda de casa, a manjada foto da mesa da sala de jantar com gente animada e a cara em close do "fotógrafo" em um dos cantos do enquadramento e as enjoadas fotinhos do "treino" com saco de arroz no canto da garagem acompanhadas de uma frase de efeito. 

A única coisa que reduziram foram aqueles selfies que as garotas ficavam colocando na Internet, exibindo a maquiagem ou o penteado novo. Provavelmente pelo fato de que os salões de beleza estão fechados... 

Estou divagando. Na verdade, nem venho muito para falar do coronavírus, que continua se espalhando de forma absurda, com previsões bem tenebrosas para este mês de abril. Minha ideia aqui é falar um pouco de uma realidade que a grande maioria das pessoas estão passando, que é o trabalho em home-office. Lógico que nem todo mundo pode fazer isso, existem profissões que dependem da presença física do funcionário (especialmente muitas que são essenciais no atual momento, e que seguem em serviço), mas existem aqueles que conseguem desempenhar suas atividades laborais em casa. Afinal de contas, hoje em dia quase todo mundo tem computador, internet e telefone, ferramentas básicas que permitem que o funcionário realize suas tarefas.


Afinal de contas, não podemos parar. O vírus chinês vai trazer (e já está trazendo) sérias consequências econômicas para todos. É fato que, mesmo depois que passe tudo isso, muitas empresas terão sido afetadas, perdendo sua capacidade produtiva e negócios, consequentemente resultando em demissões e aumento do desemprego. Já observamos como tem muita gente sendo colocada na rua, muitas empresas reduzindo produção e carga horária, o que vai quebrar a economia de muitos países.

Com exceção da China... Esses filhos das putas, que não lidaram bem com o surgimento do vírus (de forma muito suspeita, na minha opinião), já estão recuperados e produzindo a todo o vapor e certamente vão se aproveitar do momento para enriquecer. Mas, isso é assunto que eu já falei, não é por isso que vim aqui.


Nesse cenário, tem empresas que não têm muito o que fazer: se as pessoas não estão saindo, não há pra quem vender, e se não há pra quem vender, não tem razão para produzir, e se não tem razão para produzir, não tem porque manter todo o quadro de funcionários. O governo tem tentado promover ações para que as empresas reduzam a carga horária (até 70%) que ele ajuda para complementar parte do salário, e assim reduzir as demissões. Algo que eu acho razoável, considerando a situação extrema que vivemos.

Mas é difícil para certas atividades. Por sua vez, existem outras empresas cujas operações podem ser realizadas de forma remota, por meio de home-office, e essa representa uma saída para minimizar os impactos negativos em suas atividades, sem que os funcionários da empresa (que muitas vezes desempenha uma atividade não-essencial no momento) possam seguir as orientações de quarentena, trabalhando de casa.

Vocês sabem que eu não detalho muito aqui a minha vida pessoal. Mas posso comentar que estou no momento trabalhando de home-office, usando o meu computador pessoal. Agora, precisei comprar às pressas uma webcam, por conta da "recomendação obrigatória" do RH, para que os colaboradores pudessem se ver durante as reuniões.


Diante desse momento, e após essa imensa introdução, eu pensei: por que não falar do home-office?

Claro que home-office sempre existiu, bem antes do vírus chinês. Existem profissões que permitem isso, considerando que hoje em dia a nossa capacidade de comunicação remota é imensa. Embora existam situações onde o "tête-à-tête" seja fundamental, é fácil perceber como que hoje em dia a presença física não é a única forma de contato. Foi-se o tempo em que o executivo precisava pegar uma ponte-aérea para se reunir com a equipe, basta abrir seu laptop e pronto, economizando tempo e dinheiro. As empresas podem reduzir o tamanho dos escritórios, o funcionário ganha em qualidade de vida ao não ter que se deslocar para a empresa, é possível citar várias vantagens do trabalho remoto. 

Afinal, se os sindicatos criticaram a oficialização do home-office na lei trabalhista, é porque o negócio é bom. Sindicatos priorizam a sua sobrevivência, estão mais preocupados em recolher contribuições da categoria, enquanto ficam promovendo discurso político e ideológico comunista (você já viu algum sindicalista que não seja de esquerda?), e para isso defendem ideias atrasadas. Qualquer coisa moderna é vista como algo que "vai tirar o emprego de alguém", e com isso ficam incentivando o retrocesso.

Falo sério... eu já tive que ir no sindicato, e lá os elevadores ainda têm ascensorista. Pleno século XXI e eles ali parados no tempo, mantendo um sujeito o dia inteiro dentro de um elevador só pra apertar um botão... Afinal de contas, é necessário um profissional dedicado e "altamente treinado" com carteira assinada só pra fazer isso.


Provavelmente alguém vai me xingar, me acusando de preconceito contra os ascensoristas. Mas, convenhamos: é uma profissão que não tem sentido em existir. Goste ou não, a Humanidade está em constante progresso, muitas coisas mudam, sendo que algumas se tornam obsoletas para dar espaço para novas. Por exemplo, hoje não existe mais videolocadora, não faz mais sentido. Mesma coisa na minha opinião com uma profissão como de ascensorista, em uma realidade onde temos a tecnologia e a automação cada vez mais presentes. "Mas eles vão perder o emprego"? Sim, como os funcionários de locadora de vídeo. Faz parte da evolução, certas profissões deixam de existir, e as pessoas precisam se atualizar, buscar novas oportunidades. Apenas sindicalistas é que parecem não perceber isso...

Aliás, cabe fazer aqui um breve parênteses, agora que falei de sindicato. Como eu disse ali em cima, o governo federal tem tomado algumas atitudes louváveis para contornar um pouco as consequências econômicas causadas pelo vírus, como uma medida provisória que permite a redução de carga horária juntamente com uma proporcional redução do salário (sem redução do salário-hora, mas uma redução por conta das horas a menos que seriam trabalhadas). Tudo isso pensando em ajudar na saúde financeira das empresas, reduzindo os seus custos de pessoal, que muitas vezes representam o maior percentual de seus gastos, mas trazendo uma contrapartida de que os funcionários não seriam demitidos por um período equivalente ao de carga reduzida, uma vez tudo fosse regularizado. Algo que a MP determina, o caráter transitório da medida, por conta da situação ímpar que o mundo vive.

Aí aparece o filho da puta do Lewandowski e barra a MP...


O canalha deve estar de sacanagem! Estamos em uma situação gravíssima, e esse merdel faz uma coisa dessas? Várias empresas já estavam se organizando para fazer essa redução (algumas provavelmente já o fizeram), e o babaca do Lewandowski mela tudo, determinando que essa redução só poderia ser feita com a aprovação do sindicato. Pôrra! Não coloca essas merdas de sindicato na parada, seu corno! Só pra atrapalhar! Resultado, tudo está suspenso até a próxima quinta, quando o STF vai votar o que fazer.

E os sindicatos, "extremamente preocupados" com o trabalhador, não demoraram pra tentar lucrar com isso. Alguns estão pedindo que a empresa pague uma taxa equivalente a 4% da folha de pagamento ao sindicato, outros estão pedindo que ela pague o valor da contribuição sindical (aquela, que foi extinta). O momento é sério, empresas lutando pra não fechar e não demitir, e esses parasitas querendo se aproveitar para tirar uma casquinha, é foda!

Ou seja: Lewandowski e os sindicatos estão lutando contra as empresas e contra o emprego.

Pois essa decisão, mesmo que seja revertida, só o será depois de algumas semanas, provavelmente só em maio que a empresa poderá fazer a redução, isso considerando que não tenha que pagar uma grana pro sindicato. E considerando também que os sindicatos vão "sentar em cima" dos pedidos, demorando o máximo possível para atendê-los, pois afinal de contas eles não têm pressa. Ou seja, mais gastos em um momento de crise, o que só colabora para o aumento das demissões.


Afinal, esse deve ser o plano dos sindicatos e da corja esquerdista, que se dizem defensores dos trabalhadores: eles querem incentivar o desemprego, pra que depois possam culpar o Bolsonaro disso. Uma vez mais, tudo com motivação política...

Eu sei, estou divagando demais... Não vim aqui pra falar mal de sindicato ou do Lewandowski... mas eles me tiram do sério.

Voltando... o home-office tem sim suas muitas vantagens para o trabalhador, no que diz respeito à qualidade de vida. Convenhamos, todos nós gastamos em média pelo menos duas horas em deslocamento indo e vindo do trabalho, alguns mais do que isso. Se colocamos obstáculos no caminho, como chuvas torrenciais, engarrafamentos e outras intempéries, piora tudo. E soma-se a isso o tempo que dedicamos a nos preparar para ir para o trabalho: ou temos que acordar mais cedo, prejudicando o sono, para poder lidar com tudo, ou temos que fazer tudo de forma corrida, tipo, engolindo o café da manhã e se vestindo que nem um alucinado. 

Trabalhando de casa... você ganha tempo. Dependendo do que o cara faça, dá pra acordar às 07:45, tomar um café e jogar uma água na cara, e antes das 08:00 já estar pronto pra labuta. E quando der 17:00, é só desligar o computador e, como um passe de mágica, você está em casa.


Poderia listar outras vantagens associadas ao home-office também. Por exemplo, dependendo da rotina do escritório onde você trabalha, o ambiente de casa pode ser até mesmo mais propício para concentração. Afinal, não existirão os colegas de trabalho que chegam nas horas mais inoportunas, te distraindo de suas atividades para falar alguma bobagem. Não que a convivência com os colegas de escritório seja algo ruim... mas sem dúvida existem aqueles que não percebem quando estamos querendo nos concentrar em alguma atividade. Assim, o trabalho isolado em casa geralmente resulta em maior produtividade (se o cara se concentrar, lógico).

Mas apesar dos evidentes pontos positivos do home-office, eu nunca fui muito fã. Eu sempre preferi manter minha vida pessoal separada da vida profissional, ainda mais considerando que o trabalho geralmente tem mais força do que o particular de cada um. Pense comigo: se você toma algumas horas de seu trabalho para cuidar da sua vida particular (tipo, ir ao médico), certamente será necessário compensar essas horas não trabalhadas, ou até mesmo você será penalizado de alguma forma, como com um desconto de salário; por sua vez, se você sacrifica horas de lazer para fazer seu trabalho, é bem provável que ficará por isso mesmo, não haverá como você comprovar para a sua empresa quantas horas você cedeu pra ela. Em outras palavras, nós não "batemos ponto" para nosso tempo livre e de lazer.

Antes que venham a me chamar de hipócrita, isso não é papo sindicalista. É apenas a realidade. A empresa pode (e deve) exigir que você se dedique 40 horas ao serviço, mas a sua vida pessoal não tem poder semelhante. E isso se mostra ainda mais perceptível no trabalho em casa, é muito fácil nos distrairmos e trabalhar dez horas antes de se dar conta.


Por isso eu sempre gostei de separar as coisas. Tem a hora do trabalho, e nesse momento me dedico ao trabalho, evitando ao máximo que minha vida particular interfira. Por sua vez, tenho a minha vida privada, e nesses momentos tampouco permito que haja interferência do trabalho. Tudo em seu devido momento.

Bom, e trabalhando de casa há algumas semanas já começo a me incomodar com essa "invasão". O espaço que é meu, que uso para fazer as minhas coisas, como navegar na Internet vendo bobagem no 9gag, jogar videogame, ver séries no Netflix e escrever aqui no blog, precisa ser dividido com o material do trabalho que precisei trazer pra cá. Começa já com toda uma rotina diária de desmontar o meu espaço particular para montar a estrutura que preciso pra fazer home-office, levo uns quinze minutos nisso. E no final do dia, tudo se repete, agora é tirar a parafernália da labuta do caminho pra colocar as minhas coisas de volta.


E não é raro que tenham dias que eu simplesmente deixo o "circo" montado... Com preguiça do monta-desmonta, acabo deixando toda a parafernália do trabalho onde está, deixando de fazer certas coisas que eu normalmente fazia depois de um dia de trabalho. Ou seja: interferência da vida profissional na pessoal, já acabo me privando de algumas coisas que eu gosto de fazer para meu lazer.

"Ah, mas você não precisa se privar do seu lazer, é só você se organizar", vão dizer algumas pessoas. Tipos aqueles "especialistas" da Globo, que acham que dominam o assunto após ter lido a contra-capa de um livro.

Não se trata de uma questão de organização, mas da estrutura que cada um tem na sua casa. Talvez algumas pessoas vivam em uma mansão e podem ter um aposento que sirva exclusivamente como um escritório em um momento desses. Mas nem todo mundo pode fazer isso. No meu caso, é um espaço aqui de casa que eu deixo o meu computador, estou usando-o pois é o único lugar da casa onde ponto de internet e com uma mesa que é adequada para trabalhar oito horas por dia. E tem muita gente em situação parecida ou pior: certamente, há pessoas que estão fazendo home-office na mesa de jantar ou no sofá, por falta de opção melhor.


Como disse, vão aparecer milhares de especialistas criticando tais atitudes. Mas a real é que nem todo mundo tem condições (e mesmo interesse) de ter um escritório perfeito em casa, segundo todas as regras e recomendações do Ministério do Trabalho.

Além disso, a partir do momento em que estamos presos dentro de casa, logicamente que fica complicado se afastar completamente da rotina do lar, existem diversos afazeres que ainda temos que lidar. Pior ainda, diria até que por conta da quarentena é possível que a pessoa tenha obrigações e tarefas domésticas extras, e que não podem ser simplesmente deixadas de lado.

Por exemplo, quando estamos em um dia normal de trabalho, geralmente vamos almoçar na rua, em um restaurante. No home-office, muito provavelmente você está tendo que preparar o seu almoço, não basta simplesmente ir num bufê, pesar sua comida e comer. E isso pode ser um grande desafio, principalmente quando a rotina de trabalho é exigente, permitindo apenas uma hora de almoço, e não tem ninguém mais em casa para ajudar. Não tem jeito: ou você deve acordar mais cedo para adiantar sua refeição, de forma a reduzir o tempo necessário para prepará-la no meio do dia, ou terá que fazer algo correndo, ou talvez até mesmo preparar o seu almoço ao mesmo tempo que trabalha. Em último caso, tentar recorrer a um iFood. Em todo o caso, a probabilidade é grande de que você vai ter que fazer e comer sua comida muito rapidamente, ou ter que levar pra almoçar a frente do computador, enquanto participa de uma reunião ou preenche uma planilha.


De novo, vão aparecer os especialistas, dizendo que nesse período de home-office é importante se alimentar bem e de forma saudável. Mas não é tão simples assim. Eu, por exemplo, já estou me acostumando a almoçar as sobras do jantar, requentadas no microondas. Ou então faço um sanduíche de pão de forma, queijo e presunto e pronto.

Ah, e pra variar quem não perde a oportunidade de encher o saco são os fit-chatos. O pessoalzinho de alimentação saudável, que ficava se exibindo nas redes sociais fotografando seus pratos saudáveis, acompanhados de uma frase de efeito sobre boa forma, continuam com seu narcisismo alimentar. Mas dessa vez exibindo as marmitas fit que estão comendo em casa enquanto trabalham. Afinal, não é porque estão de home-office que precisam parar de exibir suas dietas a base de whey, chia e coisas veganas...

Bom, o ato de fazer almoço enquanto se está de home-office é um dos exemplos de atividades da casa que não podemos deixar de lado. Existem várias outras, e outra que gera um grande impacto é cuidar dos filhos, principalmente os pequenos. Afinal, em época de quarentena as escolas e creches estão fechadas, e a criançada fica presa dentro de casa. Trabalho dobrado pra quem está de home-office, principalmente nestes novos tempos, onde geralmente o casal trabalha em paralelo e não há quem possa cuidar dos pimpolhos...


Aí não tem jeito, é preciso ter paciência. Dependendo da idade, as crianças mais velhas podem se distrair com outras coisas, como televisão e videogame, ou até mesmo elas terão as suas obrigações: alguns colégios estão promovendo o ensino a distância, para a tristeza da garotada que imaginava que quarentena era sinônimo de férias. Mas no caso de filhos pequenos, o desafio é grande, tendo que controlar a ansiedade, os choros e berros. Não há como não impactar a jornada de trabalho, mesmo que você tenha um(a) companheiro(a) para dividir as tarefas, enquanto um trabalha o outro dá uma atenção aos filhos.

Pelo menos, esse problema eu não tenho...

Há várias outras coisas que incomodam no trabalho em casa. E algumas delas são manias e "recomendações" que os grupos de gestão e RH indicam para os funcionários da empresa, agora que todos estão fazendo home-office. E na minha opinião o que mais enche o saco é a insistência pela realização de video-conferências. Digo, usar o recurso de câmera de vídeo em qualquer mera reunião interna ou conversa entre os colaboradores.


Talvez você não se incomode muito com isso. Eu sei, muita gente se sente extremamente confortável em aparecer diante das câmeras, diria até que sentem uma necessidade para tal (digo de novo, o narcisismo das redes sociais é responsável por isso). Mas eu não gosto. Não sei se é pelo fato de eu nunca ter gostado desse exibicionismo, ou por ter a consciência de que eu sou um texugo feio para cacete ou talvez até mesmo por ter sido obrigado pela minha empresa a comprar uma webcam, pela a qual eu não receberei nenhum tipo de reembolso e depois dessa pandemia ela vai ficar largada aqui na gaveta.

Fato é que uma das coisas que eu mais odeio é essa de ficar usando câmera nas reuniões.

Eu até entendo que existam situações onde seja necessário e recomendado esse tipo de interface visual na conversa online. Por exemplo, determinadas reuniões com certos clientes importantes, naquela reunião crítica com seu chefe ou durante uma entrevista de emprego. São aquelas situações onde o face-to-face é primordial, conferências que iriam acontecer de forma presencial, se não fosse o maldito vírus chinês. Nessas situações, eu não vejo problema.

A minha revolta é ver como as pessoas insistem na conversa com câmera durante aquelas chamadas rápidas, tipicamente para resolver assuntos internos. Tipo aquela consulta ligeira que você faria via texto com a pessoa de outra unidade, ou uma rápida revisão de atividades que você faria com o colega que senta ao seu lado, coisas de cinco a dez minutos. Não vejo necessidade de ver a pessoa pela câmera nesses casos.


"Ah, mas você está exagerando, não tem nada demais nisso", diriam os especialistas de home-office.

Mas sim, me incomoda. Começo pelo ponto de vista prático, pois ligando o vídeo temos um maior consumo de banda de internet. Internet essa que todos nós estamos usando em casa para trabalhar, que nós estamos pagando (e que a grande maioria das empresas não vai reembolsar). Tem aqueles que possuem pacote de dados limitado, e vários megabytes serão consumidos sem muita necessidade apenas pra você ver a cara do sujeito na câmera enquanto revisa suas atividades semanais. Sem falar que vivemos em uma pocilga, e nem todo mundo tem internet muito rápida: assim, ligar o vídeo geralmente resulta em imagem de má qualidade que não serve pra nada, além de atrapalhar o áudio e qualquer outro uso da rede que esteja ativo no momento.

Segundo ponto, dependendo de onde você trabalha em sua casa, ligar a câmera representa uma divulgação de sua vida particular. Como disse acima, eu gosto de deixar vidas profissional e pessoal separadas, e ao ativar minha câmera estou convidando todos os meus colegas de trabalho a conhecerem minha casa. Pode apostar que vai ter pelo menos algum enxerido que estará mais preocupado em olhar o fundo da imagem, só por curiosidade.


Fica a dica para quem está fazendo home-office: antes de ligar a câmera, olhe para trás e veja se não tem nada comprometedor, como posteres de meninas de anime nuas, aquela cueca com freada pendurada na porta ou sua faixa de "Lula livre".

E nessa questão de usar webcam, tem outro ponto muito importante que me incomoda: para aparecer na câmera, temos que estar minimamente apresentáveis.

Essa é outra das recomendações que todos os "especialistas" de home-office que apareceram nas últimas semanas costumam falar, dizendo que mesmo trabalhando de casa é importante que o funcionário se vista para o trabalho, como faria em condições normais. E em alguns casos, uniforme completo. E não apenas a "parte de cima", que aparece na câmera.


Pra você ver... Um colega meu estava me contando que na empresa dele o pessoal do RH faz uma "chamada surpresa", pelo menos duas vezes por semana, em que pedem para que o funcionário ligue a câmera e mostre como está vestido. Dos pés à cabeça, pedindo para a pessoa se afastar da câmera e assim proporcionar um enquadramento completo do corpo. E aqueles que não estivessem completamente vestidos de acordo com o código da empresa levaram esporro.

Não sei até que ponto isso é verdade... mas não duvido que tenham pessoas de Recursos Humanos que têm ideias idiotas, não me surpreenderia...

De novo, eu acho isso uma grande babaquice. Quem acompanha meu blog há algum tempo sabe que eu sou defensor do ditado "o hábito não faz o monge". Acho uma estupidez essa ideia de que a roupa seja um indicativo do profissionalismo e da qualificação de uma pessoa, e no home-office não é diferente. Eu mesmo, fico com a minha roupa de casa enquanto estou trabalhando neste momento, tem algum problema? Vou ficar aqui no meu lar, me vestindo de forma desconfortável? Vou ficar passando camisa pra trabalhar de home-office? Fala sério...

Claro que é necessário o bom senso, principalmente em certas reuniões com vídeo importantes. Não estou dizendo que temos que fazer home-office nus, com aquela bermuda furada ou aquela camiseta suja de meleca, não é isso... Mas não precisa exagerar, pelo menos o mínimo apresentável, considerando a parte que vai aparecer na câmera.


É outra razão pela a qual eu me incomodo com as video-chamadas desnecessárias. Pois isso exige que estejamos minimamente apresentáveis mesmo trabalhando de casa. Em diversas oportunidades desde que começou essa quarentena eu precisei pedir alguns minutos antes de ligar a câmera, para que eu pudesse pegar uma camisa social no armário e vestir sobre minha camiseta, tudo isso por conta de uma chamada com vídeo de cinco minutos para perguntar coisas bobas, assuntos internos da empresa.

Enfim, tem várias outras razões que me fazem não gostar muito do home-office. Cada um de nós tem a sua opinião a respeito, deve ter muita gente como eu se sentindo um pouco incomodado com a invasão da vida profissional em nossas casas, como devem ter aqueles que estão adorando as vantagens inerentes de trabalhar no lar. Fato é que essa será a nossa realidade, provavelmente por alguns meses ainda, já que essa pandemia do vírus chinês não deve ir embora tão cedo. O melhor que podemos fazer é tentar nos adaptar o melhor possível a essa situação, sendo muito importante o bom senso e o equilíbrio, para que possamos desempenhar nossas atividades profissionais o mais próximo do que faríamos em nossos escritórios, mas também sem se esquecer que os nossos lares são onde temos o nosso lazer e o nosso descanso com nossas famílias.

Resumindo: seguiremos de forma excepcional em home-office, cuidando para que o "office" não se sobreponha ao "home", e vice-versa.

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