Mega Metro City

Bom, esse aqui é um post bem diferente. Geralmente eu não faço muitas propagandas aqui, mas eu acho que essa vale a pena. Imagino que tenha gente que venha aqui e goste de jogos, e talvez esse tipo de postagem falando sobre essa iniciativa legal de crowdfunding venha a divulgar ainda mais a idéia e ajudar no seu sucesso. Venho hoje pra falar de um jogo de tabuleiro baseado em videogame que me chamou a atenção, chamado Mega Metro City


Comecemos desde o princípio. Provavelmente você conhece o site Kickstarter, um dos mais famosos para crowdfunding, uma verdadeira "vaquinha" online.  Ali, pessoas podem divulgar diferentes projetos e pedir a ajuda financeira de outras pessoas, para torná-los realidade. Existem vários sites assim hoje em dia (como os Catarse e Vakinha nacionais), onde uma banda pode juntar grana para lançar seu primeiro álbum ou um grupo criativo possa fazer seu filme independente, por exemplo. Existem até iniciativas mais nobres, como famílias pedindo ajuda para o tratamento de uma doença rara de um ente querido, entre outras.

E claro... tem gente sem noção, pedindo dinheiro para causas estúpidas... que felizmente só serviram para passar vergonha.


Bom, e existe uma categoria que costuma fazer muito sucesso que são pessoas que buscam apoio para fazer jogos de tabuleiro. Tudo isso alinhado com o boom dos jogos desse tipo, tá cheio de gente que parece ter redescoberto como que jogos de tabuleiro podem ser tão legais e divertidos, mesmo em uma época em que as diversões eletrônicas são soberanas. Lojas do ramo abrem em todos os cantos, amigos se reúnem nos finais de semana para passarem horas debruçadas sobre um mapa, sacando cartas e movendo pecinhas plásticas em uma partida de jogo de tabuleiro.

Tudo bem que tem gente que curte jogo de tabuleiro apenas por ser algo da moda... ou por estar alinhado com a ideologia hipster de achar que tudo antigo é mais legal.


Aliás, eu acho os hipsters muito babacas. Geralmente tem esse jeitinho aí, com barba de lenhador, camisa quadriculada, óculos de armação grossa, com chapéu e sempre fazendo essa expressão tosca com uma das sobrancelhas levantadas. 

Eu particularmente até gosto de jogos de tabuleiro. Na minha infância e adolescência, gostava muito de jogar Banco Imobiliário, Detetive, Jogo da Vida e War. Ainda gosto, mas confesso que não conheço tantas pessoas no meu restrito círculo de amizades que curtam isso também. Além disso, cheguei àquela idade onde todos os meus amigos já têm as suas famílias, e certamente vão preferir passar o fim de semana com elas, em vez de jogar jogo com um texugo. 

Dessa forma, meu interesse por esse tipo de jogo não é tão grande assim, pois a grande maioria deles exige pelo menos dois jogadores. Por mais que existam algumas opções, não tem muitos jogos legais com o selo Forever Alone e que permitam modo solitário.


Aí é que entra Mega Metro City. Um jogo que embora seja voltado para múltiplos jogadores, permite também que um texugo como eu jogue sozinho. E não apenas isso: trata-se de um jogo baseado em um estilo de videogame que eu gosto muito, que é aquele de jogos de porrada um contra todos, os beat'em ups, tipo Streets of Rage.

A idéia é de uns sujeitos espanhóis, que decidiram criar um jogo de tabuleiro influenciado pelos clássicos de videogame que todo mundo curtia. Segue a mesma premissa, você controla um personagem que tem que sair no braço com uma gangue de bandidos, liderados por um chefão que está tacando o terror na cidade. E tudo isso em um tabuleiro, com miniaturas plásticas representando os personagens. Os criadores testaram bastante essa idéia, e agora colocaram no Kickstarter para angariar seguidores e assim bancar o jogo.


Bom, eu não recebi nenhum jabá dos caras, mas digo que o jogo parece ser bem legal mesmo, capturando uma série de detalhes dos beat'em ups da época, e dou meu polegar pra cima para Mega Metro City. O tabuleiro é pequeno, composto por dois mapas, mas que são movidos ao lado, dando toda aquela sensação de movimento lateral da tela que temos nesses jogos. Tem os objetos no caminho, que podem ser jogados nos inimigos ou quebrados, revelando itens como armas pra descer a pancada nos capangas e comida para recuperar a energia. Em alguns lugares do mapa, tem como entrar em estabelecimentos como fliperamas e boates de strip, pra bater nos bandidos ali dentro. Tem de tudo.

Os personagens também seguem o que esperamos, em termos de características físicas e aparência. Os dois principais são os irmãos McClane, sendo que Jack parece uma mistura do Axel do Streets of Rage com o Ryu do Street Fighter, e o loiro Travis é quase o Ken de capuz. Ambos são os personagens equilibrados em termos de atributos. Aí temos o fortão, que é o negão de mais de dois metros de altura com o sugestivo nome de Big T (será que é parente do Mr. T?), que é forte mas lento, e temos a garota do grupo, mais ágil e rápida mas que tem menos força (para a revolta das feministas), e que se chama Blaze, como a heroína do Streets of Rage.


Cada um deles, logicamente, com a sua miniatura. Aliás, miniaturas muito bem feitas, na minha opinião.

Do lado dos inimigos, eu achei que eles acertaram muito bem na proposta de tipos de capangas. Em um jogo de videogame, o cara pode chutar o balde, incluindo diferentes tipos de inimigos dos mais diversos tipos, com pequenas diferenças na sua forma de atacar e se mover. Mas, em um jogo de tabuleiro, penso que não daria pra criar tantas variações. Assim, eles criaram apenas quatro tipos de capangas, mas cada um deles possui uma característica marcante.


Os punks são os bandidos genéricos, sem nada de especial. Curioso como os bandidos sempre são punks, mas nos anos 80 era assim mesmo. As roller girls são garotas de patins, que são mais rápidas, andando mais "casas" em cada turno. Os musculosos são os mais fortões, o que significa que precisam de mais porradas para serem nocauteados. E os caras de corrente, além da cara de babaca, conseguem atacar em distâncias maiores.

E nenhum jogo de luta estaria completo sem chefões. Outra sacada legal aqui, pois existem quatro chefões normais, que representam cada um dos tipos de inimigos acima. Isso é de propósito, pois quando um determinado chefão está em cena, todos os capangas semelhantes ficam mais fortes. Sid é o chefe dos punks, Jett das roller girls, Evaristo dos musculosos e Lars dos correntes. E claro, tem o chefão final, que na verdade representa um de trigêmeos, que lideram a gangue.


Sim, o chefão é um alucinado com penteado de Bozo, língua de fora e com a mão nos testículos. Muitos vão dizer que é ofensivo, mas pra mim eu acho que funciona. Afinal, os melhores chefões dos jogos de videogame são aqueles que sacaneiam os heróis, que os ofendem de forma debochada, naquele estilo de "sou chefão e sou foda". Tipo o Mr. X dos Streets of Rage com sua gargalhada e o Shao Kahn do Mortal Kombat com seus xingamentos.


Chefão que se preze precisa ser assim. E acho que um chefão desses, que pega nas bolas e mostra a língua, é aquele tipo de chefão que todo mundo vai ter vontade de encher de porrada.

Como de costume, as campanhas do Kickstart costumam incluir stretch goals e bônus. Na verdade, cada projeto estipula o valor necessário que precisa ser arrecadado, algo que já foi atingido pelo Mega Metro City. Aí, se a repercussão é boa e várias pessoas contribuem, existem esses objetivos da campanha. Tipo, atingindo certo valor será liberado um novo personagem. No momento, o jogo já conseguiu liberar um deles, o tal de Johann.


Não... não é uma tartaruga mutante ninja. É um lagarto alienígena lutador de karatê. Achava que as referências aos anos 80 e 90 se restringiam aos jogos de luta?

Resumindo um pouco a jogabilidade, Mega Metro City permite até quatro jogadores, sendo que é facilmente adaptável para jogo solitário (você pode jogar com um herói, ou controlar vários). Cada personagem tem pontos de movimento e de ação, que são consumidos em cada turno. Ao começar o jogo, cada um pode gastar upgrades para aumentar alguma de suas características (como aumentar a quantidade de movimentos ou ações, ou mesmo tornar o personagem mais forte). Também é possível incorporar poderes especiais, descaradamente baseados em movimentos de outros jogos, como esse clone do Sonic Boom do Guile.


Em cada turno, você abre uma carta que mostra quantos inimigos aparecem, levando em conta a quantidade de heróis. Eles aparecem no lado direito do mapa, mas existem entradas especiais, como aqueles que chegam por trás, outros que saem das portas e até mesmo uma van que solta eles no meio do tabuleiro. A carta fala também quantos movimentos e ataques cada capanga tem. Depois é a vez dos jogadores, que se movem no mapa, usando dados para atacar os bandidos ou fazer ações, como quebrar coisas e procurar por itens.

E assim o jogo segue. Dá para jogar um único cenário, dentre os disponíveis no manual, ou jogar todos eles em sequência, em uma verdadeira campanha. Acho que melhor do que um monte de palavras é mostrar esse vídeo aqui.


Pessoalmente, achei um jogo bem legal. Simples de jogar, divertido e que remete à saudosa época em que eu me divertia com videogame.

Pois muito bem. Se você curtiu esse jogo e ficou interessado, sugiro dar uma passada no site da campanha do Kickstarter, onde você pode entrar como colaborador e assim garantir uma cópia desse jogo, que está planejado para ser finalizado e enviado daqui a um ano (afinal, pensa só o tempo necessário para mandar fazer miniaturas e mapas). Lógico que alguns vão achar o preço de 89 dólares um pouco salgado, mas considerando que atualmente os jogos de tabuleiro mais badalados saem por aqui por mais de 350 reais, me parece algo razoável para quem curte esse tipo de diversão.

Claro... isso sem contar com uma possível taxação dos "Cúrreios", que certamente vão querer embolsar uma graninha em cima disso, além de atrasar a entrega em pelos menos um mês.

Mas precisa ser rápido, pois a campanha vai até o dia 16 de maio desse ano. Depois disso, só se eles decidirem colocar isso à venda como um produto normal, quando provavelmente vai custar mais e não vai incluir os bônus da campanha.

********** UPDATE - 08/05/2018 **********

Eu não sei se alegria de pobre dura pouco, ou se sou um texugo pé-frio. Fiz essa postagem sobre o jogo no domingo, até como uma forma de divulgar para mais pessoas e assim angariar mais seguidores do projeto, tudo pra contribuir com a campanha. E não é que no dia seguinte eles cancelaram?

Pois é... Complicado. A verdade é que a campanha se desenrolou de forma muito estranha. Como eles mesmo anunciavam na página, o jogo atingiu a meta de 75 mil dólares em 36 horas, o que eu considero um grande feito. Mas parece que a empolgação foi apenas nos primeiros dias, como é possível ver nesse site aqui, que mostra gráficos da evolução da campanha.


Perceba como no início os caras juntaram uma mega grana, que bancaria o trabalho. Mas depois, não faturou quase nada, e nos últimos dias começou a perder seguidores. Pois, é assim que funciona no Kickstarter: você só paga no final da campanha, e em qualquer momento dá pra desistir. Veja que teve um dia que eles perderam 4 mil dólares de uma vez.

Não sei como explicar... olhando nos comentários, é possível ver várias possibilidades. Tinha gente que realmente desistiu da idéia, não achando o jogo tão legal assim; teve outros que achavam que eram poucas miniaturas, aqueles que preferem ter duzentos bonequinhos de plástico iguais; muitos até pareciam não entender bem os reviews, considerando que os criadores do jogo colocavam tudo em espanhol, só mesmo o vídeo que eu coloquei aqui é em inglês; e até tem gente que comenta que o momento dessa campanha foi meio complicado, pois haviam jogos de maior renome que estavam terminando suas campanhas nesse fim de semana, e nego teve que escolher. Como o jogo de tabuleiro do Street Fighter, que é simplesmente incrível.


Que foi um verdadeiro fenômeno, conquistando nada mais nada menos que 2 milhões de dólares, de uma meta de 400 mil. Tudo bem que esse é mais caro, mas traz miniaturas grandes e pintadas dos lutadores de rua mais famosos do mundo. Se bem que 140 dólares por um pacote intermediário, que te dá direito a dezenas de miniaturas dos personagens principais do Super Street Fighter é algo tentador... Ainda dá tempo de fazer um late pledge, que teoricamente vai aparecer hoje.

Enfim, vários motivos podem ter causado o cancelamento. Que eu pessoalmente acho que foi um pouco prematuro, talvez uma campanha mais agressiva nos últimos dias poderia assegurar o sucesso desse jogo. Não sei... em todo caso, os criadores prometeram relançar a campanha pelo Mega Metro City, e espero que dessa vez o jogo seja lançado.

Comentários

Ciro disse…
Cara, que legal! Com certeza o nome vem da mesma cidade dos eventos do Final Fight. Texugo, você poderia fazer uma análise dos Beat 'em Up que já jogou. E outra coisa, pretende comprar o tabuleiro? Pois eu estou tentado a compra-lo.
Texugo disse…
Obrigado pela visita, Ciro! Vou pensar em fazer uma lista de beat'em ups, embora confesso que eu joguei poucos, sempre priorizando o Streets of Rage.

Sobre esse jogo em particular... meu timing não podia ter sido pior, pois a campanha no Kickstarter deles começou a perder muitos seguidores de maneira inexplicável, e nessa segunda eles cancelaram o projeto (pelo menos, por enquanto), estava até vindo aqui pra fazer um update do post. Estava muito tentado a comprar, pelos vídeos parecia ser um jogo legal.

Mas é bom ficar de olho, pois eles devem relançar a campanha no futuro.