Capitão Planeta

Sempre é bom olhar para o passado com nostalgia e lembrar certas coisas que marcaram época. Ainda mais uma época tão rica e criativa quanto os anos 80 e 90, em aspectos como filmes e desenhos animados. Eram tempos em que não havia o politicamente correto que há hoje, em que você ligava a televisão no Sessão da Tarde e passavam filmes como Rambo, Comando para Matar e Braddock, cheios de russos, colombianos e vietcongues explodindo pelos lados, e nos sábados de manhã dava pra curtir desenhos dos mais diversos, indo desde os mais engraçados como Looney Tunes até os mais realistas e empolgantes como Transformers e Comandos em Ação.

Acontece que no meio de vários desenhos fantásticos, havia um que podia não ser tão ruim assim, mas que destoava da maioria por ser aquele que pregava uma filosofia politicamente correta. Um desenho que hoje seria muito aplaudido pelas suas mensagens bonitinhas e tuti-fruti, e eu não estou me referindo às animações voltadas para as meninas, como Ursinhos Carinhosos e Moranguinho. Me refiro ao desenho ecológico e amado pelo Greepeace, o Capitão Planeta.


O desenho apareceu no início dos anos 90, e tinha como mote ensinar as crianças sobre ecologia e meio ambiente. E para isso inventou a história de uma entidade chamada Gaia, que representa o espírito do planeta Terra e que se materializa como uma mulher de roupas esvoaçantes e voz melosa. Gaia teme pelo planeta, que sofre cada vez mais com a poluição, desmatamento e outras mazelas anti-ecológicas, e com isso ela convoca cinco adolescentes de diferentes cantos do planeta para serem os Protetores, ajudando-a a defender a Terra das ameaças.

Ou seja: quase como a história dos Changeman. Só que em vez de enfrentar alienígenas cabeludos, um monstro zoiudo e um travecão galático, os Protetores iam combater poluidores, caçadores de animais e qualquer um que não tivesse consciência ecológica.


A escolha dos Protetores não tinha como ser mais politicamente correta: são cinco adolescentes (pois sabemos desde a época do Scooby Doo que os adolescentes são mais eficientes do que adultos), escolhidos de diferentes regiões do mundo para atender a todos os pré-requisitos raciais das animações inclusivas. Ou seja, tem o negro, o branco norte-americano, a européia, a asiática e o latino. E cada um recebe de Gaia um anel que possui os poderes de um dos elementos da Terra.

Começamos com Kwame, que vem da África. Não só porque estou seguindo a ordem em que os garotos eram apresentados no desenho, mas também para evitar que me encham o saco se eu não colocasse o negro primeiro. Kwame é o cara gente boa, parceiro e tranquilão do grupo, e que se preocupa com o ambiente de verdade. Ele recebe de Gaia o anel com o poder da terra, com o qual consegue provocar terremotos, abrir buracos no chão e fazer mágica com pedras e rochas.


Depois temos Wheeler, que é o representante estadounidense da turminha, para deixar claro que o Tio Sam está envolvido com o meio ambiente. Porém, o ruivo é um dos que parece menos se importar com a Mãe Natureza, nunca entendendo o porquê de certas coisas que eles fazem. Também é o palhaço do grupo, sempre com uma piadinha na ponta da língua ou fazendo alguma asneira pra rirem da cara dele. Mas, por ser o americano do desenho, era de se esperar que lhe dessem um dos poderes mais fortes, o fogo. Ou seja, seu anel é um lança-chamas em miniatura que consegue queimar qualquer coisa, além de poder ser usado como lanterna.


Seguindo, temos Linka, que vem da União Soviética...

Isso mesmo, na época que o desenho surgiu ainda existia a União Soviética, que depois se pulverizou naquele montão de países de nomes engraçados. Aí mudaram a origem da garota para Leste Europeu para atualizar o desenho geograficamente. Diferente do Zangief do Street Fighter, que até hoje luta pela URSS.


Chega de devaneios...

Voltando, a soviética-russa-européia-do-leste Linka é a nerd do grupo, embora geralmente associemos loiras a pouca inteligência. Fera em computadores e eletrônicos, mas por outro lado tem um temperamento explosivo como se estivesse eternamente com TPM, especialmente quando precisa aturar aquele porco capitalista do Wheeler e suas frequentes investidas. Possui o anel com o poder do vento, com o qual pode criar furacões e tornados, bem como servir de ventilador nos dias quentes.


Tentando equilibrar os gêneros, a próxima Protetora é a asiática Gi. Como esperado dos orientais, ela é bem antenada em tecnologia mas também tem o seu lado místico e filosófico, estilo frases de biscoito da sorte. Mas também é aquela mais ativa, demonstrando seu lado esportivo ao pegar na prancha (eu disse prancha) pra surfar. E pelo que vi, aparentemente é a única da equipe que estuda, sendo aluna de curso de biologia marinha. Com todo esse envolvimento com o meio aquático, não é de se surpreender que ela tenha recebido o anel com o poder da água, que permite que ela controle água (dããã), crie redemoinhos e chuva.


Por fim, temos Ma-Ti, que é o brasileiro do grupo...

Pois é, embora na abertura se referiam a ele como sendo da América do Sul, ficava evidente que ele era brasileiro.


Ma-Ti também era o mais jovem dos Protetores, vindo de uma tribo de índios. Assim, ele conhece tudo de florestas, de ervas e plantas exóticas como guaraná e açaí, e também de bichos selvagens. Tanto que ele tem um macaquinho de estimação (ele pode, pois é índio). Por ser o mais jovem, geralmente é o mais emotivo e sensível com as questões ambientais, e por isso recebeu de Gaia o anel com o poder do coração.


Mas como assim? E desde quando "coração" é um dos elementos? Tudo bem, os outros quatro talvez chegaram primeiro e pegaram os anéis mais legais, mas um com o poder do coração parece não só ser algo extremamente inútil como extremamente boiola! E logo o brasileiro?

Deixando de lado a inutilidade do poder do tupiniquim, os cinco adolescentes se engajavam na defesa da Terra e do meio ambiente, geralmente começando o episódio sendo convocados por Gaia, que lhes passava a missão do dia. Geralmente, era algum crime ambiental praticado por um dos vilões do desenho, os chamados Eco-vilões.


Claro... vilões ecológicos... e depois a gente achava que a Legião do Mal do Lex Luthor era tosca.

E eles conseguiam ser ainda mais caricatos do que os inimigos dos Super Amigos, cada um deles representando algum dos malefícios que acabam com o meio ambiente. Por exemplo, comecemos com Porco Greedly, o gordão com cara de porco e que certamente é o bandido que fala do consumismo e da gula, espalhando seus dejetos tóxicos pelo mundo.


Ou seja, um pançudo fedorento que vive cagando pelos cantos. E me pergunto que se ele era um dos tios distantes do Gaguinho.

Já que estamos falando de parentes distantes, o próximo bandido ecológico que apresento é o Verminoso Escória, que deve ser o irmão bastardo do Mestre Splinter. Meio homem e meio rato, representa os perigos da falta de saneamento, vivendo no esgoto e espalhando doenças. E provavelmente se alimentando de bosta.


Seguindo, temos o Matreiro, em mais uma das traduções baratas nacionais (o original se chamava Sly Sludge), que é um gordo baixinho que lembra o Danny Devitto. O sujeito é um catador de lixo mas que está pouco se fudendo pra reciclagem, despejando toda a sujeira na natureza, como jogando canudinhos de plástico nos mares e material tóxico nos rios.


Outro inimigo do planeta que participava do desenho era o Duke Nukem...


Mas como assim, pôrra? Eu sei que ele tá longe de ser um exemplo pra criançada e provavelmente está cagando e andando para o meio ambiente, mas desde quando ele era vilão de desenho animado?

Acontece que o herói dos jogos de tiro em primeira pessoa tinha o mesmo nome de um dos bandidos do Capitão Planeta. Tanto que nos primeiros jogos dele, que eram aquelas tosqueiras 2D que estavam longe da irreverência de matar aliens sentados no vaso e dar trocados pras putas balançarem os mamões, ele se chamava Duke Nukum, justamente para evitar qualquer problema de copyright com o desenho ecológico.


Mas como os produtores do desenho animado não se preocuparam em registrar o nome, alguns anos mais tarde fomos apresentados a Duke Nukem 3D, e o resto é história.

Voltando ao bandido da animação, Duke Nukem parece mais um primo perdido do Coisa, com um corpo de pedra e um visual sofrível com seu moicano, sua camiseta florida, bermuda de surfista e Havaianas. Mostra como a originalidade dos desenhistas era lamentável. Ele na verdade é um doutor que sofreu um acidente nuclear, representando os perigos da radiação.


Continuando, temos Looten Plunder, que é a prova de que o desenho certamente foi financiado pela ala politicamente correta e comunista da época. Pois ele é um magnata ganancioso de roupas de grife e rabinho de cavalo, que adora ganhar dinheiro a qualquer custo, seja destruindo a natureza ou matando os animais, representando o capitalismo selvagem e como que ele é nocivo para o planeta.


Se fosse feito hoje, provavelmente iam nomeá-lo como Trump. E na tradução brasileira seria chamado de Bolsonaro...

Por fim, pra não tornar os Eco-Vilões um clube do Bolinha, terminamos com a Doutora Blight. Representando o mau uso da tecnologia, tinha metade de seu rosto deformado por conta de uma experiência que deu errado (ou talvez seja efeito de um creme da Avon genérico), e por isso usava esse topete escroto pra esconder a feiura. E ela tinha como lacaio um computador.


Sem dúvida que teve muito moleque descascando a banana vigorosamente em homenagem à Doutora Blight. Penso que foi proposital que a fizeram com esse estilo de femme fatale com roupa colada em seu corpo curvilíneo, acho que além de representar os malefícios da prática científica sem ética a vilã também estava ali pra ser o ícone do hedonismo e sacanagem.


Curioso que eu não pensava tanto assim. Talvez por saber que atrás daquele topete branco misterioso tinha um rosto mais horrendo do que a cara do ET do Ratinho, aí nunca achei a Dra. Blight atraente. Confesso que eu me derretia pela Gi, sempre tive uma queda por asiáticas de jeitinho delicado, e de quebra ela tinha franjinha e praticava ginástica artística. Não tem como não resistir a uma ginasta, e olha que na época eu nem fazia idéia de como esse tipo de flexibilidade poderia ser usado para as atividades praticadas na intimidade do quarto...


Ainda bem que na época eu era um texugo moleque, ou então ia receber uma visita do FBI... continuemos.

Todos os episódios seguiam a mesma trama: um desses vilões estava lá tacando o terror em algum lugar do planeta, tipo jogando óleo no oceano, queimando florestas, matando animais silvestres ou outra traquinagem anti-ecológica. Então os Protetores iam para o tal lugar em sua nave futurista, pra evitar o caso. E antes que você venha a chamá-los de hipócritas por estarem usando um meio de transporte poluidor, convenientemente a nave deles funcionava com energia solar.


Aí tinha aquela enrolação, na qual os adolescentes tentavam um plano no estilo do Scooby Doo, que até chegava a funcionar por um tempo mas logo depois de mostrava estúpido e ineficaz. Nessa hora, os cinco jovens se viam naquela situação de arregar e pedir ajuda a alguém, e tínhamos a sequência clássica em que eles juntavam seus poderes para convocar o Capitão Planeta.


Eu tenho certeza absoluta que você falou mentalmente aquela sequência clássica de todos os episódios: "pela união de seus poderes, eu sou o Capitão Planeta!", seguido da exclamação com voz infantil "Vai Planeta!!!"

O Capitão Planeta era o herói do desenho, trazendo todos os poderes dos Protetores de uma só vez e com mais força, além de poder voar, ter super força e ser praticamente indestrutível. Ou seja, um Super-Homem ecológico. E sempre cabia a ele salvar o dia, era como se fosse o Mega Zord dos Power Rangers ou o Daileon do Jaspion, era quem resolvia a parada na hora do vamos ver. Embora fosse um babacão, com suas piadinhas tosquinhas e trocadalhos do carilho, juntamente com seus discursos ecológicos. Além de usar cueca em cima da calça e ostentar esse mullet verde estúpido.


Mas como todo super herói, ele tinha também as suas fraquezas. Enquanto o Super Homem se borrava com kryptonita e o Lanterna Verde surtava diante da cor amarela, o Capitão Planeta perde suas energias se ele for exposto a qualquer poluente, como radiação, rejeitos químicos ou gases tóxicos.

Ou seja, pra vencê-lo basta bater um pratão de repolho com ovo e soltar um peido na cara dele.


Mas apesar disso, o Capitão Planeta sempre derrotava os vilões no final do episódio, após conter a ameaça anti-ecológica da vez. Feito o seu trabalho, ele voltava para os anéis dos Protetores, sempre com a manjada frase "o poder é de vocês".

Cabe comentar que havia o arqui-rival do herói da natureza, sua contra-parte direta que era o Capitão Poluição. Em um capítulo a Dra. Blight criava anéis com poderes nocivos ao meio-ambiente, que eram Super-Radiação, Desmatamento, Fumaça, Tóxicos e Ódio, que juntos davam vida ao bandidão. Totalmente o oposto ao Capitão Planeta em termos de poderes, mas também quanto as suas fraquezas, perdendo suas forças simplesmente ao entrar em contato com a água limpa ou na luz do Sol.


Tosco... E ele também tinha mullet... Fazer o quê, mullet estava na moda nos anos 90, vide o Chitãozinho e o Xororó.

E como era de costume nos desenhos politicamente corretos da época, no final sempre tinha aquela liçãozinha de moral apresentada pelo Capitão Planeta ou alguns dos Protetores, geralmente baseada no tema do episódio principal. Tudo isso pra deixar um recado para a garotada, ensinando sobre como reciclar, respeitar o próximo e defender as espécies ameaçadas de extinção.


Sim, exatamente como o He-Man fazia há alguns anos. Mas sem a pederastia.


"Tomar banho com seus amiguinhos e derrubar o sabonete é muito divertido!"

Tudo bem, acho legal fazer isso... Mas eu penso que deveria haver algum tipo de bom senso na hora de darem os conselhos. Tipo, dizer para os pimpolhos que não é correto comprar animais exóticos para serem bichinhos de estimação, e me mostram um elefante?


Quem diabos vai comprar um elefante pra ser seu animal de estimação, pombas? Só o Bart Simpson achava que isso podia dar certo.


Tentarei não desviar do assunto, falando de outros desenhos...

Em todo caso, essa era a premissa do desenho, seus criadores queriam fazer algo para passar mensagens corretas sobre cidadania e meio ambiente, de respeito ao próximo e defesa do planeta. Pessoalmente, acho que era meio desnecessário, uma vez que todo o desenho já tinha essa idéia... mas sabemos que a garotada só vai entender a mensagem se temos aquela lição de moral antes dos créditos, em que os personagens se dirigem aos telespectadores, quebrando a quarta parede como o Deadpool faz, e explicando o que é certo e errado.


Puta merda! Sabia que o Flint dos Comandos em Ação fez uma ponta no desenho? E saber é metade da batalha.

E se você não sabe quem era o Flint, então você não vai ganhar a batalha. Que nem o Comandante Cobra.


O que o líder da organização terrorista mais mal sucedida do mundo está fazendo com um feijão gigante, deixemos em aberto. E juro que não vou falar de outros desenhos. Continuando...

Curioso observar como que o desenho tocava em diversos assuntos, alguns deles que podemos até considerar como polêmicos. Eu confesso que não me lembro deles, mas vendo no Wikipedia e em alguns sites que falam do desenho, fiquei relativamente surpreso ao ver que o Capitão Planeta teve episódios que tinham como tema questões bem críticas. Por exemplo, tinha um em que mostravam os malefícios das drogas, em que Linka virava uma viciada por incentivo de seu primo Boris (típico nome de russo). Rola cena dele voando pela vidraça com direito a poças de sangue e chegando ao ponto de que ele morre de overdose.


Pois é. E tinha gente que dizia que o desenho dos Comandos em Ação era violento, onde ninguém acertava nenhum tiro em ninguém e mesmo nas lutas corporais o máximo que tinha era baba sendo cuspida pra longe, nem mesmo um sanguinho. Sem dúvida um dos episódios mais macabros do Capitão Planeta, e talvez de todos os desenhos dos anos 90.

Outro capítulo que marcou foi um episódio em que se falava a respeito de AIDS, tema que nunca havia sido citado em nenhum desenho animado. Nele, o Verminoso Escória espalhava boatos de que a doença podia ser transmitida apenas por contato comum, como apertando a mão ou só de estar em um mesmo ambiente, o que incentiva uma onda de ódio contra um sujeito soro-positivo.


Caraca! Pra quem é da época, esse carinha com AIDS não parece o Stanley Ipkiss do desenho do Máskara? E desisto de prometer que não vou falar de outros desenhos aqui.


Sinistro... ou os desenhistas não tinham muita originalidade na hora de bolar personagens ou realmente o protagonista do desenho do mascarado verde tinha HIV. Que reviravolta, hein? Embora não seja de se surpreender, considerando que provavelmente o Máskara dançou o mambo horizontal com a loira Tina, interpretada pela Cameron Diaz. Pode apostar que ela contraiu todo tipo de doença sexualmente transmissível fazendo macaquices no clube Coco Bongo e acabou infectando o verdinho.


Convenhamos, a Cameron Diaz estava muito gata nesse filme, tinha só 21 aninhos, e foi sua estréia em filmes. Isso sem contar com um filme pornô que ela fez aos 19 anos. 

Incrível... apenas aqui que eu consigo desviar o assunto de um inocente desenho animado dos anos 90 para entregar o passado de uma atriz de Hollywood. Espero um pouco para que os meladores de cueva voltem, depois de procurarem no Google por tal filme dela.

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Voltaram? Lavaram as mãos? Então vamos em frente.

Existem várias outras curiosidades sobre o desenho do Capitão Planeta, algumas que eu nem tinha idéia. Por exemplo, aproveitando o gancho hollywoodiano, é interessante comentar que o desenho teve dubladores que eram famosos. Tudo bem que pra gente que assistiu aqui no Brasil não faz muita diferença, mas no original em inglês muitos atores e atrizes emprestaram as vozes para personagens, mas por pouco tempo. O maior destaque foi pra Whoppi Goldberg que dublou Gaia por várias temporadas, mas teve também a participação de Sting, Meg Ryan e Jeff Goldblum.

Pra quem não sabe, o Jeff Goldblum era o cara que virou aquele bicho nojento no A Mosca.


Depois de um über decote da Cameron Diaz que deixou a rapaziada de barraca armada, eu venho e coloco essa cena bizarra que vai tirar o sono de muita gente. Eu acho que eu nunca tive tanto pesadelo quanto na noite depois que eu assisti esse filme pela primeira vez. E olha que eu só vi há relativamente pouco tempo, quando já era um texugo adulto. Imagina se eu tivesse assistido quando pequeno?

Voltando ao Capitão Planeta, logicamente que houve várias outras formas de merchandising de sua marca. Além de camisetas, bonés, mochilas e outras coisas que a molecada pedia para os pais comprarem na época de lista escolar, houve uma revista em quadrinhos do herói ecológico publicada pela Marvel. O traço lembrava bem o desenho e até mesmo as historinhas de moral do final dos episódios acabaram aparecendo aqui, mas a revista durou só 12 edições, mostrando que devia ser uma droga.


Talvez não pior do que o videogame. Pois é, teve o jogo do Capitão Planeta, lançado para o Nintendo e que teve uma versão para o Mega Drive que só foi vista nos emuladores, que é um dos jogos mais escrotos que eu já vi.


Sim, tentei jogar essa bosta aqui no meu fiel emulador, e a versão do Mega Drive parece um jogo feito por um moleque catarrento que mal sabe cagar no vaso. Jogo escroto pra burro!

E claro que tiveram os bonequinhos deles. Não sei se tivemos esses brinquedos aqui no Brasil, mas pela cara deles parece que a qualidade era sofrível, menos articulados que os bonecos dos Star Wars. Alguns deles com itens extras, como Gi com uma pistolinha que disparava água de verdade e Wheeler com uma daquelas rodas de isqueiro pra fazer faísca.


Sem falar que haviam dezenas de versões do Capitão Planeta com cores diferentes... Dava pra fazer um exército deles.

Enfim, o desenho era até legal de se ver, apesar de toda a papagaiada ecológica que era mote da história. Não me levem a mal, eu acho que devemos sim cuidar do meio ambiente e é perfeitamente válido que tenha existido um desenho que ensinava isso para as crianças. Mas na minha opinião o Capitão Planeta exagerava demais nisso, como se ele e os Protetores não pensassem em mais nada além de cuidar do planeta, era 100% do tempo de discurso estilo Greenpeace.


Tipo, como aquele amigo ou amiga fitness que todo mundo tem: que não sabe falar de outra coisa além de academia, dieta, treino e whey. Pode ser uma pessoa saudável e com boa forma, mas que é tão unidimensional como um guardanapo e cedo ou tarde acaba enchendo o saco.

Foram mais de cem episódios em seis temporadas que duraram cinco anos, entre 1991 e 1996, um dos desenhos mais duradouros que já se viu. Embora sempre haviam algumas pequenas mudanças aqui e ali, em linhas gerais a idéia se mantinha, o que eu imagino que tenha ajudado o Capitão Planeta a permanecer nas telinhas, podendo ser visto até hoje, sem dúvida trazendo emoção para aqueles que se lembram até hoje da abertura do desenho.


Tenho que dizer, as aberturas dos desenhos dos anos 80 e 90 eram muito show de bola!

Falando em aberturas, agora eu vou acabar com a infância de todo mundo... Pois na sexta temporada decidiram mudar a abertura do Capitão Planeta. Não me lembro de ter visto essa por aqui, e digo que eu fico feliz de não ter visto tamanha atrocidade.


Puta que pariu! Que merda é essa? Inventaram um rap escroto cantado por uma boca verde dentuça, com direito a cenas do Capitão Planeta fantasiado de vampiro, preso no xadrez tocando gaita e vestido como a Carmen Miranda...

Provavelmente por conta disso o desenho foi cancelado nessa temporada.

De qualquer modo, o paladino da natureza ainda está por aí. Principalmente com todo o discurso de consciência ecológica e politicamente correto que temos hoje em dia, era de se esperar que o Capitão Planeta ainda continuasse pelos cantos. E isso se comprova por conta de uma fundação dele, que disponibiliza incentivos financeiros para escolas e instituições de ensino promoverem iniciativas que defendam o meio ambiente, como limpar praias e plantar árvores.


Isso mesmo, se sua escolinha tiver um projeto legal em defesa da Terra, você pode pedir um cascalho pra fundação do Capitão Planeta, e vai ter o prazer de receber a visita do azulão... ou pelo menos de um dublê vestindo um colant que deve ter sido comprado na Uruguaiana e uma máscara que mais parece um molestador de menores.

Falando em menores, certamente você já deve ter visto essa piadinha clássica, mas eu não poderia deixar passar. Pois parece que os Protetores começaram as suas carreiras animadas muito antes do que a gente imagina.


Isso mesmo... os cinco estavam no desenho do Ônibus Escolar Mágico, vejam só.

Claro, isso não passa de uma coincidência motivada pela necessidade patológica dos criadores de desenhos animados criarem personagens que sejam racialmente equilibrados, pra não deixar negros, asiáticos e latinos se sentindo por fora. Mas sem dúvida é hilário imaginar que antes de defender a Terra os cinco adolescentes foram pra escolinha juntos. E mais engraçado ainda é se dar conta de que Wheeler era um nerd quatro-olhos e o Ma-Ti provavelmente tomou hormônios pra retardar o crescimento...

Bom, vou ficando por aqui. Sem dúvida é bem legal lembrar de desenhos como esse, que marcaram época na televisão. Repito, apesar de ser um pouco exagerado no tema ambiente, não é nada se comparamos com os politicamente corretos de hoje em dia. Capitão Planeta conseguia divertir e ensinar ao mesmo tempo, e é uma animação que está em nossas boas lembranças.


E que vai ganhar algumas sátiras por aqui também, claro!

Comentários

Luisa disse…
Mesmo não sendo politicamente correta,eu gostava deste desenho,pois fez parte da minha infância.Eu não me recordo muito bem de todos os episódios mas prendiam a atenção.Eram bem elaborados.Naquele tempo eles ainda respeitavam quem pensava diferente.Hoje parece que há uma segregação.Pelo que eu sei,nenhum episódio forçava as pessoas a aderirem ao vegetarianismo.Não me surpreenderia,se atualmente fizessem uma nova versão de "Capitão Planeta" e todos os personagens fossem veganos.