Ciclistas Urbanos


As notícias recentes falam de diversos casos de acidentes envolvendo ciclistas aqui no Rio de Janeiro, um deles que resultou inclusive na morte de um deles, ao ter sido atingido por um ônibus, como pode ser visto nessa notícia aqui. Logicamente, não demorou para que a mídia em geral começasse então uma cruzada para falar a respeito desse assunto, com repetidas reportagens sobre como é andar de bicicleta em uma grande cidade, mostrando as dificuldades que os ciclistas enfrentam e comparando as cidades brasileiras com outras metrópoles do mundo, onde essa idéia funciona.

Seguindo esse assunto que está na boca no povo, decidi fazer uma postagem para falar a respeito de meu ponto de vista, e já prevejo que muita gente vai achar minha opinião polêmica. Já estou pronto para os comentários me criticando e me xingando, mas tudo bem...

Cada vez mais as pessoas têm usado bicicletas aqui na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de algo ao meu ver voltado mais para o lazer, para aquele passeio de fim de semana na orla, mas que tem sido usado cada vez mais como meio de transporte em geral, para ir e vir do trabalho ou para ir para qualquer lugar. Sem falar naqueles que usam as bicicletas para sua atividade profissional, como entregadores de compras de mercados e etc. Esse uso cada vez mais intenso da bicicleta é sempre motivo de orgasmos múltiplos para nosso prefeito Dudu Paes e inúmeras ONGs que são pró-meio-ambiente, enaltecendo que os ciclistas têm consciência ecológica ao priorizar um meio de transporte mais saudável e que não polui.


Tudo muito bem, se a gente vivesse na Suécia. Acontece que vivemos nessa pocilga chamada Brasil, onde cidades grandes como o Rio de Janeiro não estão preparadas para as bicicletas.

Analisando de maneira fria, a capital fluminense não possui tantas ciclovias assim. Se você clicar na imagem abaixo para ampliar, pode ver as linhas em verde indicando as pistas exclusivas para o tráfego de bicicletas. Concentram-se na Zona Sul, passando por Ipanema, Leblon, Copacabana, Botafogo e chegando até perto do Centro, lá na região da Barra e Recreio, se estendendo até a Cidade de Deus, além de algumas outras espalhadas pior regiões como Vargem Pequena, Bangu e Ilha do Fundão. E você pode ver que não há muitas conexões entre elas.


Sem falar que tem lugares que chega a ser piada... Tem pista da ciclovia que tem até mesmo um poste no meio do caminho! Brasil-il-il!


Isso mostra como a cidade não está pronta para que a bicicleta seja uma alternativa ao carro e ao transporte público. Se o sujeito mora no Leblon e vai trabalhar em Botafogo, tudo bem, tem como ele ir de bicicleta; mas se ele trabalhar no Centro, como faz? Aí é que entram as soluções improvisadas, e no caso dos ciclistas, as opções acabam sendo ou andar no meio das calçadas ou trafegar nas ruas, dividindo espaço com outros veículos. O que acaba resultando em acidentes como esse mais recente.

Uma coisa que me incomoda nessa situação toda ao redor da morte do ciclista após ser atingido pelo ônibus, é como a sociedade (incentivada pela mídia) acaba adotando uma postura cegamente parcial, ao defender as bicicletas. Digo cegamente pois a imensa maioria das pessoas já está histérica, pedindo a cabeça do motorista do ônibus em um prato e dizendo que os ciclistas são pobres coitados, e que algo tem que ser feito. Na boa, isso na minha opinião acaba sendo um exagero, a forma como as pessoas estão reagindo a tudo isso. 

Eu sei que nessa hora muitos que estão aqui lendo o blog vão começar a se revoltar, proferindo coisas como "quer dizer que você acha que o motorista de ônibus estava certo?". Não estou dizendo isso. A verdade é que, até o momento, não se pode afirmar com muita precisão quem estava certo ou errado, as imagens de câmeras de vídeo não deixam muito claro se realmente o ônibus atravessou um sinal vermelho, ou se foi imprudência do ciclista.

Engraçado é como tem muitas pessoas que sequer viram o que aconteceram, que deviam estar a quilômetros do local do acidente, mas que afirmam que o motorista passou um sinal vermelho. Devem ser médiums, como o Lion do Thundercats devem ter a Visão Além do Alcance...


Isso é o que mais me revolta. O brasileiro em geral tem essa conduta de ser sempre solidário ao mais fraco, por definição aquele que é mais frágil é tido como vítima, é sempre visto como o certo. Sempre esses grupos que são teoricamente menos favorecidos, principalmente aqueles que têm alguma lei ou estatuto para defendê-los, são sempre vistos com bons olhos, como se nunca fizessem nada errado, como se automaticamente estivessem sempre certos. Em contra-partida, existem aqueles outros grupos que, ou possuem melhores condições ou são mais fortes, que são sempre vistos pela sociedade em geral como o que há de pior nesse mundo.

Por exemplo, o pobre é sempre visto como trabalhador, sofredor, humilde e honesto; o rico (ou mesmo alguém de classe média) é visto como opressor, filho da puta, mentiroso e que tem essa condição por extorquir dos pobres. O negro é sempre tido como vítima da sociedade, e que merece o amparo; o branco é visto sua vez como um racista que é culpado pelos problemas do negro. Por aí vai... 

E agora o que temos é a situação de que os ciclistas são os pobres coitados, cidadãos de bem que respeitam as leis e o meio ambiente, enquanto que os motoristas de ônibus são cretinos homicidas que não têm respeito pela vida humana. Não sou eu quem estou inventando isso, é só ver nos últimos meses a quantidade de reportagens que se tem criticando os motoristas de ônibus.


Passou ontem mesmo, os velhinhos reclamando de que vários motoristas não paravam no ponto. Legal como não se divulgam inúmeros casos de passageiros, muitos deles idosos, que cismam em fazer sinal ou querer descer fora do ponto. Toda semana vejo um desses, teve outro dia que um velho deu uma bengalada na porta de tão puto que ficou. Mais uma vez, grupos "mais frágeis" que acham que sempre têm a razão, mesmo nessa situação aposto que tem gente que iria defender o velho e criticar o motorista de ônibus, mesmo que este estivesse seguindo as regras.

Antes que venham a colocar palavras na minha boca, não estou dizendo que motorista de ônibus é santo. Tem muito filho da puta irresponsável por aí que não deveria estar nem dirigindo carrinho de mão. Mas é errado generalizar uma classe e assumir que todos são assim, certamente tem muitos motoristas que são bons, respeitam as leis e os pedestres, mesmo tendo que trabalhar longas jornadas, sentado ao lado de um motor fervente, muitas vezes assumindo também a função de cobrador e tendo que no meio de tudo isso aturar passageiros que os vêem como a escória da Humanidade.

Certamente nesse momento os "anti-motoristas de ônibus" vão colocar o rabo no meio das pernas, dizendo que sim, tudo bem, que devem existir motoristas decentes. Provavelmente não dando o braço a torcer ao dizer que estes seriam uma minoria. Difícil saber, pois sabemos bem que os maus exemplos são mais divulgados do que os bons.

Por outro lado, o que essas pessoas não admitem é que existem também ciclistas que não prestam, que não respeitam as regras.

Por exemplo, uma coisa que considero absurdo é ciclista andando na calçada... Pombas, a calçada é para os pedestres, não para bicicletas! Canso de ver malandro andando de bicicleta em alta velocidade, costurando no meio das pessoas. Engraçado como vêem isso como algo normal, como se estivessem no direito deles pedalar no meio de pedestres.


Curioso como aqui parece não valer a consideração e o respeito pelo mais fraco. Depois do ônibus ter atropelado o ciclista, apareceu um monte deles dizendo que os motoristas precisam ter consideração com aqueles de bicicleta, que ela é muito mais frágil, que qualquer pancadinha o ciclista vai ao chão. Mas e por que não falam a mesma coisa sobre quem trafega de bicicleta na calçada? Afinal, entre ciclista e pedestre, este último é o mais frágil, qualquer pancada vai jogar a pessoa no chão. Mas aí não parece importar muito, não é?

Tenho uma amiga que certa vez estava andando na calçada, e veio um filho de uma égua dum ciclista em alta velocidade, que acertou com a barra do guidão nas costas dela. Tinha que ver a marca que ficou...

Aí os ciclistas então vão dizer que sobre então só andar na rua, e que lá os outros veículos não os respeitam. Não vou dizer que eles estejam completamente errados nesse argumento, mas não se esqueçam que tem muito ciclista que é imprudente quando está trafegando na rua. Por exemplo, tem ciclista que anda em vias expressas de alta velocidade, acho que isso tinha que ser proibido, até em função da própria segurança dos ciclistas. Outros que costuram no meio dos carros e ônibus, pior que motoboys paulistas, colocando as próprias vidas em risco.


Uma coisa que me deixa extremamente puto dentro das calças é a questão do sinal vermelho. Na boa, acho que nunca vi ciclista respeitando sinal vermelho quando está andando na rua. Perdi a conta de quantas vezes eu estou atravessando na faixa e tenho que me esquivar de uma bicicleta que ultrapassa o sinal fechado. É foda, esses putos querem que todos na rua os respeitem, mas se acham no direito de furar o sinal sem a menor cerimônia! Assim é mole, né?

Se o ciclista está trafegando na rua, ele deve respeitar as mesmas leis de trânsito que os demais veículos. Isso inclui respeitar o sinal vermelho e sinais de "Pare", seguir na mão correta e respeitar os pedestres. Mas por algum motivo muitos deles acham que estão acima da lei, que podem fazer o que quiser. Lógico, se eles acabam sendo vítimas de outros motoristas que não respeitam as leis de trânsito, logo esperneiam. Muito engraçadinho, postura muito hipócrita por parte desses putos, isso sim.


É uma das razões pelas quais eu acho que as bicicletas deveriam ser registradas, deviam ter placas como os demais veículos. Se você vê um carro cometendo uma infração, você pode anotar a placa dele, se for um ônibus pode registrar o número de ordem também. Mas e se você observar um ciclista fazendo alguma lambança no trânsito, como identificá-lo? Vamos ter que ir até um guarda e dizer "foi um ciclista de camisa branca e short preto, numa bicicleta vermelha"? Amanhã é só o puto colocar uma camisa verde e bermuda amarela que já nãos será mais encontrado. Só se o sujeito tiver uma bicicleta muito ortodoxa...


E essa questão de registro seria importante também para que as bicicletas fosse vistoriadas. Não duvido que deve ter muitos ciclistas que andam por aí em bicicletas com freio com problemas, sem retrovisor e pneus carecas. Da mesma forma que ocorre em qualquer outro veículo, uma bicicleta com manutenção a desejar pode se tornar um perigo para o próprio ciclista e também para as pessoas ao seu redor.

Nessas horas certamente vão aparecer algumas pessoas dizendo que não tem nada a ver, que a bicicleta é um meio de transporte informal, que todo mundo tem, que existe aos montes, e seria impossível registrar todas elas. Bom, acho que aí é que está o problema, a informalidade da bicicleta. Justamente por causa dessa visão é que os ciclistas estão cagando e andando para as regras e leis de trânsito, pois essa informalidade impede que eles sejam punidos. Sem nenhum tipo de registro, o cara pode atropelar um pedestre na rua, montar em sua bicicleta e se mandar, certo de que nada vai acontecer. A não ser que os transeuntes se juntem ali na hora para cercar o sujeito e o cubram de porrada. Já vi isso acontecer uma vez, quando um moleque derrubou uma velhinha na calçada, e juntaram uns cinco caras ao redor do moleque. E foi muito bem feito.

Talvez alguém possa argumentar que ao tentar registrar as bicicletas vai se criar uma nova forma do governo arrecadar dinheiro, assim como motivar o surgimento de um novo esquema trambiqueiro, com fiscais que depois de "ganharem um cafézinho" iriam liberar a bicicleta. Acho que o problema não é o registro, mas sim a conduta do povo brasileiro, malandro por natureza. Ser contra à fiscalização mais rigorosa das bicicletas sob o argumento de que isso se tornaria uma máfia como ocorre, por exemplo, em escolas de direção, não é o caminho, são coisas distintas. Ou que fosse feita alguma forma alternativa, sem envolver o governo, por exemplo, com oficinas certificadas que poderiam atestar que a bicicleta está ok.

Essa questão de registro e fiscalização é muito importante principalmente quando se trata de mais outra mazela da cidade, também aplaudida pelo nosso prefeito idiota: as bicicletas elétricas.


Sério, para mim bicicleta elétrica é a coisa mais estúpida, idiota e escrota que eu já vi. Um sujeito que compra uma merda dessas só quer aparecer, e na verdade passa a imagem de ser um preguiçoso filho de uma puta que quer andar de bicicleta mas não quer se cansar e não tem bolas para andar numa moto. Ou no final das contas é somente um daqueles playboyzinhos da Zona Sul que gosta de estar na moda. Pombas, uma bicicleta elétrica para mim não é nada, não é bicicleta e não é moto. É uma mistura nada a ver, como um carro misturando com um bote.


O pior de tudo é que essa combinação é uma das piores. Isso porque o babaca que anda de bicicleta elétrica normalmente tem a mesma imprudência e arrogância do que um ciclista comum. Ou seja, anda no meio da calçada sem se preocupar com os pedestres e anda na rua sem respeitar sinal vermelho. Só que conduzindo uma bicicleta muito mais veloz, é quase como uma pequena moto. Aí você já pode imaginar que as consequências podem ser ainda piores para as pessoas que estiverem nas ruas.

Certa vez estava atravessando a rua quando me vem um filho de uma puta dum desgraçado dum sujeito em uma dessas bicicletas elétricas, cruzando a faixa de pedestres na diagonal com o sinal vermelho e na contra-mão! Puta que pariu! Uma senhora que atravessava a rua até se assustou. Eu só sei que eu xinguei muito, deu vontade de correr atrás dele e tacar uma pedra na cabeça dele!

Agora, se o puto tivesse atingido alguém, o que aconteceria? Nada! Ele iria montar na sua bike elétrica e iria se mandar pro Posto 9 para encontrar seu macho...

Só sei que isso está longe de ser corrigido. Até que apareça algum governante com determinação e boa vontade, em vez desse nosso prefeito babaquinha que acha que vive na França, as bicicletas vão continuar por aí sem nenhum tipo de fiscalização e sem ter nenhum respeito pelas leis de trânsito. As pessoas precisam entender que a bicicleta é um meio de transporte que exige responsabilidade ao ser conduzida, e que deve estar sujeita às leis como qualquer outro veículo. É muito fácil os ciclistas adotarem essa postura de vítimas, de que eles sofrem as consequências da imprudência de outros motoristas (como está acontecendo hoje em dia), quando eles também são imprudentes, arriscando-se demasiadamente e aos pedestres ao seu redor.

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