Como Não Usar um Telefone

Já disse aqui e vou repetir de novo: eu acho que deveria ter sido psicólogo. Não sei porque, mas eu muitas vezes me vejo mergulhado em questionamentos ao observar a natureza humana, em ver como que as pessoas agem em determinadas situações. O problema é que eu acabo me emputecendo fácil, e provavelmente se eu seguisse essa profissão ia acabar mandando muita gente tomar dentro. Vamos para mais um desses meus desabafos, tentando entender as pessoas, baseado em algo que eu costumo ver no meu dia a dia.


Frequentemente estou recorrendo ao transporte público para me deslocar pela cidade. Seja ônibus ou metrô, acabo sendo o brigado a compartilhar o mesmo espaço que dezenas de outras pessoas, em geral que não possuem um mínimo de educação. Tem aqueles que são expansivos, os que falam alto demais, outros que fedem e tantos outros tipos desagradáveis. E no meio desses diversos tipos de criaturas, temos os usuários de smartphones. Afinal de contas, hoje todo mundo tem um telefone desses, e o translado no transporte público costuma ser o momento em que muitas pessoas aproveitam pra deslizar os dedos pelas telinhas, seja para ver as notícias, conferir as redes sociais ou jogar um joguinho.

E logicamente pra ver as mensagens de texto e de áudio do "Zapzap"...


Pausa para um breve comentário: eu acho extremamente ESCROTO essa mania de brasileiro de arrumar "apelidos" para as coisas. Assim mesmo, em letras maiúsculas. Essa babaquice estúpida de se referir ao Facebook, Instagram e WhatsApp com termos alternativos e aportuguesados como "Feice", "Insta" e "Zapzap" é algo que fazem as minhas entranhas se revirarem de nojo.

"Ah, mas todo mundo fala assim" vão dizer os moderninhos...


Dane-se! Por que essa necessidade de inventar maneiras diferentes e erradas de se referir as coisas? Será que realmente é uma economia de saliva tão grande ao dizer "Insta" em vez de "Instagram"? Qual o sentido de chamar "WhatsApp" de "Zapzap", não gostam do nome original do aplicativo? E por que diabos insistem em abreviar "Facebook" de uma forma extremamente absurda ao traduzir foneticamente o "a" em inglês, escrevendo uma atrocidade como "Feice"? Fala sério...

Enfim... voltando ao assunto, hoje em dia todo mundo fica usando os seus celulares pelos cantos para diferentes coisas, e de fato uma delas consiste em ver as mensagens trocadas pelo WhatsApp. Em geral a gente recebe textos e imagens, tipicamente naqueles grupos de amigos do trabalho ou da família, que geralmente silencio por uma semana ou até um ano... Ou mesmo mensagens privadas enviadas por uma pessoa. Acontece que muita gente tem o costume de mandar áudios.


Não me refiro ao gemidão... mas às mensagens de áudio que as pessoas mandam umas para as outras.

Pessoalmente, eu acho isso muito chato e desagradável. A grande vantagem do WhatsApp na minha opinião é a possibilidade de você entrar em contato com a pessoa sem incomodá-la por meio de mensagens de texto. Eu sei... certamente eu estou pensando mais na situação das pessoas entrarem em contato comigo sem me incomodarem, mas a idéia é a mesma. Uma mensagem desse tipo é fácil de ser lida em qualquer momento, sem chamar muita atenção ao redor, de forma mais reservada e privada como a conversa entre duas pessoas deve ser.

Mas... brasileiro é preguiçoso... e digitar dá tanto trabalho...


Essa é a minha hipótese para explicar o fato de que muitas pessoas prefiram gravar um áudio em vez de escrever a mensagem pelo WhatsApp. Afinal, é mais trabalhoso digitar um texto numa tela pequena do que simplesmente apertar um botão e falar. Diria até que deve ter gente acostumada com aparelhos como Nextel, outra excrescência que eu não suporto e incomoda todo mundo ao redor. Mas penso que muita gente faz isso por conta da suposta praticidade.

Acontece que aí o destinatário vai ter que escutar essa mensagem de áudio, o que é quase como atender uma ligação. Ainda mais quando essa criatura vai lá e grava outra mensagem de áudio de resposta. Sério, já vi certa vez num ônibus duas garotas trocando mensagens de áudio sucessivamente, em vez de usar a pôrra do telefone como um telefone e ligar logo de uma vez.


E aí é que vem a razão desta postagem. Pois eu fico pasmo ao ver as diferentes maneiras que as pessoas usam para escutar mensagens de áudio recebidas pelo WhatsApp. Atitudes que me fazem perder cada vez mais a fé na Humanidade, e perceber que caminhamos a passos largos para a demência.

Vejamos... faremos aqui uma análise técnica. Vamos pegar aqui um telefone qualquer.


Se olhamos um smartphone moderno, podemos observar que eles possuem em geral dois tipos de auto-falantes. Um deles seria o padrão, aquele onde colocamos a orelha quando estamos atendendo uma ligação, e que é destinado a esse uso mais "privado", com um volume mais baixo para que escutemos de pertinho sem espalhar tanto o som. E o outro geralmente é o auto-falante externo, normalmente na parte de baixo do aparelho, que usamos quando estamos mostrando um vídeo para alguém, que possuem um som mais forte.

Claro, isso sem se referir ao fone de ouvido.


Pois muito bem. Os aparelhos geralmente possuem uma certa inteligência nessa questão do auto-falante, baseada em um sensor de proximidade que costuma ficar próximo ao auto-falante padrão. Você já percebeu como a tela de seu celular geralmente se apaga quando você o aproxima de sua cabeça para atender uma ligação? É esse sensor de proximidade atuando, pois afinal de contas não faz sentido estar com a tela acesa quando o celular está encostado na sua orelha. E pelo o que eu percebo esse sensor atua também quando estamos escutando um áudio do WhatsApp.

Tipo, se aproximamos o telefone da orelha, o som sai pelo auto-falante normal; se deixamos a tela acesa e o celular longe, o som sai pelos auto-falantes externos.

Ok, sabendo disso, como que uma pessoa normal usaria seu telefone para escutar de forma privada uma mensagem de áudio em seu celular? Provavelmente alguma coisa assim (não notem o telefone tosco, achei melhor desenhar no Paint pra passar a minha idéia).


Isso mesmo! Faria como se atende um telefone. Escutaria a mensagem de forma educada, sem incomodar quem está ao seu redor, usando o auto-falante normal como tem que ser. Essa é a maneira que eu entendo como sendo a mais sensata.

Mas aí eu vejo certas pessoas que fazem isso daqui...


Cara... alguém me explica isso? Qual o sentido de colocar o celular dessa maneira? Os boçais seguram o telefone geralmente dessa forma, apontando para o alto, e colam suas orelhas perto da parte de baixo do aparelho, para escutar pelos auto-falantes externos. Será que ninguém ensinou para esses acéfalos que essa é a pior maneira possível?

Não apenas estão expondo seus ouvidos a um som mais alto, pois quase sempre o aparelho está no volume máximo. Mas também enchem o saco de todo mundo ao redor, pois dessa forma o som se espalha pelo ambiente, algo que se torna mais perceptível quando estamos em um ambiente fechado como um trem ou ônibus. E assim todo mundo fica escutando a conversa alheia. Acontece que ninguém está interessado em escutar a nova fofoca de sua amiga da igreja, não tem ninguém querendo saber que o seu chefe é um filho da puta e ninguém liga se você tá precisando comprar Novex pra fazer seus cachos afro de sua "miga" do salão.

Pôrra! Como tem gente que é chata!

Mas sabem que consegue ficar pior ainda? Já vi pessoas que fazem isso aqui.


Estou falando sério. Observem que esses toscos encostam a orelha na parte de trás do aparelho, onde não tem nenhum auto-falante. Onde geralmente fica a câmera, que até onde eu sei não emite som. E escutam pelo som do auto-falante externo que fica lá embaixo.

Como Einstein diria, existem duas coisas infintas: o Universo e a estupidez humana, e ainda existem dúvidas quanto à primeira...


Puta merda! Me explica como que diabos é melhor escutar assim? Como? Não faz o menor sentido, quando eu vi pela primeira vez o capiau escutando mensagem do WhatsApp dessa maneira, eu fiquei ali encarando por alguns minutos, tentando entender o porquê disso. E o pior de tudo é ter visto outras pessoas fazendo o mesmo outras vezes.

Na boa... que seja uma pessoa expansiva e sem noção como da segunda figurinha, com uma ânsia de compartilhar seu áudio com todos dentro do coletivo. Por mais que eu ache estúpido, vai lá, dá até pra entender algum mísero traço de lógica naquele caso. Ao menos o puto está colocando o ouvido perto do auto-falante. Mas, essa terceira maneira, me desculpe. Não tem o menor sentido!

São coisas assim que me tiram do sério... Por isso que quando eu ando de transporte público, eu procuro me isolar ao máximo e bloquear todos os sentidos que eu posso: música no ouvido, boca fechada e olhos num livro, para não presenciar nem interagir com a fauna pitoresca que habita os ônibus e vagões de trem e metrô.

Pena que não dá pra bloquear o tato e o olfato...


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