Infomerciais do Passado

A propaganda é a alma do negócio, não concorda? Na hora de vender alguma coisa, é necessário fazer algum tipo de divulgação do produto, mostrando as suas vantagens e fazendo todo o possível para convencer o consumidor. Seja um anúncio bem bolado numa revista, aquele comercial marcante que passa na televisão ou até mesmo aquelas vinhetas musicais nas rádios (que eu acho muito escrotas), esforços não são medidos para conquistar o público.


Incluindo os hilários programas de tele-vendas.

Eu acho que não preciso explicar o que é isso, mas vamos lá...  É uma dessas estratégias de propaganda, que ficou muito conhecida por aqui lá pelos anos 90 e que continuam firmes. Se você tem TV a cabo ou Sky, deve ter visto muitas vezes como aparecem aquelas propagandas da Polishop, em alguns casos ocupando horas seguidas da programação de canais que parecem não ter mais programas para passar, com esses comerciais imensos de tudo que tem direito.


Isso sem falar em canais especializados nesse tipo de anúncio. Quem não se lembra do Shoptime, com o Ciro Bottini?

Aliás, tenho que refazer essa minha sentença... Quando a gente começa a frase com o típico "quem não se lembra", geralmente estamos nos referindo a algo do passado, que não existe mais. O que não se aplica ao vendedor mais hilário da televisão brasileira, que continua até hoje vendendo celular, computador, tudo que você imagina, com o selo Bottini de qualidade. Até binóculo pra espionar a vizinha gostosa trocando de roupa.


Deixo mais uma pérola, da época do Natal, quando tinha o "veadinho Bottini".



Que é isso, meu amigo? Sensacional!

Pior é que outro dia eu fiquei assistindo um pouco do Shoptime, e me surpreendeu ver que muitos dos apresentadores continuam lá. Sei lá, devem gostar muito do trabalho, ou ganham uma boa comissão com os produtos vendidos. Inclusive, uma que continua lá é a Andrea Bueno, que sempre achei muito simpática e linda...


E que não tem medo de dizer palavrão, em mais um vídeo do Shoptime desenterrado de anos atrás.


Ora, quem é que nunca falou palavrão, pombas?

Mas chega de Shoptime e Polishop, pois esses canais aí não chegam aos pés dos comerciais lá dos anos 90, aqueles que deram origem a tudo isso, ocupando espaço na programação da Rede Manchete antes daqueles seriados japoneses. Afinal de contas, nada de compara em termos de bizarrice e tosqueira do que os comerciais do (011)1406, do Grupo Imagem e Teleshop.


Agora cabe um "quem não se lembra?".

Os fortes se lembram que nessa tela azul, era sempre a mesma fala: "Ligue já para (011)1406 e peça (insira aqui o nome do produto tosco e seu preço). Se não ficar satisfeito, nós garantimos a devolução de seu dinheiro. Se quiser usar cartão de crédito, basta fornecer o número. Ligue já para (011)1406 ou escreva para nós. Mais um lançamento de qualidade do Grupo Imagem e Teleshop."

Puta merda, eu acho que não tem coisa mais estúpida do que os comerciais do (011)1406. Eles vendiam de tudo, com aqueles infomerciais que pareciam programas de auditório de vinte minutos ou as propagandas curtinhas com aquela dublagem sofrível. E todos os produtos beiravam os limites do ridículo, que eu me pergunto se alguém comprava aquelas merdas.

Eu mesmo já falei de um dos clássicos nessa postagem há quase dez anos, mostrando como o blog é velho. Tanto que o vídeo que tinha lá saiu do ar, um dos problemas de referenciar links do Youtube alheios. Mas a gente encontra outro pra lembrar do Sonic 2000, o incrível mini-amplificador que aumenta a sua audição em até 22,87%.


Hilário... simplesmente hilário. Não tem como não se mijar de rir com as figurinhas desse comercial, como a menininha estudando na sala de estar enquanto seu pai assiste ao jogo a vinte centímetros da televisão no volume máximo...


"Mas pai, eu não consigo estudar, né?"

... o chefe com a cara sorrateira ao escutar seus empregados falando mal dele...


... e o paspalho ouvindo os verdadeiros sons da natureza. Simplesmente tragicômico.


Claro, sem se esquecer desse corno...


"Uau! Eu consegui ouvir a agulha caindo do outro lado da xala!"

E eu tenho a certeza absoluta de que você leu a frase acima e escutou a voz da fanho do comercial.

Outro que eu já postei aqui foi aquele comercial tosco que tinha o Mr.T e o FlavorWave pra preparar o rango rapidinho. Mostrando como que depois de perder pro Rocky Balboa e ser despedido do Esquadrão Classe A, nosso amigo Mr. T teve que se rebaixar ao ponto de participar de programa de culinária.


Embora temos dizer que ele entrou no comercial em grande estilo...


Grande estilo uma vírgula, pois o maluco vem todo torto, como se fosse um bêbado sem coordenação motora. E sensacional é a cara da velhota, orgásmica ao ver o negão botando a porta abaixo que nem um boi faminto.

Mas haviam muitos outros. Talvez um dos mais clássicos era aquele da Ginsu, daquela faca que cortava qualquer coisa, mais afiada que as famosas facas inglesas e alemãs, como os personagens extremamente caricatos falam.


Afinal de contas, para que usar um serrote para cortar um cano de cobre? Dava pra usar a Ginsu e depois fatiar o tomate na molezinha... tudo bem que isso iria deixar um monte de lascas de metal na salada, mas talvez ingerir cobre faça bem à saúde.


Temos que tirar o chapéu, a Ginsu era tão foda que até acabava com a concorrência... literalmente.


Não é qualquer propaganda que você uma faca cortando uma faca. Fico imaginando se a Ginsu não foi responsável por acidentes na cozinha mais graves, o que deve ter tido de gente decepando o próprio dedo sem querer ao se distrair.


Na boa, eu já me cortei várias vezes na cozinha, mas logicamente que apenas cortes leves ou moderados. Chegar ao ponto de fatiar um dedo como se fosse uma salsicha, só com a Ginsu. Aliás, a faca da Marge parece mesmo a faca assassina japonesa.

Ah, você já deve ter percebido como esse post está fazendo um uso exagerado de GIFs animados. Peço desculpas para aqueles que usam internet lenta, mas tem horas que este texugo precisa tornar o site um pouco mais animado.

Produtos para ajudar na cozinha faziam muito sucesso, sem sombra de dúvida. Já na época se buscava vender coisas que iam ser mais práticas e permitir a preparação de comidas mais saudáveis. Antes do Air Fryer e do Grill do George Foreman, tinha a Frigidiet. Com sua torre de ar quente, fazia batatas sequinhas sem uma gota de óleo...


Tinha também o Micro Crisp, que era um rolo de papel alumínio especial que podia ser usado para fazer comida no microondas, de forma que os alimentos ficam "tão saborosos como os preparados no forno da mamãe". Dá pra fazer frango grelhado, espetinho e até sanduíches, deixando o pão "macio e quentinho".


"Uma delíxia..."

Esse vale colocar o vídeo, pois a dublagem é de se rasgar de rir.


Vamos sair um pouco do mundo gastronômico. Outro clássico daquela época era a propaganda da Auri. E uma verdadeira propaganda, da mesma forma que o comercial do Mr.T, nesse eram vinte minutos de um show de auditório chamado Amazing Discoveries, que recebeu a tradução literal e sofrível de "Descobrimentos Incríveis" no Brasil. Pelo o que pesquisei, era de fato um programa que "descobria" produtos dos mais inusitados, mostrando tudo o que podia ser feito, graças às exclamações do apresentador Mike Levey, sempre vestindo o seu suéter psicodélico.


Diga-se de passagem que o coitado faleceu em 2003, ele que chegou a ser considerado uma das pessoas mais vistas na televisão, por conta de mais de 100 descobrimentos incríveis que passavam em canais pelo mundo todo.

E no Brasil o Mike ficou conhecido pelos produtos da Auri, aquela cera de carro milagrosa que recuperava carro do ferro-velho, que não deixava grudar tinta e manchas. Assista quando tiver tempo, são vinte minutos hilários do infomercial sensacional.


Sem dúvida a cena em que tacam fogo no capô de um Rolls-Royce e depois aparece um maluco com chapéu de mestre-cuca pra fritar um hamburger é um dos clássicos da TV brasileira.


Eu acho que não tem coisa mais absurda do que isso. O pior é que a maldita cera funcionava que era uma beleza, depois de apagar o incêndio era só passar um paninho e pronto. Eu confesso que quando eu era pequeno, ficava pensando que ia ser uma boa comprar uma garrafa de Auri pra proteger meu futuro carro.

Seguindo com mais um exemplo de itens para o lar, e conseguindo ser ainda mais ridículo do que o infomercial acima, temos o Smart Mop. Na época o que mais tinha eram diferentes tipos de esfregão de diversos tipos, que limpavam qualquer sujeira do chão e sem a necessidade de colocar as mãos pra limpar depois. Mas o Smart Mop se destacava pela sua propaganda sem noção, com destaque para as caras e bocas da apresentadora que parece a Hillary Clinton. Não achei o vídeo completo, mas tem a parte mais legal dublada, em que as convidadas da platéia jogam todo tipo de sujeira em diferentes pisos, e o babaquara do esfregão limpa tudo.


O mais engraçado é a expressão de nojo que ela faz quando dizem que derramaram pasta de dentes e loção. Imagina que alguém tivesse se borrado ao correr pro vaso durante uma diarréia explosiva, salpicando o piso de marrom?


Pela cara da tonta, parece que foi ela quem borrou as calças...

Não podemos deixar de lembrar de outro grande produto do (011)1406 que ajudava nas tarefas do lar. Era o ferro a vapor Frattina, que era duca. Pois ele não queimava as roupas, mesmo que você esquecesse ele ligado em cima de sua camisa favorita, que passava até na vertical, que alisava as camisas passando por cima dos botões e passava até plástico. Tão mágico que podia passar uma bexiga de ar ou o braço de uma pessoa sem queimar.


Pois realmente são coisas que você vai querer fazer com um ferro, como passar os balões da festinha de aniversário de seu pimpolho ou encostá-lo ligado no braço de alguém. Sem falar da mensagem de que "até as crianças podem usar"... como se criança passasse roupa.

E o mais impressionante: era inquebrável, mesmo se você fosse uma besta que não soubesse andar direito.


Tá certo... Esse papo de produto inquebrável é a maior cascata. Pode apostar que só de tirar da caixa essa merda devia se despedaçar. A única coisa que eu já vi que não quebra nem por decreto é celular da Nokia.

Tinha outras coisas que marcaram época. Um que eu me mijava de rir era o Rotoflex, o revolucionário disco de lixar com uma junta flexível para absorver as vibrações, diferente das lixadeiras comuns que tremiam como gelatina...


Também, se o cara tiver mal de Parkinson como esse sujeito, fica difícil lixar em linha reta, né?

Outro que que me lembro era a Flat Hose, a mangueira chata que usava a mesma tecnologia empregada pelos bombeiros há anos, mas que por algum motivo obscuro só começou a ser usada para civis depois dessa "invenção". Era a mangueira que não ficava pesada, ocupando pouco espaço ao ser enrolada facilmente. Não achei a propaganda do (011)1406, apenas de sua contra-parte dos Estados Unidos com uma qualidade péssima, mas não podia deixar de fora esse infomercial bizarro.


Mas espere! Ao adquirir a sua Flat Hose agora mesmo, você também levava uma pistola de água para conectar na sua mangueira, com quatro tipos diferentes de jatos. Que acabam lembrando diversas situações que nós, homens, enfrentamos durante a primeira mijada do dia.


Pergunto: pra que seria um Full Action Spray? Talvez pra espantar a molecada que estivesse enchendo o saco ou pra botar o cachorro da vizinha pra correr...

Pior que nessa busca pelos vídeos da Flat Hose, eu acabei achando uma outra mangueira parecida. Não me lembro de ter visto essa propaganda por aqui, até pelo fato dela parecer mais recente. Mas eu não podia perder a piada, deixando de mostrar a Pocket Hose, a mangueira que cresce, cresce e cresce! Não tem como um infomercial ser mais pseudo-erótico, ainda mais com o narrador falando de maneira excitada ao ver a mangueira crescer como se fosse um alien.


Vale colocar até o vídeo. Pois é hilário ver o molequinho correndo com a mangueira pequenininha na mão (não pensem bobagem) e a cena em que puxam um carro, mostrando que a Pocket Hose é forte pra cacete.


Voltando para as propagandas que apareceram por aqui e pra completar a caixa de ferramentas, tinha a chave Euro Tool, com o engenhoso sistema que se ajustava a parafusos e porcas de qualquer tamanho, em milímetros ou polegadas. Até mão delicadas conseguiam alto poder de toque, caso você fosse um emo criado pelo vovó a base de leite com pêra. Mas o principal é que a Euro Tool era super resistente, suportando marretadas e até mesmo aguentando a passagem de um trator.


Afinal, sabemos que todo mundo tem um trator em casa...

Outro clássico do (011)1406 eram os óculos escuros Ambervision, que bloqueava os raios desfocados e a luz ultravioleta. Devia ser um óculos porreta, pois durante toda a propaganda ficam os paspalhos rindo e olhando para o Sol.


Afinal de contas, deve ter algo muito legal em ficar olhando para o Sol sem motivo. E o mais hilário é ver o casal 20 com camisas combinando, enquanto usam esses óculos extremamente "estilosos".

Já que o assunto é saúde, outro clássico dos infomerciais de outrora era o famoso Contour Pillow.


Curioso ver como certos produtos até fazem sentido, mostram alguns conceitos que possuem uma lógica. Afinal, um travesseiro com um formato especial para acomodar a coluna parece uma boa idéia, se comparado com os travesseiros comuns, que amassam depois de alguns minutos. Acontece que os infomerciais toscos, com a tradução bizarra, fazem que a gente duvide de que funcione.


"Contour Pillow? É um milagre..."

Outra coisa muito comum nas propagandas do (011)1406 eram as coletâneas de música. Afinal, lembrem-se que naquela época era mais difícil ter acesso a certas canções, principalmente internacionais. Não existiam lojas como o Submarino ou Amazon onde era possível comprar CDs com facilidade, tampouco haviam muitas lojas especializadas nas grandes cidades. Muito menos existiam os MP3, para comprar em lojas online ou baixar no Emule ou Napster. Só os fortes saberão como era foda ficar gravando as músicas das rádios em fitas K7 pra conseguir aquele som que você gostava. E para ajudar com isso, nossa sensacional rede de infomerciais trouxe várias coleções, como a Coleção Ritmos, a The Eighties, a Love Collection e tantas outras, sempre apresentando trechos daqueles videoclipes psicodélicos que passavam na MTV, com clássicos como The Final Countdown e o fumado do Jimmy Cliff cantando Reggae Night.


Sim, tinha como comprar em formato de LP, K7 e em CD.

E tinham comerciais que eram absurdos, que nos faziam perguntar sobre como alguém em sua consciência pensaria. Como aquele das canetas tinteiro Penalli Fountain Pen. Uma caneta fuderosa, "virtualmente indestrutível" como o próprio narrador falava. Tanto que ela furava latinhas de refrigerante e podia ser usada como dardo.


A Penalli Pen faz realmente deve ser a caneta que é mais forte que a espada. Imagina cravar essa merda na jugular de alguém?


O mais hilariante é que ela podia ser usada por destros e canhotos... Isso mesmo, pelo que parece deve existir uma diferença entre a caneta para quem escreve com a mão direita ou esquerda...

Já chega de informerciais... Olho pra cima e vejo como a postagem está ficando quilométrica, tem horas que eu exagero mesmo. Mas como saideira, não poderia deixar de mencionar as meias Vivarina, que nunca desfiam graças aos seus microfios entrelaçados.


Deixando logicamente uma grande pergunta clássica no ar, que deixaria até mesmo o Einstein sem resposta: será que as meias Vivarina aguentariam a faca Ginsu? Ou quem sabe a Penalli Pen?

Fico por aqui, depois dessa overdose de sessão nostalgia com os produtos mais engraçados do velho (011)1406.

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Mas como assim, ficar por aqui? Tem muito mais coisa pra mostrar! Quem é da época certamente está sentindo falta de muitos outros infomerciais, em especial daqueles equipamentos de ginástica e musculação super toscos. Acontece que é isso mesmo, eu decidi por enquanto falar só dos produtos mais gerais, pra voltar aqui depois com uma postagem focada nesses apetrechos que prometiam barriga tanquinho e boa forma. Pois neles o nível de tosqueira ultrapassa os limites da imaginação.

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