Hipocrisia Feliciana

Recentemente um dos assuntos mais comentados em jornais, revistas, redes sociais e rodinhas de bar é a presença do tal do Marcos Feliciano, um pastor e deputado federal pelo PSC (aquele partido religioso do peixinho), que foi indicado para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Toda essa revolta é porque ele já proferiu algumas declarações que foram consideradas racistas e homofóbicas, e que a presença dele em tal comissão seria algo insensato, que ele iria acabar tomando atitudes discriminatórias contra essas minorias. 


Tem pouco mais de um mês que o cara continua lá, e desde então foram vários protestos, motivados pelos defensores dos gays e negros principalmente (que seriam os maiores alvos do preconceito do Feliciano), que pedem a saída dele dessa Comissão. O assunto continua, inclusive com protestos e passeatas sendo organizados por grupos de defesa dos negros e o pessoal LGBT, e até mesmo personalidades globais provocando, com atores beijando atores e atrizes beijando atrizes...

Bom, para começo de conversa, deixo bem claro aquilo que já disse aqui em inúmeras oportunidades: eu não sou preconceituoso, não sou racista. Porém, sempre deixando bem claro que sou contrário à toda e qualquer forma de preconceito, o que inclui não somente aquele que atinge negros e homossexuais. Sou contra qualquer tipo de prejuízo ou favorecimento dado a esse ou aquele grupo, com base na sua cor de pele, opção sexual, local onde vive e posição política.

Acontece que sabemos muito bem que a imensa maioria do povo não pensa dessa forma, enxergando apenas como preconceito quando esse atinge alguma minoria. Já perdi a conta de quantas vezes critiquei, por exemplo, a política de cotas raciais nas universidades públicas: isso não é reparação, isso não é justiça social, é preconceito também, ao favorecer o ingresso na faculdade de pessoas com base na cor de suas peles. Não é certo. Assim como toda uma complacência das pessoas em tolerar posturas reprováveis dessas minorias, como achar que só porque o sujeito é gay ele pode enfiar sua língua no esôfago de seu parceiro sem ninguém poder comentar nada, em uma situação onde um casal heterossexual seria acusado de atentado ao pudor...

O Brasil é essa merda mesmo... Quem faz parte de uma dessas minorias se acha no direito de fazer o que quiser, de achar que pode mais que os outros, na certeza de que se alguém falar alguma coisa pode berrar "racismo!" e logo vai ter um monte de pseudo-intelectuóides para defendê-lo.

Enfim... Mas o que acho interessante nesse caso do tal do Feliciano é o seguinte: o cara não está lá à toa. Se o sujeito está lá na Câmara dos Deputados, é porque teve gente que votou nele. É que nem eu citei aqui nessa postagem, na qual falei do tal abaixo-assinado para tirar o Renan Calheiros da presidência do Senado. Se o Feliciano é deputado federal, é por causa do voto da maioria do povo, que votou nele e o colocou lá. A eleição dele para a tal Comissão é uma consequência dele estar lá na Câmara. Afinal, teoricamente qualquer deputado poderia presidi-la, mas por conta de todo o acordo partidário que ocorre lá em Brasília tinha que ser alguém do PSC, e o partido escolheu o Feliciano. Nada de errado, nada de ilícito a princípio...

Não estou aqui defendendo ele. Pra mim, político é tudo farinha do mesmo saco, ou melhor, tudo bosta da mesma privada. E pastor de igreja é outra raça que não suporto, que está mais preocupada em enriquecer com base na fé das pessoas humildes. Mas não adianta reclamar, o povo o elegeu. Se ele fosse tão ruim assim, por que então é que teve gente votando nele?


Muito engraçadinho as pessoas ficarem com essa baboseira de "Feliciano não me representa.", coisa de babacas sem noção e personalidades da Globo querendo aparecer. Tá cheio de idiotas nas redes sociais segurando cartazes com esses dizeres... Vi um artigo publicado pelo Reinaldo Azevedo que resume bem a estupidez disso, e faço minhas as palavras dele. Ficar com essa baboseira de "não me representa" nada mais é que uma postura escrota, de alguém que não se dá conta que na democracia os representantes são eleitos pela maioria. Não concorda com quem foi eleito, foda-se. 

Eu por exemplo posso dizer "Dilma não me representa", pois não votei nela e não concordo com a ideologia petista. Mas na verdade a "presidenta" me representa sim, representa todo o povo brasileiro. Goste ou não.

Essa estupidez do "não me representa" ficou tão boçal que já virou motivo de chacota. Não tem jeito, ainda mais hoje em dia logo aparece um monte de engraçadinhos zoando com tudo... Mas até que de vez em quando eles arrumam umas tiradas boas.


Continuando, essa é uma das questões relativas à democracia, que essa cambada de gente precisa aprender. Em um governo democrático, as pessoas votam e vale a maioria. Não interessa o resultado, no final o que conta é o político que teve mais votos. Não tem essa de achar que só porque o político eleito não defende a sua causa, que você pode ficar achando que ele tem que ser deposto. Como dizia o Zagallo, vão ter que engolir o Feliciano. Se essa causa fosse realmente tão unânime, o povo brasileiro teria eleito deputados que são favoráveis à causa dos negros e homossexuais, e não um sujeito que é contrário aos mesmos.

É engraçado como as pessoas vêem a democracia, só a aplaudem quando concordam com o que os eleitos pelo voto estão fazendo; se não concordam, tem gente que acha perfeitamente justificável reclamar desse jeito, que seus ideais são mais certos que aqueles defendidos pelo sujeito que foi eleito pela maioria. Como o Reinaldo Azevedo diz muito bem, ficam chamando o Feliciano e todos aqueles que defendem sua ideologia de fascistas, por considerarem que tal ideologia é errada. Só que essa turminha, segurando as plaquinhas de "não me representa", ao achar correto que o deputado tenha que ser deposto por não pensar como ela, está na prática querendo defender que o direito de uma minoria tem que prevalecer. Em outras palavras, uma prática típica de uma ditadura, onde os poucos querem na base da força fazer a sua vontade prevalecer sobre os muitos...

Curioso ver, no mesmo artigo do Reinaldo Azevedo, podemos ver os números: o Feliciano foi eleito com mais de 200 mil votos, enquanto que o tal do Jean Wyllys, ex-BBB gay que defende a causa de seus semelhantes, foi eleito com 13 mil votos. Fica toda essa gritaiada contra o Feliciano, mas no fundo tem muito mais gente que acha que ele representa os seus ideais do que pessoas que diriam "Jean nos representa".

E o mais hilário de tudo isso é que, com certeza absoluta deve ter gente que votou no Feliciano e agora está condenando o cara... Bando de hipócritas!

Mais uma vez, é um retrato desse nosso grande mar de lama que chamamos de Brasil. As minorias se vêem no direito de subjugar coisas como a democracia, somente por acharem que suas causas são nobres, achando que estão mais certos que os outros. É a visão deturpada de que as minorias e os menos favorecidos têm mais direitos: no Brasil muitas pessoas adotam uma postura de dizer que o pobre merece mais que o rico, que o negro merece mais que o branco, que o idoso merece mais que o adulto, que o homossexual merece mais que o heterossexual... Defender esses grupos é visto sempre como algo certo, mesmo que venha a prejudicar outras pessoas ou atentar contra a ordem.

Tudo vira mesmo um modismo, pois até parece que as pessoas se preocupam tanto assim com quem foi eleito para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Posso apostar que tem muita gente, inclusive que faz parte dessas minorias, que sequer imaginava existir tal comissão. Tudo estourou porque fizeram esse estardalhaço, essa zorra toda. E aí um monte de gente vai na onda... Afinal de contas, é legal ser a favor das minorias, é cult, é "da hora"...

Claro que algo que motiva essa repercussão toda é a atitude de celebridades, como famosos da Globo e outros que querem aparecer. Essa turma gosta de aparecer, e nada mais interessante do que defender uma causa tida como nobre como defender as minorias. Mas no final das contas, quando se trata dessas celebridades, vejo que muito disso é para aparecer mesmo, estão mais preocupados em ser notícia nos sites de fofocas e na Caras do que em realmente se preocupar com o destino da Comissão. 

Por exemplo, curioso como exatamente nesse momento a Daniela Mercury decide assumir que é lésbica, e que há quatro meses se relaciona com outra mulher... Por que isso só veio à tona agora? Vai me dizer que ela não aproveitou o momento, bem agora que toda essa questão de defesa dos homossexuais está na boca do povo. E ainda vem dizer que não tem nada a ver com o Feliciano... Até parece, não duvido que ela já vem "colando o velcro" há tempos, mas não via a necessidade de divulgar isso abertamente, e agora está aproveitando o momento para aparecer. Pode escrever o que eu estou dizendo, daqui pra frente a Daniela Mercury vai começar a fazer mais e mais shows, vai dar uma nova alavancada na carreira. Mais uma que ganha espaço no ramo da música, não graças à música...

Por sua vez, podemos imaginar que não será um ano muito bom para a banda Calypso, deixando claro que não é algo pelo qual eu lamento, pois essa banda é horrível. Digo isso somente pelo fato de que aqui aconteceu o contrário, depois que a tal da Joelma, a vocalista do grupo, fez uma declaração na qual ela comparou gays à drogados. Não demorou e já começaram a perseguição, muita gente xingando a mulher e os CDs da banda encalhando nas Lojas Americanas...

É, quem se fudeu de graça nessa história foi o Chimbinha...


Outra coisa que está virando moda são os "globais" e celebridades trocando beijos com parceiros de profissão ou conhecidos do mesmo sexo. O que não falta agora é atores se beijando, atrizes se beijando, sempre com um comentário "inteligente" e terminando com a já manjada frase "Feliciano não nos representa". Mais uma vez, pra mim tudo não passa de oportunismo barato desse bando de celebridades de quinta categoria. Tudo pra chocar, para aparecer nas manchetes e para ficar do lado do povão, fingindo que estão se solidarizando com essas minorias.


Sinceramente, e tem caras que sentem tesão em ver mulheres se beijando... Nunca vi a graça disso, sempre enxerguei lésbicas como sendo na prática menos duas mulheres que poderiam me dar uma chance...

Concluindo, a verdade é que todo mundo está mesmo é querendo os seus cinco minutos de fama. Tanto o Feliciano, como essas celebridades que o condenam, só querendo se promover com  esse episódio. E tem um monte de gente acéfala, sem noção e que gosta de ir com a maré, que fica aí fazendo essa algazarra por algo que não fazem a menor idéia.

Enquanto isso, na Sala da Justiça... quero dizer, na Comissão de Justiça da Câmara, adivinha as figuras "ilustres" que agora estão lá...


Comissão de Justiça, viu? Dois condenados de fazer parte do mensalão, um dos acontecimentos de maior corrupção da história desse país, foram escolhidos para integrar uma das comissões mais importantes, que decide sobre aspectos da Justiça. 

E vão fazer companhia a outro exemplo universal de idoneidade e justiça...


Aí fica a pergunta: cadê o pessoal clamando "Genoíno, Paulo Cunha e Maluf não nos representam"? Mas parece que o povo está mais preocupado em defender o direito de um gay dar a bunda pro seu macho ou em apoiar uma mãozinha para o negro entrar na universidade sem esforço do que contestar a corrupção obscena de nosso governo e pedir a cabeça de bandidos que se divertem e se enriquecem às nossas custas...

Brasil-il-il...

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